25 agosto 2023

AVALIAÇÃO BIMESTRAL 3 - 1ª SÉRIE 2023

QUESTÃO 01

Largo em sentir, em respirar sucinto,

Peno, e calo, tão fino, e tão atento,

Que fazendo disfarce do tormento

Mostro que o não padeço, e sei que o sinto.

 

O mal, que fora encubro, ou que desminto,

Dentro no coração é que o sustento:

Com que, para penar é sentimento,

Para não se entender, é labirinto.

 

Ninguém sufoca a voz nos seus retiros;

Da tempestade é o estrondo efeito:

Lá tem ecos a terra, o mar suspiros.

 

Mas oh do meu segredo alto conceito!

Pois não me chegam a vir à boca os tiros

Dos combates que vão dentro no peito.

Gregório de Matos e Guerra.

 

No soneto, o eu lírico

a) expressa um conflito que confirma a imagem pública do poeta, conhecido pelo epíteto de “o Boca do Inferno”.

b) opta por sufocar a própria voz como estratégia apaziguadora de suas perturbações de foro íntimo.

c) explora a censura que o autor sofreu em sua época, ao ser impedido de dar expressão aos seus sentimentos.

d) estabelece, nos tercetos, um contraponto semântico entre as metáforas da natureza e da guerra.

e) revela-se como um ser atormentado, ao mesmo tempo que omite a natureza de seu sofrimento.


QUESTÃO 02

TEXTO 1

Quem deixa o trato pastoril, amado,

Pela ingrata, civil correspondência,

Ou desconhece o rosto da violência,

Ou do retiro a paz não tem provado.

Que bem é ver nos campos, trasladado

No gênio do Pastor, o da inocência!

E que mal é no trato, e na aparência

Ver sempre o cortesão dissimulado.

Ali respira amor sinceridade;

Aqui sempre a traição seu rosto encobre:

Um só trata a mentira, outro a verdade. [...]

COSTA, Cláudio Manuel da. Obras Poéticas de Cláudio Manuel da Costa. Excertos. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br/download/texto/fs000040.pdf.

 

TEXTO 2

Sou Pastor; não te nego; os meus montados

São esses, que aí vês; vivo contente

Ao trazer entre a relva florescente

A doce companhia dos meus gados;

 

Ali me ouvem os troncos namorados,

Em que se transformou a antiga gente;

Qualquer deles o seu estrago sente;

Como eu sinto também os meus cuidados. [...]

COSTA, Cláudio Manuel da. Obras Poéticas de Cláudio Manuel da Costa. Excertos. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br/download/texto/fs000040.pdf.

 

TEXTO 3

Enquanto pasta, alegre, o manso gado,

Minha bela Marília, nos sentemos

À sombra deste cedro levantado.

Um pouco meditemos

Na regular beleza,

Que em tudo quanto vive, nos descobre

A sábia Natureza.

GONZAGA, Tomás Antônio. Marília de Dirceu. São Paulo: DCL, 2010. Excertos.

 

TEXTO 4

 

Os Pastores (1851), de William Holman Hunt.

Com base na leitura dos Textos 1, 2, 3 e 4, e consideran­do as características do Arcadismo no Brasil, assinale a alternativa CORRETA.

a) O Arcadismo retomou temas conflituosos do Classicismo, conforme ilustra o Texto 1, o qual apresenta linguagem rebuscada na representação do “fugere urbem” (“fugir da cidade”) e do conflito existencial do eu lírico quanto às antíteses pobreza e riqueza, representativas das imagens campo e cidade, respectivamente.

b) Os Textos 2 e 3 exploram a temática do “carpe diem” (“aproveitar o dia”) na representação de imagens bucólicas da natureza e da figura feminina, por meio do Cultismo e do Conceptismo, marcantes na poesia árcade brasileira.

c) Os Textos 1, 2, 3 e 4 dialogam na representação do “locus amoenus” (“lugar ameno”), do “carpe diem”

(“aproveitar o dia”) e do “inutilia truncat” (“cortar as inutilidades”), na imagem da natureza como local mítico, calmo e inatingível.

d) A natureza apresenta-se como local calmo e sereno, onde os pastores e as suas musas inspiradoras desfrutam da tranquilidade da vida no campo, conforme se nota nos Textos 3 e 4.

e) Os Textos 1, 2 e 3 são exemplos da poesia árcade conceptista e neoclássica, com linguagem figurada composta por antíteses e hipérbatos na representação da natureza bucólica como espaço utópico.

 

QUESTÃO 03

O lema do carpe diem sintetiza expressivamente o motivo de se aproveitar o presente, já que o futuro é incerto. Tal lema manifesta-se mais explicitamente nos seguintes versos de Tomás Antônio Gonzaga:

a) Ah! socorre, Amor, socorre / Ao mais grato empenho meu! / Voa sobre os Astros, voa, / Traze-me as tintas do Céu.

b) Depois que represento / Por largo espaço a imagem de um defunto, / Movo os membros, suspiro, / E onde estou pergunto.

c) É bom, minha Marília, é bom ser dono / De um rebanho, que cubra monte e prado; / Porém, gentil pastora, o teu agrado / Vale mais que um rebanho, e mais que um trono.

d) Se algum dia me vires desta sorte, / Vê que assim me não pôs a mão dos anos: / Os trabalhos, Marília, os sentimentos / Fazem os mesmos danos.

e) Ah! enquanto os Destinos impiedosos / Não voltam contra nós a face irada, / Façamos, sim, façamos, doce amada, / Os nossos breves dias mais ditosos.

 

QUESTÃO 04

Este movimento surge como momento de negação profunda e revolucionária, porque visava a redefinir não só a atitude poética, mas o próprio lugar do homem no mundo e na sociedade. Concebe de maneira nova o papel do artista e o sentido da obra de arte, pretendendo liquidar a convenção universalista dos herdeiros de Grécia e Roma em benefício de um sentimento novo, embebido de inspirações locais, procurando o único em lugar do perene.

Antonio Candido. Formação da literatura brasileira, 2013. Adaptado.

 

O texto refere-se ao movimento

a) realista.

b) romântico.

c) árcade.

d) naturalista.

e) parnasiano.

 

QUESTÃO 05

Tão variadas são as manifestações desse movimento que é impossível formular-lhe uma definição única; mesmo assim, pode-se dizer que sua tônica foi uma crença no valor supremo da experiência individual, configurando nesse sentido uma reação contra o racionalismo iluminista e a ordem do estilo neoclássico. Seus autores exploravam os valores da intuição e do instinto, trocando o discurso público do neoclassicismo, cujas formas compunham um repertório mais comum e inteligível, por um tipo de expressão mais particular.

Ian Chilvers (org.). Dicionário Oxford de arte, 2007. Adaptado.

O movimento a que o texto se refere é o

a) Naturalismo.

b) Romantismo.

c) Barroco.

d) Arcadismo.

e) Realismo.

 

QUESTÃO 06

JC – Gregório de Matos é meio maldito até hoje – seus restos estão no Recife, mas sem nenhuma referência oficial. Ainda é um personagem que precisamos celebrar e homenagear? Talvez sua poesia ainda seja muito forte – em seu conteúdo moral e político –, mesmo para os dias atuais.

ANA MIRANDA – Ah, sim, a poesia satírica dele é forte, às vezes chocante, porque não estamos acostumados a obscenidades, ou a política, ou a crônicas na poesia... a poesia é um lugar de sensibilidades, lirismo, sonhos, amores, insônias, coisas assim – João Cabral é outra exceção temática. E Augusto dos Anjos. Mas a obra de Gregório carrega um esclarecimento fabuloso sobre a nossa identidade brasileira, ela desvenda nossas origens como sociedade e como pessoas. Além disso, é uma obra de grande beleza e carga emocional, grandeza de expressão, e um manancial de palavras e termos. Um espetáculo de linguagem e narrativa. Tem ritmo, tem encanto, promove descobertas... Acho que seria bom, sim, averiguar a sua passagem e morte em Recife, e assinalar, incorporar à imensa riqueza que os pernambucanos guardam em seu baú cultural.

Excerto de entrevista da escritora Ana Miranda ao Jornal do Commercio. Disponível em: https://jc.ne10.uol.com.br/canal/cultura/literatura/noticia/2015/09/06/ana-miranda-fala-sobrea-

recriacao-de-gregorio-de-matos-e-seus-interessesliterarios-197682.php.

 

Observe, ao longo do texto, como alguns pronomes são empregados para se referir a outros elementos presentes no texto. Acerca desse recurso referencial, assinale a alternativa CORRETA.

a) No trecho: “Talvez sua poesia ainda seja muito forte – em seu conteúdo moral e político –, mesmo para os dias atuais.”, os pronomes destacados fazem, ambos, referência a “Gregório de Matos”.

b) No trecho: “Mas a obra de Gregório carrega um esclarecimento fabuloso sobre a nossa identidade brasileira”, a forma pronominal indica que a locutora pretendeu se referir apenas a si mesma e a seu interlocutor.

c) No trecho: “ela desvenda nossas origens como sociedade e como pessoas”, o leitor deve compreender que a forma pronominal destacada faz uma referência genérica: “as origens dos brasileiros”.

d) No trecho: “Acho que seria bom, sim, averiguar a sua passagem e morte em Recife”, a forma pronominal em destaque foi empregada em referência à “obra de Gregório de Matos”.

e) No trecho: “e assinalar, incorporar à imensa riqueza que os pernambucanos guardam em seu baú cultural.”, o termo destacado faz uma referência explícita a “baú cultural”.

 

QUESTÃO 07

Os linguistas têm notado a expansão do tratamento informal. “Tenho 78 anos e devia ser tratado por senhor, mas meus alunos mais jovens me tratam por você”, diz o professor Ataliba Castilho, aparentemente sem se incomodar com a informalidade, inconcebível em seus tempos de estudante. O você, porém, não reinará sozinho. O tu predomina em Porto Alegre e convive com o você no Rio de Janeiro e em Recife, enquanto você é o tratamento predominante em São Paulo, Curitiba, Belo Horizonte e Salvador. O tu já era mais próximo e menos formal que você nas quase 500 cartas do acervo on-line de uma instituição universitária, quase todas de poetas, políticos e outras personalidades do final do século XIX e início do XX.

Disponível em: http://revistapesquisa.fapesp.br. (adaptado).

 

No texto, constata-se que os usos de pronomes variaram ao longo do tempo e que atualmente têm empregos diversos pelas regiões do Brasil. Esse processo revela que

a) a escolha de “você” ou de “tu” está condicionada à idade da pessoa que usa o pronome.

b) a possibilidade de se usar tanto “tu” quanto “você” caracteriza a diversidade da língua.

c) o pronome “tu” tem sido empregado em situações informais por todo o país.

d) a ocorrência simultânea de “tu” e de “você” evidencia a inexistência da distinção entre níveis de formalidade.

e) o emprego de “você” em documentos escritos demonstra que a língua tende a se manter inalterada.

 

QUESTÃO 08

No trecho abaixo, o narrador, ao descrever a personagem, critica sutilmente um outro estilo de época: o Romantismo. 

Naquele tempo contava apenas uns quinze ou dezesseis anos; era talvez a mais atrevida criatura da nossa raça, e, com certeza, a mais voluntariosa. Não digo que já lhe coubesse a primazia da beleza, entre as mocinhas do tempo, porque isto não é romance, em que o autor sobredoura a realidade e fecha os olhos às sardas e espinhas; mas também não digo que lhe maculasse o rosto nenhuma sarda ou espinha, não. Era bonita, fresca, saía das mãos da natureza, cheia daquele feitiço, precário e eterno, que o indivíduo passa a outro indivíduo, para os fins secretos da criação.

ASSIS, Machado de. Memórias Póstumas de Brás Cubas. Rio de Janeiro: Jackson,1957.

 

A frase do texto em que se percebe a crítica do narrador ao romantismo está transcrita na alternativa:

a) “… o autor sobredoura a realidade e fecha os olhos às sardas e espinhas …”

b) “… era talvez a mais atrevida criatura da nossa raça …”

c) “Era bonita, fresca, saía das mãos da natureza, cheia daquele feitiço, precário e eterno, …”

d) “Naquele tempo contava apenas uns quinze ou dezesseis anos …”

e) “… o indivíduo passa a outro indivíduo, para os fins secretos da criação.”

 

QUESTÃO 09

No plano literário, a poética clássica, desde Platão a Aristóteles, estabeleceu os fundamentos semânticos (mundo representado), enunciativos, estilístico-formais e pragmáticos para construir a famosa tripartição de géneros que ainda hoje perdura na sua essencialidade, com as alterações e as inovações resultantes da evolução histórica da própria literatura: o género lírico, o género épico ou narrativo e o género dramático. Cada um destes géneros compreende diversos subgéneros, resultantes nalguns casos da sua mescla ou do seu hibridismo.

COSTA, João; SILVA, Vítor Manuel de Aguiar e (Org.) (s/d). Tipologia textual. Dicionário terminológico. Disponível em: http://dt.dgidc.min-edu.pt/.

Assinale a alternativa que contém afirmação correta:

a) Textos dos gêneros narrativo e dramático têm em comum a presença de um narrador, responsável por narrar os fatos.

b) No gênero dramático, as rubricas têm a função de indicar como a cena deve ser realizada.

c) Os Lusíadas, de Luís Vaz de Camões, é exemplo de obra pertencente ao gênero dramático, já que apresenta os dramas vividos pelos portugueses em suas conquistas marinhas.

d) Os cronistas baseiam-se exclusivamente em suas experiências cotidianas para, por meio da escrita, transformá-las em produções literárias.

e) Textos do gênero ensaístico valem-se de uma linguagem literária para apresentar fatos ficcionais.

 

QUESTÃO 10

Assinale a alternativa em que ocorre ambiguidade no emprego do pronome possessivo, prejudicando assim a clareza do texto:

a) Quando a filha sentou-se à mesa, o pai estava fazendo algumas observações a respeito dos convidados deles.

b) Quando a filha sentou-se à mesa, o pai estava fazendo algumas observações a respeito dos convidados dele.

c) Quando a filha sentou-se à mesa, o pai estava fazendo algumas observações a respeito dos convidados dela.

d) Quando a filha sentou-se à mesa, o pai estava fazendo algumas observações a respeito de seus convidados.

e) Quando a filha sentou-se à mesa, o pai estava fazendo algumas observações a respeito de meus convidados.

 

QUESTÃO 11

Pronominais

Dê-me um cigarro

Diz a gramática

Do professor e do aluno

E do mulato sabido

Mas o bom negro e o bom branco

Da nação brasileira

Dizem todos os dias

Deixa disso, camarada

Me dá um cigarro.

Disponível em: www.jornaldepoesia.jor.br/ oswal.html#pronominais.

 

Considere as seguintes afirmações a respeito do poema lido.

I. Em “Dê-me um cigarro”, a colocação pronominal está adequada à norma-padrão e pode-se concluir que as pessoas envolvidas no discurso tratam-se por tu.

II. É possível perceber, no poema, uma crítica ao preconceito linguístico sofrido pelos falantes da linguagem coloquial e popular brasileira.

III. No último verso do poema, o emprego do pronome pessoal oblíquo está em desacordo com uma regra gramatical prevista para a língua portuguesa escrita.

IV. No último verso, pode-se concluir que as pessoas envolvidas no discurso tratam-se por você.

 

São corretas as afirmações

a) I e II.

b) I e IV.

c) II e IV.

d) II e III.

e) I e III.

 

QUESTÃO 12

Eu, Marília, não sou algum vaqueiro,

Que viva de guardar alheio gado;

De tosco trato, d’ expressões grosseiro,

Dos frios gelos, e dos sóis queimado.

Tenho próprio casal, e nele assisto;

Dá-me vinho, legume, fruta, azeite;

Das brancas ovelhinhas tiro o leite,

E mais as finas lãs, de que me visto.

Graças, Marília bela,

Graças à minha Estrela!

Disponível em: www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000301.pdf.

 

Os versos de Tomás Antônio Gonzaga evidenciam uma característica marcante do Arcadismo, que é

a) o emprego de linguagem rebuscada e de figuras de linguagem como o hipérbato.

b) a presença de elementos relacionados à vida pastoril.

c) a valorização de elementos típicos da nobreza.

d) a valorização das conquistas trazidas pela vida urbana.

e) a retomada de temas ligados ao cristianismo.


QUESTÃO 13

Se para os brasileiros viver sob bombas é inconcebível, os bagdalis dão mostras de encará-las como os habitantes da costa japonesa encaram o tsumani: é ruim, mata muita gente, mas as pessoas têm de continuar levando a vida. A diferença fundamental - este é fenômeno natural, aquele é fenômeno da invasão anglo-americananão parece afetar a reação dos iraquianos.

Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2023/03/leia-relato-inedito-sobre-guerra-do-iraque-que-ocorreuha-20-anos.shtml.

 

Os pronomes este e aquele, presentes no fragmento da notícia, referem-se, respectivamente, a

a) “viver sob bombas” e “tsunami”.

b) “tsunami” e “viver sob bombas”.

c) “brasileiros” e “japoneses”.

d) “iraquianos” e “japoneses”.

e) “os bagdalis” e “os habitantes da costa japonesa”.


QUESTÃO 14

O Romantismo foi um movimento que começou na Europa, nas últimas décadas do século XVII. Ele teve um impacto muito além da Literatura, apesar de seu nome ser associado a essa matéria. O Romantismo influenciou as Artes de forma geral, a filosofia e até mesmo o pensamento político de sua época.

Durante o período em que esse movimento durou, a sociedade destacou o que foi chamado de espírito romântico: uma atitude e visão de mundo centrada no indivíduo. Seu objetivo era se diferenciar do pensamento iluminista, que pregava a objetividade e colocava a razão no centro do mundo.

Portanto, mesmo em grande parte do século XIX, esse espírito romântico produziu teorias filosóficas e obras artísticas bastante subjetivas. Os autores retratavam o drama humano, as emoções vivenciadas pelas pessoas, os amores trágicos e ideais utópicos. [...]

Disponível em: https://blog.stoodi.com.br/blog/portugues/caracteristicas-do-romantismo/

 

Faz parte do contexto histórico do movimento artístico citado

a) a consolidação do poder do clero e da nobreza.

b) o fracasso dos ideais pregados pela Revolução Francesa.

c) a valorização da automação tecnológica na produção artística.

d) a consolidação da burguesia como classe dominante.

e) o triunfo dos cavaleiros medievais nas lutas em favor do cristianismo.

 

QUESTÃO 15

HELENA – Sim... é verdade...

JOSÉ – E, quando assim não fosse, bastava todos os dias ver o retrato de V. Exa. à cabeceira do leito do s’or doutor... (Apontando para a porta da direita 1o plano.) Ali naquele quarto.

HELENA – O meu retrato?

JOSÉ – Está parecidíssimo. Só lhe falta falar.

HELENA – Ele saiu há muito tempo?

JOSÉ – Logo depois do almoço.

AZEVEDO, Arthur. O Oráculo. Disponível em: www.bdteatro.ufu.br/ bitstream/123456789/803/1/TT00990.pdf.

 

O gênero dramático guarda algumas características semelhantes às do gênero narrativo. Uma semelhança encontrada nesse texto é a

a) demarcação de tempo cronológico.

b) presença de um narrador observador.

c) estruturação em discurso indireto.

d) ausência de enredo linear.

e) presença de rubricas.

 

QUESTÃO 16

Ao gozo, ao gozo, amiga.

O chão que pisas

A cada instante te oferece a cova.

Pisemos devagar.

Olhe que a terra

Não sinta o nosso peso.

Deitemo-nos aqui.

Abre-me os braços.

Escondamo-nos um no seio do outro.

Não há de assim nos avistar a morte,

Ou morreremos juntos.

Não fales muito.

Uma palavra basta

Murmurada, em segredo,

ao pé do ouvido.

Nada, nada de voz,

- nem um suspiro,

Nem um arfar mais forte.

Fala-me só com o revolver dos olhos.

Tenho-me afeito à inteligência deles.

Deixa-me os lábios teus, rubros de encanto.

Somente pra os meus beijos.

Ao gozo, ao gozo, amiga.

O chão que pisas

A cada instante te oferece a cova.

Pisemos devagar.

Olha que a terra

Não sinta o nosso peso.

Disponível em: www.jornaldepoesia.jor.br/jf03.html.

 

Assinale a alternativa em que estão apresentadas características do Romantismo.

a) Valorização do modelo clássico; exaltação do nacionalismo; idealização da infância.

b) Valorização dos sentimentos; individualismo; fuga da realidade.

c) Idealização da figura feminina; retomada dos valores e modelos clássicos; exaltação da natureza e da pátria.

d) Presença da oposição entre o bem e o mal; fuga da realidade; egocentrismo.

e) Valorização da infância; escapismo; apresentação da realidade de forma não idealizada.

 

QUESTÃO 17

Inconstância dos bens do mundo

Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,

Depois da Luz se segue a noite escura,

Em tristes sombras morre a formosura,

Em contínuas tristezas a alegria.

Porém, se acaba o Sol, por que nascia?

Se é tão formosa a Luz, por que não dura?

Como a beleza assim se transfigura?

Como o gosto da pena assim se fia?

Mas no Sol, e na Luz falte a firmeza,

Na formosura não se dê constância,

E na alegria sinta-se tristeza.

Começa o mundo enfim pela ignorância,

E tem qualquer dos bens por natureza

A firmeza somente na inconstância.

Disponível em: www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000119.pdf.

 

No poema de Gregório de Matos, observa-se

a) o desejo pela salvação da alma.

b) o questionamento do comportamento humano.

c) o sofrimento gerado pela instabilidade das coisas.

d) a valorização dos elementos naturais.

e) a idealização da figura humana.

 

QUESTÃO 18

Considerando o uso dos pronomes pessoais, assinale a alternativa que está de acordo com a norma-padrão.

a) Quando o alarme tocar, vou desligar ele para poder dormir mais um pouco.

b) Aquela tarefa foi passada pelo professor para mim recuperar a avaliação perdida.

c) O diretor conversou conosco após a exibição do filme.

d) Entre eu e você não pode haver nenhum problema de relacionamento.

e) Ouvi as notícias no rádio e contei-lhas para ele.



QUESTÃO 19

A cada canto um grande conselheiro,

Que nos quer governar cabana e vinha;

Não sabem governar sua cozinha

E podem governar o mundo inteiro.

Em cada porta um bem frequente olheiro,

Que a vida do vizinho e da vizinha

Pesquisa, escuta, espreita e esquadrinha,

Para o levar à praça e ao terreiro.

Muitos mulatos desavergonhados,

Trazidos sob os pés os homens nobres,

Posta nas palmas toda a picardia,

Estupendas usuras nos mercados,

Todos os que não furtam muito pobres:

E eis aqui a cidade da Bahia

Disponível em: www.cespe.unb.br/interacao/Poemas_Selecionados_%20Gregorio_de_Matos.pdf.

 

A respeito de Gregório de Matos, é correto afirmar que

a) é um representante do Arcadismo brasileiro, tendo produzido especialmente poemas sacros.

b) criou obras românticas, explorando especialmente a idealização da figura feminina.

c) representou o pensamento do homem barroco, dividido entre a exaltação da natureza e a vida nas cidades.

d) expressou em sua obra a dualidade do pensamento árcade.

e) explorou em suas obras temas satíricos e irônicos, o que lhe valeu o apelido de Boca do Inferno.

 

QUESTÃO 20

São Paulo vai se recensear. O governo quer saber quantas pessoas governa. A indagação atingirá a fauna e a flora domesticadas. Bois, mulheres e algodoeiros serão reduzidos a números e invertidos em estatísticas. O homem do censo entrará pelos bangalôs, pelas pensões, pelas casas de barro e de cimento armado, pelo sobradinho e pelo apartamento, pelo cortiço e pelo hotel, perguntando:

– Quantos são aqui?

Pergunta triste, de resto. Um homem dirá:

– Aqui havia mulheres e criancinhas. Agora, felizmente, só há pulgas e ratos.

E outro:

– Amigo, tenho aqui esta mulher, este papagaio, esta sogra e algumas baratas. Tome nota dos seus nomes, se quiser. Querendo levar todos, é favor... [...]

E outro:

– Dois, cidadão, somos dois. Naturalmente o sr. não a vê. Mas ela está aqui, está, está! A sua saudade jamais sairá de meu quarto e de meu peito!

Rubem Braga. Para gostar de ler. v. 3. São Paulo: Ática, 1998, p. 32-3 (fragmento).

 

O fragmento acima, em que há referência a um fato sócio-histórico – o recenseamento – apresenta característica marcante do gênero crônica ao

a) expressar o tema de forma abstrata, evocando imagens e buscando apresentar a ideia de uma coisa por meio de outra.

b) manter-se fiel aos acontecimentos, retratando os personagens em um só tempo e um só espaço.

c) contar história centrada na solução de um enigma, construindo os personagens psicologicamente e revelando-os pouco a pouco.

d) evocar, de maneira satírica, a vida na cidade, visando transmitir ensinamentos práticos do cotidiano, para manter as pessoas informadas.

e) valer-se de tema do cotidiano como ponto de partida para a construção de texto que recebe tratamento estético.


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