16 dezembro 2024

SARESP 2024 - 2ª SÉRIE A

- Leia o texto a seguir para responder às questões 1 a 3 -

Quando criança, fui ensinada que a população negra havia sido escrava e ponto, como se não tivesse existido uma vida anterior nas regiões de onde essas pessoas foram tiradas à força. Disseram-me que a população negra era passiva e que “aceitou” a escravidão sem resistência. Também me contaram que a princesa Isabel havia sido sua grande redentora. No entanto, essa era a história contada do ponto de vista dos vencedores, como diz Walter Benjamin. O que não me contaram é que o Quilombo dos Palmares, na Serra da Barriga, em Alagoas, perdurou por mais de um século, e que se organizaram vários levantes como forma de resistência à escravidão, como a Revolta dos Malês e a Revolta da Chibata. Com o tempo, aprendi que a população negra havia sido escravizada, e não era escrava – palavra que denota que essa seria uma condição natural, ocultando que esse grupo foi colocado ali pela ação de outrem.

Djamila Ribeiro. Pequeno manual antirracista. São Paulo: Companhia das Letras, 2019. Adaptado

 

QUESTÃO 01

No texto, as palavras “escrava” e “escravizada” foram usadas para

a) relacionar atitudes: a população negra se mostrou passiva diante da escravidão por se recusar a lutar pela liberdade.

b) contrapor pontos de vista: a escravidão não era inerente à população negra, mas uma condição que lhe foi imposta.

c) contrastar situações: a população negra era livre na África, e se conformou à escravidão no Brasil contra a sua vontade.

d) justificar uma revisão histórica: nunca houve escravidão de fato no Brasil, o que exige repensar a história da população negra.

e) destacar uma contradição: a população negra não aceitou a escravidão, embora não tenha oferecido resistências contra ela.

 

QUESTÃO 02

A expressão “O que”, destacada no texto, faz referência a um conjunto de informações históricas que, de acordo com sua autora,

a) seguirá escondido por contrariar a narrativa dos vencedores.

b) deveria ser divulgado para impor uma derrota aos vencedores.

c) foi ensinado a partir da perspectiva dos vencedores.

d) passou a ser contado para minimizar a força dos vencedores.

e) foi ocultado para fazer prevalecer a visão dos vencedores.

 

QUESTÃO 03

É correto afirmar que, no texto,

a) “escrava” é um adjetivo que sugere passividade, enquanto “escravizada” é um verbo no particípio que de- nota um efeito de imposição.

b) tanto “escrava” quando “escravizada” são verbos no particípio que apresentam significados distintos, mas relacionados.

c) “escrava” é um verbo que indica uma condição natural, ao passo que “escravizada”, da mesma classe, denota submissão.

d) “escrava” e “escravizada” podem ser tanto verbo quanto adjetivo, a depender do papel histórico que se atribua à população negra.

e) “escrava” e “escravizada” são adjetivos que podem ser tratados como sinônimos, em oposição a “vencedores”.

 

- O texto a seguir reúne fragmentos de uma crônica. Leia-o para responder às questões 4 e 5 -

Fila de autógrafos. Qual o seu nome? Stephany. É como eu escreveria, mas pode ser Stefane, Stefany, Esttephani, assim como Tatiane pode ser Tathyane, Tatheani, Tathianne e Nícolas pode ser Nichollas, Níquolas, Nikollas. Fazer o quê? Chutar? Não é a solução mais simpática, melhor pedir gentilmente para que o leitor soletre. Está aí a explicação para as sessões de autógrafos se arrastarem por horas quando não há o papelzinho com o nome do leitor dentro do livro. E você achando que era por causa da popularidade do autor. [...]

O nome é parte fundamental da nossa identidade, a primeira informação que recebemos sobre nós mesmos e a primeira que fornecemos a estranhos, a fim de sermos introduzidos ao fabuloso mundo da socialização. Hoje somos oito bilhões no planeta e não há nomes exclusivos para todos, somos obrigados a compartilhar nossa marca pessoal com outros tantos. Por isso, entendo que papi e mami nos registrem com algum detalhe “charmoso” para nos diferenciar – o diabo é que só complicam. Poucas pessoas conseguem dizer seu nome sem adicionar a obser- vação: Elizza com dois z. Thalles com h e dois l. Walkyrya com w, k e dois y. Não é preciosismo, são os detalhes tão pequenos de nós todos. No meu caso, “Martha com th” virou praticamente nome composto.

Martha Medeiros. Com h, y e sem acento. Conversa na sala. Porto Alegre: L&PM, 2023. Adaptado

 

QUESTÃO 04

O ponto central da crônica tem a ver com o fato de que nomes próprios podem apresentar

a) combinações distintas de letras para produzir variações na pronúncia.

b) combinações de letras e pronúncias que não seguem a norma ortográfica.

c) uma mesma pronúncia a partir de diferentes combinações de letras.

d) pronúncias diferentes para uma mesma combinação de letras.

e) pronúncias estranhas às possibilidades de combinação de letras do português.

 

QUESTÃO 05

Podemos afirmar que a crônica apresenta

a) uma perspectiva irônica sobre o incômodo vivenciado por escritores que, diante da variação observada na pronúncia de nomes próprios, precisam solicitar aos seus leitores que soletrem os seus nomes.

b) uma atitude sarcástica sobre a diversidade ortográfica dos nomes próprios e a dificuldade em escrevê-los, introduzindo um questionamento sobre o seu papel como um elemento identitário.

c) uma visão crítica a respeito da variação na pronúncia e na ortografia de certos nomes, o que pode complicar o cotidiano das pessoas em situações nas quais precisam soletrar o seu nome.

d) uma postura bem-humorada a respeito do modo como alguns nomes próprios podem ser escritos, destacando a importância dos nomes em geral como uma marca de identidade no processo de socialização.

e) um manifesto de incentivo à socialização por meio de variações na escrita de nomes próprios, apesar das eventuais complicações que resultam das diferentes formas de escrever um mesmo nome.

 

QUESTÃO 06

As frases a seguir foram apresentadas em um manual de nheengatu, língua indígena amazônica, ao lado da sua tradução para o português brasileiro.

Ixé amunhã pirakaya — “Eu faço piracaia1

Indé remunhã pirakaya — “Você faz piracaia”

Aé umunhã pirakaya — “Ele/Ela faz piracaia.”

Yandé yamunhã pirakaya — “Nós fazemos piracaia.”

Penhé pemunhã pirakaya — “Vocês fazem piracaia”

Tá umunhã pirakaya — “Eles/elas fazem piracaia”

 

1peixe assado.

Florêncio Almeida Vaz Filho; Antônio Fernandes Góes Neto (eds). Nheengatu Tapajowara. Santarém: SELO Gráfica Editora, 2016

 

Na conjugação verbal apresentada nesses exemplos específicos das duas línguas, observa-se que

a) a flexão verbal é prefixal no nheengatu e sufixal no português.

b) a raiz verbal é regular tanto no nheengatu quanto no português.

c) a flexão não se junta à raiz verbal no nheengatu, ao contrário do português.

d) as marcas de primeira pessoa são idênticas às de terceira nas duas línguas.

e) na terceira pessoa, nenhuma das línguas faz distinção entre singular e plural.

 

- Leia o texto a seguir para responder às questões 7 e 8 -

Somos um feixe variado de normas divergentes, e não apenas em termos de sotaque, elemento mais costumeiramente evocado para tratar da diversidade de normas regionais. Um bom exemplo: embora quase todo o país empregue o pronome você (já passou da hora de a gente assumir que é um pronome), ainda há grandes bolsões de uso de tu, com ou sem flexão do verbo na segunda pessoa. Dizemos você fez, tu fez, tu fizeste (e também tu fizesse, como no litoral catarinense). [...]

O que dizer do fato de que a minha norma, por exemplo, diferencia graus de formalidade entre construções como “Você me trouxe o seu livro” (engravatada) e “Você me trouxe o teu livro” (de pijama)? [...] A minha geração de curitibanos lida não com um “erro” de concordância, mas com uma delicada regra de aplicação variável e determinação contextual. E isso, cara leitora, caro leitor, também é gramática.

Caetano Galindo. Latim em pó. Um passeio pela formação do nosso português. São Paulo: Companhia das Letras, 2022, pp. 202-203

 

QUESTÃO 07

No texto, a palavra “erro” foi apresentada entre aspas porque, na perspectiva do seu autor,

a) as regras gramaticais não são definidas por nenhuma norma, o que vale tanto para o emprego de “teu” quanto de “seu”.

b) variações como as observadas entre os exemplos citados não se devem a um erro, pois fazem parte de uma determinada norma.

c) embora o emprego de “você” em lugar de “tu” consista em um erro gramatical, o seu uso frequente justifica tratá-lo como um pronome.

d) a decisão sobre o que é certo ou errado nas marcas de concordância deve seguir a norma padrão, respeitando-se as diferenças entre os sotaques.

e) os exemplos mencionados são corretos em qualquer norma do português, independentemente das diferenças regionais.

 

QUESTÃO 08

Considerando o ponto de vista defendido no texto, assinale a alternativa em que o par de sentenças pode ser tomado como um exemplo da variação entre norma “engravatada” e norma “de pijama”, respectivamente.

a) Podemos viajar nas férias. / Nós podemos viajar nas férias.

b) Me abrace. / Me dê um abraço.

c) Ontem jantamos cedo. / Jantamos cedo ontem.

d) As crianças adoram biscoito. / As crianças amam bolacha.

e) Irei ao cinema amanhã. / Vou ir no cinema amanhã.

 

- Leia o texto a seguir para responder às questões 9 e 10 -

“POSTO QUE É CHAMA”: VINICIUS BEBEU?

Que não seja imortal, posto que é chama / Mas que seja eterno enquanto dure.

 

É provável que o poeta Vinicius de Moraes tivesse, sim, tomado algumas doses de “cachorro engarrafado” – isto é, de uísque, que ele chamava de “o melhor amigo do homem” – quando escreveu sua obra-prima “Soneto de fidelidade”, que termina com os versos acima. [...]

Vinicius contrariou frontalmente a gramática tradicional com seu uso de posto que como conjunção explicativa (ou causal, dependendo do autor). O sentido dos versos é claro: o amor não é imortal, visto que é chama, isto é, por ser chama, mas o poeta deseja que, enquanto durar, tenha brilho infinito.

Só que Vinicius optou por não usar o visto que, que, além de caber na métrica, agradaria aos conservadores da língua. Foi mesmo de posto que, uma locução conjuntiva controversa.

Os gramáticos tradicionais atribuem a posto que valor exclusivamente concessivo, o mesmo de embora, como na seguinte frase: “Gosto dele, posto que seja meio antipático”. Para eles, qualquer uso diferente é erro e pronto.

O português brasileiro ignora há muitas décadas essa análise e insiste em empregar posto que com papel explicativo. Isso não se dá por ignorância, ou não só por ignorância: encontra acolhida entre falantes cultos e parece se basear numa análise alternativa da expressão. Regras mudam.

Deliberadamente ou não, Vinicius de Moraes, um dos mestres do português brasileiro, tomou o partido da língua viva – o que no caso dele faz o maior sentido – e deu ao pessoal da linha dura uma dor de cabeça infinita (enquanto durar) [...].

Sérgio Rodrigues. “Posto que é chama”: Vinicius bebeu? Viva a língua brasileira. São Paulo: Companhia das Letras, 2016. p.148-149

 

QUESTÃO 09

Assinale a alternativa que apresenta corretamente as ideias do texto.

a) O uso de “posto que” com valor explicativo ou causal é comum entre falantes com alto nível de escolarização, embora esse uso não esteja previsto nos manuais de gramática mais conservadores.

b) O valor explicativo de “posto que” deveria ser levado em conta pelas gramáticas tradicionais, que se limitam a apresentar essa locução conjuntiva como tendo um valor causativo ou concessivo.

c) Assim como muitos falantes da língua, Vinicius de Moraes empregou o “posto que” da forma como vemos essa locução ser usada na fala informal e espontânea, que não dispõe de conjunções com valor concessivo.

d) Devemos evitar o uso de “posto que” com um valor que não seja o definido nas gramáticas tradicionais, a não ser que seja para criar uma imagem poética, como vemos no Soneto da Fidelidade.

e) A atribuição de um valor explicativo ou causal para “posto que” revela que mesmo os falantes mais cultos do português ignoram como as locuções conjuntivas da língua devem ser usadas.

 

QUESTÃO 10

Assinale a alternativa na qual, de acordo com o texto, o uso de “posto que” segue o que está previsto nas gramáticas tradicionais.

a) O mundo seria melhor, posto que as pessoas fossem mais generosas.

b) O meu time jogou tão mal, posto que perdeu para o time adversário.

c) Fui aprovado no concurso, posto que tivesse estudado muito pouco.

d) Pratiquei atividades físicas o dia inteiro, posto que fiquei cansado.

e) As ruas da cidade ficaram alagadas, posto que choveu demais.

 

- Observe as imagens a seguir para responder às questões 11 e 12 -




QUESTÃO 11

É correto afirmar que a campanha e a charge

a) ilustram temas idênticos e se valem da linguagem verbal e não verbal com o mesmo objetivo: nos dois casos, elementos verbais e não verbais são introduzi- dos para apresentar informações quantitativas.

b) tratam de temas similares, apesar de recorrerem a estratégias diferentes ao usar a linguagem verbal e não verbal: os recursos verbais se sobressaem na charge, mas estão em segundo plano na campanha.

c) se referem a temas distintos e não utilizam a linguagem verbal e não verbal da mesma forma: na campanha, os elementos verbais são escassos, ao contrário do que se observa na charge, em que são abundantes.

d) exploram o mesmo tema, mas se distinguem quanto aos efeitos da combinação entre a linguagem verbal e não verbal: na charge, um elemento verbal é formado a partir de elementos não verbais, o que não ocorre na campanha.

e) abordam temas diferentes, embora se aproximem quanto ao uso da linguagem verbal e não verbal: recursos imagéticos são empregados juntamente com frases oracionais em um e outro caso.

 

QUESTÃO 12 

Assinale a alternativa que apresenta corretamente uma possibilidade de expressar o sentido da relação estabelecida entre as orações com “ver” e “existir” na campanha.

a) Ainda que existisse trabalho infantil, talvez você não o veria.

b) Existe trabalho infantil, embora você não o veja.

c) Se existe trabalho infantil é porque você não o vê.

d) Existe trabalho infantil, então você não o vê.

e) Quando existe trabalho infantil, você não o vê.

 

QUESTÃO 13

Leia o texto para responder à questão.

O Brasil tem 1,9 milhões de crianças e adolescentes em situação de trabalho infantil, o equivalente a 4,9% do total de jovens entre 5 e 17 anos no país.

Pesquisa [do IBGE] apontou que, em 2022, 756 mil crianças e adolescentes exerciam atividades da Lista TIP1, do governo federal, que elenca as piores formas de trabalho infantil no país. No geral, são serviços que envolvem risco de acidentes ou são prejudiciais à saúde.

A Organização Internacional do Trabalho (OIT) define trabalho infantil como aquele que é perigoso e prejudicial para a criança/adolescente e que interfere na sua escolarização.

Julia Nunes. Quase 5% das crianças e adolescentes do país estão em situação de trabalho infantil... G1. https://g1.globo.com/. Acesso em 01.08.2024. Adaptado

 

1 Lista TIP, Lista das Piores Formas de Trabalho Infantil, citada no texto seguinte.

 

De acordo com o texto, o qual apresenta definições e estatísticas preocupantes sobre o que é considerado trabalho infantil, é correto afirmar:

a) 4,9% de todas as crianças brasileiras estão em situação de trabalho infantil e exercem as piores formas de trabalho.

b) a Organização Internacional do Trabalho garante a segurança das crianças brasileiras que exercem as piores formas de trabalho.

c) 4,9% do total de jovens entre 5 e 17 anos no país estão em situação de trabalho infantil e exercem as piores formas de trabalho.

d) a definição de trabalho infantil dada pela OIT nada tem a ver com o que o governo federal brasileiro considera trabalho infantil.

e) uma parte das crianças brasileiras em situação de trabalho infantil, segundo o IBGE, exerce as piores formas de trabalho.

 

- Leia o poema Meninos carvoeiros, de Manuel Bandeira, para responder às questões 14 e 15. - 

MENINOS CARVOEIROS

Os meninos carvoeiros Passam a caminho da cidade.

— Eh, carvoero!

E vão tocando os animais com um relho enorme.

 

Os burros são magrinhos e velhos.

Cada um leva seis sacos de carvão de lenha.

A aniagem1 é toda remendada.

Os carvões caem.

 

(Pela boca da noite vem uma velhinha que os recolhe,

dobrando-se com um gemido.)

 

— Eh, carvoero!

Só mesmo estas crianças raquíticas

Vão bem com estes burrinhos descadeirados.

A madrugada ingênua parece feita para eles…

Pequenina, ingênua miséria!

Adoráveis carvoeirinhos que trabalhais como se brincásseis!

 

— Eh, carvoero!

 

Quando voltam, vêm mordendo num pão encarvoado,

Encarapitados2 nas alimárias3,

Apostando corrida,

Dançando, bamboleando nas cangalhas4 como espantalhos desamparados.

(Petrópolis, 1921) 

Manuel Bandeira. O ritmo dissoluto. In: Estrela da Vida Inteira. Introdução de Gilda e Antonio Candido Mello e Sousa. 16. ed. Rio de Janeiro: José Olympio

 

1 tecido rústico de juta, fibra vegetal, entre outros materiais.

2 colocado em local mais elevado.

3 animal quadrúpede ou de carga.

4 apetrecho de madeira ou ferro, encaixado no lombo dos animais para pendurar carga de ambos os lados.

 

QUESTÃO 14

Considerando-se a linguagem dos poemas enquanto gênero literário, é correto afirmar que o texto do modernista Manuel Bandeira

a) é compatível com a linguagem poética, pois o narrador, por meio de sua visão sobre os meninos carvoeiros, revela a sua compaixão e espanto diante do sofrimento inocente e contraditoriamente alegre das crianças.

b) contradiz a linguagem poética, pois o eu lírico, apesar de estruturar o texto em estrofes, compõe os versos de forma excessivamente longa, o que desfaz o equilíbrio da estrofe.

c) tem traços de linguagem poética, pois o eu-lírico narra e descreve em linguagem direta acontecimentos do cotidiano: a triste realidade de crianças trabalhadoras e de uma senhora abaixo da linha da pobreza.

d) é marcado pela linguagem poética, pois o eu lírico, por meio de sua visão sobre os meninos carvoeiros da Petrópolis de 1921, revela a sua compaixão e espanto diante do sofrimento inocente e contraditoriamente alegre das crianças.

e) é incompatível com a linguagem poética, pois o eu lírico, embora se utilize da estrutura de estrofes e versos, opta pelos “versos brancos”, sem rima, e pelos versos sem métrica fixa.

 

- Para responder à questão 15, considere, além do poema, o texto a seguir. 

Lista das Piores Formas de Trabalho Infantil (Lista TIP)

Descrição dos Trabalhos:

1. Na direção e operação de tratores, máquinas agrícolas e esmeris, quando motorizados e em movimento.

2. No processo produtivo do fumo, algodão, sisal, cana-de-açúcar e abacaxi.

3. Na colheita de cítricos, pimenta malagueta e semelhantes.

4. No beneficiamento do fumo, sisal, castanha de caju e cana-de-açúcar.

5. Na pulverização, manuseio e aplicação de agrotóxicos, adjuvantes, e produtos afins, incluindo limpeza de equipamentos, descontaminação, disposição e retorno de recipientes vazios. 

6. Em locais de armazenamento ou de beneficiamento em que haja livre desprendimento de poeiras de cereais e de vegetais.

7. Em estábulos, cavalariças, currais, estrebarias ou pocilgas, sem condições adequadas de higienização.

8. No interior ou junto a silos de estocagem de forragem ou grãos com atmosferas tóxicas, explosivas ou com deficiência de oxigênio.

9. Com sinalizador na aplicação aérea de produtos ou defensivos agrícolas.

10. Na extração e corte de madeira.

11. Em manguezais e lamaçais.

Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. DECRETO Nº 6.481, DE 12 DE JUNHO DE 2008. https://legislacao.presidencia.gov.br/atos/. Acesso em 08.08.2024. Adaptado

 

QUESTÃO 15

Aproximando o poema do modernista Manuel Bandeira, escrito em 1921, e a Lista das Piores Formas de Trabalho Infantil, legislação de 2008, pode-se concluir que

a) os meninos carvoeiros, hoje em dia, seriam considerados crianças que exercem uma atividade TIP, pois trabalham em condições precárias, são raquíticos e parecem, aos olhos do eu lírico, desamparados.

b) a alegria e a brincadeira dos meninos carvoeiros, hoje em dia, os isentariam de integrar a lista TIP, na qual os trabalhos infantis elencados evidenciam que as crianças não podem ser felizes.

c) a visão compadecida do eu lírico iguala os meninos carvoeiros e a velhinha que recolhe os carvões caídos (“dobrando-se com um gemido”), de modo que essas crianças nada teriam a ver com a lista TIP.

d) os meninos carvoeiros, hoje em dia, estão em situação de conformidade com os direitos fundamentais crianças e adolescentes, já que eles trabalham, se divertem e têm pão para comer, portanto, longe da lista TIP.

e) os meninos carvoeiros, hoje em dia, seriam considerados crianças que exercem uma atividade TIP, assim como os animais, que recebem maus-tratos (são tocados por um “relho”, carregam peso, são magros e velhos).

 

QUESTÃO 16    

Leia o texto a seguir.

À CIDADE DA BAHIA

 

A cada canto um grande conselheiro

Que nos quer governar cabana e vinha;

Não sabem governar sua cozinha

E podem governar o mundo inteiro.

 

Em cada porta um bem frequente olheiro

Que a vida do vizinho e da vizinha

Pesquisa, escuta, espreita e esquadrinha

Para o levar à praça e ao terreiro.

 

Muitos mulatos desavergonhados,

Trazidos sob os pés os homens nobres,

Posta nas palmas toda a picardia1,

 

Estupendas usuras2 nos mercados,

Todos os que não furtam muito pobres:

E eis aqui a cidade da Bahia3.

Gregório de Matos. Seleção de Obras Poéticas. Domínio Público. https://cutt.ly/EJ6AtFH. Acesso em 02.08.2024. Adaptado

 

Glossário:

1 ação daquele que engana, logra.

2 ambição excessiva (por dinheiro ou outro tipo de poder)

3 Salvador (BA), capital do Brasil à época do poema.

 

A leitura do poema de Gregório de Matos, do Barroco do século XVII baiano, permite concluir que o eu lírico

a) endereça sua crítica aos mulatos, mercadores e fofo- queiros, poupando, neste poema satírico, os fidalgos portugueses.

b) utiliza da convenção da sátira barroca em relação à cidade de Salvador, evocando sua gente como incompetente, desonesta, ambiciosa e bisbilhoteira.

c) faz uma sátira em que ataca os vícios e os viciosos, incluindo-se nela, já que conhecia muito bem a cidade da Bahia, onde vivia.

d) evoca o período colonial brasileiro e as crises moral e econômica da época, as quais nada têm a ver com o tempo em que o poema foi escrito.

e) traz à cena personagens e valores da sociedade portuguesa antiga, que nada têm a ver com a colonização do Brasil.

 

 QUESTÃO 17

Para responder à questão, leia o texto a seguir.

– Quem seria o dono execrável deste bichinho, que teve ânimo de se desfazer dele por alguns pares de níqueis?

E o canário, quedando-se em cima do poleiro, trilou isto:

– Quem quer que sejas tu, certamente não estás em teu juízo. Não tive dono execrável

– Como – interrompi eu, sem ter tempo de ficar espantado. Então o teu dono não te vendeu a esta casa? Não foi a miséria ou a ociosidade que te trouxe a este cemitério, como um raio de sol?

– Não sei que seja sol nem cemitério. Se os canários que tens visto usam do primeiro desses nomes, tanto melhor, porque é bonito, mas estou que confundes.

– Perdão, mas tu não vieste para aqui à toa, sem ninguém, salvo se o teu dono foi sempre aquele homem que ali está sentado.

– Que dono? Esse homem que aí está é meu criado, dá-me água e comida todos os dias, com tal regularidade que eu, se devesse pagar-lhe os serviços, não seria com pouco; mas os canários não pagam criados. Em verdade, se o mundo é propriedade dos canários, seria extravagante que eles pagassem o que está no mundo.

Pasmado das respostas, não sabia que mais admirar, se a linguagem, se as ideias. O canário, movendo a um lado e outro, esperava que eu lhe falasse. Perguntei-lhe então se tinha saudades do espaço azul e infinito...

– Mas, caro homem – trilou o canário –, que quer dizer espaço azul e infinito?

– Mas, perdão, que pensas deste mundo? Que cousa é o mundo?

– O mundo — redarguiu o canário com certo ar de professor –, o mundo é uma loja de belchior, com uma pequena gaiola de taquara, quadrilonga, pendente de um prego; o canário é senhor da gaiola que habita e da loja que o cerca. Fora daí, tudo é ilusão e mentira.

Nisto acordou o velho, e veio a mim arrastando os pés.

Perguntou-me se queria comprar o canário

– As navalhas estão em muito bom uso – concluiu ele.

– Quero só o canário.

Machado de Assis. Ideias de Canário. In: Páginas recolhidas. Edição eletrônica disponível em https://machadodeassis.net/texto/ ideias-de-canario/32285/. Acesso em 08.08.2024. Adaptado

 

A alternativa que contém uma afirmação correta acerca do texto é:

a) o texto se caracteriza como uma fábula, pois é de pequena extensão, tem como personagens animais que falam e quase sempre termina com um ensinamento moral aos leitores jovens.

b) desde o início, o conto expressa conflitos, pois o canário permanece o tempo todo em uma luta verbal com o comprador, mostrando-se inflexível ao expor o seu conhecimento de mundo.

c) nessa crônica, o único sentido possível para o mistério que é tema central do conto (o canário que tem ideias e as comunica) é a loucura de Macedo, o comprador, posto que somente ele ouve a ave.

d) nesta crônica não existe uma situação inusitada. Por se tratar de texto de ficção, o autor pode escolher qualquer tipo de ideia para ser desenvolvida na história.

e) já no início do conto, revela-se uma situação inusitada: além de falar, a ave se mostra um tipo arrogante, que só enxerga o mundo e os acontecimentos a partir de seu próprio ponto de vista.

 

QUESTÃO 18

Leia o texto, para responder à questão.

Busque Amor novas artes, novo engenho,

para matar-me, e novas esquivanças;

que não pode tirar-me as esperanças,

que mal me tirará o que eu não tenho.

 

Olhai de que esperanças me mantenho!

Vede que perigosas seguranças!

Que não temo contrastes nem mudanças,

andando em bravo mar, perdido o lenho.

 

Mas, conquanto não pode haver desgosto

onde esperança falta, lá me esconde

Amor um mal, que mata e não se vê.

 

Que dias há que n’alma me tem posto

um não sei quê, que nasce não sei onde,

vem não sei como, e dói não sei porquê.

Luís Vaz de Camões. Edição de Dr. Álvaro Júlio da Costa Pimpão. http://www.dominiopublico.gov.br/download/. Adaptado

 

É correto afirmar que o texto camoniano é um

a) exemplar da poesia épica, no qual se identifica o paradoxo em “não temo contrastes nem mudanças”.

b) soneto de temática heroica d’Os Lusíadas, no qual se identifica a metáfora “não pode tirar-me as esperanças”.

c) soneto de temática lírico-amorosa, no qual se identifica o paradoxo em “perigosa segurança”.

d) exemplar de canção trovadoresca, no qual se identifica a metáfora em “novas artes, novo engenho”.

e) poema de temática religiosa, no qual se identifica o paradoxo em “nasce não sei onde”. 

 

- Leia o texto para responder às questões 19 a 21 -

Adolescent Health

Young people are a large age group, comprising approximately 30% of the population in Latin America and the Caribbean. Adolescents are generally considered to be a “healthy” segment of the population, and their health needs are often ignored. However, investing in health and education for young people and adjusting economic policies enable productivity and economic growth.

In addition, investment in young people’s health is essential to protect investments made in childhood (e.g. significant investments in vaccines and food programs) and secures the health of the future adult population. Most habits harmful to health are acquired during adolescence and youth and manifest themselves as health problems in adulthood (e.g. lung cancer caused by the consumption of tobacco), adding an avoidable financial load to the health systems.

www.paho.org/en/. Acesso em 14.08.2024. Adaptado

 

QUESTÃO 19

O assunto principal do texto é

a) o descaso da população adolescente com a própria saúde.

b) o efeito tardio de maus hábitos de saúde adquiridos desde a infância.

c) a relevância da vacinação e da merenda escolar nas escolas.

d) a importância de políticas de investimento na saúde de jovens e adolescentes.

e) o crescimento da população de jovens e adolescentes no mundo.

 

QUESTÃO 20 

No trecho, Adolescents are generally considered to be a “healthy” segment of the population, o termo healthy está entre aspas para

a) mostrar como uma crença pode se tornar uma verdade.

b) questionar a crença quanto à boa saúde dos jovens.

c) enfatizar que os adolescentes são de fato uma população saudável.

d) destacar que o termo saudável é confuso até para os médicos.

e) agregar sentido humorístico ao termo saudável.

 

QUESTÃO 21

According to the text, an example of bad habit acquired during adolescent years is

a) a sedentary lifestyle.

b) smoking.

c) lung cancer.

d) inadequate eating.

e) non-vaccination.

 

QUESTÃO 22

 


The main purpose of the ad is to

a) announce free hospital assistance.

b) promote Lakeridge Health Hospital.

c) offer safety and quality hospital services

d) fight against discrimination.

e) offer a job in the health area.

 

- Leia o texto e examine o mapa para responder às questões 23 e 24 -

Global literacy today

Of the world population older than 15 years, the majority are literate, that is to say, can read and write.

This map shows how literacy rates vary around the world. In many countries, more than 95% have basic literacy skills. Literacy skills of the majority of the population are a modern achievement. Globally, however, large inequalities continue. In some countries in sub-Saharan Africa, less than 1-in-3 adults (aged over 15 years) are able to both read and write. 

While the earliest forms of written communication date back to about 3,500–3,000 before the Christian era, for centuries literacy remained a very restricted technology closely associated with the exercise of power. It was only during the Middle Ages that book production started growing, and literacy among the general population slowly started becoming important in the Western World. However, it took centuries for universal literacy to happen. It was only in the 19th and 20th centuries that rates of literacy approached universality in early-industrialized countries.

Max Roser e Esteban Ortiz-Ospina, 03.2023. https://ourworldindata.org/literacy. Acesso em 14.09.2024. Adaptado.

 

 


 

QUESTÃO 23

A comparação entre o texto e o mapa permite afirmar que

a) 15 anos é a idade de corte por ser aquela em que a alfabetização tende a estar completa.

b) o número de pessoas com alfabetização adequada vem crescendo no mundo todo.

c) países africanos estão entre aqueles com menor índice de alfabetização no mundo.

d) os países com maiores índices de alfabetização encontram-se todos no Ocidente.

e) nenhum país do mundo já atingiu o nível de 95% de sua população alfabetizada.

 

QUESTÃO 24

According to the last paragraph,

a) the first manifestations of written language come from around five thousand years ago.

b) literacy is more and more associated with technology and the exercise of power nowadays.

c) knowing how to read and write has always been an important universal objective.

d) literacy became universal immediately after large book production started.

e) literacy was particularly widespread during the Middle Ages.








 

 

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PET PEEVES

A) What drives you crazy? B) Exchange ideas in small groups. - Tell each other about your pet peeves. You may say:              * It d...