01 setembro 2024

SIMULADO FUVEST

TEXTO PARA AS QUESTÕES 1 E 2

So today, more than 60 species of butterflies are endangered around the world, but even more than that, insects are declining. In the last 50 years, we’ve lost nearly 50 percent of the total number of bodies of insects. Now this is a disaster. It could impact us in a more serious way more quickly than climate change, because butterflies don't do that much in the ecosystem that we depend on, but they do things for other creatures that we do depend on, and that’s the same story with all insect life. Insect life is at the very foundation of our life-support systems. We can’t lose these insects. Biodiversity all over the globe is in a vast decline. Habitat loss, pesticides, herbicides and impacts of climate change. Habitat loss is very serious, and that's where we really have to get developing better, more mindfully.

ELLEN, Mary. TED talks. Disponível em: https://ted2srt.org.

 

QUESTÃO 1

Afirma-se, no texto, que a perda da diversidade de borboletas e insetos pode afetar seriamente a humanidade, pois

A) eles influenciam diretamente o hábito alimentar humano.

B) a vida desses animais é mais longa que a dos seres humanos.

C) eles interagem com outras criaturas das quais as pessoas dependem.

D) as mudanças climáticas são freadas pela atuação desses animais.

E) eles são utilizados como alternativas a pesticidas e herbicidas.

 

QUESTÃO 2

O texto cita causas da redução da biodiversidade de insetos e borboletas, entre elas

A) queimadas de hábitats protegidos.

B) perda de hábitat, uso de pesticidas e herbicidas.

C) redução de hábitat por uso de pesticidas.

D) diminuição de áreas de reprodução.

E) desmatamento, queimadas e mudanças climáticas.

 

QUESTÃO 3



Em relação às séries mencionadas no quadrinho, é correto afirmar que seus elementos químicos

A) pertencem ao grupo 7 da tabela periódica.

B) são chamados de metais de transição interna.

C) são metais líquidos em temperatura ambiente.

D) têm como subnível mais energético o s ou o p.

E) pertencem aos períodos 4 e 5 da tabela periódica.

 

QUESTÃO 4

 

THREE Wishes. Hey Buddy Comics. Disponível em https://heybuddycomics.com.

 

A tirinha possui um efeito emotivo, pois o

A) gênio faz aparecer um cachorro para o rapaz.

B) cachorro não percebe o que está acontecendo.

C) rapaz troca a lâmpada mágica pelo seu cachorro.

D) cachorro gasta os desejos do rapaz para poder falar.

E) rapaz concede os desejos restantes a seu cachorro.

 

QUESTÃO 5

My Auntie Agnes has a cat

I do not like to tell her that

Its body seems a little large

With lots of stripes for camouflage

Its teeth and claws are also larger

Than they ought to be. A rajah

Gave her the kitten I recall

When she was stationed in Bengal

But that was many years ago

And kittens are allowed to grow

And now she has a fearsome cat

But I don’t like to tell her that

WEST, Colin. Auntie Agnes’s Cat. Tickley Under Six. Disponível em: https://carrypaterson.wordpress.com.

 

O efeito de comicidade que se obtém do poema decorre, sobretudo, do fato de

A) a raça do gato ser diferente da que foi encomendada.

B) o gato da Tia Agnes aparentar ser um tigre-de-bengala.

C) a Tia Agnes ter dado muita comida ao seu gato, que cresceu muito.

D) o gato se camuflar com tiras, e a Tia Agnes não o encontrar.

E) a Tia Agnes não perceber que seu gato não possui dentes nem garras.

 

TEXTO PARA AS QUESTÕES 6 A 8

“In the United States, fewer births and more deaths reduced population growth to a 100-year low,” reports a new study by demographers at the University of New Hampshire (UNH). They add that “in nearly 46 percent of counties, more people died than were born last year.”

As I reported last year, the U.S. total fertility rate fell in 2018 to 1.73 births per woman, the lowest rate ever recorded. In general, the U.S. total fertility rate was been below replacement fertility – the level at which a given generation can exactly replace itself, usually defined as 2.1 births per woman – since 1971. [...]

“Because of this smaller surplus and diminished immigration, the U.S. population grew by just 0.48 percent last year – the lowest population growth rate since 1919,” note the UNH researchers. They also reported that “more people died than were born last year in 1,430 of the 3,142 U.S. counties (46 percent).” This is up from ten years ago when 889 counties (28 percent) had more deaths than births.

BAILEY, Ronald. U.S. Population Growth Rate Lowest in a Century, Says New Report. Reason Foundation. Los Angeles, 26 mar. 2020.Disponível em: https://reason.com.

 

QUESTÃO 6

De acordo com o texto, o fenômeno populacional que está ocorrendo nos Estados Unidos é a(o)

A) redução da população total.

B) aumento da taxa de natalidade.

C) redução da taxa de mortalidade.

D) redução da taxa de fecundidade.

E) aumento da taxa de crescimento.

 

QUESTÃO 7

No texto, são apresentados números populacionais a fim de tratar

A) do nível em que uma geração deixa de se repor.

B) da taxa segundo a qual a população dos países crescem.

C) da razão entre os números de mortes e de nascimentos.

D) da estratégia do governo para que a população permaneça estável.

E) da relação entre o números de famílias e o de nascimentos.

 

QUESTÃO 8

O estudo reporta que o crescimento populacional americano atingiu o nível mais baixo em 100 anos porque há

A) menos nascimentos e mais mortes.

B) mais nascimentos e menos mortes.

C) menos nascimentos e menos mortes.

D) mais nascimentos, mas o mesmo número de mortes.

E) o mesmo número de nascimentos, mas com mais mortes.

 

 

TEXTO PARA AS QUESTÕES 9 E 10

 


QUESTÃO 9

No cartaz, o recurso do ponto de exclamação marca

A) verbos no imperativo que procuram destacar ações importantes.

B) ordens expressas pelo enunciador sobre a necessidade de economia.

C) conselhos sobre a melhor forma de se utilizar certos aparelhos domésticos.

D) ações que a prefeitura espera que as pessoas executem dentro de suas casas.

E) lembretes importantes que poderiam ser desconsiderados sem a devida ênfase.

 

QUESTÃO 10

Na chamada inicial do cartaz, caso o autor optasse apenas pela forma de tratamento “você”, considerando-se as regras da norma-padrão, a frase deveria ser reescrita como:

A) “Ligue-se e desligue”.

B) “Se liga e se desliga”.

C) “Te liga e te desliga”.

D) “Te ligue e desligues”.

E) “Liga e desliga”.

 

TEXTO PARA AS QUESTÕES 11 E 12

 Jerusalém é uma vila turca, com vielas andrajosas, acaçapada entre muralhas cor de lodo e fedendo ao sol sob o badalar de sinos tristes. O Jordão, fio de água barrento e peco que se arrasta entre arcais, nem pode ser comparado a esse claro e suave Lima que lá baixo, ao fundo do Mosteiro, banha as raízes dos meus amieiros; e, todavia, vede! Estas meigas águas portuguesas não correram jamais entre os joelhos de um Messias, nem jamais as roçaram as asas dos anjos, armados e rutilantes, trazendo do céu à Terra as ameaças do Altíssimo!

QUEIRÓS, Eça de. A Relíquia. São Paulo: Publifolha, 1997. (Biblioteca Folha).

 

QUESTÃO 11

No texto, o narrador revela uma opinião particular sobre o Rio Jordão, de grande significado histórico. Essa opinião é marcada por

A) dúvida, pois o narrador não entende como diversos povos dão tanta importância ao Jordão.

B) alienação, pois o narrador não consegue enxergar a importância histórica e religiosa do Jordão.

C) ironia, pois o narrador questiona a beleza e a importância dada ao Jordão em comparação ao Lima.

D) ignorância, pois o narrador desconsidera os rituais consagrados de diversas religiões ligadas ao Jordão.

E) admiração, pois o narrador revela como as águas do Jordão possuem um significado ainda maior que o religioso.

 

QUESTÃO 12

A palavra que marca a contraposição entre os dois rios, que é feita pelo autor, é

A) “tristes”.

B) “barrento”.

C) “todavia”.

D) “estas”.

E) “jamais”.

 

TEXTO PARA AS QUESTÕES 13 E 14 

Sonetilho do falso Fernando Pessoa

Onde nasci, morri.

Onde morri, existo.

E das peles que visto

muitas há que não vi.

 

Sem mim como sem ti

posso durar. Desisto

de tudo quanto é misto

e que odiei ou senti.

 

Nem Fausto nem Mefisto,

à deusa que se ri

deste nosso oaristo,

 

eis-me a dizer: assisto

além, nenhum, aqui,

mas não sou eu, nem isto.

ANDRADE, Carlos Drummond de. Claro enigma. São Paulo: Companhia das Letras, 2012. p. 24.

 

QUESTÃO 13

No título do texto, o eu lírico se refere, sutilmente, às facetas de Fernando Pessoa por meio do termo “falso”. No poema, uma outra referência aos heterônimos é evidenciada nos versos

A) “Onde nasci, morri Onde morri, existo.”

B) “E das peles que visto muitas há que não vi.”

C) “de tudo quanto é misto e que odiei ou senti.”

D) “Nem Fausto nem Mefisto, à deusa que se ri”.

E) “além, nenhum, aqui, mas não sou eu, nem isto.”

 

QUESTÃO 14

No poema, o eu lírico se constitui em primeira pessoa de forma

A) homogênea, considerando-se um ser imutável.

B) dúbia, revelando um sentimento alegre e triste.

C) desonesta, evidenciando contradições morais.

D) paradoxal, buscando a consciência de seu eu interior.

E) aberta, revelando a inexistência de profundidade em si.

 

 

TEXTO PARA AS QUESTÕES 15 E 16

A matemática se nega a existir só por existir. Ela é muito eficaz na tarefa de explicar e manipular o mundo; eficaz de um jeito quase inverossímil. As páginas desta revista são diagramadas com base em princípios matemáticos.

Bem como teus móveis e a casa em que você mora.

Computadores, instrumentos musicais, satélites de GPS, bonecas de crochê, máquinas de hemodiálise, túneis de metrô, agricultura, bomba atômica.

As dez equações da Relatividade Geral descrevem o próprio tecido do Universo. As quatro equações de Maxwell, todos os fenômenos eletromagnéticos (sem elas, não existiria nenhum aparelho eletrônico). Uma única equação de Schrödinger prevê a probabilidade de se encontrar um elétron em qualquer ponto da órbita de um átomo. E nós somos feitos de átomos.

Tantas equações com esse poder explicativo fizeram Einstein se perguntar: “Como é possível que a matemática, um produto do pensamento humano que é independente da experiência, encaixe-se tão bem com os objetos de nossa realidade física?”. Ele não foi o único. O físico James Jeans, bem menos famoso, comentou: “O Universo parece ter sido projetado por um matemático”. Eugene Wigner escreveu: “O milagre de que a linguagem da matemática é apropriada para a formulação das leis da física é um presente que nós não entendemos nem merecemos”.

VAIANO, Bruno. A matemática foi descoberta ou inventada? Superinteressante. Disponível em: https://super.abril.com.br. (adaptado)

 

QUESTÃO 15

Ao se falar de como a matemática é importante, são incorporadas no texto falas de cientistas que

A) corroboram a ideia de que ela é uma ciência completa.

B) enumeram aplicações dela desvinculadas da prática social.

C) contradizem a ideia inicial de que ela está presente no cotidiano

D) revelam opiniões divergentes sobre ela e sua importância na ciência.

E) sugerem que ela é um instrumento excelente para o entendimento do Universo.

 

QUESTÃO 16

Na listagem presente no final do primeiro parágrafo, não há uma relação de paralelismo entre os itens, considerando-se o campo semântico deles. Essa falta de paralelismo, no entanto, é intencional, pois pretende-se

A) considerar uma ampla gama de aplicações dos princípios matemáticos.

B) refletir sobre a necessidade da matemática para a resolução de problemas.

C) provocar no leitor um senso de urgência para conhecer melhor a matemática.

D) representar a confusão mental do autor e do leitor ao pensarem em matemática.

E) revelar que o autor também é leigo no assunto e desconhece os vários usos matemáticos.

 

QUESTÃO 17 

Romance LV ou de um preso chamado Gonzaga

Quem sabe o que pensa o preso

que todas as leis conhece,

e continua indefeso!

 

Aquele magistrado

que digno fora, e austero,

agora te aparece

criminoso. E pondero:

Tudo no mundo mente.

(Daqui nem ouro quero...)

 

Pode ser que assim falasse

e pode ser que corressem

lágrimas, por sua face.

 

No remoto Passado

fica o semblante vero,

do que hoje aqui padece.

Mas não me desespero,

que a vida é sem Presente.

(Daqui nem ouro quero...) [...]

MEIRELES, Cecília. Romanceiro da inconfidência. São Paulo: Global, 2012

 

No poema apresentado, o eu lírico resgata o passado ao retomar temas do período árcade brasileiro. Nesse aspecto, assume-se sobre os fatos históricos da época um caráter

A) No poema apresentado, o eu lírico resgata o passado ao retomar temas do período árcade brasileiro. Nesse aspecto, assume-se sobre os fatos históricos da época um caráter

B) reflexivo, duvidando dos registros oficiais que restaram do movimento.

C) neutro, chamando o leitor a analisar os dois pontos de vista da história.

D) técnico, assumindo o lado dos juízes que condenaram os inconfidentes.

E) interpretativo, indicando que o movimento inconfidente lutava por interesses próprios.

 

TEXTO PARA AS QUESTÕES 18 E 19

 


QUESTÃO 18

A situação representada deixa implícita uma crítica

A) à manipulação de leitores por parte de corporações de entretenimento.

B) ao oportunismo financeiro relacionado à propagação de informações falsas.

C) a influenciadores digitais que se envolvem com a manipulação de informações.

D) à apropriação de assuntos médicos por falsos profissionais, para prejudicar a população.

E) a pesquisadores que vendem suas pesquisas baseando-se, unicamente, em interesses financeiros.

 

QUESTÃO 19

A opção pelo uso da expressão fake news, em vez de sua tradução literal (notícias falsas), aponta para o fato de que o(a)

A) conceito da expressão em português difere do relacionado à expressão em inglês.

B) língua portuguesa incorpora novos significados a partir de suas próprias limitações vocabulares.

C) conceito foi consolidado dessa forma, tornando difícil vincular a mesma ideia a outra expressão.

D) língua portuguesa tem perdido expressividade, sendo necessário recorrer a expressões estrangeiras.

E) estrangeirismo é uma nova forma de definir conceitos antes inexistentes na forma nativa do português.

 

QUESTÃO 20

A narração implica que se enuncie acontecimentos estabelecendo uma relação temporal entre eles. Para que uma história possa ser contada, ela deverá tomar a forma de discurso, e, como tal, a narração implica uma voz (a do narrador) que o efetue e um tempo em que se expresse. Não apenas o fato narrado se afasta temporalmente do fato sucedido, mas também a voz que o enuncia é outra que a do sujeito que viveu o acontecimento. Mesmo se narro (ou relato por escrito) um fato que acaba de me acontecer, eu já me encontro, como “narrador”, fora do tempo e do espaço em que o episódio teve lugar [...].

E-DICIONÁRIO de termos literários. Narração (verbete). Disponível em: https://edtl.fcsh.unl.pt. (adaptado)

 

[...] Passou a mão pelo queixo, barbeado todos os dias, coisa que não fazia dantes [...]. E recordava assim o primeiro encontro, na estação de Vassouras, onde Sofia e o marido entraram no trem da estrada de ferro, no mesmo carro em que ele descia de Minas [...]; vinha com a herança na cabeça, o testamento, o inventário, coisas que é preciso explicar primeiro, a fim de entender o presente e o futuro. Deixemos Rubião na sala de Botafogo, batendo com as borlas do chambre nos joelhos, e cuidando na bela Sofia. Vem comigo, leitor; vamos vê-lo, meses antes, à cabeceira do Quincas Borba.

ASSIS, Machado de. Quincas Borba. 1891. Disponível em: http://machado.mec.gov.br.

 

Junto a Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881), as obras Dom Casmurro (1899) e Quincas Borba (1891) compõem a dita “trilogia realista” de Machado de Assis. Nesses romances, de considerável experimentação literária, é comum que o narrador interrompa a enunciação para dirigir-se ao “leitor”. No texto retirado da obra Quincas Borba, há uma especificidade temporal na aplicação do recurso da “interrupção” pelo narrador, empregado com o intuito de

A) demonstrar o contraste que existe entre as narrativas em 1ª pessoa e em 3ª pessoa, valorizando o último tipo, uma vez que neste o narrador se faz onisciente.

B) explorar a diferença de idade entre Rubião e Quincas Borba, fazendo com que o leitor note, dessa forma, distinções importantes entre os temperamentos daqueles.

C) realçar o flashback narrativo, convidando o leitor a conhecer o passado da personagem a fim de que ele entenda as implicações dela no futuro da narração.

D) sugerir que o pensamento presente de Rubião não oferece uma imagem fiel de si, sendo necessário, então, conhecer os antecedentes dele para poder julgar seu crime.

E) apontar diferenças entre as etapas do desenvolvimento humano, chamando a atenção, em um dos romances, para as peculiaridades da infância e, no outro, para as da velhice.


QUESTÃO 21

Assente que o barroco é, antes de tudo, um fenômeno artístico cronologicamente delimitado, sua gênese remonta a meados do século XVI, enraizando-se na crise espiritual, moral e cultural desencadeada pela decomposição dos valores da Renascença […]. Conta a História das Ideias que este colapso da Renascença se deveu a abalos sofridos pela Ciência, Religião e Ética então vigentes […]. Desarticulavam-se os elos da Grande Cadeia do Ser renascentista, montada à custa da falaciosa ideia de que havia uma correspondência especular entre o macrocosmo e o microcosmo, a garantir a perfeita harmonia entre os planos divino e humano, entre a alma e o corpo, entre a fé e a razão [...].

SILVEIRA, Francisco M. A literatura portuguesa em perspectiva. São Paulo: Cultrix, 1993. v. 2, p. 89. (adaptado)

 

Ao dia do juízo

O alegre do dia entristecido,

O silêncio da noite perturbado

O resplendor do sol todo eclipsado,

E o luzente da lua desmentido!

 

Rompa todo o criado em um gemido,

Que é de ti mundo? Onde tens parado?

Se tudo neste instante está acabado,

Tanto importa o não ser, como haver sido.

 

Soa a trombeta da maior altura,

A que a vivos, e mortos traz o aviso

Da desventura de uns, d’outros ventura.

 

Acabe o mundo, porque é já preciso,

Erga-se o morto, deixe a sepultura,

Porque é chegado o dia do juízo.

MATOS, Gregório de. Poemas escolhidos. São Paulo: Companhia das Letras, 2010. p. 351.

 

Ao considerar uma crise dos valores renascentistas como fator fundamental à gênese da arte barroca, é correto afirmar que o poema sacro de Gregório de Matos expressa essa erosão ideológica ao manifestar

A) a inequívoca existência de uma força divina boa ou ruim.

B) uma anulação da concretude da vida diante do fim inevitável do mundo.

C) o desprezo à espiritualidade como resultado negativo do apego a riquezas.

D) a vingança divina como consequência à fé desmedida na racionalidade humana.

E) uma crença na ressurreição dos mortos e a descrição dessa existência além-túmulo.

 

QUESTÃO 22

Sonho de um sonho

Sonhei que estava sonhando

e que no meu sonho havia

outro sonho esculpido.

Os três sonhos sobrepostos

dir-se-iam apenas elos

de uma infindável cadeia

de mitos organizados

em derredor de um pobre eu. […].

 

Sonhei que os entes cativos

dessa livre disciplina

plenamente floresciam

permutando o universo

uma dileta substância

e um desejo apaziguado

de ser um com ser milhares,

pois o centro era eu de tudo,

como era cada um dos raios

desfechados para longe […].

ANDRADE, Carlos Drummond de. Claro enigma. São Paulo: Companhia das letras, 2012.

 

Um sonho

[…] Ontem eu tive esse sonho

Nele encontrava com você

Não sei se sonhava o meu sonho

Ou se o sonho que eu sonhava era seu

 

Um sonho dentro de um sonho

Eu ainda nem sei se acordei

Desse sonho, quero imagem e som

Pra saber o que foi que aconteceu [...].

“Um sonho”. In: Nação Zumbi, 2014. Disponível em: https://www. letras.mus.br.

 

O poema de Carlos Drummond de Andrade e a canção do grupo Nação Zumbi, mesmo distantes quanto ao formato e à época de produção, aproximam-se porque

A) tematizam a inferioridade do real frente ao delírio amoroso.

B) estruturam liricamente uma ideia de sonhar dentro de outro sonho.

C) defendem o estímulo ao onírico como forma de experiência sinestésica.

D) definem o imaginário como estrutura que reconecta as pessoas à espiritualidade.

E) abordam a ideia de que a busca amorosa molda tanto o sonho quanto a poesia.

 

TEXTO PARA AS QUESTÕES 23 E 24 

A máquina do mundo

 […] tudo que define o ser terrestre

ou se prolonga até nos animais

e chega às plantas para se embeber

 

no sono rancoroso dos minérios,

dá volta ao mundo e torna a se engolfar,

na estranha ordem geométrica de tudo, […]

tudo se apresentou nesse relance

e me chamou para seu reino augusto,

afinal submetido à vista humana.

 

Mas, como eu relutasse em responder

a tal apelo assim maravilhoso,

pois a fé se abrandara, e mesmo o anseio,

[…] baixei os olhos, incurioso, lasso,

desdenhando colher a coisa oferta

que se abria gratuita a meu engenho.

 

A treva mais estrita já pousara

sobre a estrada de Minas, pedregosa,

e a máquina do mundo, repelida,

 

se foi miudamente recompondo,

enquanto eu, avaliando o que perdera,

seguia vagaroso, de mãos pensas.

ANDRADE, Carlos Drummond de. Claro enigma. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.

 

QUESTÃO 23

No poema, o aspecto modernista de Drummond – de apelo tanto à tradição quanto à originalidade – se expressa não apenas pela intertextualidade com a “máquina do mundo”, de Camões, mas também pelo emprego de figuras de linguagem arrojadas, como a prosopopeia, presente nos versos em que o poeta

A) representa Minas Gerais como uma estrada de pedras.

B) compara seu corpo à estrutura mecânica de um tanque.

C) descreve suas próprias mãos como seres racionais.

D) atribui sentimento e estado a elementos minerais.

E) metamorfoseia plantas e animais em minerais.

 

QUESTÃO 24

Com base na leitura do poema, entende-se que algo arrebatador e irresistível se oferece ao eu lírico, mas este resiste porque

A) desacredita a possibilidade de acessar e conhecer o sentido do mundo.

B) duvida da veracidade das informações apresentadas pelo instrumento ofertado.

C) teme tocar o presente e, com sua covardia, acaba perdendo o privilégio alcançado.

D) sente preguiça ante a tarefa de guardar segredos sobre o funcionamento da natureza.

E) desobedece a uma condição imposta pelo objeto misterioso, que então se retrai e some.

 

QUESTÃO 25 

Memória

Amar o perdido

deixa confundido

este coração.

 

Nada pode o olvido

contra o sem sentido

apelo do Não.

 

As coisas tangíveis

tornam-se insensíveis

à palma da mão.

 

Mas as coisas findas,

muito mais que lindas,

essas ficarão.

ANDRADE, Carlos Drummond de. Claro enigma. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.

 

Soneto de idelidade

De tudo, ao meu amor serei atento

Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto

Que mesmo em face do maior encanto

Dele se encante mais meu pensamento.

 

Quero vivê-lo em cada vão momento

E em louvor hei de espalhar meu canto

E rir meu riso e derramar meu pranto

Ao seu pesar ou seu contentamento.

 

E assim, quando mais tarde me procure

Quem sabe a morte, angústia de quem vive

Quem sabe a solidão, fim de quem ama

 

Eu possa me dizer do amor (que tive):

Que não seja imortal, posto que é chama

Mas que seja infinito enquanto dure.

MORAES, Vinicius de. Poemas, sonetos e baladas. São Paulo: Edições Gavetas, 1946. Disponível em: http:// www.viniciusdemoraes.com.br.

 

O poema de Drummond aborda, em perspectiva ampla, a temática do esquecimento. O soneto de Vinicius de Moraes, por sua vez, tematiza a questão do amor. Embora explorem conteúdos diferentes, os dois poemas se aproximam quanto à mensagem porque

A) demonstram, por meio do eu lírico, nutrir fervorosa devoção por uma companhia perdida.

B) pregam, como forma de atingir o prazer, o afastamento do mundo e das pessoas.

C) encaram a morte como alternativa ao sofrimento desencadeado pelo amor.

D) representam a maturidade como etapa de libertação de conflitos pessoais.

E) tratam da finitude como consequência da memória e do tempo.

DEPOIS DAS DIGITAIS E DOS OLHOS, SUA PEGADA DIRÁ QUEM É VOCÊ

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