A herança está
dividida. Amúlio e Numitor aguardam, ansiosos, a hora de receber sua parte dos
bens e do poder. Procas, o pai moribundo, mal sabe que os filhos – e próprio
povo – não haverão de chorar sua morte. Tudo que lhes interessa é saber quem
ficará com as riquezas e quem receberá o trono de Alba Longa, a cidade do Lácio.
No leito de agonia, finalmente, Procas decide:
Numitor receberá o reino; Amúlio ficará com os tesouros.
Entretanto, assim que o pai morre, Amúlio
contrata um exército mercenário, invade o palácio real e apodera-se da coroa. O
povo não se revolta. E Numitor, apavorado, foge, deixando seus dois filhos
entregues à ambição do usurpador.
Depois de matar o sobrinho, temendo que este lhe
tirasse o poder, Amúlio tenta impedir que Réia Sílvia, filha de Numitor, tenha
descendentes. Assim, obriga a bela jovem a tornar-se vestal, consagrada à
castidade. Réia Sílvia tinha, porém, outro destino. Passeava um dia pelos
campos sagrados à procura de água para seu cotidiano sacrifício a Vesta, quando
foi vista por marte.
Subitamente enamorado, o deus aproxima-se e,
usando de violência, possui a jovem, nela gerando dois gêmeos.
Ao nascerem as crianças, Amúlio manda colocá-los
numa cesta e atirá-las no rio Tibre. Réia Sílvia chora. Mas nada pode fazer.
Que Marte, pai daquelas infelizes criaturas, se incumba de salvá-las.
As águas do Tibre sobem vertiginosamente com a
chuva. Uma contracorrente acaba atirando a cesta dos recém-nascidos ao sopé do
monte Cérmalo, sob uma figueira. Ali, uma loba, enviada pelo deus da guerra,
amamenta os gêmeos Rômulo e Remo.
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