Há muito tempo, numa pequena aldeia remota, vivia
uma pobre família constituída por um escultor chamado Kalunga, a esposa Kianda
e os três pequenos filhos.
Enquanto a mãe cultivava os campos, os meninos
procuravam na floresta pedaços de madeira que, durante a noite, o pai convertia
em figuras de pessoas e animais. Essas esculturas ganhavam vida própria.
Num certo inverno o Sol deixou de se levantar e o
mundo se cobriu de escuro e de frio. Sem poder caçar, sem poder plantar, a
família acreditou ter chegado o fim.
Kianda pensou: é preciso contar histórias às
nossas crianças. Alimentamo-los de contos, disse ela. Mas nós não conhecemos
nenhuma história, lembrou Kalunga.
E decidiu que partiria pelo mundo à procura de
histórias enquanto o marido partiria pelos campos em busca de comida.
Nos penosos caminhos, a mulher encontrou
diferentes animais da savana.
A todos ela pediu uma história. Todos recusaram,
estavam com pressa, estavam com medo.
Até que a mulher chegou a uma praia e deparou com
uma tartaruga gigante.
Pediu-lhe uma história e a tartaruga disse:
– Deus fez-me com um pé na areia e outro na água.
Levo-te ao fundo do mar. Ali moram os espíritos do oceano. Ninguém mais do que
eles têm histórias para contar.
E desceram ao abismo. O rei e a rainha do fundo
do mar escutaram o pedido e declararam: damos-te histórias se nos deres algo em
troca. Queremos algo que nos mostre como é esse grande mundo que fica acima do
mar.
Kianda regressou a terra, torturada pela dúvida:
o que lhes poderia oferecer?
Ao entrar em casa, Kianda percebeu o que tinha
que fazer. E pediu ao marido que escolhesse a sua mais bela escultura. Com essa
escultura nos braços, a mulher voltou ao fundo do mar.
A rainha e o rei espíritos do mar contemplaram
longamente a obra de madeira e nela descobriram os encantos de um reino que
desconheciam.
De todas as vezes que olhavam descobriam coisas
diferentes. Em troca daquele favor, entregaram a Kianda um enorme búzio. Sempre
que quiseres escutar uma história, disseram eles, basta que encostes este búzio
ao ouvido.
E foi o que ela fez quando retornou a casa. Os
meninos se extasiaram perante o misterioso e incessante sussurro que vinha de
dentro do búzio.
Os meninos ouviam o mar, o rio de todos os rios,
o primeiro de todos os ventres. Nessa escuta, eles a si mesmos se
reencontravam.
Então, o Sol regressou à savana. E para sempre se
foi o tempo do escuro, da fome e do frio.
Essa
história apresenta personagens que vivenciam fatos ficcionais, inspirados na
tradição familiar africana.
Perceba que a família
viveu um tempo de escuridão e de dificuldades até que tudo passou: o escuro, a
fome e o frio.
a)
Que elemento foi responsável tanto pelo surgimento quanto pelo fim da escuridão
na Savana?
Ao apresentar os
personagens, o narrador conta que Kalunga, Kianda e seus três filhos viviam em
uma pequena aldeia.
b)
Que substantivo foi usado para nomear o grupo formado por esses personagens?
c)
Quais palavras acompanham esse substantivo?
d)
Das palavras que acompanham o substantivo, uma delas indica que não se trata de
uma família tradicional africana específica. Que palavra é essa?
e)
Relembrando seus conhecimentos, a que classe gramatical pertence tal palavra?
f)
Por que essa palavra foi empregada na apresentação da família, logo no início
do conto?
g) Já no terceiro parágrafo, o substantivo família foi precedido do artigo a em “a família acreditou ter chegado o fim”. Como é possível justificar a mudança no uso do artigo?
Na passagem a seguir, foram empregados apenas artigos definidos, que especificam cada um dos substantivos já conhecidos do leitor.
Os
meninos ouviam o mar, o rio de todos os rios, o primeiro de todos os ventres.
Nessa escuta, eles a si mesmos se reencontravam.
h)
Identifique os substantivos e os artigos que os acompanham.
i)
Considerando a passagem citada, como você explica a importância desse presente
recebido pelos filhos de Kalunga e Kianda?
Agora, leia com atenção esta passagem:
O
rei e a rainha do fundo do mar escutaram o pedido e declararam: [...].
j)
Que substantivos nomeiam os personagens que vivem no fundo do mar?
k)
Como você justifica o emprego dos artigos definidos o e a?
Observe este parágrafo:
A
rainha e o rei espíritos do mar contemplaram longamente a obra de madeira e
nela descobriram os encantos de um reino que desconheciam.
l) Identifique o artigo indefinido masculino singular que aparece nesse trecho e o substantivo que é acompanhado por ele.
m)
Por que, nesse caso, foi empregado um artigo indefinido, e não definido?
n)
Ainda considerando esse parágrafo, explique o motivo de o artigo os estar empregado no masculino plural.
o) Em “Pediu-lhe uma história e a tartaruga disse: [...]”, o sentido da frase seria alterado se o artigo indefinido uma fosse retirado?
p)
Se o artigo definido a, que
acompanha o substantivo feminino singular tartaruga,
fosse retirado, haveria alteração de sentido?