Falta alguém na vida
de Ulisses. Alguém que lhe traga calma nas horas de angústia e alivie o peso de
sua solidão. Para cumprir os desígnios do destino, ele precisa de uma
companheira.
E escolhe a mulher mais bela da Grécia: Helena,
filha de Tíndaro, o rei de Esparta. Mas, quando lá chega, disposto a pedir a
mão da jovem, tem uma surpresa desagradável: há tantos pretendentes a Helena
que, para consegui-la, ele teria que deflagrar uma guerra.
Ao saber da presença de Ulisses em sua corte,
Tíndaro imediatamente manda chamá-lo. Nervoso, o rei confessa ao visitante que
teme o começo de um conflito grave, causado pela paixão que sua filha havia
provocado em tantos homens ao mesmo tempo.
Ulisses desiste de desposar a princesa. Mas,
penalizado com a situação de Tíndaro, imagina um ardil que lhe seria fatal: o
homem escolhido por Helena deveria ser respeitado pelos pretendentes recusados.
Quanto a estes, prometeriam ajudar o eleito a manter-se em paz e a conservar a
mulher a seu lado.
Tal era a condição fundamental para os candidatos
à mão da jovem. Ou eles se curvavam à imposição, ou perdiam de antemão a
oportunidade de esposar a princesa.
Com a voz grave, o rei de Esparta dirige-se à
multidão que se agita à porta do palácio e comunica-lhe a estranha lei. Agora
os homens aguardam a escolha de Helena.
No quarto suntuoso, envolta na seda dos lençóis,
ela chora: não sabe quem quer. No ombro das escravas, lastima sua beleza, que
principia a gerar memoráveis tragédias.
Ulisses prepara-se para deixar a corte de Tíndaro
e empreender a viagem de volta, quando uma figura de mulher chama sua atenção.
É Penélope, prima de Helena, que viera aconselhar a princesa naquela indecisão.
Apaixonados ao primeiro olhar, os jovens seguem
mudos pelas escadarias do palácio. Uma força mágica une-os em longo beijo.
Pouco depois, como se há muitos anos se conhecessem partem juntos rumo a Ítaca.
Nem deuses, nem homens, nem o próprio Destino
poderia separá-los.
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