QUESTÃO 01
Resolvo-me a contar, depois de
muita hesitação, casos passados há dez anos – e, antes de começar, digo os
motivos por que silenciei e por que me decido. Não conservo notas: algumas que
tomei foram inutilizadas e, assim, com o decorrer do tempo, ia-me parecendo
cada dia mais difícil, quase impossível, redigir esta narrativa. Além disso,
julgando a matéria superior às minhas forças, esperei que outros mais aptos se
ocupassem dela. Não vai aqui falsa modéstia, como adiante se verá. Também me
afligiu a ideia de jogar no papel criaturas vivas, sem disfarces, com os nomes
que têm no registro civil. Repugnava-me deformá-las, dar-lhes pseudônimo, fazer
do livro uma espécie de romance; mas teria eu o direito de utilizá-las em
história presumivelmente verdadeira? Que diriam elas se se vissem impressas,
realizando atos esquecidos, repetindo palavras contestáveis e obliteradas?
RAMOS, Graciliano. Memórias
do cárcere. Rio de Janeiro: Record, 2000, v.1, p. 33.
Em relação ao seu contexto
literário e sócio-histórico, esse fragmento da obra Memórias do Cárcere, do
escritor Graciliano Ramos,
a)
inova na ficção intimista que caracteriza a produção romanesca do modernismo da
década de 30 do século XX.
b) aborda literariamente teses socialistas, o que faz
do romance de Graciliano Ramos um texto panfletário.
c)
é marcada pelo traço regionalista pitoresco e romântico, que é retomado pelo
autor em pleno modernismo.
d)
apresenta, em linguagem conscientemente trabalhada, a tensão entre o eu do
escritor e o contexto que o forma.
e)
configura-se como uma narrativa de linguagem rebuscada e sintaxe complexa, de
difícil leitura.
QUESTÃO 02
E fui mostrar ao ilustre
hóspede [o governador do Estado] a serraria, o descaroçador e o estábulo.
Expliquei em resumo a prensa, o dínamo, as serras e o banheiro carrapaticida.
De repente supus que a escola poderia trazer a benevolência do governador para
certos favores que eu tencionava solicitar.
– Pois sim senhor. Quando V.
Exª. vier aqui outra vez, encontrará essa gente aprendendo cartilha.
RAMOS, G. São Bernardo.
Rio de Janeiro: Record, 1991.
O fragmento do romance de
Graciliano Ramos dialoga com o contexto da Primeira República no Brasil, ao
focalizar o(a)
a)
derrocada de práticas clientelistas.
b) declínio do antigo atraso socioeconômico.
c)
liberalismo desapartado de favores do Estado.
d)
fortalecimento de políticas públicas educacionais.
e)
aliança entre a elite agrária e os dirigentes políticos.
QUESTÃO 03
Era o êxodo da seca de 1898.
Uma ressurreição de cemitérios antigos – esqueletos redivivos, com o aspecto terroso
e o fedor das covas podres.
Os fantasmas estropiados como
que iam dançando, de tão trôpegos e trêmulos, num passo arrastado de quem leva
as pernas, em vez de ser levado por elas.
Andavam devagar, olhando para
trás, como quem quer voltar. Não tinham pressa em chegar, porque não sabiam
aonde iam. Expulsos de seu paraíso por espadas de fogo, iam, ao acaso, em
descaminhos, no arrastão dos maus fados.
Fugiam do sol e o sol guiava-os
nesse forçado nomadismo.
Adelgaçados na magreira cômica,
cresciam, como se o vento os levantasse. E os braços afinados desciam-lhes aos
joelhos, de mãos abanando.
Vinham escoteiros. Menos os
hidrópicos – de ascite consecutiva à alimentação tóxica – com os fardos das barrigas
alarmantes.
Não tinham sexo, nem idade, nem
condição nenhuma. Eram os retirantes. Nada mais.
ALMEIDA, J. A. A bagaceira.
Rio de Janeiro: J. Olympio, 1978.
Os recursos composicionais que
inserem a obra no chamado “Romance de 30” da literatura brasileira manifestam-se
aqui no(a)
a)
desenho cru da realidade dramática dos retirantes.
b) indefinição dos espaços para efeito de
generalização.
c)
análise psicológica da reação dos personagens à seca.
d)
engajamento político do narrador ante as desigualdades.
e)
contemplação lírica da paisagem transformada em alegoria.
QUESTÃO 04
Direito e avesso
Rachel de Queiroz
Conheci uma moça que escondia
como um crime certa feia cicatriz de queimadura que tinha no corpo. De pequena
a mãe lhe ensinara a ocultar aquela marca de fogo e nem sei que impulso de
desabafo levou-a a me falar nela; e creio que logo se arrependeu, pois me
obrigou a jurar que jamais repetiria a alguém o seu segredo. Se agora o conto é
porque a moça é morta e a sua cicatriz já estará em nada, levada com o resto
pelas águas de março, que levam tudo.
Lembrou-me isso ao escutar
outra moça, também vaidosa e bonita, que discorria perante várias pessoas a
respeito de uma deformação congênita que ela, moça, tem no coração. Falava
daquilo com mal disfarçado orgulho, como se ter coração defeituoso fosse uma
distinção aristocrática que se ganha de nascença e não está ao alcance de
qualquer um.
E aí saí pensando em como as
pessoas são estranhas. Qualquer deformação, por mais mínima, sendo em parte
visível do nosso corpo, a gente a combate, a disfarça, oculta como um vício
feio. Este senhor, por exemplo, que nos explica, abundantemente, ser vítima de
divertículos (excrescências em forma de apêndice que apareceram no seu
duodeno), teria o mesmo gosto em gabar-se da anomalia se em lugar dos
divertículos tivesse lobinhos pendurados no nariz? Nunca vi ninguém expor com
orgulho a sua mão de seis dedos, a sua orelha malformada; mas a má formação
interna é marca de originalidade, que se descreve aos outros com evidente
orgulho.
Doença interna só se esconde
por medo da morte – isto é, por medo de que, a notícia se espalhando, chegue a
morte mais depressa. Não sendo por isso, quem tem um sopro no coração se gaba
dele como de falar japonês.
Parece que o principal
impedimento é o estético. Pois se todos gostam de se distinguir da multidão,
nem que seja por uma anomalia, fazem ao mesmo tempo questão de que essa
anomalia não seja visivelmente deformante. Ter o coração do lado direito é uma
glória, mas um braço menor que o outro é uma tragédia. Alguém com os dois olhos
límpidos pode gostar de épater uma roda de conversa, explicando que não
enxerga coisíssima nenhuma por um daqueles límpidos olhos, e permitira mesmo
que os circunstantes curiosos lhe examinem o olho cego e constatem de perto que
realmente não se nota diferença nenhuma com o olho são. Mas tivesse aquela
pessoa o olho que não enxerga coalhado pela gota-serena, jamais se referiria ao
defeito em público; e, caso o fizesse, por excentricidade de temperamento
sarcástico ou masoquista, os circunstantes bem-educados se sentiriam na obrigação
de desviar a vista e mudar de assunto.
Mulheres discutem com prazer
seus casos ginecológicos; uma diz abertamente que já não tem um ovário, outra,
que o médico lhe diagnosticou um útero infantil. Mas, se ela tivesse um pé
infantil, ou seios senis. Será que os declararia com a mesma complacência?
Antigamente havia as doenças
secretas, que só se nomeavam em segredo ou sob pseudônimo. De um tísico, por
exemplo, se dizia que estava “fraco do peito”; e talvez tal reserva nascesse do
medo do contágio, que todo mundo tinha. Mas dos malucos também se dizia que
“estavam nervosos” e do câncer ainda hoje se faz mistério – e nem câncer e nem
doidice pegam.
Não somos todos mesmo muito
estranhos? Gostamos de ser diferentes – contanto que a diferença não se veja. O
bastante para chamar atenção, mas não tanto que pareça feio.
O melhor da crônica
brasileira,1/ Ferreira Guillar... [et al.].
5a ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 2007.
Glossário
épater: impressionar.
No início do texto, a autora
declara que a vida é efêmera. Essa efemeridade aparece em
a)
Conheci uma moça que escondia como um crime certa feia cicatriz de queimadura
que tinha no corpo.
b) De pequena a mãe lhe ensinara a ocultar aquela
marca de fogo e nem sei que impulso de desabafo levou-a me falar nela [...].
c)
[...] e creio que logo se arrependeu, pois me obrigou a jurar que jamais
repetiria a alguém o seu segredo.
d)
Se agora o conto é porque a moça é morta e a sua cicatriz já estará em nada,
levada com o resto pelas águas de março, que levam tudo.
e)
Qualquer deformação, por mais mínima, sendo em parte visível do nosso corpo, a
gente a combate, a disfarça, oculta como um vício feio.
QUESTÃO 05
TEXTO I
Quem sabe, devido às atividades culinárias da esposa, nesses idílios Vadinho dizia-lhe “Meu manuê de milho verde, meu acarajé cheiroso, minha franguinha gorda”, e tais comparações gastronômicas davam justa ideia de certo encanto sensual e caseiro de dona Flor a esconder-se sob uma natureza tranquila e dócil. Vadinho conhecia-lhe as fraquezas e as expunha ao sol, aquela ânsia controlada de tímida, aquele recatado desejo fazendo-se violência e mesmo incontinência ao libertar-se na cama.
AMADO, J. Dona Flor e seus
dois maridos. São Paulo: Martins, 1966.
TEXTO II
As suas mãos trabalham na
braguilha das calças do falecido. Dulcineusa me confessou mais tarde: era assim
que o marido gostava de começar as intimidades. Um fazer de conta que era outra
coisa, a exemplo do gato que distrai o olhar enquanto segura a presa nas patas.
Esse o acordo silencioso que tinham: ele chegava em casa e se queixava que
tinha um botão a cair. Calada, Dulcineusa se armava dos apetrechos da costura e
se posicionava a jeito dos prazeres e dos afazeres.
COUTO, M. Um rio chamado
tempo, uma casa chamada terra. São Paulo: Cia. das Letras, 2002.
Tema recorrente na obra de
Jorge Amado, a figura feminina aparece, no fragmento, retratada de forma
semelhante à que se vê no texto do moçambicano Mia Couto. Nesses dois textos,
com relação ao universo feminino em seu contexto doméstico, observa-se que
a)
desejo sexual é entendido como uma fraqueza moral, incompatível com a mulher
casada.
b) a mulher tem um comportamento marcado por
convenções de papéis sexuais.
c)
à mulher cabe o poder da sedução, expresso pelos gestos, olhares e silêncios
que ensaiam.
d)
a mulher incorpora o sentimento de culpa e age com apatia, como no mito bíblico
da serpente.
e)
a dissimulação e a malícia fazem parte do repertório feminino nos espaços
público e íntimo.
QUESTÃO 06
Retrato
Cecília Meireles
Eu não tinha este rosto de
hoje,
Assim calmo, assim triste,
assim magro,
Nem estes olhos tão vazios,
Nem o lábio amargo.
Eu não tinha estas mãos sem
força,
Tão paradas e frias e mortas;
Eu não tinha este coração
Que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança,
Tão simples, tão certa, tão
fácil:
– Em que espelho ficou perdida
a minha face?
Meireles, CECÍLIA. Viagem.
Lisboa: EDITORAL IMPÉRIO, 1939.
Cecília Meireles é um dos
maiores nomes da literatura brasileira. Poeta, jornalista, escritora, professora
e musicista. Pelas características da obra “Retrato” apresentada, a escritora
pode ser associada ao movimento literário denominado de
a)
Romantismo.
b) Parnasianismo.
c)
Simbolista.
d)
Modernista.
e)
Pré-modernista.
QUESTÃO 07
Romance LIII ou Das Palavras
Aéreas
Ai, palavras, ai, palavras,
que estranha potência, a vossa!
Ai, palavras, ai, palavras,
sois de vento, ides no vento,
no vento que não retorna,
e, em tão rápida existência,
tudo se forma e transforma!
Sois de vento, ides no vento,
e quedais, com sorte nova!
[...]
Ai, palavras, ai, palavras,
que estranha potência, a vossa!
Perdão podíeis ter sido!
– sois madeira que se corta,
– sois vinte degraus de escada,
– sois um pedaço de corda...
– sois povo pelas janelas,
cortejo, bandeiras, tropa...
Ai, palavras, ai, palavras,
que estranha potência, a vossa!
Éreis um sopro na aragem...
– sois um homem que se enforca!
MEIRELES, Cecília. Romanceiro
da Inconfidência.
A “estranha potência” que a voz
lírica ressalta nas palavras decorre de uma combinação entre
a)
fluidez nos ventos do presente e conteúdo fixo no passado.
b) forma abstrata no espaço e presença concreta na
história.
c)
leveza impalpável na arte e vigor nos documentos antigos.
d)
sonoridade ruidosa nos ares e significado estável no papel.
e)
lirismo irrefletido da poesia e peso justo dos acontecimentos.
QUESTÃO 08
Leia o poema a seguir,
considerando o contexto do bombardeio nuclear nas cidades japonesas de Hiroshima
e Nagasaki durante a Segunda Guerra Mundial.
A Rosa de Hiroshima
Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas, oh, não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroshima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A antirrosa atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa sem nada.
MORAES, Vinícius. Nova
antologia poética. São Paulo: Companhia das Letras, 2005. p. 135. Adaptado.
Marque a única resposta que
corretamente justifica o uso da figura “rosa” no poema:
a)
A rosa é um elogio delicado do poeta ao tema da Segunda Guerra Mundial.
b) A rosa é uma metonímia pela proximidade de relação entre
ela e a bomba.
c)
A figura é uma metáfora da marca da bomba e das feridas que ela deixou.
d)
A figura é uma ironia aos horrores provocados pelas guerras entre nações.
e)
A rosa é uma hipérbole das consequências trazidas pelo bombardeio.
QUESTÃO 09
FAMÍLIA
Três meninos e duas meninas,
sendo uma ainda de colo.
A cozinheira preta, a copeira
mulata,
o papagaio, o gato, o cachorro,
as galinhas gordas no palmo de
horta
e a mulher que trata de tudo.
A espreguiçadeira, a cama, a
gangorra,
o cigarro, o trabalho, a reza,
a goiabada na sobremesa de
domingo,
o palito nos dentes contentes,
o gramofone rouco toda noite
e a mulher que trata de tudo.
O agiota, o leiteiro, o turco,
o médico uma vez por mês,
o bilhete todas as semanas
branco! mas a esperança sempre
verde.
A mulher que trata de tudo
e a felicidade.
Carlos Drummond de Andrade. Alguma
poesia.
No poema de Drummond,
a)
a hierarquização dos substantivos que compõem a primeira estrofe tem a função
de situar essa família na sociedade escravagista do século XIX.
b) a repetição de um verbo de ação, em contraste com o
caráter nominal dos versos, destaca a serventia da figura feminina na
organização familiar.
c)
a ausência de menção direta ao homem produz um retrato reativo à família patriarcal,
por salientar o protagonismo social da mulher.
d)
o modo como os elementos que compõem a terceira estrofe estão relacionados
permite inferir a prosperidade econômica familiar.
e)
o enquadramento da mulher no ambiente doméstico lança luz sobre um regime
social que favorece a realização plena das potencialidades femininas.
QUESTÃO 10
Os ombros suportam o mundo
Chega um tempo em que não se
diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais:
meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude
trabalho.
E o coração está seco.
Em vão mulheres batem à porta,
não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz
apagou-se,
mas na sombra teus olhos
resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes
sofrer.
E nada esperas de teus amigos.
Pouco importa venha a velhice,
que é a velhice?
Teus ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão
de uma criança.
As guerras, as fomes, as
discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida
prossegue
e nem todos se libertaram
ainda.
Alguns, achando bárbaro o
espetáculo,
preferiram (os delicados)
morrer.
Chegou um tempo em que não
adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é
uma ordem.
A vida apenas, sem
mistificação.
ANDRADE, Carlos Drummond. Obras
completas. Rio de Janeiro: Aguilar, 1967. p. 110-111.
No poema, depois de refletir
sobre o tempo presente, o eu lírico constata que é preciso
a)
suportar com resignação as dificuldades da vida, sem enganar a si mesmo.
b) procurar conviver com os amigos, porque eles são importantes
na nossa vida.
c)
enfrentar com coragem o isolamento, já que ele impede a realização pessoal.
d)
esperar com paciência a velhice para usufruir as experiências acumuladas.
e)
lutar contra as dificuldades do dia a dia para poder viver com tranquilidade.
QUESTÃO 11
Leia estre fragmento do
primeiro capítulo de Úrsula, romance escrito por Maria Firmina dos Reis:
DUAS ALMAS GENEROSAS
São vastos e belos os nossos campos; porque inundados pelas torrentes do inverno semelham o oceano em bonançosa calma – branco lençol de espuma, que não ergue marulhadas ondas, nem brame irado, ameaçando insano quebrar os limites, que lhe marcou a onipotente mão do rei da criação. Enrugada ligeiramente a superfície pelo manso correr da viração, frisadas as águas, aqui e ali, pelo volver rápido e fugitivo dos peixinhos, que mudamente se afagam, e que depois desaparecem para de novo voltarem – os campos são qual vasto deserto, majestoso e grande como o espaço, sublime como o infinito.
Disponível em:
https://cadernosdomundointeiro.com.br/pdf/Ursula-2a-edicao-Cadernos-do-Mundo-Inteiro.pdf.
Nesse excerto, o emprego de
diversas orações adjetivas isoladas por vírgulas
a)
torna o texto menos complexo e mais direto.
b) contribui para que o texto se torne mais ágil.
c)
traz detalhamentos e informações para o enredo.
d)
especifica informações indispensáveis para o capítulo.
e)
expressa diversas circunstâncias importantes para o texto.
QUESTÃO 12
Slater se pronuncia sobre
polêmica Ethan × Medina: “Resultado Justo”
Onze vezes campeão mundial diz
que viu a bateria das oitavas do Surf Ranch 12 vezes, mas admite que não reviu
a final entre Italo e Griffin Colapinto. Pai de Filipe Toledo critica o
posicionamento.
Disponível em:
https://ge.globo.com/surfe/noticia/2023/06/05/slater-se-pronuncia-sobre-polemica-ethan-x-medinaresultado-justo.ghtml.
Em “Onze vezes campeão mundial
diz que viu a bateria das oitavas do Surf Ranch doze vezes”, há uma estrutura sintática
a)
composta, respectivamente, por oração principal e oração subordinada
substantiva subjetiva.
b) cuja oração subordinada é classificada de modo
diferente de “que não reviu a final entre Italo e Griffin Colapinto”.
c)
composta por oração subordinada substantiva apositiva, seguida de oração
principal.
d)
composta por oração principal, seguida de oração subordinada substantiva
objetiva direta.
e)
cuja oração subordinada é classificada de modo idêntico à oração “Pai de Filipe
Toledo critica o posicionamento”.
QUESTÃO 13
Primeira advogada do país foi
escravizada e denunciou maus-tratos
OAB reconheceu como petição carta
escrita por Esperança em 1770
Negra, escravizada, jovem, mãe
de dois filhos e apartada do marido no interior do Piauí. Este é o perfil da primeira
mulher a praticar advocacia no país, ainda no século 18, conforme oficializado
em dezembro pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/justica/noticia/2023-06/primeira-advogada-do-pais-foi-escravizadae-denunciou-maus-tratos.
A matéria publicada no site
Agência Brasil traz informações sobre Esperança Garcia, primeira mulher a
praticar advocacia no Brasil. Se o título da matéria fosse apresentado desta
forma “Primeira advogada do país que foi escravizada denunciou maus-tratos”, a
oração destacada revelaria:
a)
um conhecimento que poderia ser suprimido por apenas detalhar o antecedente.
b) uma informação indispensável para a compreensão do
termo antecedente.
c)
um tipo de detalhamento secundário e dispensável acerca do referente.
d)
uma limitação de sentido acerca do referente, que poderia ser removida.
e)
o acréscimo de uma informação pouco relevante para a manchete.
QUESTÃO 14
O vocábulo “que”, na campanha
de conscientização, introduz uma oração
a)
cuja função sintática é de predicativo do sujeito da oração principal.
b) atuante como sujeito do verbo presente na oração principal.
c)
que retoma um antecedente da oração principal a fim de especificar seu sentido.
d)
cuja função é complementar o sentido do verbo transitivo presente na oração principal.
e)
que se refere a um antecedente com o objetivo de trazer uma informação
totalmente dispensável sobre ele.
QUESTÃO 15
“Suba o primeiro degrau com fé.
Não é necessário que você veja toda a escada. Apenas dê o primeiro passo.” (Martin
Luther King Jr.)
A segunda oração do segundo
período exerce função sintática de
a)
sujeito.
b) objeto direto.
c)
predicativo.
d)
aposto.
e)
agente da passiva.
QUESTÃO 16
Observe esta manchete:
GRAVE: Diretora do filme da
Barbie usou tanto rosa que causou uma crise
internacional
Disponível em:
www.adorocinema.com/noticias/filmes/noticia-1000027020/
Na manchete sensacionalista
“Grave: diretora do filme Barbie usou tanto rosa que causou uma crise
internacional”, os elementos destacados estabelecem, no período, uma relação
semântica de
a)
finalidade.
b) concessão.
c)
comparação.
d)
causa e efeito.
e)
proporção.
QUESTÃO 17
A oração “quanto o cigarro
convencional”, cujo verbo foi omitido, estabelece, com a oração anterior,
relação de
a)
comparação.
b) consequência.
c)
condição.
d)
concessão.
e)
conformidade.
QUESTÃO 18
O cajueiro
Rubem Braga
O cajueiro já devia ser velho quando
nasci. Ele vive nas mais antigas recordações de minha infância: belo, imenso,
no alto do morro atrás da casa. Agora vem uma carta dizendo que ele caiu.
Eu me lembro do outro cajueiro que era menor e morreu há muito tempo. Eu me lembro dos pés de pinha, do cajá-manga, da grande touceira de espadas-de-são-jorge (que nós chamávamos simplesmente “tala”) e da alta saboneteira que era nossa alegria e a cobiça de toda a meninada do bairro porque fornecia centenas de bolas pretas para o jogo de gude. Lembro-me da tamareira, e de tantos arbustos e folhagens coloridas, lembro-me da parreira que cobria o caramanchão, e dos canteiros de flores humildes, “beijos”, violetas. Tudo sumira; mas o grande pé de fruta-pão ao lado da casa e o imenso cajueiro lá no alto eram como árvores sagradas protegendo a família. Cada menino que ia crescendo ia aprendendo o jeito de seu tronco, a cica de seu fruto, o lugar melhor para apoiar o pé e subir pelo cajueiro acima, ver de lá o telhado das casas do outro lado e os morros além, sentir o leve balanceio na brisa da tarde.
Cem crônicas escolhidas. Rio de Janeiro: José Olímpio, 1956. Disponível
em: www.escrevendoofuturo.org.br/caderno_
virtual/texto/o-cajueiro/
Acerca das três orações
sublinhadas no texto, assinale a alternativa correta.
a)
Todas as orações classificam-se como subordinadas adverbiais por expressarem
uma circunstância.
b) Apenas uma oração é classificada como adjetiva por trazer
uma explicação sobre “a meninada do bairro”.
c)
Duas orações exercem funções sintáticas próprias de substantivos: objeto direto
e predicativo.
d)
As duas orações que se classificam como adverbiais expressam semânticas
distintas: tempo e causa.
e)
Apenas uma oração é classificada como substantiva por exercer função de sujeito
da oração principal.
QUESTÃO 19
“Apesar de...
Apesar de não termos certeza
Aqui estamos em busca de
destreza.
Destreza para lidar com
problemas
Destreza para resolver teoremas
Destreza para superar qualquer
dificuldade
Destreza para lidar com a
felicidade
Apesar da saudade
O ontem se foi pela imensidade
O hoje se faz...
Adria Norma Riedo
O primeiro período do texto de
Adria Norma Riedo é composto por subordinação: “Apesar de não termos certeza/ Aqui
estamos em busca de destreza”. Mantém-se sentido semelhante à primeira oração
desse período em
a)
Desde que não tenhamos certeza…”
b) Uma vez que não temos certeza…”
c)
Como não temos certeza…”
d)
Se não temos certeza…”
e)
Embora não tenhamos certeza…”
QUESTÃO 20
CAPÍTULO XCII / UM HOMEM
EXTRAORDINÁRIO
Já agora acabo com as coisas extraordinárias. Vinha de guardar a carta e o relógio, quando me procurou um homem magro e meão, com um bilhete do Cotrim, convidando-me para jantar. O portador era casado com uma irmã do Cotrim, chegara poucos dias antes do Norte, chamava-se Damasceno, e fizera a revolução de 1831. Foi ele mesmo que me disse isto, no espaço de cinco minutos. Saíra do Rio de Janeiro, por desacordo com o Regente, que era um asno, pouco menos asno do que os ministros que serviram com ele. De resto, a revolução estava outra vez às portas. Neste ponto, conquanto trouxesse as ideias políticas um pouco baralhadas, consegui organizar e formular o governo de suas preferências: era um despotismo temperado, – não por cantigas, como dizem alhures, – mas por penachos da guarda nacional. Só não pude alcançar se ele queria o despotismo de um, de três, de trinta ou de trezentos. Opinava por várias coisas, entre outras, o desenvolvimento do tráfico dos africanos e a expulsão dos ingleses. Gostava muito de teatro; logo que chegou foi ao Teatro de São Pedro, onde viu um drama soberbo, a Maria Joana, e uma comédia muito interessante, Kettly, ou a volta à Suíça. Também gostara muito da Deperini, na Safo, ou na Ana Bolena, não se lembrava bem. Mas a Candiani! sim, senhor, era papa-fina. Agora queria ouvir o Ernani, que a filha dele cantava em casa, ao piano: Ernani, Ernani, involami... – E dizia isto levantando-se e cantarolando a meia voz. – No Norte essas coisas chegavam como um eco.
Disponível em:
https://machado.mec.gov.br/obracompleta-lista/item/download/16_ff646a924421ea
897f27cf6d21e6bb23
Nesse excerto do romance Memórias Póstumas de Brás Cubas, escrito por Machado de Assis, as conjunções em destaque introduzem orações que revelam, respectivamente, semântica de
a)
causa e conformidade.
b) concessão e causa.
c)
comparação e explicação.
d)
causa e explicação.
e)
concessão e conformidade.
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