-
Leia o texto a seguir para responder às questões 1 a 3 -
Quando criança, fui
ensinada que a população negra havia sido escrava e ponto, como se não tivesse
existido uma vida anterior nas regiões de onde essas pessoas foram tiradas à
força. Disseram-me que a população negra era passiva e que “aceitou” a
escravidão sem resistência. Também me contaram que a princesa Isabel havia sido
sua grande redentora. No entanto, essa era a história contada do ponto de vista
dos vencedores, como diz Walter Benjamin. O
que não me contaram é que o Quilombo dos Palmares, na Serra da Barriga, em
Alagoas, perdurou por mais de um século, e que se organizaram vários levantes
como forma de resistência à escravidão, como a Revolta dos Malês e a Revolta da
Chibata. Com o tempo, aprendi que a população negra havia sido escravizada, e
não era escrava – palavra que denota que essa seria uma condição natural,
ocultando que esse grupo foi colocado ali pela ação de outrem.
Djamila Ribeiro. Pequeno manual antirracista. São Paulo: Companhia das Letras, 2019.
Adaptado
QUESTÃO 01
No texto, as palavras “escrava” e
“escravizada” foram usadas para
a) relacionar atitudes: a população negra
se mostrou passiva diante da escravidão por se recusar a lutar pela liberdade.
b) contrapor pontos de vista: a escravidão
não era inerente à população negra, mas uma condição que lhe foi imposta.
c) contrastar situações: a população negra
era livre na África, e se conformou à escravidão no Brasil contra a sua
vontade.
d) justificar uma revisão histórica: nunca
houve escravidão de fato no Brasil, o que exige repensar a história da
população negra.
e) destacar uma contradição: a população
negra não aceitou a escravidão, embora não tenha oferecido resistências contra
ela.
QUESTÃO 02
A expressão “O que”, destacada no texto,
faz referência a um conjunto de informações históricas que, de acordo com sua
autora,
a) seguirá escondido por contrariar a
narrativa dos vencedores.
b) deveria ser divulgado para impor uma
derrota aos vencedores.
c) foi ensinado a partir da perspectiva
dos vencedores.
d) passou a ser contado para minimizar a
força dos vencedores.
e) foi ocultado para fazer prevalecer a
visão dos vencedores.
QUESTÃO 03
É correto afirmar que, no texto,
a) “escrava” é um adjetivo que sugere
passividade, enquanto “escravizada” é um verbo no particípio que de- nota um
efeito de imposição.
b) tanto “escrava” quando “escravizada”
são verbos no particípio que apresentam significados distintos, mas
relacionados.
c) “escrava” é um verbo que indica uma
condição natural, ao passo que “escravizada”, da mesma classe, denota
submissão.
d) “escrava” e “escravizada” podem ser
tanto verbo quanto adjetivo, a depender do papel histórico que se atribua à
população negra.
e) “escrava” e “escravizada” são adjetivos
que podem ser tratados como sinônimos, em oposição a “vencedores”.
-
O texto a seguir reúne fragmentos de uma crônica. Leia-o para responder às
questões 4 e 5 -
Fila de autógrafos.
Qual o seu nome? Stephany. É como eu escreveria, mas pode ser Stefane, Stefany,
Esttephani, assim como Tatiane pode ser Tathyane, Tatheani, Tathianne e Nícolas
pode ser Nichollas, Níquolas, Nikollas. Fazer o quê? Chutar? Não é a solução
mais simpática, melhor pedir gentilmente para que o leitor soletre. Está aí a
explicação para as sessões de autógrafos se arrastarem por horas quando não há
o papelzinho com o nome do leitor dentro do livro. E você achando que era por
causa da popularidade do autor. [...]
O nome é parte
fundamental da nossa identidade, a primeira informação que recebemos sobre nós
mesmos e a primeira que fornecemos a estranhos, a fim de sermos introduzidos ao
fabuloso mundo da socialização. Hoje somos oito bilhões no planeta e não há
nomes exclusivos para todos, somos obrigados a compartilhar nossa marca pessoal
com outros tantos. Por isso, entendo que papi e mami nos registrem com algum
detalhe “charmoso” para nos diferenciar – o diabo é que só complicam. Poucas
pessoas conseguem dizer seu nome sem adicionar a obser- vação: Elizza com dois z. Thalles com h e dois l. Walkyrya com w, k
e dois y. Não é preciosismo, são os
detalhes tão pequenos de nós todos. No meu caso, “Martha com th” virou
praticamente nome composto.
Martha Medeiros. Com h, y e sem acento. Conversa na sala. Porto Alegre: L&PM,
2023. Adaptado
QUESTÃO 04
O ponto central da crônica tem a ver com o
fato de que nomes próprios podem apresentar
a) combinações distintas de letras para
produzir variações na pronúncia.
b) combinações de letras e pronúncias que
não seguem a norma ortográfica.
c) uma mesma pronúncia a partir de
diferentes combinações de letras.
d) pronúncias diferentes para uma mesma
combinação de letras.
e) pronúncias estranhas às possibilidades
de combinação de letras do português.
QUESTÃO 05
Podemos afirmar que a crônica apresenta
a) uma perspectiva irônica sobre o
incômodo vivenciado por escritores que, diante da variação observada na
pronúncia de nomes próprios, precisam solicitar aos seus leitores que soletrem
os seus nomes.
b) uma atitude sarcástica sobre a
diversidade ortográfica dos nomes próprios e a dificuldade em escrevê-los,
introduzindo um questionamento sobre o seu papel como um elemento identitário.
c) uma visão crítica a respeito da
variação na pronúncia e na ortografia de certos nomes, o que pode complicar o
cotidiano das pessoas em situações nas quais precisam soletrar o seu nome.
d) uma postura bem-humorada a respeito do
modo como alguns nomes próprios podem ser escritos, destacando a importância
dos nomes em geral como uma marca de identidade no processo de socialização.
e) um manifesto de incentivo à
socialização por meio de variações na escrita de nomes próprios, apesar das
eventuais complicações que resultam das diferentes formas de escrever um mesmo
nome.
QUESTÃO 06
As frases a seguir foram apresentadas em
um manual de nheengatu, língua indígena amazônica, ao lado da sua tradução para
o português brasileiro.
Ixé amunhã pirakaya —
“Eu faço piracaia1”
Indé remunhã pirakaya —
“Você faz piracaia”
Aé umunhã pirakaya —
“Ele/Ela faz piracaia.”
Yandé yamunhã pirakaya
— “Nós fazemos piracaia.”
Penhé pemunhã pirakaya
— “Vocês fazem piracaia”
Tá umunhã pirakaya —
“Eles/elas fazem piracaia”
1peixe assado.
Florêncio Almeida Vaz Filho; Antônio
Fernandes Góes Neto (eds). Nheengatu
Tapajowara. Santarém: SELO Gráfica Editora, 2016
Na conjugação verbal apresentada nesses
exemplos específicos das duas línguas, observa-se que
a) a flexão verbal é prefixal no nheengatu
e sufixal no português.
b) a raiz verbal é regular tanto no
nheengatu quanto no português.
c) a flexão não se junta à raiz verbal no
nheengatu, ao contrário do português.
d) as marcas de primeira pessoa são
idênticas às de terceira nas duas línguas.
e) na terceira pessoa, nenhuma das línguas
faz distinção entre singular e plural.
-
Leia o texto a seguir para responder às questões 7 e 8 -
Somos um feixe variado
de normas divergentes, e não apenas em termos de sotaque, elemento mais
costumeiramente evocado para tratar da diversidade de normas regionais. Um bom
exemplo: embora quase todo o país empregue o pronome você (já passou da hora de a gente assumir que é um pronome), ainda
há grandes bolsões de uso de tu, com ou sem flexão do verbo na segunda pessoa.
Dizemos você fez, tu fez, tu fizeste (e também tu fizesse, como no litoral
catarinense). [...]
O que dizer do fato de
que a minha norma, por exemplo, diferencia graus de formalidade entre
construções como “Você me trouxe o seu livro” (engravatada) e “Você me trouxe o
teu livro” (de pijama)? [...] A minha geração de curitibanos lida não com um
“erro” de concordância, mas com uma delicada regra de aplicação variável e
determinação contextual. E isso, cara leitora, caro leitor, também é gramática.
Caetano Galindo. Latim em pó. Um passeio pela formação do nosso português. São
Paulo: Companhia das Letras, 2022, pp. 202-203
QUESTÃO 07
No texto, a palavra “erro” foi apresentada
entre aspas porque, na perspectiva do seu autor,
a) as regras gramaticais não são definidas
por nenhuma norma, o que vale tanto para o emprego de “teu” quanto de “seu”.
b) variações como as observadas entre os
exemplos citados não se devem a um erro, pois fazem parte de uma determinada
norma.
c) embora o emprego de “você” em lugar de
“tu” consista em um erro gramatical, o seu uso frequente justifica tratá-lo
como um pronome.
d) a decisão sobre o que é certo ou errado
nas marcas de concordância deve seguir a norma padrão, respeitando-se as
diferenças entre os sotaques.
e) os exemplos mencionados são corretos em qualquer norma do português, independentemente das diferenças regionais.
QUESTÃO 08
Considerando o ponto de vista defendido no
texto, assinale a alternativa em que o par de sentenças pode ser tomado como um
exemplo da variação entre norma “engravatada” e norma “de pijama”,
respectivamente.
a) Podemos viajar nas férias. / Nós
podemos viajar nas férias.
b) Me abrace. / Me dê um abraço.
c) Ontem jantamos cedo. / Jantamos cedo
ontem.
d) As crianças adoram biscoito. / As
crianças amam bolacha.
e) Irei ao cinema amanhã. / Vou ir no
cinema amanhã.
-
Leia o texto a seguir para responder às questões 9 e 10 -
“POSTO
QUE É CHAMA”: VINICIUS BEBEU?
Que
não seja imortal, posto que é chama / Mas que seja eterno enquanto dure.
É provável que o poeta
Vinicius de Moraes tivesse, sim, tomado algumas doses de “cachorro engarrafado”
– isto é, de uísque, que ele chamava de “o melhor amigo do homem” – quando
escreveu sua obra-prima “Soneto de fidelidade”, que termina com os versos
acima. [...]
Vinicius contrariou frontalmente
a gramática tradicional com seu uso de posto que como conjunção explicativa (ou
causal, dependendo do autor). O sentido dos versos é claro: o amor não é
imortal, visto que é chama, isto é, por ser chama, mas o poeta deseja que,
enquanto durar, tenha brilho infinito.
Só que Vinicius optou
por não usar o visto que, que, além de caber na métrica, agradaria aos
conservadores da língua. Foi mesmo de posto que, uma locução conjuntiva
controversa.
Os gramáticos
tradicionais atribuem a posto que valor exclusivamente concessivo, o mesmo de
embora, como na seguinte frase: “Gosto dele, posto que seja meio antipático”.
Para eles, qualquer uso diferente é erro e pronto.
O português brasileiro
ignora há muitas décadas essa análise e insiste em empregar posto que com papel
explicativo. Isso não se dá por ignorância, ou não só por ignorância: encontra
acolhida entre falantes cultos e parece se basear numa análise alternativa da
expressão. Regras mudam.
Deliberadamente ou não,
Vinicius de Moraes, um dos mestres do português brasileiro, tomou o partido da
língua viva – o que no caso dele faz o maior sentido – e deu ao pessoal da
linha dura uma dor de cabeça infinita (enquanto durar) [...].
Sérgio Rodrigues. “Posto que é chama”:
Vinicius bebeu? Viva a língua brasileira.
São Paulo: Companhia das Letras, 2016. p.148-149
QUESTÃO 09
Assinale a alternativa que apresenta
corretamente as ideias do texto.
a) O uso de “posto que” com valor
explicativo ou causal é comum entre falantes com alto nível de escolarização,
embora esse uso não esteja previsto nos manuais de gramática mais
conservadores.
b) O valor explicativo de “posto que”
deveria ser levado em conta pelas gramáticas tradicionais, que se limitam a
apresentar essa locução conjuntiva como tendo um valor causativo ou concessivo.
c) Assim como muitos falantes da língua,
Vinicius de Moraes empregou o “posto que” da forma como vemos essa locução ser
usada na fala informal e espontânea, que não dispõe de conjunções com valor
concessivo.
d) Devemos evitar o uso de “posto que” com
um valor que não seja o definido nas gramáticas tradicionais, a não ser que
seja para criar uma imagem poética, como vemos no Soneto da Fidelidade.
e) A atribuição de um valor explicativo ou
causal para “posto que” revela que mesmo os falantes mais cultos do português
ignoram como as locuções conjuntivas da língua devem ser usadas.
QUESTÃO 10
Assinale a alternativa na qual, de acordo
com o texto, o uso de “posto que” segue o que está previsto nas gramáticas
tradicionais.
a) O mundo seria melhor, posto que as
pessoas fossem mais generosas.
b) O meu time jogou tão mal, posto que
perdeu para o time adversário.
c) Fui aprovado no concurso, posto que
tivesse estudado muito pouco.
d) Pratiquei atividades físicas o dia
inteiro, posto que fiquei cansado.
e) As ruas da cidade ficaram alagadas,
posto que choveu demais.
- Observe as imagens a seguir para responder às questões 11 e 12 -
QUESTÃO 11
É correto afirmar que a campanha e a
charge
a) ilustram temas idênticos e se valem da
linguagem verbal e não verbal com o mesmo objetivo: nos dois casos, elementos
verbais e não verbais são introduzi- dos para apresentar informações quantitativas.
b) tratam de temas similares, apesar de
recorrerem a estratégias diferentes ao usar a linguagem verbal e não verbal: os
recursos verbais se sobressaem na charge, mas estão em segundo plano na
campanha.
c) se referem a temas distintos e não utilizam
a linguagem verbal e não verbal da mesma forma: na campanha, os elementos
verbais são escassos, ao contrário do que se observa na charge, em que são
abundantes.
d) exploram o mesmo tema, mas se
distinguem quanto aos efeitos da combinação entre a linguagem verbal e não
verbal: na charge, um elemento verbal é formado a partir de elementos não
verbais, o que não ocorre na campanha.
e) abordam temas diferentes, embora se
aproximem quanto ao uso da linguagem verbal e não verbal: recursos imagéticos
são empregados juntamente com frases oracionais em um e outro caso.
QUESTÃO 12
Assinale a alternativa que apresenta
corretamente uma possibilidade de expressar o sentido da relação estabelecida
entre as orações com “ver” e “existir” na campanha.
a) Ainda que existisse trabalho infantil,
talvez você não o veria.
b) Existe trabalho infantil, embora você
não o veja.
c) Se existe trabalho infantil é porque
você não o vê.
d) Existe trabalho infantil, então você
não o vê.
e) Quando existe trabalho infantil, você
não o vê.
QUESTÃO 13
Leia o texto para responder à questão.
O Brasil tem 1,9
milhões de crianças e adolescentes em situação de trabalho infantil, o
equivalente a 4,9% do total de jovens entre 5 e 17 anos no país.
Pesquisa [do IBGE]
apontou que, em 2022, 756 mil crianças e adolescentes exerciam atividades da
Lista TIP1, do governo federal, que elenca as piores formas de trabalho
infantil no país. No geral, são serviços que envolvem risco de acidentes ou são
prejudiciais à saúde.
A Organização
Internacional do Trabalho (OIT) define trabalho infantil como aquele que é
perigoso e prejudicial para a criança/adolescente e que interfere na sua escolarização.
Julia Nunes. Quase 5% das crianças e
adolescentes do país estão em situação de trabalho infantil... G1. https://g1.globo.com/.
Acesso em 01.08.2024. Adaptado
1 Lista TIP, Lista das
Piores Formas de Trabalho Infantil, citada no texto seguinte.
De acordo com o texto, o qual apresenta
definições e estatísticas preocupantes sobre o que é considerado trabalho infantil,
é correto afirmar:
a) 4,9% de todas as crianças brasileiras
estão em situação de trabalho infantil e exercem as piores formas de trabalho.
b) a Organização Internacional do Trabalho
garante a segurança das crianças brasileiras que exercem as piores formas de
trabalho.
c) 4,9% do total de jovens entre 5 e 17
anos no país estão em situação de trabalho infantil e exercem as piores formas
de trabalho.
d) a definição de trabalho infantil dada
pela OIT nada tem a ver com o que o governo federal brasileiro considera
trabalho infantil.
e) uma parte das crianças brasileiras em
situação de trabalho infantil, segundo o IBGE, exerce as piores formas de
trabalho.
- Leia o poema Meninos carvoeiros, de Manuel Bandeira, para responder às questões 14 e 15. -
MENINOS CARVOEIROS
Os meninos carvoeiros Passam a caminho da
cidade.
— Eh, carvoero!
E vão tocando os animais com um relho
enorme.
Os burros são magrinhos e velhos.
Cada um leva seis sacos de carvão de
lenha.
A aniagem1 é toda remendada.
Os carvões caem.
(Pela boca da noite vem uma velhinha que
os recolhe,
dobrando-se com um gemido.)
— Eh, carvoero!
Só mesmo estas crianças raquíticas
Vão bem com estes burrinhos descadeirados.
A madrugada ingênua parece feita para
eles…
Pequenina, ingênua miséria!
Adoráveis carvoeirinhos que trabalhais
como se brincásseis!
— Eh, carvoero!
Quando voltam, vêm mordendo num pão
encarvoado,
Encarapitados2 nas alimárias3,
Apostando corrida,
Dançando, bamboleando nas cangalhas4
como espantalhos desamparados.
(Petrópolis, 1921)
Manuel Bandeira. O ritmo dissoluto. In: Estrela da Vida Inteira. Introdução de
Gilda e Antonio Candido Mello e Sousa. 16. ed. Rio de Janeiro: José Olympio
1 tecido rústico de
juta, fibra vegetal, entre outros materiais.
2 colocado em local mais
elevado.
3 animal quadrúpede ou
de carga.
4 apetrecho de madeira
ou ferro, encaixado no lombo dos animais para pendurar carga de ambos os lados.
QUESTÃO 14
Considerando-se a linguagem dos poemas
enquanto gênero literário, é correto afirmar que o texto do modernista Manuel
Bandeira
a) é compatível com a linguagem poética,
pois o narrador, por meio de sua visão sobre os meninos carvoeiros, revela a
sua compaixão e espanto diante do sofrimento inocente e contraditoriamente
alegre das crianças.
b) contradiz a linguagem poética, pois o
eu lírico, apesar de estruturar o texto em estrofes, compõe os versos de forma
excessivamente longa, o que desfaz o equilíbrio da estrofe.
c) tem traços de linguagem poética, pois o
eu-lírico narra e descreve em linguagem direta acontecimentos do cotidiano: a
triste realidade de crianças trabalhadoras e de uma senhora abaixo da linha da
pobreza.
d) é marcado pela linguagem poética, pois
o eu lírico, por meio de sua visão sobre os meninos carvoeiros da Petrópolis de
1921, revela a sua compaixão e espanto diante do sofrimento inocente e
contraditoriamente alegre das crianças.
e) é incompatível com a linguagem poética,
pois o eu lírico, embora se utilize da estrutura de estrofes e versos, opta
pelos “versos brancos”, sem rima, e pelos versos sem métrica fixa.
- Para responder à questão 15, considere, além do poema, o texto a seguir.
Lista
das Piores Formas de Trabalho Infantil (Lista TIP)
Descrição dos Trabalhos:
1. Na direção e operação de tratores,
máquinas agrícolas e esmeris, quando motorizados e em movimento.
2. No processo produtivo do fumo, algodão,
sisal, cana-de-açúcar e abacaxi.
3. Na colheita de cítricos, pimenta
malagueta e semelhantes.
4. No beneficiamento do fumo, sisal,
castanha de caju e cana-de-açúcar.
5. Na pulverização, manuseio e aplicação de agrotóxicos, adjuvantes, e produtos afins, incluindo limpeza de equipamentos, descontaminação, disposição e retorno de recipientes vazios.
6. Em locais de armazenamento ou de
beneficiamento em que haja livre desprendimento de poeiras de cereais e de
vegetais.
7. Em estábulos, cavalariças, currais,
estrebarias ou pocilgas, sem condições adequadas de higienização.
8. No interior ou junto a silos de
estocagem de forragem ou grãos com atmosferas tóxicas, explosivas ou com
deficiência de oxigênio.
9. Com sinalizador na aplicação aérea de
produtos ou defensivos agrícolas.
10. Na extração e corte de madeira.
11. Em manguezais e lamaçais.
Presidência da República. Casa Civil.
Subchefia para Assuntos Jurídicos. DECRETO Nº 6.481, DE 12 DE JUNHO DE 2008. https://legislacao.presidencia.gov.br/atos/.
Acesso em 08.08.2024. Adaptado
QUESTÃO 15
Aproximando o poema do modernista Manuel
Bandeira, escrito em 1921, e a Lista das Piores Formas de Trabalho Infantil,
legislação de 2008, pode-se concluir que
a) os meninos carvoeiros, hoje em dia,
seriam considerados crianças que exercem uma atividade TIP, pois trabalham em
condições precárias, são raquíticos e parecem, aos olhos do eu lírico,
desamparados.
b) a alegria e a brincadeira dos meninos
carvoeiros, hoje em dia, os isentariam de integrar a lista TIP, na qual os
trabalhos infantis elencados evidenciam que as crianças não podem ser felizes.
c) a visão compadecida do eu lírico iguala
os meninos carvoeiros e a velhinha que recolhe os carvões caídos (“dobrando-se
com um gemido”), de modo que essas crianças nada teriam a ver com a lista TIP.
d) os meninos carvoeiros, hoje em dia,
estão em situação de conformidade com os direitos fundamentais crianças e
adolescentes, já que eles trabalham, se divertem e têm pão para comer,
portanto, longe da lista TIP.
e) os meninos carvoeiros, hoje em dia,
seriam considerados crianças que exercem uma atividade TIP, assim como os
animais, que recebem maus-tratos (são tocados por um “relho”, carregam peso,
são magros e velhos).
QUESTÃO 16
Leia o texto a seguir.
À
CIDADE DA BAHIA
A cada canto um grande conselheiro
Que nos quer governar cabana e vinha;
Não sabem governar sua cozinha
E podem governar o mundo inteiro.
Em cada porta um bem frequente olheiro
Que a vida do vizinho e da vizinha
Pesquisa, escuta, espreita e esquadrinha
Para o levar à praça e ao terreiro.
Muitos mulatos desavergonhados,
Trazidos sob os pés os homens nobres,
Posta nas palmas toda a picardia1,
Estupendas usuras2 nos
mercados,
Todos os que não furtam muito pobres:
E eis aqui a cidade da Bahia3.
Gregório de Matos. Seleção de Obras
Poéticas. Domínio Público. https://cutt.ly/EJ6AtFH. Acesso em 02.08.2024.
Adaptado
Glossário:
1 ação daquele que
engana, logra.
2 ambição excessiva (por
dinheiro ou outro tipo de poder)
3 Salvador (BA), capital
do Brasil à época do poema.
A leitura do poema de Gregório de Matos,
do Barroco do século XVII baiano, permite concluir que o eu lírico
a) endereça sua crítica aos mulatos,
mercadores e fofo- queiros, poupando, neste poema satírico, os fidalgos
portugueses.
b) utiliza da convenção da sátira barroca
em relação à cidade de Salvador, evocando sua gente como incompetente,
desonesta, ambiciosa e bisbilhoteira.
c) faz uma sátira em que ataca os vícios e
os viciosos, incluindo-se nela, já que conhecia muito bem a cidade da Bahia,
onde vivia.
d) evoca o período colonial brasileiro e
as crises moral e econômica da época, as quais nada têm a ver com o tempo em
que o poema foi escrito.
e) traz à cena personagens e valores da
sociedade portuguesa antiga, que nada têm a ver com a colonização do Brasil.
QUESTÃO 17
Para responder à questão, leia o texto a
seguir.
– Quem seria o dono
execrável deste bichinho, que teve ânimo de se desfazer dele por alguns pares
de níqueis?
E o canário, quedando-se
em cima do poleiro, trilou isto:
– Quem quer que sejas
tu, certamente não estás em teu juízo. Não tive dono execrável
– Como – interrompi eu,
sem ter tempo de ficar espantado. Então o teu dono não te vendeu a esta casa?
Não foi a miséria ou a ociosidade que te trouxe a este cemitério, como um raio
de sol?
– Não sei que seja sol
nem cemitério. Se os canários que tens visto usam do primeiro desses nomes,
tanto melhor, porque é bonito, mas estou que confundes.
– Perdão, mas tu não vieste
para aqui à toa, sem ninguém, salvo se o teu dono foi sempre aquele homem que
ali está sentado.
– Que dono? Esse homem
que aí está é meu criado, dá-me água e comida todos os dias, com tal
regularidade que eu, se devesse pagar-lhe os serviços, não seria com pouco; mas
os canários não pagam criados. Em verdade, se o mundo é propriedade dos
canários, seria extravagante que eles pagassem o que está no mundo.
Pasmado das respostas,
não sabia que mais admirar, se a linguagem, se as ideias. O canário, movendo a
um lado e outro, esperava que eu lhe falasse. Perguntei-lhe então se tinha
saudades do espaço azul e infinito...
– Mas, caro homem – trilou
o canário –, que quer dizer espaço azul e infinito?
– Mas, perdão, que
pensas deste mundo? Que cousa é o mundo?
– O mundo — redarguiu o
canário com certo ar de professor –, o mundo é uma loja de belchior, com uma
pequena gaiola de taquara, quadrilonga, pendente de um prego; o canário é
senhor da gaiola que habita e da loja que o cerca. Fora daí, tudo é ilusão e
mentira.
Nisto acordou o velho,
e veio a mim arrastando os pés.
Perguntou-me se queria comprar o canário
– As navalhas estão em
muito bom uso – concluiu ele.
– Quero só o canário.
Machado de Assis. Ideias de Canário. In: Páginas recolhidas. Edição eletrônica
disponível em https://machadodeassis.net/texto/ ideias-de-canario/32285/.
Acesso em 08.08.2024. Adaptado
A alternativa que contém uma afirmação correta acerca do texto é:
a) o texto se caracteriza como uma fábula,
pois é de pequena extensão, tem como personagens animais que falam e quase
sempre termina com um ensinamento moral aos leitores jovens.
b) desde o início, o conto expressa
conflitos, pois o canário permanece o tempo todo em uma luta verbal com o
comprador, mostrando-se inflexível ao expor o seu conhecimento de mundo.
c) nessa crônica, o único sentido possível
para o mistério que é tema central do conto (o canário que tem ideias e as
comunica) é a loucura de Macedo, o comprador, posto que somente ele ouve a ave.
d) nesta crônica não existe uma situação
inusitada. Por se tratar de texto de ficção, o autor pode escolher qualquer
tipo de ideia para ser desenvolvida na história.
e) já no início do conto, revela-se uma
situação inusitada: além de falar, a ave se mostra um tipo arrogante, que só
enxerga o mundo e os acontecimentos a partir de seu próprio ponto de vista.
QUESTÃO 18
Leia o texto, para responder à questão.
Busque Amor novas artes, novo engenho,
para matar-me, e novas esquivanças;
que não pode tirar-me as esperanças,
que mal me tirará o que eu não tenho.
Olhai de que esperanças me mantenho!
Vede que perigosas seguranças!
Que não temo contrastes nem mudanças,
andando em bravo mar, perdido o lenho.
Mas, conquanto não pode haver desgosto
onde esperança falta, lá me esconde
Amor um mal, que mata e não se vê.
Que dias há que n’alma me tem posto
um não sei quê, que nasce não sei onde,
vem não sei como, e dói não sei porquê.
Luís Vaz de Camões. Edição de Dr. Álvaro
Júlio da Costa Pimpão. http://www.dominiopublico.gov.br/download/. Adaptado
É correto afirmar que o texto camoniano é
um
a) exemplar da poesia épica, no qual se
identifica o paradoxo em “não temo contrastes nem mudanças”.
b) soneto de temática heroica d’Os
Lusíadas, no qual se identifica a metáfora “não pode tirar-me as esperanças”.
c) soneto de temática lírico-amorosa, no
qual se identifica o paradoxo em “perigosa segurança”.
d) exemplar de canção trovadoresca, no
qual se identifica a metáfora em “novas artes, novo engenho”.
e) poema de temática religiosa, no qual se identifica o paradoxo em “nasce não sei onde”.
-
Leia o texto para responder às questões 19 a 21 -
Adolescent
Health
Young people are a
large age group, comprising approximately 30% of the population in Latin
America and the Caribbean. Adolescents are generally considered to be a “healthy”
segment of the population, and their health needs are often ignored. However,
investing in health and education for young people and adjusting economic
policies enable productivity and economic growth.
In addition, investment
in young people’s health is essential to protect investments made in childhood
(e.g. significant investments in vaccines and food programs) and secures the
health of the future adult population. Most habits harmful to health are
acquired during adolescence and youth and manifest themselves as health
problems in adulthood (e.g. lung cancer caused by the consumption of tobacco),
adding an avoidable financial load to the health systems.
www.paho.org/en/. Acesso em 14.08.2024.
Adaptado
QUESTÃO 19
O assunto principal do texto é
a) o descaso da população adolescente com
a própria saúde.
b) o efeito tardio de maus hábitos de
saúde adquiridos desde a infância.
c) a relevância da vacinação e da merenda
escolar nas escolas.
d) a importância de políticas de
investimento na saúde de jovens e adolescentes.
e) o crescimento da população de jovens e
adolescentes no mundo.
QUESTÃO 20
No trecho, Adolescents are generally considered to be a “healthy” segment of the
population, o termo healthy está
entre aspas para
a) mostrar como uma crença pode se tornar
uma verdade.
b) questionar a crença quanto à boa saúde
dos jovens.
c) enfatizar que os adolescentes são de
fato uma população saudável.
d) destacar que o termo saudável é confuso
até para os médicos.
e) agregar sentido humorístico ao termo
saudável.
QUESTÃO 21
According to the text, an example of bad
habit acquired during adolescent years is
a) a sedentary lifestyle.
b) smoking.
c) lung cancer.
d) inadequate eating.
e) non-vaccination.
QUESTÃO 22
The main purpose of the ad is to
a) announce free hospital assistance.
b) promote Lakeridge Health Hospital.
c) offer safety and quality hospital
services
d) fight against discrimination.
e) offer a job in the health area.
- Leia o texto e examine o mapa para responder às questões 23 e 24 -
Global
literacy today
Of the world population
older than 15 years, the majority are literate, that is to say, can read and
write.
This map shows how literacy rates vary around the world. In many countries, more than 95% have basic literacy skills. Literacy skills of the majority of the population are a modern achievement. Globally, however, large inequalities continue. In some countries in sub-Saharan Africa, less than 1-in-3 adults (aged over 15 years) are able to both read and write.
While the earliest
forms of written communication date back to about 3,500–3,000 before the
Christian era, for centuries literacy remained a very restricted technology
closely associated with the exercise of power. It was only during the Middle
Ages that book production started growing, and literacy among the general
population slowly started becoming important in the Western World. However, it
took centuries for universal literacy to happen. It was only in the 19th and
20th centuries that rates of literacy approached universality in
early-industrialized countries.
Max Roser e Esteban Ortiz-Ospina, 03.2023.
https://ourworldindata.org/literacy. Acesso em 14.09.2024. Adaptado.
QUESTÃO 23
A comparação entre o texto e o mapa
permite afirmar que
a) 15 anos é a idade de corte por ser
aquela em que a alfabetização tende a estar completa.
b) o número de pessoas com alfabetização
adequada vem crescendo no mundo todo.
c) países africanos estão entre aqueles
com menor índice de alfabetização no mundo.
d) os países com maiores índices de
alfabetização encontram-se todos no Ocidente.
e) nenhum país do mundo já atingiu o nível
de 95% de sua população alfabetizada.
QUESTÃO 24
According to the last paragraph,
a) the first manifestations of written
language come from around five thousand years ago.
b) literacy is more and more associated
with technology and the exercise of power nowadays.
c) knowing how to read and write has
always been an important universal objective.
d) literacy became universal immediately
after large book production started.
e) literacy was particularly widespread during the Middle Ages.
1 |
2 |
3 |
4 |
5 |
6 |
C |
D |
A |
E |
C |
B |
7 |
8 |
9 |
10 |
11 |
12 |
D |
E |
A |
A |
C |
E |
13 |
14 |
15 |
16 |
17 |
18 |
B |
D |
B |
A |
E |
B |
19 |
20 |
21 |
22 |
23 |
24 |
D |
C |
E |
B |
D |
A |