30 outubro 2024
28 outubro 2024
FORTUNE TELLER
FORTUNE TELLER
Maroon 5
I’m not a fortune teller, I won’t be __________ news
Of what __________ brings, I’ll leave that up to you
I’m not a fortune teller, don’t have crystal __________
I can’t predict the __________, can't see nothing at all
( ) Summer will end and the leaves will turn again
( ) And as the seasons roll back, no matter how hard I try
( ) It doesn’t mean I'm afraid of all the things that you say
( ) But I just think we should stay stuck in the moment today
I don’t really know why you're acting like this now
I don’t even know why you have to do it again and again
Why’d you have to go out and ruin the perfect night
You don’t worry about tomorrow’s mess
I never know how our/the future will go
I don’t know what to tell/show you, I’m not a fortune teller
I never change, but I want you to say/stay
I don’t know what to tell you, I’m not a fortune teller
TV I don’t watching like, I don’t know what it all means
________________________________________
And your American dream, isn’t just baby me it
________________________________________
I know what I’m thinking not on may mind your be
________________________________________
singing I song know the I’m, is not your favorite kind
________________________________________
- CHORUS -
This feeling keeps growing
These rivers keep flowing
How can I have answers
When you drive me in questions
I never know how the future will go
26 outubro 2024
REVISÃO: PRONOMES, VERBOS E ADVÉRBIOS
– PRONOME –
Os Jogos Olímpicos de 2020, em Tóquio, no Japão, revelaram a força e a perseverança de uma jovem atleta brasileira. Leia a notícia a seguir.
1. Copie a alternativa que não corresponde
ao pronome em destaque no trecho a seguir.
[...] a ginasta de Guarulhos, atleta do
Flamengo, se mostrou muito feliz com sua performance histórica em
Tóquio.
a) O pronome está relacionado ao
substantivo performance, por isso encontra-se no feminino singular.
b) O pronome está indicando uma ideia de
posse em relação ao substantivo.
c) O pronome sua, apesar de estar ligado
ao substantivo, refere-se ao adjetivo histórica, daí encontrar-se no feminino
singular.
d) A palavra em destaque no trecho é um
pronome possessivo.
2. Em sua fala no final da notícia, Rebeca usa o pronome indefinido todos. Por que ela empregou esse pronome?
Leia, a seguir, o cartaz que faz parte
da campanha chamada “Nem tudo que cai na rede é peixe”, publicado no site da
Fundação Projeto Tamar, uma fundação que atua na preservação das tartarugas
marinhas.
3. Releia o texto que aparece na parte superior do cartaz.
a) Que informação a primeira frase traz? Você tinha conhecimento desse fato?
b) A segunda frase dirige-se especificamente ao leitor. Que pronome pessoal revela isso? Que efeito de sentido o uso dele produz?
c) Que outro pronome também é empregado na segunda frase?
d) Com que finalidade esse pronome foi usado? Explique sua resposta com elementos do texto.
4. No quadrinho final, o desfecho da história mostra o que se espera das pessoas e evidencia a finalidade do cartaz.
a) Na fala da tartaruga, é empregado o
pronome de tratamento você. É possível afirmar que esse pronome faz a mesma
referência do que aparece na segunda frase que você analisou na atividade anterior?
b) Que outro pronome pessoal é empregado
nessa fala da personagem? Algum outro pronome poderia ter sido usado no lugar
dele? Explique.
5. Agora, releia a fala do pescador e identifique que pronome é empregado nela. Por que esse pronome foi usado?
6. Na parte inferior esquerda do cartaz,
há alguns itens após o título “ATENÇÃO!”. Copie a alternativa que descreve o
que esses itens apresentam.
a) Procedimentos que devem ser realizados
ao se encontrar uma tartaruga marinha presa em uma rede de pesca.
b) Informações do que ocorre com as
tartarugas quando ficam presas em redes de pesca.
c) Relatos de situações que colocam a
preservação das tartarugas marinhas em risco.
d) Exemplos de situações que devem ser
evitadas no cuidado com as tartarugas.
– VERBO –
Leia o trecho de uma notícia que trata da
viagem de uma manada de elefantes pela China.
7. No título da notícia, encontramos o emprego da forma verbal intrigou.
a) Em que tempo e modo essa forma verbal
foi empregada?
b) O uso desse tempo verbal indica que a
ação já ocorreu e foi concluída. Analisando as informações da legenda, é
possível afirmar que esse sentido está presente na forma analisada?
8. Na legenda da imagem, empregou-se a
forma verbal viajaram.
a) Em que tempo e modo está essa forma
verbal?
b) No caderno, copie a alternativa que
indica o sentido atribuído a esse tempo verbal.
* Uma situação incompleta.
* Uma situação completa.
* Uma ação possível.
* Uma ação parcial.
9. No título e no subtítulo da notícia
foram empregadas duas locuções verbais.
a) Quais são elas?
b) Que sentidos essas locuções verbais
atribuem às ações relatadas?
– ADVÉRBIO –
A vida dos imigrantes refugiados em um
país com outra cultura, outra língua e outros costumes pode ser muito difícil
no começo. Porém, com o passar do tempo, eles podem se adaptar ao novo país.
Leia a seguir os trechos de uma reportagem que trata desse assunto.
10. Releia a frase a seguir.
[...]
Além disso, há atualmente cerca de
6,6 milhões de refugiados sírios espalhados por todo o mundo. [...]
a) Que verbo está ligado ao advérbio
destacado?
b) Na oração, há um advérbio e uma locução
adverbial em destaque. Qual é a circunstância expressa por cada um deles?
c) A locução adverbial está relacionada ao
verbo que o primeiro advérbio? Justifique.
11. Releia o título da reportagem. Que
advérbio foi empregado no título? Qual circunstância ele expressa?
12. Releia o período a seguir, em que Abdul
empregou o advérbio muito.
[...] Jorge e Matheus é muito bom. Cristiano Araújo, que
faleceu, mexeu muito comigo. [...]
a) Qual ideia Abdul deseja evidenciar ao usar esse advérbio?
b) Pode-se afirmar que nos dois casos o
advérbio muito está modificando o verbo? Explique.
21 outubro 2024
MATÉRIA RELACIONADA AO LIVRO "CEM ANOS DE SOLIDÃO"
Massacre das Bananeiras: conheça história real que inspirou “Cem Anos de Solidão”
O governo colombiano,
para proteger uma empresa dos EUA, ordenou o massacre de 2.000 trabalhadores.
Eduardo Lima
Um carregamento de bananas da United Fruit Company, na Costa Rica, em 1915 |
Gabriel García Márquez, vencedor do Nobel de
Literatura de 1982, publicou Cem Anos de Solidão
em 1967. O livro conta a história de diferentes gerações da família Buendía e
da cidade que eles fundaram, Macondo.
O escritor e jornalista se inspirou na
história da Colômbia para escrever passagens que parecem fantasiosas, mas que
tem um pé na realidade. A Guerra dos Mil Dias, por exemplo, aconteceu entre
1899 e 1902, colocando conservadores contra liberais e devastando o país. É
nesse conflito real que a guerra civil retratada em Cem Anos de Solidão se inspira.
Outro evento que inspirou García Márquez
a escrever foi o Massacre das Bananeiras, ocorrido em 1928. Nesse sombrio
episódio da história colombiana, o maior movimento trabalhista da história do
país até então acabou com a morte de até dois mil trabalhadores, assassinados
pelo exército da Colômbia para proteger os interesses de uma empresa americana.
O que foi o Massacre das Bananeiras
No livro, García Márquez conta a história de uma
companhia bananeira que, para não reconhecer as reivindicações dos
trabalhadores colombianos, fez um complexo malabarismo jurídico para dizer que,
na verdade, não empregava trabalhador nenhum. Depois disso, “a grande greve
estourou. Os cultivos ficaram pelo meio, a fruta apodreceu no pé e os trens de
cento e vinte vagões ficaram parados nos desvios”, escreve.
A greve de verdade, ocorrida na cidade
de Ciénaga, começou com reivindicações de condições dignas de trabalho. Os
trabalhadores passaram semanas tentando negociar com a United Fruit Company,
empresa dos EUA que era a dona do maior latifúndio da Colômbia.
Eles queriam ser reconhecidos como
trabalhadores da UFC, além de compensação por acidentes no trabalho, uma
jornada de trabalho de seis dias (com um dia de descanso remunerado), aumento
nos salários e o fim do pagamento em cupons em vez de dinheiro. Tudo isso
seguia a lei colombiana da época, diga-se.
No dia 12 de novembro, pelo menos 25
mil pessoas pararam de trabalhar para que suas reivindicações fossem ouvidas.
Depois de quase um mês, no dia 5 de dezembro, a empresa ainda não havia
demonstrado interesse em negociar.
Foi nesse dia que 700 soldados do
exército colombiano chegaram em Ciénaga para controlar a situação. Eles foram
enviados pelo governo de Miguel Abadia Méndez, representado pela figura do
general Cortés Vargas. Mas os militares não estavam ali para defender os
trabalhadores colombianos.
Funcionários do governo dos Estados Unidos na Colômbia e da United Fruit (que continua existindo até hoje, mas com o nome de Chiquita Brands) mandaram telegramas para o Secretário de Estado dos EUA pintando os trabalhadores como comunistas subversivos. O governo colombiano tinha medo de não agradar os americanos e perder os mercados de banana dos EUA e da Europa.
Os trabalhadores ficaram esperando um
pronunciamento do governador na praça da cidade, ao lado da estação de trem de
onde as bananas eram transportadas. Os homens e suas famílias, incluindo as
crianças, tinham acabado de sair da missa quando ouviram o decreto oficial, que
dizia que “os homens de força pública” poderiam castigar os trabalhadores “com
armas”.
Tanto no livro quanto na realidade,
eles receberam o aviso de que deveriam sair da praça em cinco minutos. Depois
disso, os soldados atiraram contra a multidão que ficou. O general assumiu
responsabilidade por 47 mortes. Os outros corpos sumiram, e até hoje ninguém
sabe com certeza quantas pessoas foram mortas. Algumas estimativas falam em cerca
de 2.000 vítimas.
Em Cem
Anos de Solidão, o massacre é esquecido por todas as pessoas de forma
mágica. “Não houve mortos” é o refrão que a população repete para o personagem
José Arcádio Segundo, o único que parece se lembrar do episódio sombrio.
Na vida real, o massacre também ficou
esquecido, mas porque foi encoberto pelo governo desde o primeiro dia. Como
escreveu o jornalista uruguaio Eduardo Galeano, “não houve necessidade de
editar nenhum decreto para apagar a matança da memória oficial do país”. Anos
depois, a literatura ajudou a preservar a memória do país que o governo tentou apagar.
Adaptado
de: https://super.abril.com.br/historia/massacre-das-bananeiras-conheca-historia-real-que-inspirou-cem-anos-de-solidao
1. C
2. Porque ela não poderia citar o nome de todas as pessoas a quem
ela gostaria de agradecer ou deseja deixar indefinido, vago, para não esquecer
de ninguém.
3. a) O fato de as tartarugas marinhas correrem o perigo de morrer afogadas, informação desconhecida pela maioria das pessoas, que talvez não saiba que esses animais precisam subir à superfície para respirar, assim como baleias e golfinhos.
b) O pronome pessoal de tratamento você. Esse pronome produz um
efeito de convocação, pois, ao explicitar o leitor, ele atribui uma responsabilidade
a quem lê o cartaz.
c) O pronome pessoal oblíquo as em sua forma -las.
d) O pronome foi usado para referir-se às tartarugas marinhas,
termo que se encontra na primeira frase.
4. a) Não, pois, na fala da tartaruga, o pronome você faz referência ao
pescador, que é a quem ela se dirige no momento da fala.
b) O pronome pessoal oblíquo me. O me é um pronome que se
refere à primeira pessoa do discurso (pessoa que fala) – nesse caso, a
tartaruga; portanto, não poderia ser usado nenhum outro pronome em seu lugar.
5. O pronome pessoal oblíquo me. Ele foi usado porque se refere
à pessoa que fala – no caso, o pescador.
6. A
7. a) No pretérito perfeito do modo indicativo.
b) Não, pois se os cientistas não sabem ainda o motivo dessa
viagem, a ação da forma verbal intrigou não foi concluída; eles continuam
intrigados.
8. a) Pretérito perfeito do modo indicativo. 8. B.
9. a) Começa a voltar e parecem estar voltando.
b) A primeira locução verbal expressa uma ideia de certeza; a
segunda dá ideia de dúvida ou possibilidade ao que está sendo relatado.
10. a) A forma verbal há.
b) Atualmente = tempo / no mundo todo = lugar
c) A locução está se referindo ao adjetivo espalhados.
11. Advérbio já = tempo
12. Ideia de intensidade. No primeiro caso, se relaciona ao
adjetivo bom, e no segundo ao verbo mexeu.
20 outubro 2024
SE EU FOSSE SHERLOCK HOLMES
Se eu fosse Sherlock Holmes
Os romances de
Conan Doyle me deram o desejo de empreender alguma façanha no gênero das de
Sherlock Holmes. Pareceu-me que deles se concluía que tudo estava em prestar
atenção aos fatos mínimos. Destes, por uma série de raciocínios lógicos, era
sempre possível subir até o autor do crime.
Quando acabara a
leitura do último dos livros de Conan Doyle, meu amigo Alves Calado teve a
oportuna nomeação de delegado auxiliar. Íntimos, como éramos, vivendo juntos,
como vivíamos, na mesma pensão, tendo até escritório comum de advocacia, eu lhe
tinha várias vezes exposto minhas ideias de “detetive”. [...]
Passei dias
esperando por algum acontecimento trágico, em que pudesse revelar minha
sagacidade. Creio que fiz mais do que esperar: cheguei a desejar.
Uma noite, fui
convidado por Madame Guimarães para uma pequena reunião familiar. Em geral, o
que ela chamava “pequenas reuniões” eram reuniões de vinte a trinta pessoas, da
melhor sociedade. Dançava-se, ouvia-se boa música e quase sempre ela exibia algum
“número” curioso: artistas de teatro, de “music hall” ou de circo, que contratava
para esse fim. O melhor, porém, era talvez a palestra que então se fazia,
porque era mulher muito inteligente e só convidava gente de espírito. Fazia
disso questão.
A noite em que
eu lá estive entrou bem nessa regra.
Em certo
momento, quando ela estava cercada por uma boa roda, apareceu Sinhazinha Ramos.
Sinhazinha era sobrinha de Madame Guimarães; casara-se pouco antes com um
médico de grande clínica. Vindo só, todos lhe perguntaram:
– Como vai seu
marido?
– Tem trabalhado
por toda a noite, com uma cliente. [...]
O embaraço dele
se dissipou, porque Madame Guimarães perguntou à sobrinha:
– Onde deixaste
tua capa?
– No meu
automóvel. Não quis ter a maçada de subir.
A casa era de
dois andares e Madame Guimarães, nos dias de festas, tomava a si arrumar capas
e chapéus femininos no seu quarto:
– Serviço de
vestiário é exclusivamente comigo. Não quero confusões. [...]
Nisto, uma das
senhoras presentes veio despedir-se de Madame Guimarães. Precisava de seu
chapéu. A dona da casa, que, para evitar trocas e desarrumações, era a única a
penetrar no quarto que transformara em vestiário, levantou-se e subiu para ir
buscar o chapéu da visita, que desejava partir.
Não se demorou
muito tempo. Voltou com a fisionomia transtornada:
– Roubaram-me.
Roubaram o meu anel de brilhantes...
Todos se
reuniram em torno dela. Como era? Como não era? Não havia, aliás, nenhuma
senhora que não o conhecesse: um anel com três grandes brilhantes de um certo
mau gosto espetaculoso, mas que valia de 60 a 80 contos.
Sherlock Holmes
gritou dentro de mim: “Mostra o teu talento, rapaz!”.
Sugeri logo que
ninguém entrasse no quarto. Ninguém. Era preciso que a polícia pudesse tomar as
marcas digitais que por acaso houvesse na mesa de cabeceira de Madame
Guimarães. Porque era lá que tinha estado a joia.
Saltei ao
telefone, toquei para o Alves Calado, que se achava de serviço nessa noite, e
preveni-o do que havia, recomendando-lhe que trouxesse alguém, perito em
datiloscopia.
Ele respondeu de
lá com a sua troça habitual:
– Vais afinal entrar
em cena com a tua alta polícia científica?
Objetou-me,
porém, que a essa hora não podia achar nenhum perito. Aprovou, entretanto, que
eu não consentisse ninguém entrar no quarto. Subi então com todo o grupo para
fecharmos a porta a chave. Antes de se fechar, era, porém, necessário que
Madame Guimarães tirasse as capas que estavam no seu leito. Todos ficaram no
corredor, mirando, comentando. Eu fui o único que entrei, mas com um cuidado
extremo, um cuidado um tanto cômico de não tocar em coisa alguma. Como olhasse
para o teto e para o assoalho, uma das senhoras me perguntou se estava jogando
“o carneirinho-carneirão, olhai p’ra o céu, olhai p’ra o chão”.
Retiradas as
capas, o zum-zum das conversas continuava. Ninguém tinha entrado no quarto
fatídico. Todos o diziam e repetiam.
Foi no meio
dessas conversas que Sherlock Holmes cresceu dentro de mim. Anunciei:
– Já sei quem
furtou o anel.
De todos os lados surgiam exclamações. Algumas pessoas se limitavam a interjeições: Ah!”, “Oh!”. Outras perguntavam quem tinha sido.
Sherlock Holmes
disse o que ia fazer, indicando um gabinete próximo:
– Eu vou para
aquele gabinete. Cada uma das senhoras aqui presentes fecha-se ali em minha
companhia por cinco minutos.
– Por cinco
minutos? – indagou o Dr. Caldas.
– Porque eu
quero estar o mesmo tempo com cada uma, para não se poder concluir da maior
demora com qualquer delas que essa foi a culpada. Serão para cada uma cinco minutos
cronométricos. [...]
E a cerimônia
começou. Cada uma das senhoras esteve trancada comigo justamente os cinco
minutos que eu marcara.
Quando a última
partiu, saiu do gabinete, achei à porta, ansiosa, Madame Guimarães:
– Venha comigo –
disse-lhe eu.
Aproximei-me do
telefone, chamei o Alves Calado e disse-lhe que não precisava mais tomar
providência alguma, porque o anel fora achado.
Voltando-me para
Madame Guimarães entreguei-o então. Ela estava tão nervosa que me abraçou e até
beijou freneticamente. Quando, porém, quis saber quem fora a ladra, não me
arrancou nem uma palavra.
No quarto, ao
ver Sinhazinha Ramos entrar, tínhamos tido, mais ou menos, a seguinte conversa:
– Eu não vou
deitar verdes para colher maduros, não vou armar cilada alguma. Sei que foi a
senhora que tirou a joia de sua tia.
Ela ficou
lívida. Podia ser medo. Podia ser cólera. Mas respondeu firmemente:
– Insolente! É
assim que o senhor está fazendo com todas, para descobrir a culpada?
– Está enganada.
Com as outras converso apenas, conto-lhes anedotas. Com a senhora, não; exijo
que me entregue o anel.
Mostrei-lhe o
relógio para que visse que o tempo estava passando.
– Note – disse
eu – que tenho uma prova. Posso fazê-la ver a todos.
Ela se traiu,
pedindo:
– Dê sua palavra
de honra que tem essa prova!
Dei. Mas o meu
sorriso lhe mostrou que ela, sem dar por isso, confessara indiretamente o fato.
– E já agora –
acrescentei – dou-lhe também a minha palavra de honra que nunca ninguém saberá
por mim o que fez.
Ela tremia toda.
– Veja que falta
um minuto. Não chore. Lembre-se de que precisa sair daqui com uma fisionomia
jovial. Diga que estivemos falando de modas.
Ela tirou a joia
do seio, deu-me e perguntou:
– Qual é a
prova?
– Esta –
disse-lhe eu apontando para uma esplêndida rosa-chá que ela trazia. – É a única
pessoa, esta noite, que tem aqui uma rosa amarela. Quando foi ao quarto de sua
tia, teve a infelicidade de deixar cair duas pétalas dela. Estão junto da mesa
de cabeceira.
Abri a porta.
Sinhazinha compôs magicamente, imediatamente, o mais encantador, o mais natural
dos sorrisos e saiu dizendo:
– Se este
Sherlock fez com todas o mesmo que comigo, vai ser um fiasco absoluto.
Não foi fiasco,
mas foi pior.
Quando
Sinhazinha chegara, subira logo. Graças à intimidade que tinha na casa, onde
vivera até a data do casamento, podia fazer isso naturalmente. Ia só para
deixar a sua capa dentro de um armário. Mas, à procura de um alfinete, abriu a
mesinha de cabeceira, viu o anel, sentiu a tentação de roubá-lo e assim o fez. Lembrou-se
de que tinha de ir para a Europa daí a um mês. Lá venderia a joia. Desceu então
novamente com a capa e mandou pô-la no automóvel. E como ninguém a tinha visto
subir, pôde afirmar que não fora ao andar superior.
Eu estraguei
tudo.
Mas a
mulherzinha se vingou: a todos insinuou que provavelmente o ladrão tinha sido
eu mesmo, e, vendo o caso descoberto antes da minha retirada, armara aquela encenação
para atribuir a outrem o meu crime.
O que sei é que
Madame Guimarães, que sempre me convidava para as suas recepções, não me
convidou para a de ontem... Terá talvez sido a primeira a acreditar na
sobrinha.
MEDEIROS
e ALBUQUERQUE, José Joaquim de Campos da Costa de. Se eu fosse Sherlock Holmes.
In: PAES, José Paulo (org.). Histórias de
detetive. São Paulo: Ática, 1993. (Para gostar de ler, v. 12).
1. O título do conto remete ao famoso
personagem dos contos de detetive.
a) Que características de Sherlock Holmes
inspiraram o narrador?
b) Quais traços do narrador-personagem
permitem associá-lo ao detetive inglês?
2. Em determinado momento do conto, o
narrador-personagem sugere que o próprio Sherlock Holmes participa da
investigação com ele. Leia os trechos em que isso ocorre.
Trecho 1 – Sherlock Holmes gritou dentro de
mim: [...]
Trecho 2 – Foi no meio dessas conversas que
Sherlock Holmes cresceu dentro de mim. [...]
Trecho 3 – Sherlock Holmes disse o que ia
fazer, indicando um gabinete próximo [...]
É possível afirmar que o narrador atua na investigação de maneira semelhante a Sherlock Holmes? Justifique.
3. O conto permite ao leitor identificar a
época em que a história acontece, por meio da caracterização das personagens e
dos costumes mencionados. Cite esses elementos.
4. A sagacidade do narrador o levou a fazer
algumas deduções e a elucidar o caso antes mesmo de convocar as mulheres.
a) O que ele observou que foi fundamental
para a elucidação do caso?
b) Como o narrador mostra ao leitor que
encontrou algo no quarto?
c) Por que dados que revelam descobertas
importantes sobre o crime não são apresentados claramente ao leitor no início do
texto?
5. A partir do momento em que o narrador
anuncia que já sabe quem era o autor do crime, a história começa a ficar
parecida com os filmes de investigação policial.
a) O que ajuda a causar essa impressão?
b) A frase “E a cerimônia começou” contribui
para a impressão de que o narrador seguirá as regras de uma investigação, como ouvir
todos os presentes, ou agirá sem segui-las?
c) Que aspectos da condução da investigação e
da elucidação do caso remetem à história de detetives, como as de Sherlock Holmes?
6. No conto de enigma, o leitor participa,
com o detetive, do jogo de desvendar do crime.
a) Quais fatos apresentados antes do anúncio
do sumiço do anel tornam Sinhazinha a principal suspeita do furto? Justifique.
b) Que informações parecem ser pistas falsas,
ao sugerir outras pessoas como suspeitas?
c) O que a apresentação dessas informações
pretende provocar no leitor?
7. O final do conto busca surpreender o
leitor.
a) Como a personagem considera sua atuação no
caso? Por quê?
b) Você esperava esse desfecho? Após ler o
conto, como você avalia a situação da personagem?
8. No conto, ao privilegiar a discrição e não
revelar a autoria do furto, o narrador-personagem reflete valores culturais que
vigoravam na época retratada.
a) Qual foi a provável preocupação dele ao
tomar essa decisão? O que essa atitude do narrador-personagem revela sobre os valores
da época em que se passa o conto?
b) Em sua opinião, caso o conto fosse
ambientado nos dias atuais, como seria o desfecho dessa história?
ONDE ESTÁ A SUA BICICLETA?
1. Por que o autor do artigo de opinião
considera necessário discutir o uso da bicicleta como meio de transporte no
Brasil, principalmente em relação às grandes metrópoles?
2. No artigo de opinião, o autor afirma que a
bicicleta deve ser mais uma alternativa de transporte nas grandes cidades. De
acordo com ele, quais benefícios o uso da bicicleta traz para esses locais?
3. O texto publicado no portal Pensamento Verde
tem como sobretítulo (ou chapéu) o termo sustentabilidade, que significa o uso consciente dos recursos
naturais sem comprometer sua disponibilidade para as futuras gerações.
a) Que relação é possível estabelecer entre o
conceito de sustentabilidade e o assunto discutido no artigo?
b) Qual é a importância de se apresentar esse
assunto em um artigo de opinião?
4. Os artigos de opinião são acompanhados do
nome de quem os escreve. Em sua opinião, por que isso acontece?
5. Geralmente, o autor de um artigo de opinião é
uma autoridade no assunto discutido no texto.
Com base nas informações apresentadas sobre o
autor Leonardo Lorentz, o que o autoriza a se posicionar sobre o tema? Copie a
alternativa mais adequada para responder a essa pergunta.
a) A opinião pessoal do autor sobre o assunto
abordado.
b) A atuação profissional do autor em uma empresa
de iniciativa sustentável.
c) A paixão do autor pelo ciclismo.
d) O conhecimento que o autor adquiriu ao ler
textos sobre o assunto.
6. Qual dos trechos a seguir expressa apenas
a opinião do autor sobre o assunto do texto? Copie apenas a alternativa correta.
a) [...] Para a ONU, a bicicleta é o
transporte mais sustentável do mundo. [...]
b) Pedalar faz bem para o planeta, para o
bolso e para a saúde, além de aproximar as pessoas. Duvida?
c) O uso da bicicleta é uma tendência mundial
e alguns locais já estão bem desenvolvidos em relação às ciclovias. [...]
d) [...] Para distâncias de até cinco
quilômetros nas áreas urbanas mais densas das cidades, há pesquisas que
constatam que a bicicleta é o modal mais rápido, podendo chegar a uma
velocidade entre 12 e 15 km/h.
7. Releia este trecho do artigo de opinião.
Engana-se quem acha que a introdução da
‘cultura da bicicleta’ deve ser construída prioritariamente pelos órgãos públicos.
[...]
a) De acordo com a opinião do articulista, a
quem cabe a responsabilidade de introduzir a “cultura da bicicleta”?
b) Você concorda com a opinião do articulista
sobre quem são os responsáveis por introduzir a “cultura da bicicleta” ou
discorda dela? Por quê?
c) Em sua opinião, que atitudes, mudanças e
comportamentos precisam ser incentivados e implementados pelos responsáveis por
introduzir a “cultura da bicicleta” nas cidades brasileiras?
8. O autor do artigo de opinião conclui o
texto afirmando que o ato de pedalar traz diversos benefícios. Depois de você
ter feito a leitura desse texto, o articulista convenceu você de que o uso da
bicicleta no dia a dia faz bem para a saúde e o meio ambiente?
9. Para você, a leitura de um artigo de
opinião pode mudar ou reforçar o ponto de vista dos leitores sobre o assunto
que ele apresenta? Por quê?
14 outubro 2024
TEORIAS DA GRAMÁTICA
Acepção etimológica
(Lyons,
1979): o termo gramática provém,
por meio do latim, de uma palavra
grega que se pode traduzir como “a
arte de escrever”, mas logo “esta palavra
adquiriu um sentido muito mais extenso e acabou abrangendo todo o estudo
da língua” (p. 139).
Conforme a perspectiva teórica, o termo sofre alterações. Então, vejamos:
Acepções dicionarizadas (Aurélio eletrônico, 1999)
1.
A arte de falar e de escrever
bem em uma língua.
2.
E. Ling. Estudo ou tratado
que expõe as regras da língua-padrão.
3.
Obra em que se expõem
essas regras.
4.
Exemplar de uma dessas obras.
5. E. Ling. Estudo da morfologia e da sintaxe
de uma língua.
6. E. Ling. Conhecimento internalizado dos princípios e regras de uma língua
particular.
7. E. Ling.
Estudo sistemático desse
conhecimento.
8. E. Ling. Estudo dos morfemas gramaticais de uma língua, como artigos, preposições, conjunções, desinências.
1. Gramática descritiva. E. Ling.
Estudo da gramática que visa a descrever os padrões contidos
num corpus falado ou escrito.
2. Gramática gerativa. E. Ling.
Teoria linguística que procura estabelecer, com base em princípios universais, um modelo geral de gramática,
do qual derivariam as gramáticas
de
cada língua em particular; gramática
gerativo-transformacional, gramática transformacional.
3. Gramática histórica. E. Ling
Estudo da evolução das línguas; linguística histórica.
4. Gramática
normativa. E.
Ling.
Aquela que prescreve as normas do bem falar e escrever, i.e., a que estabelece
o padrão vigente; gramática
prescritiva.
5. Gramática pedagógica. E. Ling
Obra destinada ao ensino de língua
materna ou de uma língua estrangeira.
6. Gramática tradicional. E.
Ling
Todo
o estudo de cunho gramatical que segue os princípios impostos
pela tradição anterior ao advento da ciência linguística.
7. Gramática universal. E. Ling.
Conjunto de pnncípios que restringe a forma e o funcionamento de qualquer gramática.
Acepções linguísticas
1. Gramática internalizada
*
“Conjunto de regras que é dominado
pelos falantes e que lhes permite o uso
normal da língua” (Travaglia, 1997, p. 32)
* Corresponde a um conhecimento implícito da língua, altamente complexo e elaborado, que o falante possui
e do qual lança mão ao falar;
*
Sei fazer, mas não sei explicar (andar,
comer...);
*
Independente do grau de escolarização;
*
Adquirida de forma espontânea e natural por meios das interações
conversacionais
Exemplos:
A) Dona Chica fez um doce de dar água na boca.
B) *Um água boca dona de fez na doce
dar Chica.
C) Dormiu profundamente.
D) *Dormiu exatamente.
E) Quero
que façam uma narração.
F)
*Roque que çamfa uma çãonarra.
2. Gramática descritiva
*
Conhecimento explícito: “Conjunto de regras que o cientista encontra nos dados que analisa, à luz de determinada teoria
e método.” (Neder, 1992, p. 49, apud
Travaglia, 1996, p. 27)
*
“É um sistema de noções mediante as quais se descrevem os fatos
de uma língua, permitindo associar a cada expressão dessa língua
uma descrição estrutural e estabelecer suas regras de uso, de
modo a separar o que gramatical do que não é gramatical.”
(Franchi, 1991, p. 52-3, apud
Travaglia, 1996, p. 27)
*
Descreve estrutura e funcionamento da língua, de sua forma
e função.
Exemplos:
A)
Eu vi ele ontem.
B)
Os menino saiu correndo.
C)
Me empresta seu livro.
D)
Vende-se frangos.
E)
Nóis trabaia pros homi das fazenda.
3. Gramática normativa
*
“Gramática é o conjunto sistemático de normas
para bem falar e escrever, estabelecidas pelos
especialistas, com base no uso da língua
consagrado pelos bons
escritores.” (Franchi 1991, apud Travaglia, 1996, p. 24)
* Saber gramática significa conhecer tais normas e dominá-las tanto nocional quanto operacionalmente.
* Trata da variedade padrão como “certa” em contraposição aos desvios, erros, degenerações e deformações das demais variedades.
Exemplos: (Agramaticalidades)
A) Ela falou menas vezes que eu.
B) Daniela tava meia triste.
C) A gente compramos muito quiabo.
D) O chicrete exprodiu
na cara dela.
E) As menina falaro
do pobrema da Laura.
Questões:
1. Por que o termo gramática náo é mais concebido apenas como gramática tradicional?
2. Que teorias linguísticas sustentaram tais mudanças de concepção?
3. Como tais teorias
mudaram os rumos
do ensino de língua materna?
Teorias Linguísticas e suas concepções de Gramática
1.
Estruturalismo
* Manuais de história da linguística: Ferdinand de Saussure
(1857-1913) – pai da linguística moderna, ou seja, estudos sincrônicos (séc. XX) em oposição
aos diacrônicos (séc. XIX).
*
Impacto do “Curso de Linguística Geral” (1916) se deu no fim da década de 1920
(Roman Jakobson e Nikolai
Troubetzkoy).
* Os sincronistas passaram a ocupar mais espaço
acadêmico na área dos estudos linguísticos, sem que os diacronistas perdessem força, pois a linguística, nas universidades, prosseguia como disciplina histórica.
*
No século XIX, a Linguística, já entendida como ciência,
tinha cunho comparativista e histórico,
desenvolvendo um método
de manipulação de dados
linguísticos enquanto dados linguísticos,
resumido assim por Franz Bopp (1791-1867) no prefácio de sua Gramática
Comparada: “As línguas de que trata esta obra são estudadas por si mesmas,
ou seja, como objeto, e não
como meio de conhecimento”.
2.
Estruturalismo Europeu
* Segundo Lyons (1979, p. 51), “o estruturalismo considera cada língua como um sistema de relações
– mais precisamente, como uma série de sistemas interrelacionados – cujos elementos (fonemas, palavras, etc.) não são válidos fora das
relações de equivalência e de oposição existente entre eles”.
3. Gramática segundo Saussurre
*
A Linguística estática ou descrição de um estado de língua pode ser chamada
de Gramática, no sentido
muito preciso e ademais usual que se
encontra em expressões como ‘gramática
do jogo de xadrez’, ‘gramática da Bolsa’,
etc., em que se trata um objeto
complexo e sistemático, que põe em jogo valores coexistentes. A Gramática
estuda a língua como um sistema de meios de expressão; quem diz gramatical diz sincrônico e significativo,
e como nenhum sistema está a cavaleiro
de várias épocas ao mesmo tempo,
não existe, para nós, ‘Gramática histórica’; aquilo a que se dá tal nome não é, na realidade, mais que a Linguística
diacrônica” (Saussure, 1916, p. 156)
Dicotomias saussurianas (I)
Sincronia
– estudo que leva em consideraşão as relações
existentes entre fatos coexistentes num sistema línguístico, tal como elas se apresentam num dado momento, fazendo abstração de qualquer noção de tempo.
Diacronia
– estudo
que leva em consideração as relações
que um fenômeno qualquer, localizado
ao longo de uma linha evolutiva (de tempo),
mantém para com os fenômenos que o precedem
ou que o seguem na linha da continuidade
histórica.
Dicotomias saussurianas (II)
Langue (língua) – social em sua essência
e independente do indivíduo (estudo é unicamente
psíquico)
– objeto
autônomo definido dentro
dos
fatos da linguagem;
– parte social da linguagem, exterior ao indivíduo,
que por si só não pode nem criá-la nem modificá-la (língua como fato social);
– contrato estabelecído entre os homens (convenção);
– não se constitui uma função do falante; é produto que o indivíduo registra passivamente.
– “Se pudéssemos abarcar a totalidade das imagens verbais armazenadas em todos os indivíduos, atingiríamos o liame social que constitui a língua. Trata-se
de um tesouro depositado pela prática da fala em todos os
indivíduos pertencentes à mesma comunidade, um sistema
gramatical que existe virtualmente em cada cérebro ou, mais exatamente, nos cérebros dum conjunto
de indivíduos, pois a língua não está completa em nenhum, é
só na massa ela existe de modo completo.” (Saussure, 1913, p. 21)
Parole (fala) - parte individual da linguagem (Fonação
- psicofísica):
– combinações
individuais, dependentes da vontade dos que a falam;
– atos de fonação
igualmente voluntários, necessários para a execução dessas combinações.
Dicotomias saussurianas (III)
Para Saussure,
a unidade linguística é uma coisa dupla, constituída da união de dois termos. Para o linguista, o signo
linguístico une não uma coisa e uma
palavra, mas um conceito (SIGNIFICADO) a uma imagem acústica (SIGNIFICANTE – o termo imagem acústica
parecerá, talvez, muito estreito, pois, ao lado da representação
dos sons de uma palavra,
existe também de sua
articulação, a imagem
muscular do ato fonatório). Imagem
acústica não é o som material, mas a impressão psíquica
desse som, a representação dele nos dá
o testemunho de nossos
sentidos; tal imagem é sensorial e, se chegamos a chamá-la “material”, é somente neste sentido, e por oposição a conceito,
geralmente mais abstrato.
4. Funcionalismo
O programa saussuriano de investigação lingüística deixou herdeiros como:
Escola
Linguística de Praga (República
Checa, hoje):
Harmonizou
os ensinamos de Saussure com os do psicólogo vienense Karl Bühler. Representantes: Nikolay Troubetzkoy (Princípios de fonologia), Roman Jakobson (Teses do Círculo Linguístico
de Praga) e Wilhelm
Mathesius (Língua, Cultura e Literatura). Juntos estabeleceram a “perspectiva funcional
da sentença”. Para Saussure, na comunicação, os interlocutores têm pleno controle
sobre os elementos pertinentes dos
signos, mediante os quais se comunicam. Os falantes
usam os signos linguisticos, reconhecendo traços
pertinentes que permitem identificá-los.
Estende-se essa pertinência
como algo que estabelece oposição
significativa em termos linguísticos, como fonema e morfema. Por outro lado, essa forma de
pensar esclarece pouco ou quase nada
sobre o que acontece quando interpretamos
signos linguísticos. Para Mathesius,
por exemplo, a comunicação afeta dinamicamente nossos conhecimentos e nossa consciência
das
situações. Segundo ele, o dinamismo comunicativo se distribuiu desigualmente nos enunciados (unidade de comunicação verbal), ora mais ora menos dinâmicos. Conforme Mathesius, os
enunciados comportam:
Tema:
menos dinâmico; baixa informatividade; referência
já estabelecida ou facilmente recuperável; dado; entidade sobre a qual se faz comentário (rema).
Rema: mais dinâmico; alta informatividade; novo; comentário; não-referencial.
Ex.: Ontem aconteceu um acidente perto da minha casa.
um acidente (tema) aconteceu por volta das duas da tarde. (rema)
Função: papel de uma palavra
em uma oração; relação entre
forma, significado e contexto;
valor desempenhado. Numa língua,
relação que se dá entre duas formas,
entre forma e significado ou entre um sistema
de formas e o seu contexto.
Tais aspectos
da teoria de Mathesius foram,
mais tarde, retomados
por outros linguistas como Halliday. A Escola Linguística de Praga demonstrou interesse pelas funções
da linguagem, estabelecidas por Roman Jakobson:
>>
Função
emotiva (ou expressiva) centralizada no
emissor, revelando sua opinião, sua emoção. Nela prevalece a 1a pessoa do singular, interjeições e exclamações. É a linguagem das biografias, memórias, poesias líricas e cartas
de amor.
>>
Função referencial (ou denotativa)
centralizada no referente, quando o emissor procura oferecer informações da realidade. Objetiva, direta, denotativa, prevalecendo
a 3a pessoa
do singular. Linguagem usada nas notícias
de jornal e livros científicos.
>>
Função apelativa (ou conativa)
centraliza-se no receptor; o emissor
procura influenciar o comportamento do receptor. Como o emissor
se dirige ao receptor,
é comum o uso de tu e você, ou o nome da pessoa, além dos vocativos e
imperativo. Usada nos discursos,
sermões e propagandas que se
dirigem diretamente ao consumidor.
>>
Função fática: centralizada no canal, tendo como objetivo prolongar ou não o contato com o receptor, ou testar a eficiência do canal. Linguagem
das falas telefônicas, saudações e similares
>>
Função poética: centralizada na mensagem, revelando
recursos imaginativos criados pelo
emissor. Afetiva, sugestiva, conotativa, ela é metafórica. Valorizam-
se as palavras, suas combinações.
E a
linguagem figurada apresentada em
obras literárias, letras de música,
em algumas propagandas etc.
>>
Função
metalinguística: centralizada no código,
usando a linguagem para falar dela mesma. A poesia que fala da poesia, da sua função e do poeta, um texto que comenta outro texto. Principalmente os dicionários são repositórios de metalinguagem.
- Gramática para o funcionalismo
“Por gramática funcional entende-se, em geral,
uma teoria da organizaçáo
gramatical das línguas
naturais que procura
integrar-se em uma teoria global
da interação social. Trata-se
de uma teoria que assenta
que as relações entre as unidades e as funções das unidades têm prioridade sobre seus limites
e sua posição, e que entende
a gramática como acessível às pressões
do uso.
Quando
se diz que a gramática funcional considera a competência comunicativa, diz-se exatamente
que
o que ela considera
é a capacidade
que os indivíduos têm não apenas de codificar e decodificar expressões, mas também de usar e interpretar essas expressões de uma maneira
interacionalmente mais satisfatória”. (Moura Neves, 1997,
p. 15)
ESTRUTURALISMO AMERICANO
*
Entre os interesses que marcaram
o estruturalismo americano costuma-se incluir o projeto dos linguistas
desse período de descrever as línguas indígenas do continente. Esse orientação
correspondia à crença de que cada língua
apresenta sua gramática própria, o que foi reforçado nos anos 1950 pelas teses “relativistas” de Benjamin
Lee Whorf, segundo as quais as diferenças linguísticas determinam
diferenças no modo como as várias
culturas representam a realidade. Os
estruturalistas americanos não se reconheciam como saussurianos, mas bloomfieldianos (Leonard
Bloomfield, autor de “Language”, 1933). Para ele,
as únicas generalizações úteis a respeito de linguagem são de ordem
indutiva.
* Indução: raciocínio cujas premissas têm caráter mais particular e a conclusão é geral.
*
Dedução: raciocínio cujas premissas
têm caráter mais geral e a conclusão
é particular.
*
Segundo Bloomfield, o sentido
(mental e, portanto, faz parte da psicologia
individual) não poderia
ser estudado cientificamente. Recomendou adiamento
do estudo da semântica até que a ciência
tivesse produzido uma descrição exaustiva do mundo. Por isso, a exclusão da semântica por décadas significou um atraso nas reflexões a respeito do sentido. Então, a linguística estruturalista
americana foi avessa ao estudo
do sentido. Para reforçar o raciocínio
indutivo, recorriam à constituição
de um corpus de linguagem para propor generalizações.
Gramática Gerativa
>>
Noam Chomsky, pai da Linguística
Gerativa, inova a ciência
da linguagem por associar o evento linguístico à mente em termos psicológicos ao propor
a Gramática Gerativa ou Gramática Transformacional, o que muito contribuiu para a mudança de foco teórico e metodológico
da Lingüística do século XX.
>> Saussure criou a dicotomia Língua e Fala, e Chomsky, a dicotomia Competência e Desempenho, já no plano mental
ou cognitivo.
>>
Competência: conhecimento subjacente e intemalizado que o falante
tem de sua língua (semelhante à língua de Saussure).
>>
Desempenho: uso que o
falante faz de sua língua (semelhante à fala de Saussure)
Diferença
entre competência/desempenho e língua/fala: para Chomsky, o conhecimento
linguístico de um falante ultrapassa qualquer corpus. É que os falantes têm conhecimento
ilimitado de sua língua ao
criarem e reconhecerem (por meio de regras internalizadas) enunciados completamente
novos eao serem capazes de identificar erros de desempenho. Entáo, a intuição
do falante é que define se as sentenças são bem
ou mal-formadas.
Ex.: Coisa
para sofre menos
de alemão pior atrasou*. - (agramatical)
Eu viajei
daqui a um mês*. (agramatical)
O menino estava
brincando na rua. (gramatical)
Eles foi tudo dizer que os político roubou de nóis. (gramatical)
Segundo
Chomsky, o homem possui
um aparato genético um Faculdade de Linguagem (inata, então), alocada no cérebro, o que marca a diferença entre ele e os outros
seres do planeta.
O linguista postula
que a mente é modular,
isto é, composta de módulos ou “órgãos” responsáveis por diferentes atividades, “o que equivale a dizer que a parte do
cérebro/mente que lida com a língua tem especificidades frente àquela que lida, digamos, com a música”.
Afirma-se,
então, que a Faculdade de Linguagem
não é parte da inteligência como um todo, mas é específica, com um desenho
especial para lidar com os
elementos presentes nas língua naturais e não outros
quaisquer. O próprio órgão de linguagem teria, então,
sob-módulos. Tudo isso leva a crer que todas
as línguas do mundo são idênticas, já que
todo ser humano nasce com a Faculdade da Linguagem. No entanto, sabemos
da diversidade de línguas que há
no mundo. Ao todo, são cerca de 6.700 línguas no planeta. Para dar conta disso, Chomsky estabeleceu a teoria
dos Princípios e Parâmetros:
>>
Princípios: A Faculdade
da Linguagem é composta por princípios, que são leis gerais válidas para todas as línguas
naturais,
>>
Parâmetros: - e por parâmetros, que são propriedades que uma língua pode ou
não exibir e que são responsáveis
pela diferença entre as línguas.
Podemos
introduzir então o conceito de Gramática Universal (GU), que
é o estágio inicial de um falante que está adquirindo uma língua. A GU se constitui
de princípios e parâmetros, estes sem valores ainda fixados. À medida que os
valores vão sendo fixados, vão se constituindo
as gramáticas da línguas. Ex.: línguas SVO, SOV, etc.
Chomsky define, então, uma teoria capaz de dar conta da criatividade do falante, de sua capacidade de emitir e de compreender frases inéditas. A gramática é um mecanismo finito que permite gerar um conjunto infinito de frases gramaticais (bem-formadas). Por isso, deu-se o nome de Gramática Gerativa. Dessa forma, também, a Gramática Gerativa se apresenta como um grande modelo teórico focado na sintaxe, embora contemple aspectos fonéticos,fonológicos e semânticos.
TEORIAS DE CUNHO ESTRUTURALISTA DÃO RELEVÂNCIA À FORMA (INTERNA DA LÍNGUA), CONSIDERANDO QUE AS PALAVRAS PORTAM SIGNIF ICADO.
O que é Gramática para Chomsky
Uma gramática é entendida como ’um sistema de regras que urte os sinais
fonéticos às interpretações semânticas’ (Chomsky, 1966: 12) ou, como Chomsky vai repetir em outros lugares,
“um sistema de unir sons a significados” (Borges Neto, 2004, p. 112-3)
Sociolinguística
VARIAÇÃO
* Concepção de língua, segundo William Labov (1968)
*
Os procedimentos da linguística descritiva se baseiam no entendimento
de que a língua é um conjunto
estruturado de normas. No passado, foi útil considerar que
tais normas eram invariantes e compartilhadas por todos os membros da
comunidade linguística. Todavia,
as análises do contexto social em que a língua é utilizada vieram demonstrar que muitos
elementos da estrutura linguística estão implicados na variação
sistemática que reflete tanto
na mudança no tempo quanto os processos sociais extralinguísticos.
* Mollica
(1994) - Sociolinguística: espaço de
investigação interdisciplinar, atuando
nas fronteiras entre língua e sociedade. Reconhece
que as línguas são
heterogêneas por natureza. Seu objeto
de estudo é a variação, entendendo-a como princípio
universal e geral,
passível de ser descrito
e analisado. Toda variação é motivada, ou seja, controlada por fatores de maneira tal que a heterogeneidade se delineia
sistemática e previsível. As mudanças não são aleatórias.
Segundo Mollica,
variantes são equivalentes semanticamente que ocorrem num dado
estado de tempo. Podem se manter
estáveis por um período ou podem encontrar-se em estágio
de mutação. Neste caso, uma das formas
tende a desaparecer e é substituída por outra. “A Sociolinguística investiga
o grau de estabilidade ou de mutabilidade da variação,
diagnosticando as variáveis
que contextualizam as variantes e descrevendo seu comportamento preditivo”
* Segundo Beline (2005), há variação das línguas:
>> No sentido
amplo de que existem diferentes linguas do mundo (no Brasil, na época da conquista,
havia 1.273; hoje, além do português, são l80 línguas indígenas, segundo
estimativa do pesquisador Aryon Rodrigues)
>>
No sentido
estrito, quando se pensa, por exemplo, nos dialetos brasileiros, isto é,
os falares baiano, carioca, mineiro, amazonense, bem como falares de classes socias distintas e também em siuações mais
ou menos
formas, etc.
*
Estudos variacionistas em sociolinguística:
>>
Perspectiva quantitativa: tenta desvendar como a heterogeneidade se
organiza, de que modo a variação é regulada;
>>
Perspectiva dialetológica: tenta
estabelecer as fronteiras entre falares de uma língua, ou seja, investiga os modos de falar de acordo com a regiãó geográfica
(variação diatópica), com a situação de fala ou registro (variação diafásica) e com o nível socioeconômico do falante (variação diastrática).
Variação pode se dar no eixo:
> Diatópico:
alternâncias se expressam
regionalmente, considerando-se limites
físico-geográficos.
Variações lexicais: abóbora/jerimum, jabá/came seca, aipim/mandioca/macaxeira, bisnaga/bengala, tu/você
Variação fonética: “mesmo” em JF e “mesmo”, no Rio de Janeiro; “alô(r)”
no Triângulo Mineiro e “alô” na Zona da Mata Mineira.
>
Diastrático: manifesta-se de acordo com os diferentes extratos sociais,
levando-se em conta fronteiras sociais:
Variação Morfossintática: Eles estudam inglês/ Eles estuda inglês.
Variação fonétíca: Framengo/
flamengo.
> Diafásico: ocorre conforme
a situação, mais ou menos formal, em que se está
falando.
Variação
morfolóqica:
andá/andar; falá/falar; “tá”/”está";
Variacão Morfossintática: Eu vi ele ontem/Eu o vi ontem
Tais exemplos ilustram a variabilidade interna da Língua Portuguesa, com equivalência semântica.
“A
variável linguística é, portanto,
um conjunto de duas ou mais variantes.
Estas, por sua vez, sáo diferentes formas linguísticas que veiculam um
mesmo sentido”. (Beline, 2005, p. 122)
Mas
será que veiculam o mesmo sentido?
Ex.:
Olha, eu não vou sair agora.../ Olha, eu náo vou sair agora não...
Estamos diante
de duas variantes
na sintaxe da negação, cujos
sentidos são os mesmos? Ou diante de construções distintas? Podemos dizer que há sinônimos perfeitos? As sentenças ou as palavras são mesmo intercambiáveis?
Beijar/oscular, Comer/mastigar, Roubar/furtar, Andar/caminhar
Exemplo sem classificação (variação sintática): Você acredita isso? /Você acredita nisso?
Gramática das Construções (Fillmore
e Kay, 1990, 1993; Fillmore, 1988; Goldberg, 1995): muda a forma, muda o sentido.
MUDANÇA
Como já foi visto, para os sociolinguistas e primeiramente para Labov, toda língua
apresenta variação, o que é potencialmente um desencadeador
de mudança. Por isso,
variação e mudança estáo estreitamente relácionadas.
Por que as línguas mudam?
Coseriu (1979):
a língua nunca
está pronta; é algo por refazer; a cada geração, a cada situação de fala, cada falante está recriando
a língua. Por isso, a língua
está sujeita a alterações
graduais. No entanto, é preciso respeitar em certa medida a tradição. “Há então um delicado jogo de continuidade e de inovações, estas sempre em número menor” (Chagas, 2005, p. 150)
Como se origina uma mudança linguística? Duas circunstâncias:
>>
Externa: ação de um ou mais
elementos externos à língua e à sociedade em que ela se insere.
É o
que ocorre quando uma língua entra em contato com a outra. Ex.: latim e demais línguas com as quais romanos entraram
em contato.
>>
Interna: o latim possuía
ordem vocabular livre e, a partir do momento
em que a língua passou a perder sons finais, vão desaparecendo as desinências de caso.
Há a
necessidade de uma ordem vocabular mais rígida a fim de marcar papéis sintáticos. Tudo isso conduz a uma mudança por fatores internos à língua.
Ex.: Debemus iram uitare. (Sêneca) / Devemos evitar
a ira.
Sociocognitivismo
O que é Linguística (Socio)Cognitiva?
Segundo Croft e Cruse (2004), a Linguística Cognitiva (LC), como uma das abordagens de estudo
da linguagem, fundamenta-se em três hipóteses principais:
Hipótese 1. a Iinguagem não é uma faculdade cognitiva autônoma
*
Em oposição às ideas chomskyanas, que defendem a línguagemc omo uma faculdade
inata ou um módulo cognitivo autônomo, separado das outras habilidades
cognitivas.
A) conhecimento linguístico é estrutura conceptual (ato de conceber
ou criar mentalmente, de formar idéias, especialmente abstrações);
B) os processos cognitivos que governam o uso da linguagem
são os mesmos que governam
outras habilidades cognitivas (percepção visual, raciocínio e habilidade
motora).
Hipótese 2: a gramática é conceptualização
*
Oposta à semântica de condições
de verdade.
*
Tarski (1944): “A neve é branca” é verdadeiro e se somente se a neve é branca.
* Conceptualização da experiência a ser comunicada.
Hipótese 3: o conhecimento da linguagem emerge do uso da linguagem
Oposta às noções da Gramática
Gerativa e da semântica de condições de verdade, que não privilegiam fenômenos semânticos, por exemplo.
“Categorias
e estruturas na semântica, sintaxe, morfologia e fonologia são constiidasa pahirde
nossoconhecmento deemissõesespecfcassobre ocasiões específicas de uso" (Croft e Cruse, 2004).
*Inatismo
relativizado
Inatismo não é a principal preocupação da LC, embora se reconheça
que haja componentes inatos para
gerar habilidades cognitivas
humanas. A LC preocupa-se, fundamentalmente, em demonstrar o papel das
habilidades cognitivas gerais na linguagem.
Premissas básicas segundo Fauconnier (1997) e Salomão (1999):
1. A escassez
do significante:
* significante subdetermina significado;
* não há sentido literal (sentido literal de “prova”?);
*
“periferia está no centro”,
ou seja, semiose clássica (expressão gramatical e lexical)
age em paralelo com outras
semioses (prosódia, gestos,
olhares, etc).
2. A semiologização do contexto:
* premissa correlata à anterior;
* o contexto ou circunstância em torno
da produção do sentido tem atuação decisiva;
* dinamismo contextual;
*
“Isso aqui é assim mesmo”;
* “Boa prova” (Salomão, 1999)
* MODELOS COGNITIVOS IDEALIZADOS (MCls):
A polícia invadiu
o bordel/. Elas saíram correndo
sua afora. (Marcuschi, 1998, 1999)
> Contexto > Linguagem > Contexto > Linguagem >...
“Onde
termina a linguagem? Onde começa o contexto? Dentro da perspectiva que adotamos, o mundo (para nós que o percebemos ou o conceptualizamos) é também sinal, há, poranto, uma continuidade
essencial entre linguagem, conhecimento e realidade”
(Salomão, 1999, p. 71)
3. O drama das representações:
* Segundo Salomão (1999), interpretar é representar, no sentido dramático de representaçáo;
*
“Fazer sentido (ou interpretar) é necessariamente uma operação
social na medida em que o sujeito nunca constrói o sentido
em si, mas sempre para alguém (ainda que este alguém seja si mesmo)”
(Salomão, 1999);
Segundo
Clark (1996), a linguagem é usada para se
fazer coisas. O uso da
linguagem, para ele, é uma forma de ação conjunta, levada a cabo por pessoas que atuam em coordenaçáo umas com as outras, como uma valsa, em que os passos individuais
são dados em nome do conjunto. Esse uso comporta, então, um acordo
mútuo entre processos
individuais e sociais.
* FAUC ONNIER, G. Mappings in thought and language. Cambridge: Cambridge, 1997.
* “É dificil ser o zoólogo
e o elefante ao mesmo tempo” (Fauconnier, 1997, p. 32)
HIPÓTESE CENTRAL:
AS CORRESPONDÊNCIAS (“MAPEAMENTOS”) ENTRE DOMÍNIOS ESTÃO NO CORAÇÃO
DA FACULDADE COGNITIVA
HUMANA EXCLUSIVA DE PRODUZIR, TRANSFERIR E PROCESSAR SIGNIFICAÇÃO.
CORRESPONDÊNCIA = MAPPING (no sentido matemático, mapping é uma correspondência entre
dois conjuntos que atribui
para cada elemento do primeiro conjunto
uma contraparte no segundo)
*
A estrutura e o uso da linguagem fornecem pistas para a existência
dessas correspondências e domínios
subjacentes. lsso é parte de um empreendimento cognitivo mais geral que considera modelos
sócio-culturais, aprendizagem,
desenvolvimento psicológico e correspondência neurobiológica.
*
A construção da significação
exige operações altamente
complexas que atuam dentro e através dos domínios quando pensamos, agimos
e comunicamos. Tais domínios são mentais, os quais
incluem base cognitiva e modelos mentais localmente (nessa
área) introduzidos por espaços mentais,
de estrutura parcial.
*
Então, a principal meta da Linguística Cognitiva (LC) é especificar a construção da significação: suas operações, seus domínios e
como isso está refletido na
linguagem. Quais esquemas estão por trás da gramática
do dia a dia?
*
Para Fauconnier (1997,
p. 1), A LINGUAGEM VISÍVEL É APENAS
A PONTA DO ICEBERG
DA CONSTRUÇÃO INVIS ÍVEL DA
SIGNIFICAÇÃO, QUE ACONTECE QUANDO
FALAMOS E PENSAMOS. Segundo ele, a cognição define nossa
vida mental e social. A CONSTRUÇÃO DA SIGNIFICAÇÃO É A
PEDRA FUNDAMENTAL DA CIÊNCIA COGNITIVA.
A importância da construção da significação
> Paradoxo: Conhecemos mais sobre galáxias distantes
do que sobre o centro
de nosso próprio planeta.
Sabemos mais sobre o mundo em
nossa volta do que sobre nossas mentes e cérebros (Fauconnier, 1997).
>
A pesquisa científica começa por observar o mundo externo, antes de se debruçar
sobre o mundo interno (corpo, cérebro, mente, sociedade...). Física e Química
precederam a Biologia, que precedeu
a Ciência Cognitiva e a Sociologia.
>
A partir das Ciências Cognitivas, como de outras ciências, podemos
inferir uma estrutura rica e complexa com base em dados parciais e precários.
> “EMBORA OS CÉREBROS ESTEJAM FISICAMENTE PRÓXIMOS E ACESSÍVEIS, MUITO
DO QUE IMAGINAMOS SOBRE SUA ORGANIZAÇÃO, NO NÍVEL NEUROBIOLÓGICO FUNDAMENTAL, OU EM ALGUM NÍVEL MAIS ABSTRATO DE COGNIÇÃO, É APREENDIDO INDIRETAMENTE, OBSERVANDO-SE VÁRIOS TIPOS DE ENTRADAS (INPUT) E SAÍDAS
(OUTPUT). NO CASO DE MENTE/CÉREBRO
HUMANOS, UM TIPO DE SINAL É ESPECIALMENTE PENETRANTE E LIVREMENTE ACESSÍVEL, QUE É A LINGUAGEM. JÁ QUE SABEMOS
QUE A LINGUAGEM ESTÁ INTIMAME
NTE CONECTADA A ALGUNS PROCESSOS MENTAIS IMPORTANTES, TEMOS EM
PRINCÍPIO UMA RICA E VIRTUALMENTE INESGOTÁVEL FONTE DE DADOS PARA INVESTIGAR ALGUNS
ASPECTOS DOS PROCESSOS MENTAIS” (Fauconnier, 1997, p. 2-3)
* Quando se esudam estrelas e componentes do átomo, as teorias que os cercam
são mantidas à parte. Com a linguagem isso não acontece. COM
RELAÇÃO À LINGUAGEM E O PENSAMENTO, ISSO OCORRE DE FORMA
DISTINTA. NÓS, ESTUDIOSOS DA LINGUAGEM E DO
PENSAMENTO, USAMOS A LINGUAGEM E O PENSAMENTO PARA REFLETIR SOBRE LINGUAGEM E PENSAMENTO.
“AS ESTRELAS E O TELECÓPIO SÃO
CONFUNDIDOS: LINGUAGEM E PENSAMENTO PODEM SER NSTRUMENTOS PARA ANALISAR LINGUAGEM E PENSAMENTO?”
(Fauconnier, 1997, p. 3)
* Mistério da linguagem: os sinais linguísticos provenientes da mente são comparados a sinais recebidos de galáxias distintas ou a sinais de átomos. Tais sinais nos autorizam a hipotetizar sobre estruturas subjacentes e princípios organizacionais que não podemos apreender diretamente.
1. Porque,
de acordo com ele, as metrópoles são as maiores produtoras de poluição, devido
ao trânsito congestionado e à quantidade de veículos automotores, e porque a
maioria de seus habitantes (60%), segundo um estudo, gostaria de usar esse
modal para se locomover até o trabalho.
2. O uso da
bicicleta contribui para uma cidade mais inclusiva, com qualidade de vida e com
benefícios para o meio ambiente, como redução dos congestionamentos e do
barulho, melhoria na segurança viária e diminuição significativa da poluição do
ar e nas emissões de gases de efeito estufa.
3.
a) Como a
bicicleta é um meio de transporte que não polui o meio ambiente, usá-la como
alternativa de transporte é uma atitude sustentável.
b) Promover
a reflexão e a conscientização dos leitores diante de um tema atual e,
geralmente, de interesse da sociedade.
4. Por se
tratar da opinião da pessoa que escreve o texto, é ela quem se responsabiliza
publicamente pelo posicionamento que defende no artigo.
5. B.
6. B.
7. a) A
responsabilidade deve ser de toda a sociedade: órgãos públicos, cidadãos e empresas
que adotam transporte em duas rodas, como as de serviços de entrega de alimentos
e as farmácias.
1. a) A
observação atenta aos fatos, o raciocínio lógico e a perspicácia, ou seja, a
capacidade de perceber e de entender os acontecimentos da trama com facilidade.
b) Ter
conhecimento dos métodos de investigação do detetive inglês e ter a capacidade
de depreender algo pelos pequenos sinais do ambiente e do comportamento das pessoas.
2. Sim,
porque o narrador emprega os mesmos métodos do detetive inglês, ao prestar atenção
aos mínimos detalhes e fatos e, a partir deles, fazer deduções lógicas.
3. Vários
elementos indicam a época: o vestuário usado pelas mulheres (capas e chapéus);
as festas com apresentações de teatro, circo e palestras para entreter os
convidados; e a expressão contos [de réis] para mencionar a moeda usada no
período, o Real brasileiro, ao mencionar o valor do anel.
4. a) As
pétalas amarelas de rosa-chá encontradas no aposento da tia eram da mesma
espécie de flor usada por Sinhazinha em um enfeite comum na época.
b) De
maneira indireta, ao dizer que ficou olhando para o teto e para o assoalho
(como na canção citada por uma senhora), momento em que provavelmente estava
verificando de onde poderiam ter vindo as pétalas.
c) Para
compor o clima de mistério da trama e surpreender o leitor ao final da
narrativa, quando são revelados o criminoso e o raciocínio dedutivo que
desvenda o crime.
5. a) A partir
daí, começa a investigação e a personagem assume o papel de Sherlock Holmes.
b) A
expressão indica que ele irá seguir as regras de uma investigação policial.
c) O modo
imprevisível e inusitado como o narrador investiga e soluciona o caso é uma
estratégia que se assemelha
às das
investigações em filmes, como isolar a área do crime, colher pistas no local,
ouvir testemunhas e suspeitos.
6. a)
Primeiro, quando Madame Guimarães pergunta a Sinhazinha onde colocou sua capa e
ela responde que a deixou no automóvel, para não ter de subir ao quarto da tia;
e, em seguida, quando Madame Guimarães comenta com os convidados que ela era a
responsável por guardar as peças de vestuário (das convidadas) em seu quarto,
isto é, a única pessoa a entrar nele durante o evento.
b) A
informação de que havia um grande número de convidados, assim como o fato de
que o marido de Sinhazinha não estava com ela, o que poderia levar o leitor a
suspeitar de que ele teria entrado escondido na casa e furtado o anel.
c) Pretende
fazer o leitor desconfiar de que o criminoso pode ser qualquer uma das
personagens ou alguém relacionado a elas.
7. a) Ela
considera pior do que um fiasco. Porque, ao atuar na investigação buscando
proteger a identidade de Sinhazinha, possibilitou que ela a apontasse como
suspeito ou responsável pelo furto.
8. a)
Provavelmente, preocupou-se com a reputação de Sinhazinha, uma vez que, caso os
convidados soubessem, ela perderia o respeito de todos, pois seria considerada uma
criminosa. Essa atitude revela valores culturais e éticos como honestidade e
respeito pelo outro.
b) O contexto
histórico determina, ou ao menos revela, comportamentos e valores. Nos dias de
hoje, a responsável pelo furto seria revelada e punida.
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