Sai a mãe. Fica Inês Pereira e o Escudeiro. A jovem começa a cuidar da casa, cantando uma cantiga:
Inês: Vida de Inês é
difícil,
É
difícil ser Inês...
Mas
agora, casada...
O Escudeiro, vendo Inês Pereira, fica irado... E
grita:
Escudeiro: Você cantou, Senhora Inês Pereira?
Não
acredito no que você fez!
Será
a primeira e última vez!
Se
eu ouvir outra vez você cantar,
Não
conseguirá nem mais assoviar...
Inês: Se assim o quer, meu marido,
Farei o que me é por
você pedido,
E demos o caso por
esquecido.
Escudeiro: Acho bom que obedeça.
Sempre
assim deve ser que aconteça.
Inês: Por que ficou bravo, marido?
Escudeiro: E precisa de motivo?
Digo
só uma coisa:
Assim
deve ser minha esposa...
Que
não me responda, eu digo
Quando
o marido fala,
A
mulher se cala!
Você
não vai falar
Com
mulher ou homem que seja;
Nem
irá à igreja
Eu
já preguei as janelas,
Não
porá seu rosto fora delas;
Vai
ficar trancada, isolada,
E
nem um pio vai reclamar!
Inês: Ó, Deus? Quantos pecados foram os
meus?
Por
que razão me mantém nessa prisão?
Escudeiro: Não há outro jeito
Mantê-la,
sem defeito
É
você, mulher, a razão...
Que
mal existe guardar meu ouro?
Você
é meu tesouro!
Em
casa não vai mandar
Por
nada, nenhum pouco;
Se
eu disser: “Isto é um porco”
Com
a cabeça baixa vai ter que confirmar.
Só
eu posso ordenar!
Não
vai você chorar!
Lá
na guerra da África,
Poderei
eu me tornar cavaleiro.
Falando para o criado:
Escudeiro: Você deve permanecer aqui, assim;
Vai
vigiar por mim
O
que faz sua senhora:
Não
permita que fique para fora.
Falando para Inês:
Escudeiro: Você, trabalhe, fica por aqui.