21 outubro 2022

AUTORES SIMBOLISTAS

João da Cruz e Sousa nasceu no dia 24 de novembro de 1861, em Nossa Senhora do Desterro (hoje Florianópolis). O pai, Guilherme de Sousa, mestre pedreiro, era escravo do marechal-de-campo Guilherme Xavier de Sousa, herói da Guerra do Paraguai; a mãe, Carolina Eva da Conceição, “crioula liberta”, era quituteira e lavadeira, trabalhando na casa do velho militar e de sua esposa, Clarinda Fagundes Xavier de Sousa. Foi nesse ambiente que o futuro poeta cresceu e se desenvolveu. Ainda menino ingressou na escola primária, onde aprendeu a ler e escrever. Frequentou também o Colégio da Conceição, para em seguida, por requerimento de seu pai, “pobre jornaleiro, que tudo sacrifica pela educação” dos filhos (o outro era Norberto da Conceição Sousa), de acordo com documento da época, entrou para o Ateneu Provincial Catarinense, onde cursou Humanidades, concluindo o curso com brilhantismo. Na província iniciou seus primeiros vôos poéticos, publicando em O Artista, jornal local, um soneto. Esta publicação o animou Cruz e Sousa, que não mais parou de escrever e publicar. Filiou-se à campanha abolicionista e foi “ponto” da Companhia Teatral Dramática Julieta dos Santos, que percorreu o país de Norte a Sul. Esteve algumas vezes no Rio de Janeiro, até fixar residência definitiva a partir de 1890, graças à ajuda de amigos, como Oscar Rosas e Emiliano Perneta, que conseguiram empregá-lo na função de noticiarista do jornal Cidade do Rio, de José do Patrocínio. Influenciado pelas escolas européias, sobretudo francesa, logo aderiu ao movimento simbolista. Publicou os livros Missal, de prosa, e Broquéis, de versos, ambos em 1893, considerados inauguradores do simbolismo no Brasil. Publicou ainda Julieta dos Santos: homenagem ao gênio brasileiro (com Virgílio Várzea e Santos Lostada), Tropos e fantasias (com Virgílio Várzea), em 1885. E póstumos saíram Evocações (1898) e Faróis e últimos sonetos (Paris, 1905). Cruz e Sousa morreu no ano de 1898, de tuberculose, aos 36 anos, em Sítio, Minas Gerais. Seu corpo voltou para o Rio a bordo de um trem de carregar cavalos. Da mesma doença morreram Gavita, a esposa, e seus quatro fiihos.

 

 

 

 

Alphonsus de Guimaraens, um dos ícones do simbolismo, nasceu em 1870, em Ouro Preto. Depois de uma ligeira fase boêmia na juventude, iniciou o curso de Engenharia, mas logo o abandonou e formou-se em Direito. Aos 18 anos, presenciou um fato que marcaria sua vida e sua poesia: a morte de Constança, sua prima e noiva, às vésperas do casamento. O poeta nunca conseguiria superar o trauma da perda, e toda sua obra parece refletir essa amargura, mas sua poesia é repleta de lirismo e suavidade. Colaborou com jornais diversos e, após casar-se e ingressar na magistratura, mudou-se para Mariana, de onde raramente saía. Como analisa Ivo Barroso, “Alphonsus de Guimaraens possuía domínio absoluto das formas métricas do simbolismo e das escolas anteriores, e até mesmo influenciou as práticas libertárias do modernismo subsequente”. Faleceu aos 51 anos de idade. Sua poesia ainda não foi amplamente estudada. Seus livros mais importantes são Dona mística (1899) e Kyriale (1902), mas  também publicou Septenário das dores de Nossa Senhora e Câmara ardente (1899) e Pauvre lyre (1921), além de Pastoral dos crentes do amor e da morte (1923), A escada de Jacó (1938), Pulvis (1938), e Os mendigos (em prosa), livros que só foram editados após sua morte.



[1]  Jornal do Brasil. Caderno Ideias. p. 5 – 05.04.2003

[2]  Jornal do Brasil. Caderno Ideias. p. 5 – 08.02.2003





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