16 outubro 2022

INTRODUÇÃO À LITERATURA

Período literário 

O que chamamos de período literário é um segmento determinado de tempo em que predominou um estilo na literatura. Cada um desses períodos recebeu um nome cujo significado você vai conhecer. Por exemplo: Barroco, Arcadismo, Romantismo, etc. são estilos de época da história de várias literaturas, incluindo a brasileira.

Descrever um período literário ou estilo de época é identificar o início, o ponto culminante e o declínio de um estilo, isto é, o momento em que passam a surgir novas tendências.

Por exemplo: o período literário ou estilo de época chamado de Romantismo predominou no Brasil de 1836 a 1881. É imprescindível saber que as datas que delimitam um estilo devem ser consideradas apenas pontos de referência na história literária, ou seja, elas não demarcam rigorosamente o estilo.

 

Dinâmica dos estilos 

Com o passar do tempo, um estilo começa a declinar, a não provocar mais o interesse do leitor, no caso da literatura. Ao mesmo tempo, vão surgindo novidades que marcam o início de um novo estilo. Há zonas fronteiriças entre um estilo e outro, ou seja, momentos em que duas ou mais tendências coexistem: um estilo que declina e outro que surge.

Na verdade, um estilo nunca desaparece. Ele se incorpora à cultura e, mesmo quando já não se manifesta de forma relevante, continua fazendo parte do amplo conjunto de realizações humanas. Em um determinado momento, dependendo de circunstâncias históricas específicas, traços desse estilo podem ressurgir.

A história da Arquitetura fornece bons exemplos para ilustrar essa dinâmica.

Veja a semelhança entre as três edificações a seguir. A primeira é da Grécia, a segunda da França (que à época era posse do Império Romano). Vinte séculos mais tarde, traços desse estilo foram recuperados pela Arquitetura, como se pode verificar na terceira edificação. Obviamente, não se trata de construções idênticas, mas estilisticamente semelhantes.

O mesmo ocorre com os estilos de época na literatura. Às vezes, em um determinado momento histórico, reaparecem traços de um estilo que já havia predominado em época anterior.

   


Templo grego de Hefesto, em Atenas, construído em 449 a.C.


 

Monumento Maison Carrée, em Nimes, na França, de aproximadamente 12 a.C.

 

 

Edifício da Suprema Corte dos Estados Unidos em Washington, construído em 1932, com arquitetura neoclássica.

  

Na literatura, para citar um exemplo, características do estilo de época conhecido como Classicismo, que predominou na Europa nos séculos XV e XVI, vão ser retomadas no século XVIII com o nome de Neoclassicismo ou Arcadismo.

A dinâmica dessa retomada pode ser representada desta forma:

 

  O Neoclassicismo (neo = ‘novo’ + Classicismo) foi uma retomada do Classicismo.

 

Estilos de época da literatura portuguesa e da literatura brasileira

Como se sabe, nosso país foi colônia de Portugal, de quem herdamos a língua e, com ela, toda uma maneira de expressar o mundo.

Costuma-se comparar as manifestações literárias brasileiras com as portuguesas, em cada período literário, não só para destacar semelhanças como também para identificar o momento em que nossa literatura adquiriu autonomia, desprendendo-se dos modelos portugueses.

No nosso caso interessa apenas uma visão panorâmica dos estilos de época nos dois países. Sempre que necessário, faremos referências à literatura portuguesa, mas nosso objetivo de estudo é a literatura brasileira. 

 

As primeiras manifestações literárias em língua portuguesa: Trovadorismo

O texto literário considerado por muitos estudiosos como o mais antigo da literatura em língua portuguesa data do século XII e é uma cantiga escrita nesse século, conhecida como A Ribeirinha, dedicada pelo poeta Paio Soares de Taveirós à amante de um nobre da época.

Apresentamos abaixo a cantiga em linguagem modernizada e sua versão original, escrita em galego-português.

 


As cantigas medievais são poemas cantados, como as canções de hoje. A partitura de quase todas essas cantigas se perdeu. Por isso, com raras exceções, as cantigas só podem hoje ser lidas como poemas. Os poetas que compunham essas cantigas eram os trovadores.

 EXERCÍCIO 1

Leia mais um exemplo de cantiga medieval com a linguagem modernizada e responda às questões propostas.


a) A voz que fala no poema acima (o eu lírico ou eu poético) é a de um homem. Ele se dirige a Deus, fazendo-lhe uma súplica. Qual?

b) Se não puder ser atendido, que solução ele sugere?

c) O que esse pedido do eu lírico revela sobre ele em relação ao que sente por sua amada?

d) No quarto verso, o eu lírico afirma: “Essa que é a luz destes olhos meus”. Reflita e responda: nos dias de hoje, identificar a amada com “a luz dos olhos” é uma metáfora original ou já se transformou em um clichê? 

 

Nas duas cantigas, a voz que se projeta como enunciador é masculina, isto é, o eu lírico do texto é masculino.

Mas nem sempre é assim: há cantigas em que o eu lírico é uma voz feminina, que se dirige ao namorado distante. É a cantiga de amigo (amigo = namorado).

 

 

Muitas canções do nosso cancioneiro popular, escritas por homens, dialogam com as cantigas de amigo, empregando esse recurso do eu lírico feminino. Também não é raro o mesmo caso na poesia contemporânea:

 


Período de transição: Humanismo

No período seguinte ao Trovadorismo – o Humanismo – as cantigas continuam prevalecendo como forma de expressão poética, porém agora sem partitura, já lidas como poemas, particularmente, ou declamadas nos salões da corte. São as chamadas cantigas palacianas. Veja um exemplo, retirado de uma obra de 1516.

  


Classicismo

Já o Classicismo português é marcante sobretudo pela presença daquele que é considerado um dos maiores e mais influentes poetas portugueses de todos os tempos: Luís Vaz de Camões, cuja obra pode ser dividida em poesia épica (Os lusíadas) e poesia lírica (principalmente sonetos).

 

Camões e a poesia lírica

Houve, no século XVI, uma expressiva produção de poemas líricos. Camões é o grande nome na poesia lírica, em que trata de temas universais como o amor, o sofrimento, a morte, a força do destino, a desarmonia do mundo.

 EXERCÍCIO 2

Leia um soneto camoniano e responda às questões que seguem.

 

a) O texto lido é um soneto. Justifique essa afirmação.

b) Qual parece ser o objetivo do eu lírico desse poema?

c) Identifique antíteses no texto lido e copie-as no caderno.

d) Releia o poema e identifique os recursos que, em sua opinião, são responsáveis pelo ritmo do texto.

e) Releia:

É servir a quem vence, o vencedor;

É ter com quem nos mata lealdade. (versos 10 e 11)

• Escreva no caderno esses versos na ordem direta e explique o sentido de cada um deles.

• Em sua opinião, o amor é mesmo capaz de causar sensações tão contraditórias em quem ama?

 

Camões e a poesia épica

Com seu sucesso nas navegações ao longo do Renascimento, Portugal assumiu papel fundamental na expansão marítima europeia e alcançou prestígio, o que levou a nação a grande euforia. A literatura da época absorve essa euforia na epopeia produzida por Luís Vaz de Camões, Os lusíadas, que narra as conquistas do povo português e enaltece o valor, a bravura e a coragem da nação.

Narrativa em versos que relata os feitos extraordinários de um povo, a epopeia é o gênero literário que se destaca no Classicismo, marcado pela retomada de princípios da arte clássica.

Em seu poema Os lusíadas, publicado em 1572, Luís de Camões narra um grande e heroico feito: a descoberta, pelo navegante Vasco da Gama (1460?-1524) e sua tripulação, do caminho marítimo de Portugal até a Índia.

No trecho a seguir a personagem de Vasco da Gama narra a aparição do gigante Adamastor durante essa viagem, com a descrição de sua figura monumental e do medo que provocou nos navegantes portugueses.

O herói da narrativa é Vasco da Gama, comandante da frota portuguesa, que enfrenta grandes dificuldades para cumprir seu intento; entre elas, passar pelo cabo das Tormentas, um dos maiores obstáculos para a chegada à Índia por mar, e aportar em Calicute. Na epopeia camoniana, esse cabo é personificado pelo gigante Adamastor, que tenta impedir os portugueses de passarem por ele.

 


 


EXERCÍCIO 3

Para compreender melhor a sequência de fatos narrados no texto de Os Lusíadas, identifique e escreva no caderno a estrofe em que se narra cada um dos fatos sintetizados nos itens a seguir.

a) Do meio da nuvem escura surge uma figura monstruosa, descrita em detalhes.

b) A nuvem provoca medo nos navegantes. Vasco da Gama “conversa” com a nuvem.

c) A nuvem escurece os ares e surpreende os navegantes.

d) O Gigante admira-se da ousadia dos portugueses e conta que ninguém jamais passou por ali sem naufragar.

e) O Gigante relata aos portugueses que lhes custará caro seu atrevimento.

f) O Gigante é comparado a uma das Sete Maravilhas do Mundo Antigo. Ele começa a falar e amedronta os portugueses.

g) O Gigante promete que se vingará do navegador que o descobriu.

h) O Gigante promete que todos os navios que fizerem a mesma viagem de Vasco encontrarão no cabo um inimigo.

 

O Classicismo foi o estilo que predominou em Portugal durante o Renascimento, época em que o país atingiu o ápice de seu poder e riqueza, vindas sobretudo das Grandes Navegações, das quais resultou o descobrimento do Brasil.

 

O início da literatura brasileira: literatura de informação

Quando os portugueses aqui chegaram, depararam com um mundo que lhes parecia em tudo estranho. Em oposição ao regime capitalista mercantil em que viviam, encontraram comunidades em que o trabalho era coletivo e se desconhecia a propriedade privada; ao cristianismo opunham-se as práticas religiosas desconhecidas do homem europeu; ao contrário de uma língua única em que se comunicavam, o português, os descobridores viram-se diante de um aglomerado de línguas locais, com predominância do tupi.

Havia apenas a cultura oral, transmitida sobretudo pelos pajés e homens mais velhos das tribos. No primeiro século de vida do Brasil, a produção intelectual foi mínima. Mas muita coisa foi escrita sobre o Brasil nesse período, a começar pela carta de Caminha. Escrita por um português, em uma língua que não era a dos nativos, a carta é considerada, no entanto, a “certidão de batismo” do Brasil e inaugura nosso primeiro período literário: a chamada literatura de informação.

 

A seguir, leia um trecho da carta em linguagem modernizada, em que Caminha comenta o primeiro encontro entre portugueses e indígenas, ocorrido em 23 de abril de 1500.

  

EXERCÍCIO 4

Agora, responda às questões propostas.

a) Nessa carta, relata-se o primeiro choque cultural que ocorreu entre o europeu e o indígena que habitava as terras que hoje conhecemos como Brasil. O que chocou o europeu?

b) Releia este trecho:

Ali não pôde deles haver fala nem entendimento de proveito, por o mar quebrar na costa. [...] (linhas 28-29)

Segundo Caminha, o que impediu que os portugueses ouvissem a fala dos indígenas?

 

Vários viajantes europeus passaram pelo Brasil e fizeram registros sobre a natureza e a vida dos indígenas.

A partir do século XVII, as manifestações literárias no Brasil seguem em paralelo com a literatura portuguesa. Os poucos escritores sofriam influência do que ocorria em Portugal e durante alguns séculos nossa literatura moldou-se pela portuguesa.








RESPOSTA


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