-
Leia o texto para responder às questões 1 e 2 -
Esse nosso rio-avô,
chamado pelos brancos de rio Doce, cujas águas correm a menos de um quilômetro
do quintal da minha casa, canta. Nas noites silenciosas ouvimos sua voz e
falamos com nosso rio-música. Gostamos de agradecê-lo, porque ele nos dá comida
e essa água maravilhosa, amplia nossas visões de mundo e confere sentido à
nossa existência. À noite, suas águas correm velozes e rumorosas, o sussurro
delas desce pelas pedras e forma corredeiras que fazem música e, nessa hora, a
pedra e a água nos implicam de maneira tão maravilhosa que nos permitem
conjugar o nós: nós-rio, nós-montanhas, nós-terra. Nos sentimos tão
profundamente imersos nesses seres que nos permitimos sair de nossos corpos,
dessa mesmice da antropomorfia, e experimentar outras formas de existir. Por
exemplo, ser água e viver essa incrível potência que ela tem de tomar
diferentes caminhos.
Ailton Krenak. Futuro Ancestral. São Paulo: Companhia das Letras, 2022, p. 13-14
QUESTÃO 01
No texto, a possibilidade de “conjugar o
nós” indica a
a) entrega dos recursos naturais à
sociedade.
b) apropriação do que é oferecido pelos
rios.
c) integração aos elementos da natureza.
d) repartição coletiva dos bens naturais.
e) submissão da natureza à existência
humana.
QUESTÃO 02
No texto, o hífen é empregado como um
recurso que permite
a) igualar seres humanos e elementos
naturais, a partir de palavras compostas que são formadas por pronomes pessoais
adjetivados.
b) evidenciar o papel da natureza no
cotidiano da comunidade, o que se faz pelo uso de palavras em que substantivos
são prefixados a pronomes.
c) ressaltar a influência da natureza
sobre as emoções, expressas por meio de novas palavras derivadas por prefixação
e sufixação.
d) apresentar a natureza e os seres
humanos como uma unidade, pela criação de palavras compostas em que um dos
itens se refere a elementos naturais.
e) atribuir características humanas a
elementos naturais por meio de palavras em que um pronome ou um substantivo se
junta a um adjetivo.
- O texto 1, a seguir, consiste numa releitura do texto 2, que é parte do primeiro capítulo de Vidas Secas, de Graciliano Ramos. Leia os dois textos para responder às questões 3 e 4 -
TEXTO
I
Mudança
Eram cinco caminhantes
A vagar pelo sertão:
A mulher (Sinha Vitória),
Fabiano (um ex-peão),
A cadela e dois meninos,
Todos magros e franzinos,
Sem destino e direção.
Fustigados pela seca,
Eram eles retirantes
Em busca de novas terras
Mais chuvosas, verdejantes.
Só que o tempo se passava,
E a fome desesperava
Nossos pobres viajantes.
Fábio Sombra. Vidas secas recontadas em estrofes bem rimadas. Rio de Janeiro:
Rocco, 2024, p. 14
TEXTO
II
Mudança
Na planície avermelhada
os juazeiros alargavam duas manchas verdes. Os infelizes tinham caminhado o dia
inteiro, estavam cansados e famintos. Ordinariamente andavam pouco, mas como
haviam repousado bastante na areia do rio seco, a viagem progredira bem três
léguas. Fazia horas que procuravam uma sombra. A folhagem dos juazeiros
apareceu longe, através dos galhos pelados da catinga rala.
Arrastaram-se para lá,
devagar, Sinha Vitória com o filho mais novo escanchado no quarto e o baú de
folha na cabeça, Fabiano sombrio, cambaio, o aió a tiracolo, a cuia pendurada
numa correia presa ao cinturão, a espingarda de pederneira no ombro. O menino
mais velho e a cachorra Baleia iam atrás.
Graciliano Ramos. Vidas Secas. 120. ed. Rio de Janeiro: Editora Record, 2013, p. 1
QUESTÃO 03
O texto 1 pode ser caracterizado como uma
releitura porque
a) mantém a narrativa do texto 2, mas
recorre a uma outra forma textual para apresentar os mesmos personagens
submetidos ao mesmo ambiente e às mesmas condições físicas e psicológicas.
b) reproduz a narrativa do texto 2, porém
se vale de um estilo diferente para satirizar a situação física e psicológica
das mesmas personagens, causada pelas condições do ambiente que os cerca.
c) altera a narrativa do texto 2 e poetiza
o seu conteúdo, destacando o estado físico e psicológico das mesmas personagens
de forma breve, sem aludir às condições do ambiente que as cerca.
d) alegoriza a narrativa do texto 2,
descrevendo, de forma figurada, elementos físicos e psicológicos das mesmas
personagens, bem como sua conformação às características do ambiente.
e) explora, em forma de poema, a narrativa
do texto 2, mas altera o seu conteúdo para realçar, em tom intimista, o papel
do ambiente sobre as condições físicas e psicológicas das personagens.
QUESTÃO 04
Assinale a alternativa na qual os versos
do texto 1 reproduzem o estado das personagens apresentado no seguinte trecho
do texto 2: “Os infelizes tinham caminhado o dia inteiro, estavam cansados e
famintos.”
a) “A cadela e dois meninos, / Todos
magros e franzinos”
b) “Eram cinco caminhantes / A vagar pelo
sertão”
c) “Em busca de novas terras / Mais
chuvosas, verdejantes”
d) “Fustigados pela seca, / Eram eles
retirantes”
e) “E a fome desesperava / Nossos pobres
viajantes”
- Leia o texto a seguir para responder às questões 5 e 6 -
Recicle-me,
consumidor! Enclíticos nas latas de Coca-Cola
Se você se deparou
recentemente com uma latinha de Coca-Cola – ou de outros refrigerantes
produzidos pela empresa – deve ter notado uma frase peculiar: “Recicle-me!”. O
enunciado chama a atenção não só pela mensagem ecológica, ou pelo diálogo
simulado entre a lata e seu consumidor, mas também pela construção gramatical:
um caso de ênclise, ou seja, aquela colocação do pronome oblíquo átono (ou, na
verdade, um semiátono no português do Brasil) posposto ao verbo.
Um possível
estranhamento diante dessa escolha não seria injustificável, pois essa
colocação pronominal é um tanto inusitada no português brasileiro falado atual,
quiçá até no escrito. […]
A colocação pronominal
enclítica, por ser menos comum em português brasileiro contemporâneo, acaba
trazendo uma formalidade que não combina com o popular refrigerante, apesar da
clareza que serve ao propósito da mensagem.
Seja você um linguista
curioso, seja apenas alguém preocupado com o meio ambiente, na próxima vez que
terminar sua bebida, talvez veja essa frase com novos olhos. E, claro, não se
esqueça de reciclar!
Marcelo Módolo; Henrique Braga.
Recicle-me, consumidor! Enclíticos nas latas de Coca-Cola. Jornal da USP (versão online). Publicado em 30.08.2024. Disponível
em https://jornal.usp.br/artigos/.Acesso em 20.09.2024. Adaptado
QUESTÃO 05
O texto chama a atenção para o fato de que
a) a ênclise impressa na latinha de
refrigerante tem como objetivo conscientizar o leitor da importância de realizar
a reciclagem, o que justifica o uso desse recurso gramatical.
b) os brasileiros estão familiarizados com
a ênclise, mas o seu uso causa estranhamento por ser um recurso gramatical
inusitado tanto no português falado quanto no escrito.
c) pronomes enclíticos não são usuais no
português brasileiro contemporâneo, daí o estranhamento provocado pelo seu
emprego em um produto considerado popular.
d) a ênclise é obsoleta nas variedades
atuais do português, e seu uso deve ser evitado por imprimir um tom de
formalidade que não combina com o estilo popular.
e) embora seja incomum no português
brasileiro atual, a ênclise tem aparecido na linguagem publicitária para
permitir um novo olhar sobre a preservação do meio ambiente.
QUESTÃO 06
Se a frase impressa no produto
apresentasse, em vez do pronome “me”, uma forma pronominal de 3ª pessoa que
concorde em gênero e número com “latinha”, teríamos o seguinte:
a) Recicle-se.
b) Recicle-a.
c) Recicle-lhe.
d) Recicle-o.
e) Recicle-na.
- Leia o texto a seguir para responder às questões 7 a 9 -
Duvido,
logo existo
A frase do filósofo
francês René Descartes que caiu no gosto popular, “Penso, logo existo”, não é a
original. Está incompleta. Há um verbo invisível aí. Um verbo que ganhou, hoje,
quase quatro séculos depois, uma importância vital. Em tempos de inteligência
artificial e fake news, não podemos
descontextualizar Descartes. Dubito, ergo
cogito, ergo sum. Duvido, logo penso, logo existo. Essa era a citação em
1637.
Na origem da nossa
existência, está a dúvida. Mais que nunca. Não apague a dúvida inicial. Ela é a
certeza absoluta na lógica cartesiana. É preciso duvidar. Pesquisar. Checar.
Antes de ser cúmplice de uma grande enganação. Dá trabalho existir, mas vale a
pena.
Ruth de Aquino. Duvido, logo existo. O Globo, Segundo Caderno, 13.09.2024, p.
6. Adaptado
QUESTÃO 07
O texto faz menção à inteligência
artificial e fake News para
a) questionar o valor da frase original de
Descartes, criada a partir da desinformação promovida pelas mídias sociais.
b) refutar a citação de Descartes, que, na
sua origem, dizia respeito ao ato de duvidar, não ao de pensar.
c) mostrar como a desinformação deturpou o
trabalho de Descartes e produziu equívocos sobre a interpretação da sua frase.
d) reforçar o papel da dúvida, referida na
citação original de Descartes, como um elemento essencial para evitar a
desinformação.
e) ressaltar a importância de pôr em
dúvida a existência das redes sociais, em alusão à frase de Descartes.
QUESTÃO 08
A frase original de Descartes se
caracteriza como um período composto por
a) subordinação, pois apresenta três
orações sintaticamente dependentes, que estabelecem, entre si, uma relação
adversativa.
b) subordinação, pois apresenta duas
orações que estabelecem uma relação de causa e consequência.
c) coordenação e subordinação, pois contém
duas orações sintaticamente independentes entre si, mas dependentes de outra
oração.
d) coordenação, pois as orações que o
compõem desempenham funções sintáticas e estabelecem entre si uma relação
condicional.
e) coordenação, pois apresenta três
orações sintaticamente independentes, entre as quais se estabelece uma relação
de conclusão.
QUESTÃO 09
Assinale a alternativa em que a frase
apresentada é um período formado por orações que, do ponto de vista
exclusivamente sintático, se comportam da mesma forma que as orações presentes
na frase de Descartes.
a) “Na natureza, nada se cria, nada se
perde, tudo se transforma.” (Lavoisier)
b) “Só sei que nada sei.” (Sócrates)
c) “O que não provoca a minha morte faz
com que eu fique mais forte.” (Nietzsche)
d) “Em algum lugar, alguma coisa incrível
está esperando ser descoberta.” (Carl Sagan)
e) “Na vida, não existe nada a temer, mas
a entender.” (Marie Curie)
-
Analise a campanha a seguir para responder às questões 10 a 12 -
QUESTÃO 10
Podemos afirmar que a campanha
a) estabelece uma associação entre os atos de “desmatar” e “matar”: embora as duas palavras tenham significados distintos, é possível estabelecer uma relação de causa e consequência entre os dois atos.
b) ressignifica a palavra “desmatar”: como
esse verbo tem a mesma raiz de “matar”, as duas palavras podem ser usadas como
sinônimos de “destruir” para denunciar as ameaças à floresta.
c) vincula a expressão “meia palavra
basta” ao verbo “matar”: uma vez que esse verbo é sinônimo de “desmatar”, o
prefixo “des” pode ser apagado para que se dê destaque aos efeitos negativos de
desmatamento.
d) desconstrói o significado de “matar”:
para destacar os efeitos negativos do desmatamento, esse verbo deixa de significar
“tirar a vida” e passa a indicar um ato que se opõe a “desmatar”.
e) imprime um efeito sombrio à palavra
“humano”: como “desmatar” e “matar” são ações provocadas por pessoas, a menção
à palavra “humano” adquire, na campanha, um valor negativo.
QUESTÃO 11
Na campanha, vemos a fusão da linguagem
verbal com a não verbal
a) nas árvores que ocupam o lado direito
da imagem, em contraste com os troncos empilhados à esquerda.
b) na apresentação de uma frase com o
verbo “bastar”, colocada ao lado de troncos empilhados de madeira.
c) nas duas últimas sílabas da palavra
“desmatar”, cujas letras apresentam, como desenho de fundo, contornos que
lembram marcas em troncos serrados.
d) no destaque à hashtag
“#bastaserhumano”, em alusão à importância da luta contra o desmatamento
ilegal.
e) no emprego da palavra “humano”, que
ocorre duas vezes na campanha para evidenciar quem são os responsáveis pelo
desmatamento.
QUESTÃO 12
Assinale a alternativa em que os dois
verbos listados são formados pelo mesmo processo de “desmatar”.
a) reflorestar, desfazer
b) desentupir, adormecer
c) desobedecer, emagrecer
d) inovar, redividir
e) encorpar, descamisar
QUESTÃO 13
Leia o texto para responder à questão.
O
que é trabalho infantil?
Trabalho infantil é
toda forma de trabalho realizado por crianças e adolescentes abaixo da idade
mínima permitida, de acordo com a legislação de cada país. No Brasil, o
trabalho é proibido para quem ainda não completou 16 anos, como regra geral.
Quando realizado na condição de aprendiz, é permitido a partir dos 14 anos. Se
for trabalho noturno, perigoso, insalubre ou atividades da lista TIP (que
define as piores formas de trabalho infantil), a proibição se estende aos 18
anos incompletos.
https://livredetrabalhoinfantil.org.br/.
14.08.2024. Adaptado
De acordo com o texto, no Brasil,
a) crianças e adolescentes podem trabalhar
sem restrições, a partir dos 14 anos, pois há brechas na lei.
b) adolescentes só podem ser expostos aos
trabalhos nas atividades da lista TIP após os 18 anos.
c) um adolescente pode exercer as
atividades da lista TIP após os 14 anos, se estiver na condição de aprendiz.
d) crianças e adolescentes não podem
trabalhar antes dos 18 anos de idade, pois o trabalho infantil é proibido.
e) o exercício das atividades da lista TIP
é permitido a adolescentes, desde que não seja nos piores casos, os quais a lei
estipula.
- Leia o poema a seguir para responder às
questões 14 e 15 -
Profundamente
Quando ontem adormeci
Na noite de São João
Havia alegria e rumor
Estrondos de bombas luzes de Bengala
Vozes cantigas e risos
Ao pé das fogueiras acesas.
No meio da noite despertei
Não ouvi mais vozes nem risos
Apenas balões
Passavam errantes
Silenciosamente
Apenas de vez em quando
O ruído de um bonde
Cortava o silêncio
Como um túnel.
Onde estavam os que há pouco
Dançavam
Cantavam
E riam
Ao pé das fogueiras acesas?
– Estavam todos dormindo
Estavam todos deitados
Dormindo
Profundamente.
Quando eu tinha seis anos
Não pude ver o fim da festa de São João
Porque adormeci
Hoje não ouço mais as vozes daquele tempo
Minha avó
Meu avô
Totônio Rodrigues
Tomásia
Rosa
Onde estão todos eles?
- Estão todos dormindo
Estão todos deitados
Dormindo
Profundamente.
Manuel Bandeira. Libertinagem. In: Estrela da Vida Inteira. Introdução de
Gilda e Antonio Candido Mello e Sousa. 16. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, p.
11-112
QUESTÃO 14
No poema, o eu lírico
a) aproxima a infância da velhice,
afirmando a fragilidade de crianças e de idosos, acometidos pelo sono.
b) supervaloriza a infância, época em que
tudo era festa, e ele não se sentia surpreso e desapontado.
c) supervaloriza a maturidade, pois já
conhece o destino de todos os envolvidos em suas memórias.
d) recorda em tom de saudade momentos
festivos, que se contrapõem, no despertar, ao reconhecimento da solidão.
e) associa o momento em que escreve do
luto vivido pela criança, quando da morte de seus conhecidos/familiares.
QUESTÃO 15
A respeito do texto “Profundamente”, do
poeta modernista Manuel Bandeira, assinale a alternativa correta.
a) O texto não pode ser considerado
artístico, pois sua linguagem é denotativa e literal, com mensagem clara e
direta.
b) O texto tem função artística, pois desperta
emoções decorrentes do tipo de solidão que sentem a criança e o adulto,
comparativamente.
c) O texto, embora seja um poema, não é
artístico, mas tem função prática, memorialística.
d) O texto tem função artística, pois nele
predomina o tom de confissão das emoções dos poemas modernistas.
e) O texto tem função artística, pois faz
uso de figuras de linguagem complexas para narrar uma história.
QUESTÃO 16
Leia o texto, para responder à questão.
Em pé, no meio do espaço
que formava a grande abóboda de árvores, encostado a um velho tronco decepado
pelo raio, via-se um índio na flor da idade. Uma simples túnica de algodão, a
que os indígenas chamavam aimará, apertada à cintura por uma faixa de penas
escarlates, caia-lhe dos ombros até o meio da perna, e desenhava o talhe
delgado e esbelto com um junco selvagem. […] Ali, por entre a folhagem,
distinguia-se as ondulações felinas de um dorso negro, brilhante, marchetado de
pardo; às vezes, viam-se brilhar na sombra dos raios vítreos e pálidos, que se
semelhavam a reflexos de alguma cristalização de rocha, ferida pela luz do sol.
José de Alencar. O Guarani. São Paulo: Ática, 1996, p. 14.
www.dominiopublico.gov.br/download/. Acesso em 24.08.2024. Adaptado
É correto afirmar que esse texto é
representativo do
a) Romantismo brasileiro, no qual os
elementos centrais são o indígena e a natureza, de acordo com o nacionalismo da
época.
b) Humanismo, no qual se valoriza o
Antropocentrismo e o indígena representa o Homem, que está no centro de todas
as coisas.
c) Modernismo brasileiro, no qual a figura
do indígena é desidealizada, neste caso, pela apatia diante da natureza.
d) Arcadismo brasileiro, no qual o
indígena, em contato com o bucólico, estranha um lugar conhecido.
e) Barroco brasileiro, pois indígena e
natureza são apresentados pelo contraste e acumulação de elementos.
QUESTÃO 17
Leia o trecho a seguir, extraído da obra Dom Casmurro, de Machado de Assis.
VII
- D. GLÓRIA
Minha mãe era boa
criatura. Quando lhe morreu o marido, Pedro de Albuquerque Santiago, contava
trinta e um anos de idade, e podia voltar para Itaguaí. Não quis; preferiu
ficar perto da igreja em que meu pai fora sepultado. Vendeu a fazendola e os
escravos, comprou alguns que pôs ao ganho ou alugou, uma dúzia de prédios,
certo número de apólices, e deixou-se estar na casa de Matacavalos, onde vivera
os dois últimos anos de casada. Era filha de uma senhora mineira, descendente
de outra paulista, a família Fernandes.”
Machado de Assis. Dom Casmurro. Edição eletrônica disponível em
https://machadodeassis.net/texto/. Acesso em 08.08.2024
A partir desse excerto, e considerando o
romance em sua totalidade, é correto concluir que
a) a matriarca da família Santiago, a mãe
de Bentinho (ou Dom Casmurro), apesar de rica, impediu o filho de partir com
Capitu para a Suíça.
b) a família de banqueiros Santiago, além
de possuir bens imóveis e escravizados, possuía rendas provindas do capital
financeiro.
c) as decisões financeiras da matriarca
tiveram consequências inesperadas, sendo uma delas a de aceitar agregados na
casa da família.
d) a família perdeu seus bens após a morte
do patriarca, o que foi motivado pelo sentimentalismo exagerado da viúva.
e) a família Santiago, na infância de
Bentinho, vivia das rendas provenientes de bens imóveis ou dos escravizados,
vendidos ou alugados.
QUESTÃO 18
Leia o soneto de Camões.
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança,
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança,
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem (se algum houve) as saudades.
O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E enfim converte em choro o doce canto.
E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto,
Que não se muda já como soía*.
Luís de Camões. 20 sonetos/Luís de Camões;
introdução e edição comentada: Sheila Hue. – Campinas, SP: Editora da UNICAMP,
2018, p. 83
*soía: costumava
Segundo o texto,
a) as mudanças na vida são contínuas e é
preciso aceitá-las pacificamente e sem mágoas.
b) mesmo as contínuas mudanças da vida
podem transformar-se, mudando de ritmo.
c) as lembranças negativas não sofrem
mudanças, como ocorre com a natureza.
d) existe a certeza de que não se devem
esperar mais mudanças no futuro.
e) as mudanças podem causar o
desparecimento dos costumes, derretidos como a neve.
- Leia o texto para responder às questões 19 a 21 -
Water
and Climate Change
Water
and climate change are closely linked. Extreme weather events are making water
more rare, more unpredictable, more polluted or all three. These impacts all
over the water cycle seriously affect sustainable development, biodiversity,
and people’s access to water and sanitation.
Droughts and wildfires are destabilizing
communities and causing unrest among people and migration in many areas.
Destruction of vegetation and tree cover exacerbates soil erosion and reduces
groundwater renovation, increasing water scarcity and food insecurity.
www.unwater.org/water-facts/. Acesso em
08.10.2024. Adaptado
droughts: secas
scarcity: escassez
QUESTÃO 19
No primeiro parágrafo do texto, a
correlação entre água e mudança climática é sustentada pela afirmação de que
a) alterações climáticas têm intensificado
o ciclo das chuvas.
b) a biodiversidade sofre com o
desmatamento e as queimadas.
c) o acesso à água e ao saneamento deveria
ser um direito de todos.
d) eventos climáticos extremos afetam a
oferta e a qualidade da água.
e) o desenvolvimento sustentável depende
do excesso de água.
QUESTÃO 20
De acordo com o texto, períodos de seca e
incêndios florestais podem ter como consequência a
a) ocorrência de enchentes imprevisíveis.
b) mobilização pela preservação da
biodiversidade.
c) desestabilização das comunidades
atingidas.
d) poluição em níveis insustentáveis.
e) recuperação do solo destruído pela
erosão.
QUESTÃO 21
No trecho do primeiro parágrafo “These impacts throughout the water
cycle”, a expressão destacada em negrito se refere
a) às restrições para o desenvolvimento
sustentável.
b) à inquietação e à migração das pessoas.
c) à dificuldade de acesso à água e ao
saneamento.
d) à destruição da vegetação e da
cobertura vegetal.
e) à escassez, poluição e
imprevisibilidade maior da água.
-
Leia o texto e observe o mapa para responder às questões 22 e 23 -
Date: 11.09.2024
Location: South America
Several
countries in South America have been severely affected by a thick smoke cloud
caused by the wildfires devastating the Amazon rainforest since August 2024. In
Brazil alone, the number of fire hotspots reached a total of 152,383 in August,
an alarming 103% increase over to the same period in 2023.
The dense smoke has
raised aprehension about air quality and public health in numerous regions. In
cities such as São Paulo and Rio de Janeiro, authorities have sent warnings
about dangerous air conditions. In Argentina, residents have been advised to
take precautions against the effects of particulate matter in the event of
rainfall.
In this image from one
of the Copernicus Sentinel-3 satellites on 9 September 2024, we can see the
smoke cloud floating over parts of Argentina, Bolivia, Brazil, and Paraguay.
www.copernicus.eu/en/media/. Acesso em
08.10.2024. Adaptado
QUESTÃO 22
O texto descreve, principalmente,
a) o papel de satélites na detecção de
poluição causada por fumaças densas.
b) a extensão e os efeitos da fumaça que
atingiu parte do continente sul-americano.
c) as questões de saúde pública em tempos
de desastres naturais.
d) as medidas tomadas pelas autoridades
contra queimadas criminosas.
e) as causas da recente onda de incêndios
na Floresta Amazônica.
QUESTÃO 23
De acordo com o primeiro parágrafo, a
comparação entre os meses de agosto de 2023 e agosto de 2024 revela que, no
Brasil, ocorreu
a) um crescimento inédito da deterioração
da região amazônica.
b) uma regeneração inesperada da Floresta
Amazônica.
c) um aumento de 152 383 pontos de
queimadas detectadas.
d) um acréscimo superior a 100% em pontos
de incêndios.
e) uma contenção de queimadas e incêndios
florestais na Amazônia.
QUESTÃO 24
Um item que pode ser incluído à lista
“Books, minds and umbrellas”, preservando o sentido da postagem, é:
a) hearts.
b) cars.
c) fingers.
d) rivers.
e) doors.
1 |
2 |
3 |
4 |
5 |
6 |
A |
E |
B |
B |
C |
D |
7 |
8 |
9 |
10 |
11 |
12 |
A |
B |
E |
C |
C |
B |
13 |
14 |
15 |
16 |
17 |
18 |
A |
D |
A |
A |
E |
C |
19 |
20 |
21 |
22 |
23 |
24 |
D |
E |
B |
A |
C |
D |