QUESTÃO 01
Largo em sentir,
em respirar sucinto,
Peno, e calo, tão
fino, e tão atento,
Que fazendo
disfarce do tormento
Mostro que o não
padeço, e sei que o sinto.
O mal, que fora
encubro, ou que desminto,
Dentro no coração
é que o sustento:
Com que, para
penar é sentimento,
Para não se
entender, é labirinto.
Ninguém sufoca a
voz nos seus retiros;
Da tempestade é o
estrondo efeito:
Lá tem ecos a
terra, o mar suspiros.
Mas oh do meu
segredo alto conceito!
Pois não me chegam
a vir à boca os tiros
Dos combates que
vão dentro no peito.
Gregório de Matos
e Guerra.
No soneto, o eu
lírico
a) expressa um conflito que confirma a imagem pública do poeta, conhecido
pelo epíteto de “o Boca do Inferno”.
b) opta por sufocar a própria voz como estratégia apaziguadora de suas
perturbações de foro íntimo.
c) explora a censura que o autor sofreu em sua época, ao ser impedido de
dar expressão aos seus sentimentos.
d) estabelece, nos tercetos, um contraponto semântico entre as metáforas da
natureza e da guerra.
e) revela-se como um ser atormentado, ao mesmo tempo que omite a natureza
de seu sofrimento.
QUESTÃO 02
TEXTO 1
Quem deixa o trato
pastoril, amado,
Pela ingrata,
civil correspondência,
Ou desconhece o
rosto da violência,
Ou do retiro a paz
não tem provado.
Que bem é ver nos
campos, trasladado
No gênio do
Pastor, o da inocência!
E que mal é no
trato, e na aparência
Ver sempre o
cortesão dissimulado.
Ali respira amor
sinceridade;
Aqui sempre a
traição seu rosto encobre:
Um só trata a
mentira, outro a verdade. [...]
COSTA, Cláudio
Manuel da. Obras Poéticas de Cláudio Manuel da Costa. Excertos.
Disponível em: www.dominiopublico.gov.br/download/texto/fs000040.pdf.
TEXTO 2
Sou Pastor; não te
nego; os meus montados
São esses, que aí
vês; vivo contente
Ao trazer entre a
relva florescente
A doce companhia
dos meus gados;
Ali me ouvem os
troncos namorados,
Em que se
transformou a antiga gente;
Qualquer deles o
seu estrago sente;
Como eu sinto
também os meus cuidados. [...]
COSTA, Cláudio
Manuel da. Obras Poéticas de Cláudio Manuel da Costa. Excertos.
Disponível em: www.dominiopublico.gov.br/download/texto/fs000040.pdf.
TEXTO 3
Enquanto pasta, alegre, o manso gado,
Minha bela Marília, nos sentemos
À sombra deste cedro levantado.
Um pouco meditemos
Na regular beleza,
Que em tudo quanto vive, nos descobre
A sábia Natureza.
GONZAGA, Tomás
Antônio. Marília de Dirceu. São Paulo: DCL, 2010. Excertos.
TEXTO 4
Os Pastores (1851), de William Holman Hunt. |
Com base na leitura dos Textos 1, 2, 3 e 4, e considerando as características do Arcadismo no Brasil, assinale a alternativa CORRETA.
a) O Arcadismo retomou temas conflituosos do Classicismo, conforme ilustra o Texto 1, o qual apresenta linguagem rebuscada na representação do “fugere urbem” (“fugir da cidade”) e do conflito existencial do eu lírico quanto às antíteses pobreza e riqueza, representativas das imagens campo e cidade, respectivamente.
b) Os Textos 2 e 3 exploram a temática do “carpe diem” (“aproveitar o dia”)
na representação de imagens bucólicas da natureza e da figura feminina, por
meio do Cultismo e do Conceptismo, marcantes na poesia árcade brasileira.
c) Os Textos 1, 2, 3 e 4 dialogam na representação do “locus amoenus”
(“lugar ameno”), do “carpe diem”
(“aproveitar o
dia”) e do “inutilia truncat” (“cortar as inutilidades”), na imagem da natureza
como local mítico, calmo e inatingível.
d) A natureza apresenta-se como local calmo e sereno, onde os pastores e as
suas musas inspiradoras desfrutam da tranquilidade da vida no campo, conforme se
nota nos Textos 3 e 4.
e) Os Textos 1, 2 e 3 são exemplos da poesia árcade conceptista e
neoclássica, com linguagem figurada composta por antíteses e hipérbatos na
representação da natureza bucólica como espaço utópico.
QUESTÃO 03
O lema do carpe
diem sintetiza expressivamente o motivo de se aproveitar o presente, já que
o futuro é incerto. Tal lema manifesta-se mais explicitamente nos seguintes
versos de Tomás Antônio Gonzaga:
a) Ah! socorre, Amor, socorre / Ao mais grato empenho meu! / Voa sobre os
Astros, voa, / Traze-me as tintas do Céu.
b) Depois que represento / Por largo espaço a imagem de um defunto, / Movo
os membros, suspiro, / E onde estou pergunto.
c) É bom, minha Marília, é bom ser dono / De um rebanho, que cubra monte e
prado; / Porém, gentil pastora, o teu agrado / Vale mais que um rebanho, e mais
que um trono.
d) Se algum dia me vires desta sorte, / Vê que assim me não pôs a mão dos
anos: / Os trabalhos, Marília, os sentimentos / Fazem os mesmos danos.
e) Ah! enquanto os Destinos impiedosos / Não voltam contra nós a face
irada, / Façamos, sim, façamos, doce amada, / Os nossos breves dias mais
ditosos.
QUESTÃO 04
Este movimento
surge como momento de negação profunda e revolucionária, porque visava a
redefinir não só a atitude poética, mas o próprio lugar do homem no mundo e na
sociedade. Concebe de maneira nova o papel do artista e o sentido da obra de
arte, pretendendo liquidar a convenção universalista dos herdeiros de Grécia e
Roma em benefício de um sentimento novo, embebido de inspirações locais,
procurando o único em lugar do perene.
Antonio Candido.
Formação da literatura brasileira, 2013. Adaptado.
O texto refere-se
ao movimento
a) realista.
b) romântico.
c) árcade.
d) naturalista.
e) parnasiano.
QUESTÃO 05
Tão variadas são as manifestações desse movimento que é impossível formular-lhe uma definição única; mesmo assim, pode-se dizer que sua tônica foi uma crença no valor supremo da experiência individual, configurando nesse sentido uma reação contra o racionalismo iluminista e a ordem do estilo neoclássico. Seus autores exploravam os valores da intuição e do instinto, trocando o discurso público do neoclassicismo, cujas formas compunham um repertório mais comum e inteligível, por um tipo de expressão mais particular.
Ian Chilvers
(org.). Dicionário Oxford de arte, 2007. Adaptado.
O movimento a que
o texto se refere é o
a) Naturalismo.
b) Romantismo.
c) Barroco.
d) Arcadismo.
e) Realismo.
QUESTÃO 06
JC – Gregório de
Matos é meio maldito até hoje – seus restos estão no Recife, mas sem nenhuma
referência oficial. Ainda é um personagem que precisamos celebrar e homenagear?
Talvez sua poesia ainda seja muito forte – em seu conteúdo moral e político –,
mesmo para os dias atuais.
ANA MIRANDA – Ah,
sim, a poesia satírica dele é forte, às vezes chocante, porque não estamos
acostumados a obscenidades, ou a política, ou a crônicas na poesia... a poesia
é um lugar de sensibilidades, lirismo, sonhos, amores, insônias, coisas assim –
João Cabral é outra exceção temática. E Augusto dos Anjos. Mas a obra de
Gregório carrega um esclarecimento fabuloso sobre a nossa identidade
brasileira, ela desvenda nossas origens como sociedade e como pessoas. Além
disso, é uma obra de grande beleza e carga emocional, grandeza de expressão, e
um manancial de palavras e termos. Um espetáculo de linguagem e narrativa. Tem
ritmo, tem encanto, promove descobertas... Acho que seria bom, sim, averiguar a
sua passagem e morte em Recife, e assinalar, incorporar à imensa riqueza que os
pernambucanos guardam em seu baú cultural.
Excerto de
entrevista da escritora Ana Miranda ao Jornal do Commercio. Disponível em:
https://jc.ne10.uol.com.br/canal/cultura/literatura/noticia/2015/09/06/ana-miranda-fala-sobrea-
recriacao-de-gregorio-de-matos-e-seus-interessesliterarios-197682.php.
Observe, ao longo
do texto, como alguns pronomes são empregados para se referir a outros
elementos presentes no texto. Acerca desse recurso referencial, assinale a
alternativa CORRETA.
a) No trecho: “Talvez sua
poesia ainda seja muito forte – em seu conteúdo moral e político
–, mesmo para os dias atuais.”, os pronomes destacados fazem, ambos, referência
a “Gregório de Matos”.
b) No trecho: “Mas a obra de
Gregório carrega um esclarecimento fabuloso sobre a nossa
identidade brasileira”, a forma pronominal indica que a locutora pretendeu se
referir apenas a si mesma e a seu interlocutor.
c) No trecho: “ela desvenda nossas
origens como sociedade e como pessoas”, o leitor deve compreender que a forma
pronominal destacada faz uma referência genérica: “as origens dos brasileiros”.
d) No trecho: “Acho que seria
bom, sim, averiguar a sua passagem e morte em Recife”, a forma
pronominal em destaque foi empregada em referência à “obra de Gregório de
Matos”.
e) No trecho: “e assinalar,
incorporar à imensa riqueza que os pernambucanos guardam em seu
baú cultural.”, o termo destacado faz uma referência explícita a “baú
cultural”.
QUESTÃO 07
Os linguistas têm
notado a expansão do tratamento informal. “Tenho 78 anos e devia ser tratado
por senhor, mas meus alunos mais jovens me tratam por você”, diz o professor
Ataliba Castilho, aparentemente sem se incomodar com a informalidade,
inconcebível em seus tempos de estudante. O você, porém, não reinará sozinho. O
tu predomina em Porto Alegre e convive com o você no Rio de Janeiro e em
Recife, enquanto você é o tratamento predominante em São Paulo, Curitiba, Belo Horizonte
e Salvador. O tu já era mais próximo e menos formal que você nas quase 500
cartas do acervo on-line de uma instituição universitária, quase todas de
poetas, políticos e outras personalidades do final do século XIX e início do
XX.
Disponível em:
http://revistapesquisa.fapesp.br. (adaptado).
No texto,
constata-se que os usos de pronomes variaram ao longo do tempo e que atualmente
têm empregos diversos pelas regiões do Brasil. Esse processo revela que
a) a escolha de “você” ou de “tu”
está condicionada à idade da pessoa que usa o pronome.
b) a possibilidade de se usar
tanto “tu” quanto “você” caracteriza a diversidade da língua.
c) o pronome “tu” tem sido
empregado em situações informais por todo o país.
d) a ocorrência simultânea de
“tu” e de “você” evidencia a inexistência da distinção entre níveis de
formalidade.
e) o emprego de “você” em
documentos escritos demonstra que a língua tende a se manter inalterada.
QUESTÃO 08
No trecho abaixo, o narrador, ao descrever a personagem, critica sutilmente um outro estilo de época: o Romantismo.
Naquele tempo
contava apenas uns quinze ou dezesseis anos; era talvez a mais atrevida
criatura da nossa raça, e, com certeza, a mais voluntariosa. Não digo que já
lhe coubesse a primazia da beleza, entre as mocinhas do tempo, porque isto não
é romance, em que o autor sobredoura a realidade e fecha os olhos às sardas e
espinhas; mas também não digo que lhe maculasse o rosto nenhuma sarda ou
espinha, não. Era bonita, fresca, saía das mãos da natureza, cheia daquele feitiço,
precário e eterno, que o indivíduo passa a outro indivíduo, para os fins
secretos da criação.
ASSIS, Machado de.
Memórias Póstumas de Brás Cubas. Rio de Janeiro: Jackson,1957.
A frase do texto
em que se percebe a crítica do narrador ao romantismo está transcrita na
alternativa:
a) “… o autor sobredoura a realidade e fecha os olhos às sardas e espinhas
…”
b) “… era talvez a mais atrevida criatura da nossa raça …”
c) “Era bonita, fresca, saía das mãos da natureza, cheia daquele feitiço,
precário e eterno, …”
d) “Naquele tempo contava apenas uns quinze ou dezesseis anos …”
e) “… o indivíduo passa a outro indivíduo, para os fins secretos da
criação.”
QUESTÃO 09
No plano literário, a poética clássica, desde Platão a Aristóteles, estabeleceu os fundamentos semânticos (mundo representado), enunciativos, estilístico-formais e pragmáticos para construir a famosa tripartição de géneros que ainda hoje perdura na sua essencialidade, com as alterações e as inovações resultantes da evolução histórica da própria literatura: o género lírico, o género épico ou narrativo e o género dramático. Cada um destes géneros compreende diversos subgéneros, resultantes nalguns casos da sua mescla ou do seu hibridismo.
COSTA, João;
SILVA, Vítor Manuel de Aguiar e (Org.) (s/d). Tipologia textual.
Dicionário terminológico. Disponível em: http://dt.dgidc.min-edu.pt/.
Assinale a
alternativa que contém afirmação correta:
a) Textos dos gêneros narrativo e dramático têm em comum a presença de um
narrador, responsável por narrar os fatos.
b) No gênero dramático, as rubricas têm a função de indicar como a cena
deve ser realizada.
c) Os Lusíadas, de Luís Vaz de
Camões, é exemplo de obra pertencente ao gênero dramático, já que apresenta os
dramas vividos pelos portugueses em suas conquistas marinhas.
d) Os cronistas baseiam-se exclusivamente em suas experiências cotidianas
para, por meio da escrita, transformá-las em produções literárias.
e) Textos do gênero ensaístico valem-se de uma linguagem literária para
apresentar fatos ficcionais.
QUESTÃO 10
Assinale a
alternativa em que ocorre ambiguidade no emprego do pronome possessivo,
prejudicando assim a clareza do texto:
a) Quando a filha sentou-se à mesa, o pai estava fazendo algumas observações a respeito dos convidados deles.
b) Quando a filha sentou-se à mesa, o pai estava fazendo algumas
observações a respeito dos convidados dele.
c) Quando a filha sentou-se à mesa, o pai estava fazendo algumas
observações a respeito dos convidados dela.
d) Quando a filha sentou-se à mesa, o pai estava fazendo algumas
observações a respeito de seus convidados.
e) Quando a filha sentou-se à mesa, o pai estava fazendo algumas
observações a respeito de meus convidados.
QUESTÃO 11
Pronominais
Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do
aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e
o bom branco
Da nação
brasileira
Dizem todos os
dias
Deixa disso,
camarada
Me dá um cigarro.
Disponível em: www.jornaldepoesia.jor.br/
oswal.html#pronominais.
Considere as
seguintes afirmações a respeito do poema lido.
I. Em “Dê-me um
cigarro”, a colocação pronominal está adequada à norma-padrão e pode-se
concluir que as pessoas envolvidas no discurso tratam-se por tu.
II. É possível
perceber, no poema, uma crítica ao preconceito linguístico sofrido pelos
falantes da linguagem coloquial e popular brasileira.
III. No último
verso do poema, o emprego do pronome pessoal oblíquo está em desacordo com uma
regra gramatical prevista para a língua portuguesa escrita.
IV. No último verso,
pode-se concluir que as pessoas envolvidas no discurso tratam-se por você.
São corretas as
afirmações
a) I e II.
b) I e IV.
c) II e IV.
d) II e III.
e) I e III.
QUESTÃO 12
Eu, Marília, não
sou algum vaqueiro,
Que viva de
guardar alheio gado;
De tosco trato, d’
expressões grosseiro,
Dos frios gelos, e
dos sóis queimado.
Tenho próprio
casal, e nele assisto;
Dá-me vinho,
legume, fruta, azeite;
Das brancas
ovelhinhas tiro o leite,
E mais as finas
lãs, de que me visto.
Graças, Marília
bela,
Graças à minha
Estrela!
Disponível em: www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000301.pdf.
Os versos de Tomás
Antônio Gonzaga evidenciam uma característica marcante do Arcadismo, que é
a) o emprego de linguagem rebuscada e de figuras de linguagem como o
hipérbato.
b) a presença de elementos relacionados à vida pastoril.
c) a valorização de elementos típicos da nobreza.
d) a valorização das conquistas trazidas pela vida urbana.
e) a retomada de temas ligados ao cristianismo.
QUESTÃO 13
Se para os
brasileiros viver sob bombas é inconcebível, os bagdalis dão mostras de
encará-las como os habitantes da costa japonesa encaram o tsumani: é ruim, mata
muita gente, mas as pessoas têm de continuar levando a vida. A diferença fundamental
- este é fenômeno natural, aquele é fenômeno da
invasão anglo-americananão parece afetar a reação dos iraquianos.
Disponível em:
https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2023/03/leia-relato-inedito-sobre-guerra-do-iraque-que-ocorreuha-20-anos.shtml.
Os pronomes este e aquele, presentes no fragmento da notícia, referem-se, respectivamente, a
a) “viver sob bombas” e “tsunami”.
b) “tsunami” e “viver sob bombas”.
c) “brasileiros” e “japoneses”.
d) “iraquianos” e “japoneses”.
e) “os bagdalis” e “os habitantes da costa japonesa”.
QUESTÃO 14
O Romantismo foi
um movimento que começou na Europa, nas últimas décadas do século XVII. Ele
teve um impacto muito além da Literatura, apesar de seu nome ser associado a
essa matéria. O Romantismo influenciou as Artes de forma geral, a filosofia e
até mesmo o pensamento político de sua época.
Durante o período
em que esse movimento durou, a sociedade destacou o que foi chamado de espírito
romântico: uma atitude e visão de mundo centrada no indivíduo. Seu objetivo era
se diferenciar do pensamento iluminista, que pregava a objetividade e colocava
a razão no centro do mundo.
Portanto, mesmo em
grande parte do século XIX, esse espírito romântico produziu teorias
filosóficas e obras artísticas bastante subjetivas. Os autores retratavam o drama
humano, as emoções vivenciadas pelas pessoas, os amores trágicos e ideais
utópicos. [...]
Disponível em:
https://blog.stoodi.com.br/blog/portugues/caracteristicas-do-romantismo/
Faz parte do
contexto histórico do movimento artístico citado
a) a consolidação do poder do clero e da nobreza.
b) o fracasso dos ideais pregados pela Revolução Francesa.
c) a valorização da automação tecnológica na produção artística.
d) a consolidação da burguesia como classe dominante.
e) o triunfo dos cavaleiros medievais nas lutas em favor do cristianismo.
QUESTÃO 15
HELENA – Sim... é
verdade...
JOSÉ – E, quando
assim não fosse, bastava todos os dias ver o retrato de V. Exa. à cabeceira do
leito do s’or doutor... (Apontando para a porta da direita 1o plano.)
Ali naquele quarto.
HELENA – O meu
retrato?
JOSÉ – Está
parecidíssimo. Só lhe falta falar.
HELENA – Ele saiu
há muito tempo?
JOSÉ – Logo depois
do almoço.
AZEVEDO, Arthur. O
Oráculo. Disponível em: www.bdteatro.ufu.br/ bitstream/123456789/803/1/TT00990.pdf.
O gênero dramático
guarda algumas características semelhantes às do gênero narrativo. Uma semelhança
encontrada nesse texto é a
a) demarcação de tempo cronológico.
b) presença de um narrador observador.
c) estruturação em discurso indireto.
d) ausência de enredo linear.
e) presença de rubricas.
QUESTÃO 16
Ao gozo, ao gozo,
amiga.
O chão que pisas
A cada instante te
oferece a cova.
Pisemos devagar.
Olhe que a terra
Não sinta o nosso
peso.
Deitemo-nos aqui.
Abre-me os braços.
Escondamo-nos um
no seio do outro.
Não há de assim
nos avistar a morte,
Ou morreremos
juntos.
Não fales muito.
Uma palavra basta
Murmurada, em
segredo,
ao pé do ouvido.
Nada, nada de voz,
- nem um suspiro,
Nem um arfar mais
forte.
Fala-me só com o
revolver dos olhos.
Tenho-me afeito à
inteligência deles.
Deixa-me os lábios
teus, rubros de encanto.
Somente pra os meus
beijos.
Ao gozo, ao gozo,
amiga.
O chão que pisas
A cada instante te
oferece a cova.
Pisemos devagar.
Olha que a terra
Não sinta o nosso
peso.
Disponível em:
www.jornaldepoesia.jor.br/jf03.html.
Assinale a
alternativa em que estão apresentadas características do Romantismo.
a) Valorização do modelo clássico; exaltação do nacionalismo; idealização
da infância.
b) Valorização dos sentimentos; individualismo; fuga da realidade.
c) Idealização da figura feminina; retomada dos valores e modelos
clássicos; exaltação da natureza e da pátria.
d) Presença da oposição entre o bem e o mal; fuga da realidade;
egocentrismo.
e) Valorização da infância; escapismo; apresentação da realidade de forma
não idealizada.
QUESTÃO 17
Inconstância dos
bens do mundo
Nasce o Sol, e não
dura mais que um dia,
Depois da Luz se
segue a noite escura,
Em tristes sombras
morre a formosura,
Em contínuas
tristezas a alegria.
Porém, se acaba o
Sol, por que nascia?
Se é tão formosa a
Luz, por que não dura?
Como a beleza
assim se transfigura?
Como o gosto da
pena assim se fia?
Mas no Sol, e na
Luz falte a firmeza,
Na formosura não
se dê constância,
E na alegria
sinta-se tristeza.
Começa o mundo
enfim pela ignorância,
E tem qualquer dos
bens por natureza
A firmeza somente
na inconstância.
Disponível em:
www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000119.pdf.
No poema de
Gregório de Matos, observa-se
a) o desejo pela salvação da alma.
b) o questionamento do comportamento humano.
c) o sofrimento gerado pela instabilidade das coisas.
d) a valorização dos elementos naturais.
e) a idealização da figura humana.
QUESTÃO 18
Considerando o uso
dos pronomes pessoais, assinale a alternativa que está de acordo com a
norma-padrão.
a) Quando o alarme tocar, vou desligar ele para poder dormir mais um pouco.
b) Aquela tarefa foi passada pelo professor para mim recuperar a avaliação
perdida.
c) O diretor conversou conosco após a exibição do filme.
d) Entre eu e você não pode haver nenhum problema de relacionamento.
e) Ouvi as notícias no rádio e contei-lhas para ele.
QUESTÃO 19
A cada canto um
grande conselheiro,
Que nos quer
governar cabana e vinha;
Não sabem governar
sua cozinha
E podem governar o
mundo inteiro.
Em cada porta um
bem frequente olheiro,
Que a vida do
vizinho e da vizinha
Pesquisa, escuta,
espreita e esquadrinha,
Para o levar à
praça e ao terreiro.
Muitos mulatos
desavergonhados,
Trazidos sob os
pés os homens nobres,
Posta nas palmas
toda a picardia,
Estupendas usuras
nos mercados,
Todos os que não
furtam muito pobres:
E eis aqui a
cidade da Bahia
Disponível em:
www.cespe.unb.br/interacao/Poemas_Selecionados_%20Gregorio_de_Matos.pdf.
A respeito de
Gregório de Matos, é correto afirmar que
a) é um representante do Arcadismo brasileiro, tendo produzido
especialmente poemas sacros.
b) criou obras românticas, explorando especialmente a idealização da figura
feminina.
c) representou o pensamento do homem barroco, dividido entre a exaltação da
natureza e a vida nas cidades.
d) expressou em sua obra a dualidade do pensamento árcade.
e) explorou em suas obras temas satíricos e irônicos, o que lhe valeu o
apelido de Boca do Inferno.
QUESTÃO 20
São Paulo vai se
recensear. O governo quer saber quantas pessoas governa. A indagação atingirá a
fauna e a flora domesticadas. Bois, mulheres e algodoeiros serão reduzidos a
números e invertidos em estatísticas. O homem do censo entrará pelos bangalôs,
pelas pensões, pelas casas de barro e de cimento armado, pelo sobradinho e pelo
apartamento, pelo cortiço e pelo hotel, perguntando:
– Quantos são
aqui?
Pergunta triste,
de resto. Um homem dirá:
– Aqui havia
mulheres e criancinhas. Agora, felizmente, só há pulgas e ratos.
E outro:
– Amigo, tenho
aqui esta mulher, este papagaio, esta sogra e algumas baratas. Tome nota dos
seus nomes, se quiser. Querendo levar todos, é favor... [...]
E outro:
– Dois, cidadão,
somos dois. Naturalmente o sr. não a vê. Mas ela está aqui, está, está! A sua
saudade jamais sairá de meu quarto e de meu peito!
Rubem Braga. Para
gostar de ler. v. 3. São Paulo: Ática, 1998, p. 32-3 (fragmento).
O fragmento acima,
em que há referência a um fato sócio-histórico – o recenseamento – apresenta
característica marcante do gênero crônica ao
a) expressar o tema de forma abstrata, evocando imagens e buscando
apresentar a ideia de uma coisa por meio de outra.
b) manter-se fiel aos acontecimentos, retratando os personagens em um só
tempo e um só espaço.
c) contar história centrada na solução de um enigma, construindo os
personagens psicologicamente e revelando-os pouco a pouco.
d) evocar, de maneira satírica, a vida na cidade, visando transmitir
ensinamentos práticos do cotidiano, para manter as pessoas informadas.
e) valer-se de tema do cotidiano como ponto de partida para a construção de
texto que recebe tratamento estético.
Nenhum comentário:
Postar um comentário