TEXTO PARA AS QUESTÕES 1
E 2
So
today, more than 60 species of butterflies are endangered around the world, but
even more than that, insects are declining. In the last 50 years, we’ve lost
nearly 50 percent of the total number of bodies of insects. Now this is a
disaster. It could impact us in a more serious way more quickly than climate
change, because butterflies don't do that much in the ecosystem that we depend
on, but they do things for other creatures that we do depend on, and that’s the
same story with all insect life. Insect life is at the very foundation of our
life-support systems. We can’t lose these insects. Biodiversity all over the
globe is in a vast decline. Habitat loss, pesticides, herbicides and impacts of
climate change. Habitat loss is very serious, and that's where we really have
to get developing better, more mindfully.
ELLEN, Mary. TED talks. Disponível
em: https://ted2srt.org.
QUESTÃO 1
Afirma-se, no texto,
que a perda da diversidade de borboletas e insetos pode afetar seriamente a
humanidade, pois
A)
eles influenciam diretamente o hábito alimentar
humano.
B)
a vida desses animais é mais longa que a dos
seres humanos.
C)
eles interagem com outras criaturas das quais as
pessoas dependem.
D)
as mudanças climáticas são freadas pela atuação
desses animais.
E)
eles são utilizados como alternativas a
pesticidas e herbicidas.
QUESTÃO 2
O texto cita causas
da redução da biodiversidade de insetos e borboletas, entre elas
A)
queimadas de hábitats protegidos.
B)
perda de hábitat, uso de pesticidas e herbicidas.
C)
redução de hábitat por uso de pesticidas.
D)
diminuição de áreas de reprodução.
E)
desmatamento, queimadas e mudanças climáticas.
QUESTÃO 3
Em relação às séries
mencionadas no quadrinho, é correto afirmar que seus elementos químicos
A)
pertencem ao grupo 7 da tabela periódica.
B)
são chamados de metais de transição interna.
C)
são metais líquidos em temperatura ambiente.
D)
têm como subnível mais energético o s ou o
p.
E)
pertencem aos períodos 4 e 5 da tabela periódica.
QUESTÃO 4
|
THREE Wishes. Hey Buddy Comics. Disponível em https://heybuddycomics.com. |
A tirinha possui um efeito emotivo, pois o
A)
gênio faz aparecer um cachorro para o rapaz.
B)
cachorro não percebe o que está acontecendo.
C)
rapaz troca a lâmpada mágica pelo seu cachorro.
D)
cachorro gasta os desejos do rapaz para poder
falar.
E)
rapaz concede os desejos restantes a seu
cachorro.
QUESTÃO 5
My
Auntie Agnes has a cat
I
do not like to tell her that
Its
body seems a little large
With
lots of stripes for camouflage
Its
teeth and claws are also larger
Than
they ought to be. A rajah
Gave
her the kitten I recall
When
she was stationed in Bengal
But
that was many years ago
And
kittens are allowed to grow
And
now she has a fearsome cat
But
I don’t like to tell her that
WEST, Colin. Auntie Agnes’s Cat.
Tickley Under Six. Disponível em: https://carrypaterson.wordpress.com.
O efeito de comicidade que se obtém do poema decorre, sobretudo,
do fato de
A) a raça do gato ser diferente da que foi encomendada.
B) o gato da Tia Agnes aparentar ser um tigre-de-bengala.
C) a Tia Agnes ter dado muita comida ao seu gato, que cresceu
muito.
D) o gato se camuflar com tiras, e a Tia Agnes não o encontrar.
E) a Tia Agnes não perceber que seu gato não possui dentes nem
garras.
TEXTO PARA AS QUESTÕES 6
A 8
“In
the United States, fewer births and more deaths reduced population growth to a
100-year low,” reports a new study by demographers at the University of New
Hampshire (UNH). They add that “in nearly 46 percent of counties, more people
died than were born last year.”
As
I reported last year, the U.S. total fertility rate fell in 2018 to 1.73 births
per woman, the lowest rate ever recorded. In general, the U.S. total fertility
rate was been below replacement fertility – the level at which a given
generation can exactly replace itself, usually defined as 2.1 births per woman
– since 1971. [...]
“Because
of this smaller surplus and diminished immigration, the U.S. population grew by
just 0.48 percent last year – the lowest population growth rate since 1919,”
note the UNH researchers. They also reported that “more people died than were
born last year in 1,430 of the 3,142 U.S. counties (46 percent).” This is up
from ten years ago when 889 counties (28 percent) had more deaths than births.
BAILEY, Ronald. U.S. Population Growth Rate Lowest in a
Century, Says New Report. Reason Foundation. Los Angeles, 26 mar. 2020.Disponível em: https://reason.com.
QUESTÃO 6
De acordo com o texto, o fenômeno populacional que está ocorrendo
nos Estados Unidos é a(o)
A) redução da população total.
B) aumento da taxa de natalidade.
C) redução da taxa de mortalidade.
D) redução da taxa de fecundidade.
E) aumento da taxa de crescimento.
QUESTÃO 7
No texto, são apresentados números populacionais a fim de tratar
A) do nível em que uma geração deixa de se repor.
B) da taxa segundo a qual a população dos países crescem.
C) da razão entre os números de mortes e de nascimentos.
D) da estratégia do governo para que a população permaneça
estável.
E) da relação entre o números de famílias e o de nascimentos.
QUESTÃO 8
O estudo reporta que
o crescimento populacional americano atingiu o nível mais baixo em 100 anos
porque há
A)
menos nascimentos e mais mortes.
B)
mais nascimentos e menos mortes.
C)
menos nascimentos e menos mortes.
D)
mais nascimentos, mas o mesmo número de mortes.
E)
o mesmo número de nascimentos, mas com mais
mortes.
TEXTO PARA AS QUESTÕES 9
E 10
QUESTÃO 9
No cartaz, o recurso
do ponto de exclamação marca
A)
verbos no imperativo que procuram destacar ações
importantes.
B)
ordens expressas pelo enunciador sobre a
necessidade de economia.
C)
conselhos sobre a melhor forma de se utilizar
certos aparelhos domésticos.
D)
ações que a prefeitura espera que as pessoas
executem dentro de suas casas.
E)
lembretes importantes que poderiam ser
desconsiderados sem a devida ênfase.
QUESTÃO 10
Na chamada inicial
do cartaz, caso o autor optasse apenas pela forma de tratamento “você”,
considerando-se as regras da norma-padrão, a frase deveria ser reescrita como:
A)
“Ligue-se e desligue”.
B)
“Se liga e se desliga”.
C)
“Te liga e te desliga”.
D)
“Te ligue e desligues”.
E)
“Liga e desliga”.
TEXTO PARA AS QUESTÕES 11
E 12
Jerusalém
é uma vila turca, com vielas andrajosas, acaçapada entre muralhas cor de lodo e
fedendo ao sol sob o badalar de sinos tristes. O Jordão, fio de água barrento e
peco que se arrasta entre arcais, nem pode ser comparado a esse claro e suave
Lima que lá baixo, ao fundo do Mosteiro, banha as raízes dos meus amieiros; e,
todavia, vede! Estas meigas águas portuguesas não correram jamais entre os
joelhos de um Messias, nem jamais as roçaram as asas dos anjos, armados e
rutilantes, trazendo do céu à Terra as ameaças do Altíssimo!
QUEIRÓS, Eça de. A Relíquia. São
Paulo: Publifolha, 1997. (Biblioteca Folha).
QUESTÃO 11
No texto, o narrador
revela uma opinião particular sobre o Rio Jordão, de grande significado
histórico. Essa opinião é marcada por
A)
dúvida, pois o narrador não entende como diversos
povos dão tanta importância ao Jordão.
B)
alienação, pois o narrador não consegue enxergar
a importância histórica e religiosa do Jordão.
C)
ironia, pois o narrador questiona a beleza e a
importância dada ao Jordão em comparação ao Lima.
D)
ignorância, pois o narrador desconsidera os
rituais consagrados de diversas religiões ligadas ao Jordão.
E)
admiração, pois o narrador revela como as águas
do Jordão possuem um significado ainda maior que o religioso.
QUESTÃO 12
A palavra que marca
a contraposição entre os dois rios, que é feita pelo autor, é
A)
“tristes”.
B)
“barrento”.
C)
“todavia”.
D)
“estas”.
E)
“jamais”.
TEXTO PARA AS QUESTÕES 13
E 14
Sonetilho do falso
Fernando Pessoa
Onde nasci, morri.
Onde morri, existo.
E das peles que visto
muitas há que não vi.
Sem mim como sem ti
posso durar. Desisto
de tudo quanto é misto
e que odiei ou senti.
Nem Fausto nem Mefisto,
à deusa que se ri
deste nosso oaristo,
eis-me a dizer: assisto
além, nenhum, aqui,
mas não sou eu, nem isto.
ANDRADE, Carlos Drummond de. Claro
enigma. São Paulo: Companhia das Letras, 2012. p. 24.
QUESTÃO 13
No título do texto,
o eu lírico se refere, sutilmente, às facetas de Fernando Pessoa por meio do
termo “falso”. No poema, uma outra referência aos heterônimos é evidenciada nos
versos
A)
“Onde nasci, morri Onde morri, existo.”
B)
“E das peles que visto muitas há que não vi.”
C)
“de tudo quanto é misto e que odiei ou senti.”
D)
“Nem Fausto nem Mefisto, à deusa que se ri”.
E)
“além, nenhum, aqui, mas não sou eu, nem isto.”
QUESTÃO 14
No poema, o eu
lírico se constitui em primeira pessoa de forma
A)
homogênea, considerando-se um ser imutável.
B)
dúbia, revelando um sentimento alegre e triste.
C)
desonesta, evidenciando contradições morais.
D)
paradoxal, buscando a consciência de seu eu
interior.
E)
aberta, revelando a inexistência de profundidade
em si.
TEXTO PARA AS QUESTÕES 15
E 16
A
matemática se nega a existir só por existir. Ela é muito eficaz na tarefa de
explicar e manipular o mundo; eficaz de um jeito quase inverossímil. As páginas
desta revista são diagramadas com base em princípios matemáticos.
Bem
como teus móveis e a casa em que você mora.
Computadores,
instrumentos musicais, satélites de GPS, bonecas de crochê, máquinas de
hemodiálise, túneis de metrô, agricultura, bomba atômica.
As
dez equações da Relatividade Geral descrevem o próprio tecido do Universo. As
quatro equações de Maxwell, todos os fenômenos eletromagnéticos (sem elas, não
existiria nenhum aparelho eletrônico). Uma única equação de Schrödinger prevê a
probabilidade de se encontrar um elétron em qualquer ponto da órbita de um
átomo. E nós somos feitos de átomos.
Tantas
equações com esse poder explicativo fizeram Einstein se perguntar: “Como é
possível que a matemática, um produto do pensamento humano que é independente
da experiência, encaixe-se tão bem com os objetos de nossa realidade física?”.
Ele não foi o único. O físico James Jeans, bem menos famoso, comentou: “O
Universo parece ter sido projetado por um matemático”. Eugene Wigner escreveu:
“O milagre de que a linguagem da matemática é apropriada para a formulação das
leis da física é um presente que nós não entendemos nem merecemos”.
VAIANO, Bruno. A matemática foi
descoberta ou inventada? Superinteressante. Disponível em:
https://super.abril.com.br. (adaptado)
QUESTÃO 15
Ao se falar de como a matemática é importante, são incorporadas no
texto falas de cientistas que
A) corroboram a ideia de que ela é uma ciência completa.
B) enumeram aplicações dela desvinculadas da prática social.
C) contradizem a ideia inicial de que ela está presente no
cotidiano
D) revelam opiniões divergentes sobre ela e sua importância na
ciência.
E) sugerem que ela é um instrumento excelente para o entendimento
do Universo.
QUESTÃO 16
Na listagem presente no final do primeiro parágrafo, não há uma
relação de paralelismo entre os itens, considerando-se o campo semântico deles.
Essa falta de paralelismo, no entanto, é intencional, pois pretende-se
A) considerar uma ampla gama de aplicações dos princípios matemáticos.
B) refletir sobre a necessidade da matemática para a resolução de
problemas.
C) provocar no leitor um senso de urgência para conhecer melhor a
matemática.
D) representar a confusão mental do autor e do leitor ao pensarem
em matemática.
E) revelar que o autor também é leigo no assunto e desconhece os
vários usos matemáticos.
QUESTÃO 17
Romance LV ou de um preso chamado Gonzaga
Quem sabe o que pensa o preso
que todas as leis conhece,
e continua indefeso!
Aquele magistrado
que digno fora, e austero,
agora te aparece
criminoso. E pondero:
Tudo no mundo mente.
(Daqui nem ouro quero...)
Pode ser que assim falasse
e pode ser que corressem
lágrimas, por sua face.
No remoto Passado
fica o semblante vero,
do que hoje aqui padece.
Mas não me desespero,
que a vida é sem Presente.
(Daqui nem ouro quero...) [...]
MEIRELES, Cecília. Romanceiro da inconfidência. São
Paulo: Global, 2012
No poema apresentado, o eu lírico resgata o passado ao retomar
temas do período árcade brasileiro. Nesse aspecto, assume-se sobre os fatos
históricos da época um caráter
A) No poema apresentado, o eu lírico resgata o passado ao retomar
temas do período árcade brasileiro. Nesse aspecto, assume-se sobre os fatos
históricos da época um caráter
B) reflexivo, duvidando dos registros oficiais que restaram do
movimento.
C) neutro, chamando o leitor a analisar os dois pontos de vista da
história.
D) técnico, assumindo o lado dos juízes que condenaram os
inconfidentes.
E) interpretativo, indicando que o movimento inconfidente lutava
por interesses próprios.
TEXTO PARA AS QUESTÕES 18
E 19
QUESTÃO 18
A situação representada deixa implícita uma crítica
A) à manipulação de leitores por parte de corporações de
entretenimento.
B) ao oportunismo financeiro relacionado à propagação de
informações falsas.
C) a influenciadores digitais que se envolvem com a manipulação de
informações.
D) à apropriação de assuntos médicos por falsos profissionais,
para prejudicar a população.
E) a pesquisadores que vendem suas pesquisas baseando-se,
unicamente, em interesses financeiros.
QUESTÃO 19
A opção pelo uso da expressão fake
news, em vez de sua tradução literal (notícias falsas), aponta para o fato
de que o(a)
A) conceito da expressão em português difere do relacionado à
expressão em inglês.
B) língua portuguesa incorpora novos significados a partir de suas
próprias limitações vocabulares.
C) conceito foi consolidado dessa forma, tornando difícil vincular
a mesma ideia a outra expressão.
D) língua portuguesa tem perdido expressividade, sendo necessário
recorrer a expressões estrangeiras.
E) estrangeirismo é uma nova forma de definir conceitos antes
inexistentes na forma nativa do português.
QUESTÃO 20
A
narração implica que se enuncie acontecimentos estabelecendo uma relação
temporal entre eles. Para que uma história possa ser contada, ela deverá tomar
a forma de discurso, e, como tal, a narração implica uma voz (a do narrador)
que o efetue e um tempo em que se expresse. Não apenas o fato narrado se afasta
temporalmente do fato sucedido, mas também a voz que o enuncia é outra que a do
sujeito que viveu o acontecimento. Mesmo se narro (ou relato por escrito) um
fato que acaba de me acontecer, eu já me encontro, como “narrador”, fora do
tempo e do espaço em que o episódio teve lugar [...].
E-DICIONÁRIO de termos literários. Narração
(verbete). Disponível em: https://edtl.fcsh.unl.pt. (adaptado)
[...] Passou a mão pelo queixo, barbeado todos os dias, coisa que
não fazia dantes [...]. E recordava assim o primeiro encontro, na estação de
Vassouras, onde Sofia e o marido entraram no trem da estrada de ferro, no mesmo
carro em que ele descia de Minas [...]; vinha com a herança na cabeça, o
testamento, o inventário, coisas que é preciso explicar primeiro, a fim de
entender o presente e o futuro. Deixemos Rubião na sala de Botafogo, batendo
com as borlas do chambre nos joelhos, e cuidando na bela Sofia. Vem comigo,
leitor; vamos vê-lo, meses antes, à cabeceira do Quincas Borba.
ASSIS,
Machado de. Quincas Borba. 1891. Disponível em: http://machado.mec.gov.br.
Junto a Memórias Póstumas de Brás
Cubas (1881), as obras Dom Casmurro (1899) e Quincas Borba (1891)
compõem a dita “trilogia realista” de Machado de Assis. Nesses romances, de
considerável experimentação literária, é comum que o narrador interrompa a
enunciação para dirigir-se ao “leitor”. No texto retirado da obra Quincas
Borba, há uma especificidade temporal na aplicação do recurso da
“interrupção” pelo narrador, empregado com o intuito de
A) demonstrar o contraste que existe entre as narrativas em 1ª
pessoa e em 3ª pessoa, valorizando o último tipo, uma vez que neste o narrador
se faz onisciente.
B) explorar a diferença de idade entre Rubião e Quincas Borba,
fazendo com que o leitor note, dessa forma, distinções importantes entre os
temperamentos daqueles.
C) realçar o flashback narrativo, convidando o leitor a
conhecer o passado da personagem a fim de que ele entenda as implicações dela
no futuro da narração.
D) sugerir que o pensamento presente de Rubião não oferece uma
imagem fiel de si, sendo necessário, então, conhecer os antecedentes dele para
poder julgar seu crime.
E) apontar diferenças entre as etapas do desenvolvimento humano,
chamando a atenção, em um dos romances, para as peculiaridades da infância e,
no outro, para as da velhice.
QUESTÃO 21
Assente
que o barroco é, antes de tudo, um fenômeno artístico cronologicamente
delimitado, sua gênese remonta a meados do século XVI, enraizando-se na crise
espiritual, moral e cultural desencadeada pela decomposição dos valores da
Renascença […]. Conta a História das Ideias que este colapso da Renascença se
deveu a abalos sofridos pela Ciência, Religião e Ética então vigentes […].
Desarticulavam-se os elos da Grande Cadeia do Ser renascentista, montada à
custa da falaciosa ideia de que havia uma correspondência especular entre o
macrocosmo e o microcosmo, a garantir a perfeita harmonia entre os planos
divino e humano, entre a alma e o corpo, entre a fé e a razão [...].
SILVEIRA, Francisco M. A
literatura portuguesa em perspectiva. São Paulo: Cultrix, 1993. v. 2, p.
89. (adaptado)
Ao dia do juízo
O alegre do dia entristecido,
O silêncio da noite perturbado
O resplendor do sol todo eclipsado,
E o luzente da lua desmentido!
Rompa todo o criado em um gemido,
Que é de ti mundo? Onde tens parado?
Se tudo neste instante está acabado,
Tanto importa o não ser, como haver sido.
Soa a trombeta da maior altura,
A que a vivos, e mortos traz o aviso
Da desventura de uns, d’outros ventura.
Acabe o mundo, porque é já preciso,
Erga-se o morto, deixe a sepultura,
Porque é chegado o dia do juízo.
MATOS, Gregório de. Poemas
escolhidos. São Paulo: Companhia das Letras, 2010. p. 351.
Ao considerar uma crise dos valores renascentistas como fator
fundamental à gênese da arte barroca, é correto afirmar que o poema sacro de
Gregório de Matos expressa essa erosão ideológica ao manifestar
A) a inequívoca existência de uma força divina boa ou ruim.
B) uma anulação da concretude da vida diante do fim inevitável do
mundo.
C) o desprezo à espiritualidade como resultado negativo do apego a
riquezas.
D) a vingança divina como consequência à fé desmedida na
racionalidade humana.
E) uma crença na ressurreição dos mortos e a descrição dessa existência
além-túmulo.
QUESTÃO 22
Sonho de um sonho
Sonhei
que estava sonhando
e
que no meu sonho havia
outro
sonho esculpido.
Os
três sonhos sobrepostos
dir-se-iam
apenas elos
de
uma infindável cadeia
de
mitos organizados
em
derredor de um pobre eu. […].
Sonhei
que os entes cativos
dessa
livre disciplina
plenamente
floresciam
permutando
o universo
uma
dileta substância
e
um desejo apaziguado
de
ser um com ser milhares,
pois
o centro era eu de tudo,
como
era cada um dos raios
desfechados
para longe […].
ANDRADE, Carlos Drummond de. Claro
enigma. São Paulo: Companhia das letras, 2012.
Um sonho
[…] Ontem eu tive esse sonho
Nele encontrava com você
Não sei se sonhava o meu sonho
Ou se o sonho que eu sonhava era seu
Um sonho dentro de um sonho
Eu ainda nem sei se acordei
Desse sonho, quero imagem e som
Pra saber o que foi que aconteceu [...].
“Um sonho”. In: Nação Zumbi,
2014. Disponível em: https://www. letras.mus.br.
O poema de Carlos Drummond de Andrade e a canção do grupo Nação
Zumbi, mesmo distantes quanto ao formato e à época de produção, aproximam-se
porque
A) tematizam a inferioridade do real frente ao delírio amoroso.
B) estruturam liricamente uma ideia de sonhar dentro de outro
sonho.
C) defendem o estímulo ao onírico como forma de experiência
sinestésica.
D) definem o imaginário como estrutura que reconecta as pessoas à
espiritualidade.
E) abordam a ideia de que a busca amorosa molda tanto o sonho
quanto a poesia.
TEXTO PARA AS QUESTÕES 23
E 24
A
máquina do mundo
[…] tudo que define o ser
terrestre
ou se prolonga até nos animais
e chega às plantas para se embeber
no sono rancoroso dos minérios,
dá volta ao mundo e torna a se engolfar,
na estranha ordem geométrica de tudo, […]
tudo se apresentou nesse relance
e me chamou para seu reino augusto,
afinal submetido à vista humana.
Mas, como eu relutasse em responder
a tal apelo assim maravilhoso,
pois a fé se abrandara, e mesmo o anseio,
[…] baixei os olhos, incurioso, lasso,
desdenhando colher a coisa oferta
que se abria gratuita a meu engenho.
A treva mais estrita já pousara
sobre a estrada de Minas, pedregosa,
e a máquina do mundo, repelida,
se foi miudamente recompondo,
enquanto eu, avaliando o que perdera,
seguia vagaroso, de mãos pensas.
ANDRADE, Carlos Drummond de. Claro
enigma. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.
QUESTÃO 23
No poema, o aspecto modernista de Drummond – de apelo tanto à
tradição quanto à originalidade – se expressa não apenas pela intertextualidade
com a “máquina do mundo”, de Camões, mas também pelo emprego de figuras de
linguagem arrojadas, como a prosopopeia, presente nos versos em que o poeta
A) representa Minas Gerais como uma estrada de pedras.
B) compara seu corpo à estrutura mecânica de um tanque.
C) descreve suas próprias mãos como seres racionais.
D) atribui sentimento e estado a elementos minerais.
E) metamorfoseia plantas e animais em minerais.
QUESTÃO 24
Com base na leitura
do poema, entende-se que algo arrebatador e irresistível se oferece ao eu
lírico, mas este resiste porque
A)
desacredita a possibilidade de acessar e conhecer
o sentido do mundo.
B)
duvida da veracidade das informações apresentadas
pelo instrumento ofertado.
C)
teme tocar o presente e, com sua covardia, acaba
perdendo o privilégio alcançado.
D)
sente preguiça ante a tarefa de guardar segredos
sobre o funcionamento da natureza.
E)
desobedece a uma condição imposta pelo objeto
misterioso, que então se retrai e some.
QUESTÃO 25
Memória
Amar o perdido
deixa confundido
este coração.
Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do Não.
As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão.
Mas as coisas findas,
muito mais que lindas,
essas ficarão.
ANDRADE, Carlos Drummond de. Claro
enigma. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.
Soneto de idelidade
De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
MORAES,
Vinicius de. Poemas, sonetos e baladas. São Paulo: Edições Gavetas,
1946. Disponível em: http:// www.viniciusdemoraes.com.br.
O poema de Drummond aborda, em perspectiva ampla, a temática do
esquecimento. O soneto de Vinicius de Moraes, por sua vez, tematiza a questão
do amor. Embora explorem conteúdos diferentes, os dois poemas se aproximam
quanto à mensagem porque
A) demonstram, por meio do eu lírico, nutrir fervorosa devoção por
uma companhia perdida.
B) pregam, como forma de atingir o prazer, o afastamento do mundo
e das pessoas.
C) encaram a morte como alternativa ao sofrimento desencadeado
pelo amor.
D) representam a maturidade como etapa de libertação de conflitos
pessoais.
E) tratam da finitude como consequência da memória e do tempo.