08 setembro 2024

NEW ROUTES - Nº 30 - JANEIRO DE 2007

 

O ENSINO DE INGLÊS PARA CRIANÇAS ATRAVÉS

DE GÊNEROS DISCURSIVOS: BREVES REFLEXÕES

 

A r t i g o  p o r  C l á u d i a  H i l s d o r f  R o c h a  e 

K l e b e r  A p a r e c i d o  d a  S i l v a

 

Tendo como premissa que o objetivo central do ensino de LE para crianças (LEC) é formar as mesmas integralmente, propiciando seu desenvolvimento linguístico, cognitivo e sociocultural, este artigo visa refletir acerca de possíveis proposições para o referido processo. No âmago de uma sociedade dita globalizada, onde o contato com diferentes culturas e línguas cada vez mais se intensifica através dos meios de comunicação e das novas tecnologias, entre outros, a aprendizagem de pelo menos uma nova língua assume um papel fundamental.

Dentro desse contexto, não sem controvérsias, o inglês é hoje considerado uma língua universal ou internacional. Desta forma, tem sido crescente e mundial o interesse pelo conhecimento dessa língua estrangeira (LE), sendo hoje uma forte tendência que o processo de aprendizagem se inicie cada vez mais cedo. Estudiosos da área apontam que vivenciamos hoje o ressurgimento do ensino de LEC e mostram que o mesmo tem estado em constante expansão, tanto em escolas de idiomas, quanto em escolas de ensino fundamental em todo o mundo.

Ancorando-nos no papel formador da LE, ressaltamos a importância do desenvolvimento da competência intercultural¹ do aprendiz no ensino de línguas, na medida em que entendemos ser a cultura o aspecto propulsor do crescimento linguístico, intelectual, físico, emocional e sociocultural da criança.

O caráter formativo do ensino de línguas na infância está, assim, intimamente relacionado ao objetivo de promover o desenvolvimento de competências e/ou capacidades que lhe permitam desenvolver-se em todos estes campos.

Rejeitando a concepção de que ensinar para crianças seja uma tarefa fácil, refutamos a pressuposição de que as mesmas aprendem somente uma linguagem simples, destituída de qualquer complexidade, e que o ensino de LE nesse contexto deva ser apenas divertido. O sucesso do ensino-aprendizagem de LEC depende, em grande parte, do tipo e da qualidade de interação proporcionada ao longo do processo, revelando a vital importância da construção de interações significativas em sala para um resultado efetivo. Torna-se de extrema importância para a área, portanto, o contínuo estudo de fatores relacionados a maneiras efetivas de se motivar a criança a aprender uma nova língua e de se abordar as habilidades, o vocabulário, a gramática e a língua materna (LM) no processo, respeitando-se a natureza da criança como aprendiz.

Sabemos que a criança é naturalmente curiosa, envolvendo-se facilmente em atividades que lhe despertam o interesse. Sendo seu foco de atenção relativamente curto, devemos manter em mente que a mesma precisa engajar-se em tarefas que envolvam a construção ativa do conhecimento e o uso significativo da linguagem, para que possa aprender de forma satisfatória. É ainda relevante enfatizarmos a importância da oralidade e do caráter mediador da LM no processo, bem como atentarmos para a necessidade de que a parte formal da linguagem esteja subordinada ao sentido em situações de ensino.

Respeitando-se tais princípios e mediante a observação de que métodos tradicionais, os quais têm como primazia o ensino de estruturas gramaticais, de vocabulário e de uma sequência linear de funções comunicativas, são limitados no que se refere à criação de ambientes propícios ao uso situado da linguagem e à interação negociada e propositada, buscamos referenciais que nos auxiliem a construir um processo mais significativo. Defendemos que, dentre outros possíveis, direcionamentos orientados por concepções vygotskianas de aprendizagem aliadas à visão bakhtiniana e, portanto, enunciativa de linguagem, revelam-se adequados à condução de um ensino mais efetivo.

De maneira bastante sucinta, podemos asseverar que ambos os autores concebem o homem como um sujeito social e histórico e a linguagem como formadora do pensamento e, assim, essencial para a formação do indivíduo. Para Bakhtin, é através de enunciados (orais e escritos) que concretizamos o uso da língua, nos diferentes campos das atividades humanas, estando essa noção estreitamente vinculada ao conceito de gêneros do discurso. Em outras palavras, discurso é linguagem em uso. Assim sendo, defendemos que é através dos gêneros discursivos que organizamos nossas atividades sociais/de linguagem e que, consequentemente, materializamos as interações com o outro em situações de comunicação propositadas e situadas, o que deve ocorrer, também, no processo educacional.

O objetivo central no processo de ensino-aprendizagem de LEC embasado em gêneros discursivos é levar o aprendiz a desenvolver competências que possibilitem que ele “aprenda a fazer” e “a agir” em situações diversas, tendo a cultura como elemento propulsor. A construção do conhecimento nesta perspectiva, portanto, ocorre através das interações advindas da própria atividade educacional como fato social. Uma vez que são, geralmente, atividades socialmente organizadas e vivenciadas na infância, as brincadeiras, as cantigas e as histórias podem ser consideradas atividades sociais organizadas histórico-culturalmente e, assim, potentes propulsores da aprendizagem e do desenvolvimento do aprendiz.

Ao envolver-se no mundo da imaginação criado pelos gêneros representativos de ações sociais de seu cotidiano, a criança ensaia papéis, adquire conhecimentos (também na LE) e desenvolve atitudes que são necessários para sua participação naquela situação social. Sendo a realidade social construída culturalmente, consideramos que o ensino através dos gêneros discursivos possibilita condições adequadas para o desenvolvimento da interculturalidade, assim como da linguagem, no ensino.

Este olhar sócio-historicamente orientado possibilita que a cultura em LEC não seja tratada como mero acessório. Ao invés disso, coloca-a no centro de todo o processo, distanciando o ensino de práticas cujo objetivo central recaia na abordagem da mesma, como também da brincadeira, das canções e de histórias, apenas como complementos para o programa.

De forma simplificada, propomos que cursos sejam orientados por agrupamentos de gêneros que circulem em eventos sociais significativos para o desenvolvimento da criança e que estejam mais próximos, inicialmente, dos gêneros cotidianos conhecidos pela mesma, uma vez que esta ingressa no ensino formal com diferentes tipos de letramento. Dentro desta perspectiva, defendemos a criação de agrupamentos de gêneros que se constituam, por sua vez, em três sistemas de atividades, a saber, gêneros que fazem brincar, os quais envolvem o jogo, gêneros que fazem cantar, que se relacionam às atividades musicais e gêneros que fazem contar, os quais, por sua vez, englobam as atividades narrativas, em verso ou prosa, podendo, assim como as demais esferas, também envolver tipificações relacionadas a gêneros mais complexos, conforme ilustrado a seguir.




Ressaltamos que as atividades de linguagem embasadas nas diretrizes apresentadas podem constituir-se pela combinação de gêneros pertencentes aos diferentes agrupamentos propostos. Desta forma podemos, por exemplo, narrar cantando, contar brincando ou brincar narrando. As rimas, ao serem consideradas jogos de linguagem, podem ser relacionadas aos gêneros que brincam. Se, porventura, a atividade de linguagem proposta envolver a narração de algo através de rimas, poderíamos considerá-la uma atividade que se constituí pela combinação dos gêneros que fazem brincar com o conjunto dos gêneros que fazem contar. E assim por diante, sucessivamente.

Ressaltamos que no contexto de trabalho proposto, a ação de ensinar pode concretizar-se de infinitas formas, uma vez que não acreditamos em modelos prontos e engessados como instrumentos capazes de proporcionar condições efetivas de aprendizagem. Em contrapartida, esperamos que nossas reflexões possam contribuir para a busca por caminhos que nos levem a um ensino cada vez mais significativo, o qual tenha condições de propiciar a formação de indivíduos plenamente capazes de atuar na sociedade em que vivem.





¹O conceito de competência intercultural aqui adotado advém de Byram & Doyé (1999: 142), que o definem como “uma combinação de habilidades, atitudes e conhecimentos”, relacionados à aprendizagem da língua-alvo vinculado ao conhecimento das diversidades culturais, como também ao desenvolvimento da consciência metacognitiva nos níveis linguístico, social e cultural.



















1. Dorothy, who lived abroad for two years, speaks four languages.

2. The athlete whose personality is extremely complex has already broken several records.

3. The stockholders’s meeting that was to be held next Friday was called off.

4. The girls who were chosen as the best studes will travel to New Zealand.

5. Hong Kong, which is a very exotic place, plays an importante role in the world economy.

6. People who don’t lead an interesting life generally complain about everything.

7. The woman whose husband was elected mayor looks very happy.

8. The bicycle, which cost me a lot of money, isn’t as good as I expected.

9. The boy, who you were talking is Janet’s cousin.

10. Harriet, who was robbed last night, had to srtuggle for her life.

11. Brian, who attended the best schools, has run the company very well.

12. That girl, whose face can be seen in many magazines, is one of the the best-paind models.

13. The bus which broke down in the middle of the street caused a traffic jam.

14. The people who were invited to the party confirmed their presence.

15. Lasagna, which is Diana’s favorite dish, was served for lunch.

16. The baby who is wearing a blue bib is Helen’s first child.

17. The room whose wallpaper has been removed will be painted pink.

18. The woman who Doug is in love with has just come in.

19. A BMW, which is Michael’s favorite car, costs a lot of money.

20. The address which you gave to me yesterday was incorrect.

21. The girl whose dress was spoiled by the clumsy waiter is the director’s only daughter.

22. The man who has been talking to Mr. Andrews all morning mys be very important.

23. Paris, which is considered the most romantic city in the world, attracts many tourists.

24. Romeo and Juliet, which is a love story, has a tragic ending.

25. The house, whose garden was planned by George Parker, was sold by $500,000.00.


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