17 dezembro 2024

SARESP 2024 - 2ª SÉRIE B

- Leia o texto para responder às questões 1 e 2 -

Esse nosso rio-avô, chamado pelos brancos de rio Doce, cujas águas correm a menos de um quilômetro do quintal da minha casa, canta. Nas noites silenciosas ouvimos sua voz e falamos com nosso rio-música. Gostamos de agradecê-lo, porque ele nos dá comida e essa água maravilhosa, amplia nossas visões de mundo e confere sentido à nossa existência. À noite, suas águas correm velozes e rumorosas, o sussurro delas desce pelas pedras e forma corredeiras que fazem música e, nessa hora, a pedra e a água nos implicam de maneira tão maravilhosa que nos permitem conjugar o nós: nós-rio, nós-montanhas, nós-terra. Nos sentimos tão profundamente imersos nesses seres que nos permitimos sair de nossos corpos, dessa mesmice da antropomorfia, e experimentar outras formas de existir. Por exemplo, ser água e viver essa incrível potência que ela tem de tomar diferentes caminhos.

Ailton Krenak. Futuro Ancestral. São Paulo: Companhia das Letras, 2022, p. 13-14

 

QUESTÃO 01

No texto, a possibilidade de “conjugar o nós” indica a

a) entrega dos recursos naturais à sociedade.

b) apropriação do que é oferecido pelos rios.

c) integração aos elementos da natureza.

d) repartição coletiva dos bens naturais.

e) submissão da natureza à existência humana.

 

QUESTÃO 02

No texto, o hífen é empregado como um recurso que permite

a) igualar seres humanos e elementos naturais, a partir de palavras compostas que são formadas por pronomes pessoais adjetivados.

b) evidenciar o papel da natureza no cotidiano da comunidade, o que se faz pelo uso de palavras em que substantivos são prefixados a pronomes.

c) ressaltar a influência da natureza sobre as emoções, expressas por meio de novas palavras derivadas por prefixação e sufixação.

d) apresentar a natureza e os seres humanos como uma unidade, pela criação de palavras compostas em que um dos itens se refere a elementos naturais.

e) atribuir características humanas a elementos naturais por meio de palavras em que um pronome ou um substantivo se junta a um adjetivo.

 

- O texto 1, a seguir, consiste numa releitura do texto 2, que é parte do primeiro capítulo de Vidas Secas, de Graciliano Ramos. Leia os dois textos para responder às questões 3 e 4 - 

TEXTO I

 

Mudança

Eram cinco caminhantes

A vagar pelo sertão:

A mulher (Sinha Vitória),

Fabiano (um ex-peão),

A cadela e dois meninos,

Todos magros e franzinos,

Sem destino e direção.

 

Fustigados pela seca,

Eram eles retirantes

Em busca de novas terras

Mais chuvosas, verdejantes.

Só que o tempo se passava,

E a fome desesperava

Nossos pobres viajantes.

Fábio Sombra. Vidas secas recontadas em estrofes bem rimadas. Rio de Janeiro: Rocco, 2024, p. 14

 

TEXTO II

Mudança

Na planície avermelhada os juazeiros alargavam duas manchas verdes. Os infelizes tinham caminhado o dia inteiro, estavam cansados e famintos. Ordinariamente andavam pouco, mas como haviam repousado bastante na areia do rio seco, a viagem progredira bem três léguas. Fazia horas que procuravam uma sombra. A folhagem dos juazeiros apareceu longe, através dos galhos pelados da catinga rala.

Arrastaram-se para lá, devagar, Sinha Vitória com o filho mais novo escanchado no quarto e o baú de folha na cabeça, Fabiano sombrio, cambaio, o aió a tiracolo, a cuia pendurada numa correia presa ao cinturão, a espingarda de pederneira no ombro. O menino mais velho e a cachorra Baleia iam atrás.

Graciliano Ramos. Vidas Secas. 120. ed. Rio de Janeiro: Editora Record, 2013, p. 1

 

QUESTÃO 03

O texto 1 pode ser caracterizado como uma releitura porque

a) mantém a narrativa do texto 2, mas recorre a uma outra forma textual para apresentar os mesmos personagens submetidos ao mesmo ambiente e às mesmas condições físicas e psicológicas.

b) reproduz a narrativa do texto 2, porém se vale de um estilo diferente para satirizar a situação física e psicológica das mesmas personagens, causada pelas condições do ambiente que os cerca.

c) altera a narrativa do texto 2 e poetiza o seu conteúdo, destacando o estado físico e psicológico das mesmas personagens de forma breve, sem aludir às condições do ambiente que as cerca.

d) alegoriza a narrativa do texto 2, descrevendo, de forma figurada, elementos físicos e psicológicos das mesmas personagens, bem como sua conformação às características do ambiente.

e) explora, em forma de poema, a narrativa do texto 2, mas altera o seu conteúdo para realçar, em tom intimista, o papel do ambiente sobre as condições físicas e psicológicas das personagens.

 

QUESTÃO 04 

Assinale a alternativa na qual os versos do texto 1 reproduzem o estado das personagens apresentado no seguinte trecho do texto 2: “Os infelizes tinham caminhado o dia inteiro, estavam cansados e famintos.”

a) “A cadela e dois meninos, / Todos magros e franzinos”

b) “Eram cinco caminhantes / A vagar pelo sertão”

c) “Em busca de novas terras / Mais chuvosas, verdejantes”

d) “Fustigados pela seca, / Eram eles retirantes”

e) “E a fome desesperava / Nossos pobres viajantes”

 

- Leia o texto a seguir para responder às questões 5 e 6 - 

Recicle-me, consumidor! Enclíticos nas latas de Coca-Cola

Se você se deparou recentemente com uma latinha de Coca-Cola – ou de outros refrigerantes produzidos pela empresa – deve ter notado uma frase peculiar: “Recicle-me!”. O enunciado chama a atenção não só pela mensagem ecológica, ou pelo diálogo simulado entre a lata e seu consumidor, mas também pela construção gramatical: um caso de ênclise, ou seja, aquela colocação do pronome oblíquo átono (ou, na verdade, um semiátono no português do Brasil) posposto ao verbo.

Um possível estranhamento diante dessa escolha não seria injustificável, pois essa colocação pronominal é um tanto inusitada no português brasileiro falado atual, quiçá até no escrito. […]

A colocação pronominal enclítica, por ser menos comum em português brasileiro contemporâneo, acaba trazendo uma formalidade que não combina com o popular refrigerante, apesar da clareza que serve ao propósito da mensagem.

Seja você um linguista curioso, seja apenas alguém preocupado com o meio ambiente, na próxima vez que terminar sua bebida, talvez veja essa frase com novos olhos. E, claro, não se esqueça de reciclar!

Marcelo Módolo; Henrique Braga. Recicle-me, consumidor! Enclíticos nas latas de Coca-Cola. Jornal da USP (versão online). Publicado em 30.08.2024. Disponível em https://jornal.usp.br/artigos/.Acesso em 20.09.2024. Adaptado

 

 QUESTÃO 05

O texto chama a atenção para o fato de que

a) a ênclise impressa na latinha de refrigerante tem como objetivo conscientizar o leitor da importância de realizar a reciclagem, o que justifica o uso desse recurso gramatical.

b) os brasileiros estão familiarizados com a ênclise, mas o seu uso causa estranhamento por ser um recurso gramatical inusitado tanto no português falado quanto no escrito.

c) pronomes enclíticos não são usuais no português brasileiro contemporâneo, daí o estranhamento provocado pelo seu emprego em um produto considerado popular.

d) a ênclise é obsoleta nas variedades atuais do português, e seu uso deve ser evitado por imprimir um tom de formalidade que não combina com o estilo popular.

e) embora seja incomum no português brasileiro atual, a ênclise tem aparecido na linguagem publicitária para permitir um novo olhar sobre a preservação do meio ambiente.

 

QUESTÃO 06

Se a frase impressa no produto apresentasse, em vez do pronome “me”, uma forma pronominal de 3ª pessoa que concorde em gênero e número com “latinha”, teríamos o seguinte:

a) Recicle-se.

b) Recicle-a.

c) Recicle-lhe.

d) Recicle-o.

e) Recicle-na.

 

- Leia o texto a seguir para responder às questões 7 a 9 - 

Duvido, logo existo

A frase do filósofo francês René Descartes que caiu no gosto popular, “Penso, logo existo”, não é a original. Está incompleta. Há um verbo invisível aí. Um verbo que ganhou, hoje, quase quatro séculos depois, uma importância vital. Em tempos de inteligência artificial e fake news, não podemos descontextualizar Descartes. Dubito, ergo cogito, ergo sum. Duvido, logo penso, logo existo. Essa era a citação em 1637.

Na origem da nossa existência, está a dúvida. Mais que nunca. Não apague a dúvida inicial. Ela é a certeza absoluta na lógica cartesiana. É preciso duvidar. Pesquisar. Checar. Antes de ser cúmplice de uma grande enganação. Dá trabalho existir, mas vale a pena.

Ruth de Aquino. Duvido, logo existo. O Globo, Segundo Caderno, 13.09.2024, p. 6. Adaptado

 

QUESTÃO 07

O texto faz menção à inteligência artificial e fake News para

a) questionar o valor da frase original de Descartes, criada a partir da desinformação promovida pelas mídias sociais.

b) refutar a citação de Descartes, que, na sua origem, dizia respeito ao ato de duvidar, não ao de pensar.

c) mostrar como a desinformação deturpou o trabalho de Descartes e produziu equívocos sobre a interpretação da sua frase.

d) reforçar o papel da dúvida, referida na citação original de Descartes, como um elemento essencial para evitar a desinformação.

e) ressaltar a importância de pôr em dúvida a existência das redes sociais, em alusão à frase de Descartes.

 

QUESTÃO 08

A frase original de Descartes se caracteriza como um período composto por

a) subordinação, pois apresenta três orações sintaticamente dependentes, que estabelecem, entre si, uma relação adversativa.

b) subordinação, pois apresenta duas orações que estabelecem uma relação de causa e consequência.

c) coordenação e subordinação, pois contém duas orações sintaticamente independentes entre si, mas dependentes de outra oração.

d) coordenação, pois as orações que o compõem desempenham funções sintáticas e estabelecem entre si uma relação condicional.

e) coordenação, pois apresenta três orações sintaticamente independentes, entre as quais se estabelece uma relação de conclusão.

 

QUESTÃO 09

Assinale a alternativa em que a frase apresentada é um período formado por orações que, do ponto de vista exclusivamente sintático, se comportam da mesma forma que as orações presentes na frase de Descartes.

a) “Na natureza, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma.” (Lavoisier)

b) “Só sei que nada sei.” (Sócrates)

c) “O que não provoca a minha morte faz com que eu fique mais forte.” (Nietzsche)

d) “Em algum lugar, alguma coisa incrível está esperando ser descoberta.” (Carl Sagan)

e) “Na vida, não existe nada a temer, mas a entender.” (Marie Curie)

 

- Analise a campanha a seguir para responder às questões 10 a 12 -

 


QUESTÃO 10

Podemos afirmar que a campanha

a) estabelece uma associação entre os atos de “desmatar” e “matar”: embora as duas palavras tenham significados distintos, é possível estabelecer uma relação de causa e consequência entre os dois atos.

b) ressignifica a palavra “desmatar”: como esse verbo tem a mesma raiz de “matar”, as duas palavras podem ser usadas como sinônimos de “destruir” para denunciar as ameaças à floresta.

c) vincula a expressão “meia palavra basta” ao verbo “matar”: uma vez que esse verbo é sinônimo de “desmatar”, o prefixo “des” pode ser apagado para que se dê destaque aos efeitos negativos de desmatamento.

d) desconstrói o significado de “matar”: para destacar os efeitos negativos do desmatamento, esse verbo deixa de significar “tirar a vida” e passa a indicar um ato que se opõe a “desmatar”.

e) imprime um efeito sombrio à palavra “humano”: como “desmatar” e “matar” são ações provocadas por pessoas, a menção à palavra “humano” adquire, na campanha, um valor negativo.

 

QUESTÃO 11

Na campanha, vemos a fusão da linguagem verbal com a não verbal

a) nas árvores que ocupam o lado direito da imagem, em contraste com os troncos empilhados à esquerda.

b) na apresentação de uma frase com o verbo “bastar”, colocada ao lado de troncos empilhados de madeira.

c) nas duas últimas sílabas da palavra “desmatar”, cujas letras apresentam, como desenho de fundo, contornos que lembram marcas em troncos serrados.

d) no destaque à hashtag “#bastaserhumano”, em alusão à importância da luta contra o desmatamento ilegal.

e) no emprego da palavra “humano”, que ocorre duas vezes na campanha para evidenciar quem são os responsáveis pelo desmatamento.

 

QUESTÃO 12

Assinale a alternativa em que os dois verbos listados são formados pelo mesmo processo de “desmatar”.

a) reflorestar, desfazer

b) desentupir, adormecer

c) desobedecer, emagrecer

d) inovar, redividir

e) encorpar, descamisar

 

QUESTÃO 13

Leia o texto para responder à questão.

O que é trabalho infantil?

Trabalho infantil é toda forma de trabalho realizado por crianças e adolescentes abaixo da idade mínima permitida, de acordo com a legislação de cada país. No Brasil, o trabalho é proibido para quem ainda não completou 16 anos, como regra geral. Quando realizado na condição de aprendiz, é permitido a partir dos 14 anos. Se for trabalho noturno, perigoso, insalubre ou atividades da lista TIP (que define as piores formas de trabalho infantil), a proibição se estende aos 18 anos incompletos.

https://livredetrabalhoinfantil.org.br/. 14.08.2024. Adaptado

 

De acordo com o texto, no Brasil,

a) crianças e adolescentes podem trabalhar sem restrições, a partir dos 14 anos, pois há brechas na lei.

b) adolescentes só podem ser expostos aos trabalhos nas atividades da lista TIP após os 18 anos.

c) um adolescente pode exercer as atividades da lista TIP após os 14 anos, se estiver na condição de aprendiz.

d) crianças e adolescentes não podem trabalhar antes dos 18 anos de idade, pois o trabalho infantil é proibido.

e) o exercício das atividades da lista TIP é permitido a adolescentes, desde que não seja nos piores casos, os quais a lei estipula.

 

- Leia o poema a seguir para responder às questões 14 e 15 -

 

Profundamente

Quando ontem adormeci

Na noite de São João

Havia alegria e rumor

Estrondos de bombas luzes de Bengala

Vozes cantigas e risos

Ao pé das fogueiras acesas.

 

No meio da noite despertei

Não ouvi mais vozes nem risos

Apenas balões

Passavam errantes

Silenciosamente

Apenas de vez em quando

O ruído de um bonde

Cortava o silêncio

Como um túnel.

Onde estavam os que há pouco

Dançavam

Cantavam

E riam

Ao pé das fogueiras acesas?

 

– Estavam todos dormindo

Estavam todos deitados

Dormindo

Profundamente.

 

Quando eu tinha seis anos

Não pude ver o fim da festa de São João

Porque adormeci

 

Hoje não ouço mais as vozes daquele tempo

Minha avó

Meu avô

Totônio Rodrigues

Tomásia

Rosa

 

Onde estão todos eles?

- Estão todos dormindo

Estão todos deitados

Dormindo

Profundamente.

Manuel Bandeira. Libertinagem. In: Estrela da Vida Inteira. Introdução de Gilda e Antonio Candido Mello e Sousa. 16. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, p. 11-112

 

QUESTÃO 14

No poema, o eu lírico

a) aproxima a infância da velhice, afirmando a fragilidade de crianças e de idosos, acometidos pelo sono.

b) supervaloriza a infância, época em que tudo era festa, e ele não se sentia surpreso e desapontado.

c) supervaloriza a maturidade, pois já conhece o destino de todos os envolvidos em suas memórias.

d) recorda em tom de saudade momentos festivos, que se contrapõem, no despertar, ao reconhecimento da solidão.

e) associa o momento em que escreve do luto vivido pela criança, quando da morte de seus conhecidos/familiares.

 

QUESTÃO 15

A respeito do texto “Profundamente”, do poeta modernista Manuel Bandeira, assinale a alternativa correta.

a) O texto não pode ser considerado artístico, pois sua linguagem é denotativa e literal, com mensagem clara e direta.

b) O texto tem função artística, pois desperta emoções decorrentes do tipo de solidão que sentem a criança e o adulto, comparativamente.

c) O texto, embora seja um poema, não é artístico, mas tem função prática, memorialística.

d) O texto tem função artística, pois nele predomina o tom de confissão das emoções dos poemas modernistas.

e) O texto tem função artística, pois faz uso de figuras de linguagem complexas para narrar uma história.

 

QUESTÃO 16

Leia o texto, para responder à questão.

Em pé, no meio do espaço que formava a grande abóboda de árvores, encostado a um velho tronco decepado pelo raio, via-se um índio na flor da idade. Uma simples túnica de algodão, a que os indígenas chamavam aimará, apertada à cintura por uma faixa de penas escarlates, caia-lhe dos ombros até o meio da perna, e desenhava o talhe delgado e esbelto com um junco selvagem. […] Ali, por entre a folhagem, distinguia-se as ondulações felinas de um dorso negro, brilhante, marchetado de pardo; às vezes, viam-se brilhar na sombra dos raios vítreos e pálidos, que se semelhavam a reflexos de alguma cristalização de rocha, ferida pela luz do sol.

José de Alencar. O Guarani. São Paulo: Ática, 1996, p. 14. www.dominiopublico.gov.br/download/. Acesso em 24.08.2024. Adaptado

 

É correto afirmar que esse texto é representativo do

a) Romantismo brasileiro, no qual os elementos centrais são o indígena e a natureza, de acordo com o nacionalismo da época.

b) Humanismo, no qual se valoriza o Antropocentrismo e o indígena representa o Homem, que está no centro de todas as coisas.

c) Modernismo brasileiro, no qual a figura do indígena é desidealizada, neste caso, pela apatia diante da natureza.

d) Arcadismo brasileiro, no qual o indígena, em contato com o bucólico, estranha um lugar conhecido.

e) Barroco brasileiro, pois indígena e natureza são apresentados pelo contraste e acumulação de elementos.

 

QUESTÃO 17 

Leia o trecho a seguir, extraído da obra Dom Casmurro, de Machado de Assis.

VII - D. GLÓRIA

Minha mãe era boa criatura. Quando lhe morreu o marido, Pedro de Albuquerque Santiago, contava trinta e um anos de idade, e podia voltar para Itaguaí. Não quis; preferiu ficar perto da igreja em que meu pai fora sepultado. Vendeu a fazendola e os escravos, comprou alguns que pôs ao ganho ou alugou, uma dúzia de prédios, certo número de apólices, e deixou-se estar na casa de Matacavalos, onde vivera os dois últimos anos de casada. Era filha de uma senhora mineira, descendente de outra paulista, a família Fernandes.”

Machado de Assis. Dom Casmurro. Edição eletrônica disponível em https://machadodeassis.net/texto/. Acesso em 08.08.2024

 

A partir desse excerto, e considerando o romance em sua totalidade, é correto concluir que

a) a matriarca da família Santiago, a mãe de Bentinho (ou Dom Casmurro), apesar de rica, impediu o filho de partir com Capitu para a Suíça.

b) a família de banqueiros Santiago, além de possuir bens imóveis e escravizados, possuía rendas provindas do capital financeiro.

c) as decisões financeiras da matriarca tiveram consequências inesperadas, sendo uma delas a de aceitar agregados na casa da família.

d) a família perdeu seus bens após a morte do patriarca, o que foi motivado pelo sentimentalismo exagerado da viúva.

e) a família Santiago, na infância de Bentinho, vivia das rendas provenientes de bens imóveis ou dos escravizados, vendidos ou alugados.

 

QUESTÃO 18

Leia o soneto de Camões.

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,

Muda-se o ser, muda-se a confiança,

Todo o mundo é composto de mudança,

Tomando sempre novas qualidades.

 

Continuamente vemos novidades,

Diferentes em tudo da esperança,

Do mal ficam as mágoas na lembrança,

E do bem (se algum houve) as saudades.

 

O tempo cobre o chão de verde manto,

Que já coberto foi de neve fria,

E enfim converte em choro o doce canto.

 

E, afora este mudar-se cada dia,

Outra mudança faz de mor espanto,

Que não se muda já como soía*.

Luís de Camões. 20 sonetos/Luís de Camões; introdução e edição comentada: Sheila Hue. – Campinas, SP: Editora da UNICAMP, 2018, p. 83

 

*soía: costumava

 

Segundo o texto,

a) as mudanças na vida são contínuas e é preciso aceitá-las pacificamente e sem mágoas.

b) mesmo as contínuas mudanças da vida podem transformar-se, mudando de ritmo.

c) as lembranças negativas não sofrem mudanças, como ocorre com a natureza.

d) existe a certeza de que não se devem esperar mais mudanças no futuro.

e) as mudanças podem causar o desparecimento dos costumes, derretidos como a neve.

 

- Leia o texto para responder às questões 19 a 21 - 

Water and Climate Change

         Water and climate change are closely linked. Extreme weather events are making water more rare, more unpredictable, more polluted or all three. These impacts all over the water cycle seriously affect sustainable development, biodiversity, and people’s access to water and sanitation.

Droughts and wildfires are destabilizing communities and causing unrest among people and migration in many areas. Destruction of vegetation and tree cover exacerbates soil erosion and reduces groundwater renovation, increasing water scarcity and food insecurity.

www.unwater.org/water-facts/. Acesso em 08.10.2024. Adaptado

 

droughts: secas

scarcity: escassez

 

QUESTÃO 19

No primeiro parágrafo do texto, a correlação entre água e mudança climática é sustentada pela afirmação de que

a) alterações climáticas têm intensificado o ciclo das chuvas.

b) a biodiversidade sofre com o desmatamento e as queimadas.

c) o acesso à água e ao saneamento deveria ser um direito de todos.

d) eventos climáticos extremos afetam a oferta e a qualidade da água.

e) o desenvolvimento sustentável depende do excesso de água.

 

QUESTÃO 20

De acordo com o texto, períodos de seca e incêndios florestais podem ter como consequência a

a) ocorrência de enchentes imprevisíveis.

b) mobilização pela preservação da biodiversidade.

c) desestabilização das comunidades atingidas.

d) poluição em níveis insustentáveis.

e) recuperação do solo destruído pela erosão.

 

QUESTÃO 21 

No trecho do primeiro parágrafo “These impacts throughout the water cycle”, a expressão destacada em negrito se refere

a) às restrições para o desenvolvimento sustentável.

b) à inquietação e à migração das pessoas.

c) à dificuldade de acesso à água e ao saneamento.

d) à destruição da vegetação e da cobertura vegetal.

e) à escassez, poluição e imprevisibilidade maior da água.

 

- Leia o texto e observe o mapa para responder às questões 22 e 23 -

Date: 11.09.2024

Location: South America

         Several countries in South America have been severely affected by a thick smoke cloud caused by the wildfires devastating the Amazon rainforest since August 2024. In Brazil alone, the number of fire hotspots reached a total of 152,383 in August, an alarming 103% increase over to the same period in 2023.

The dense smoke has raised aprehension about air quality and public health in numerous regions. In cities such as São Paulo and Rio de Janeiro, authorities have sent warnings about dangerous air conditions. In Argentina, residents have been advised to take precautions against the effects of particulate matter in the event of rainfall.

In this image from one of the Copernicus Sentinel-3 satellites on 9 September 2024, we can see the smoke cloud floating over parts of Argentina, Bolivia, Brazil, and Paraguay.

www.copernicus.eu/en/media/. Acesso em 08.10.2024. Adaptado

 

QUESTÃO 22 

O texto descreve, principalmente,

a) o papel de satélites na detecção de poluição causada por fumaças densas.

b) a extensão e os efeitos da fumaça que atingiu parte do continente sul-americano.

c) as questões de saúde pública em tempos de desastres naturais.

d) as medidas tomadas pelas autoridades contra queimadas criminosas.

e) as causas da recente onda de incêndios na Floresta Amazônica.

 

QUESTÃO 23

De acordo com o primeiro parágrafo, a comparação entre os meses de agosto de 2023 e agosto de 2024 revela que, no Brasil, ocorreu

a) um crescimento inédito da deterioração da região amazônica.

b) uma regeneração inesperada da Floresta Amazônica.

c) um aumento de 152 383 pontos de queimadas detectadas.

d) um acréscimo superior a 100% em pontos de incêndios.

e) uma contenção de queimadas e incêndios florestais na Amazônia.

 

QUESTÃO 24

 


Um item que pode ser incluído à lista “Books, minds and umbrellas”, preservando o sentido da postagem, é:

a) hearts.

b) cars.

c) fingers.

d) rivers.

e) doors. 











1

2

3

4

5

6

A

E

B

B

C

D

7

8

9

10

11

12

A

B

E

C

C

B

13

14

15

16

17

18

A

D

A

A

E

C

19

20

21

22

23

24

D

E

B

A

C

D




PET PEEVES

A) What drives you crazy? B) Exchange ideas in small groups. - Tell each other about your pet peeves. You may say:              * It d...