Poesia e humor permeiam peça baseada em livro de Adriana Falcão
GABRIELA ROMEU
Dirigido por Duda Maia, “A
Gaiola” é uma fábula sobre o amor (e suas complexidades) inspirada no livro
homônimo de Adriana Falcão, roteirista de séries como “A Grande Família”.
Traz a história de uma
menina e um passarinho que, certo dia, cai ferido na varanda dela. A garota cuida
da ave e os dois se apaixonam. Para que o relacionamento fique seguro, ambos
decidem construir uma gaiola.
É um espetáculo com
diálogos que misturam poesia e humor, dois atores vigorosos em cena, cenário
minimalista cheio de surpresas e canções que desenham a montanha-russa de
emoções de um amor, entre encontros e desencontros.
Os atores, Carol Futuro (a menina) e
Pablo Áscoli (o passarinho), que se revezam entre os papéis de narradores e
protagonistas, falam de seus sentimentos, às vezes difusos. Diversos
acontecimentos são deliciosamente dançados.
Carol Futuro é cativante em sua
atuação. Engraçada, lembra com gestos personagens de desenhos animados. Pablo
Áscoli é um príncipe que não se faz de príncipe (em tempos em que as meninas já
não mais sonham com eles).
Coreografados com muita graça, os
gestos da dupla se repetem, assim como muitos dos diálogos, enfatizando o
cotidiano amoroso. A dramaturgia brinca com os pontos de vista de quem conta
uma história de amor.
Nos figurinos de Flavio Souza, os
personagens ficam suspensos entre a realidade e a fantasia, sem delinear um tempo
nem um lugar. Mas se veem um tanto quanto apagados na luz (conduzida por Renato
Machado) que, na estreia em São Paulo, apresentou algumas falhas, atrapalhando
um pouco a atmosfera do espetáculo.
Uma resenha de peça de teatro, filme ou livro, em geral,
está organizada em três partes principais: a apresentação; o desenvolvimento,
que contém o resumo da história e a avaliação com as justificativas; e a
conclusão. Observe o esquema a seguir.
Uma resenha é sempre acompanhada de elementos paratextuais,
que são informações para a orientação do leitor. Por exemplo, em diferentes
tipos de resenha, esses são os diferentes elementos paratextuais:
- um filme: Título do filme, nome do diretor e dos atores
principais; país e ano da produção, faixa etária, local de exibição, etc.
- um espetáculo musical: nome do artista ou da banda, estilo
musical, local e horário do evento.
- uma exposição de obras de arte: nome do artista ou dos
artistas, tema da exposição, principais obras expostas, local, horário.
Planeje as partes da resenha.
a) Apresentação: apresente o produto cultural que será avaliado e, se
quiser, já antecipe sua opinião sobre ele.
b) Desenvolvimento:
I. Resumo: prepare o resumo da história,
sem tirar a surpresa do desfecho.
II. Opinião: exponha sua opinião, que
pode ser positiva ou negativa.
III. Argumentação: dê
ao leitor argumentos para comprovar sua opinião.
IV. Elementos paratextuais: utilize os
elementos que conseguir (editoria, nome do autor, informações sobre o autor, ilustrador, etc.)
c) Conclusão: retome e confirme seu ponto de vista.
Observe as imagens a seguir. Uma é das
ruínas do templo do deus Apolo, em Delfos, na Grécia; a outra é uma ilustração
especulativa de todo o Oráculo – em seu auge –, com o templo de Apolo ao
centro, feita pelo arquiteto francês Albert Tournaire.
Esse local, cujo apogeu se deu entre os
séculos VI e IV a.C., foi visitado por importantes governantes e por cidadãos
comuns que buscavam conselhos, tanto para problemas pessoais como para questões
políticas. No pátio do templo de Apolo, encontrava-se inscrita a frase
“conhece-te a ti mesmo”, vista por todos aqueles que para lá se dirigiam. Foi
essa mesma frase que orientou as investigações filosóficas de Sócrates em busca
do autoconhecimento e do conhecimento da verdade. No século XX, foi usada, em
sua versão latina (temet nosce), como inscrição sobre a porta do Oráculo nos filmes Matrix (1999)
e Matrix Revolutions (2003).
Reflita: Qual o sentido
dessa frase? Por que estaria presente na entrada de um templo para onde as
pessoas se dirigiam em busca de respostas para suas dúvidas? Você a considera
válida ainda hoje?
Adquirir autoconhecimento não é uma
tarefa simples; requer que sejamos capazes de identificar nossos desejos, nossas
limitações, nossos valores. Você acredita que se conhece? Sabe quais são seus
pontos fortes? Sabe como se preservar diante de situações difíceis e
estressantes? Já refletiu sobre como todos esses elementos são importantes para
que possa fazer suas escolhas e determinar os caminhos que quer seguir? Discuta
com os colegas e com o professor essas questões.
Para aprender
·A construção da identidade
Autoconhecimento e projeto
de vida
A construção de um projeto
de vida é uma atividade complexa e relaciona-se diretamente ao
autoconhecimento. Antes de buscar respostas em fontes externas, é a compreensão
de quem você é, do que você deseja, de quais são suas habilidades e seus pontos
a serem aperfeiçoados que melhor pode orientá-lo na determinação dos caminhos
que quer trilhar.
A reflexão sobre desejos e
objetivos direciona o estabelecimento de metas, o desenvolvimento de projetos e
a definição de estratégias. Essa prática pode parecer difícil, especialmente
quando se pensa em longo prazo. Mas é possível criar estratégias e estabelecer
metas a serem atingidas em diferentes momentos.
Você pode planejar a melhor
forma de passar seu próximo fim de semana, o que pretende fazer ao final do
Ensino Médio e como deseja que esteja sua vida profissional aos 50 anos. Exercitar
essa reflexão é um caminho não só para lidar com suas potencialidades e vocações,
mas também para identificar possibilidades e estabelecer objetivos.
É claro que você não
precisa definir seu futuro profissional agora, nem estabelecer suas metas
pessoais para toda a vida, até porque os sonhos, as necessidades e os desejos
podem mudar ao longo do tempo, mas, certamente, o autoconhecimento facilitará a
sua trajetória. Pense a respeito das questões propostas a seguir. Você tem
respostas para todas? Caso não tenha, registre essa incerteza e qual sua provável
causa. As respostas são pessoais, e você não precisará compartilhá-las.
O importante é que reflita a respeito das
questões.
- Que tipo de atividade você mais gosta de
fazer?
- De que tipo de atividade você não gosta?
- Qual seu objetivo pessoal?
- Qual seu objetivo acadêmico?
- Qual seu objetivo profissional?
- Quais são suas maiores qualidades?
- O que você acredita que deve melhorar em você
mesmo?
Posicionamento de marca.
Você sabe o que é?
Você sabia que, assim como
os seres humanos buscam o autoconhecimento para desenvolver suas
potencialidades, as empresas também se preocupam com a construção de sua
identidade e com a definição de seu posicionamento? Em geral, elas também dão
importância à forma como desejam ser reconhecidas e buscam a melhor maneira de
se conectar com seu público. Uma das estratégias usadas para isso é determinar seu
arquétipo de marca, ou seja, a imagem que as define e por meio da qual desejam
estabelecer ligação com o público.
O psiquiatra suíço Carl
Gustav Jung desenvolveu o conceito de arquétipos em 1919. Segundo ele,
são conjuntos de imagens primordiais que estão presentes o tempo todo e em todo
o lugar e que estão armazenados no inconsciente coletivo. A partir do século
XXI, esse conceito passou a ser amplamente aplicado ao marketing, para que as marcas gerassem maiores e melhores conexões
com o consumidor.
Veja, no quadro a seguir, elementos que
caracterizam os arquétipos e exemplos de algumas marcas que mostram a intenção
de explorar tais arquétipos. Depois, consulte as páginas dessas marcas em rede
social e reflita se as publicações, como um todo, cumprem uma estratégia de marketing coerente
com o posicionamento das marcas e a construção de sua identidade. Para isso,
analise tanto os aspectos verbais quanto os visuais (fotos, desenhos, vídeos) e
anote suas conclusões.
Os textos a seguir destacam como
duas marcas decidiram se posicionar diante de seu público em determinado
momento de sua história. Leia-os e assista aos vídeos neles indicados. Depois
identifique a qual(is) arquétipo(s) você associa cada uma delas, justificando
sua resposta.
Texto I
Audi apresenta novo
posicionamento no Brasil
Vendo seu público envelhecer, a Audi direciona seus esforços
na mídia digital para falar com o público jovem e convencê-lo a ter um carro.
Saiba mais.
Em um evento reservado
em São Paulo a Audi anunciou para a imprensa um pouco dos seus planos para
comunicação e marketing nos próximos meses. No ano em que completa 25
anos no Brasil, a marca anunciou um novo posicionamento e prometeu o maior
investimento no digital.
A comunicação da Audi
será trabalhada em 4 pilares: Brand Entry, New Premium, Etron e Audi Sport. As duas
últimas terão um ar mais aspiracional e devem ajudar a alavancar as vendas das
duas primeiras e reforçar o compromisso da marca com a inovação tecnológica e o
conforto.
“O Parto” conta a
história de uma bebê que estabelece uma relação especial com a Audi desde o dia
de seu nascimento. [...]
“A inspiração da
campanha foi resgatar a ousadia e a criatividade que sempre estiveram no DNA
das ações de marketing da empresa desde a sua chegada ao Brasil, há
25 anos, com um filme que reforça a conexão emocional que existe entre a marca
e nossos clientes”, afirma Claudio Rawicz, diretor de comunicação da Audi do
Brasil.
“Além disso, essa
superprodução inteiramente filmada no Brasil reforça a atitude vanguardista
presente em todos os veículos da Audi, também na comunicação, pois trata-se de
um filme inspirador, inesperado e de puro entretenimento”, complementa Marcio
Avolio, gerente de marketing da Audi do Brasil.
Para cuidar do digital,
sai a Wunderman e entra a Cubo CC. Marca e agências enfrentam o problema de ver
o consumidor de Audi envelhecer, relatado pela própria companhia durante
coletiva. A companhia não falou sobre valores, mas prometeu investir de 40 a
45% da verba em digital.
Outro problema
encontrado não só pela Audi, mas por todo setor automotivo é o distanciamento
do público jovem do desejo de se ter um carro. Apesar disso, a Audi afirmou que
acredita que o jovem quer, sim, comprar um carro. Para isso a companhia se
posicionará como uma companhia democrática, porém dentro do segmento premium.
Marca convoca a sociedade a fazer mais pelo mundo.
A Natura lançou, na
semana passada, o novo posicionamento institucional da marca. Na campanha “O
Mundo É Mais Bonito Com Você”, ela convida as pessoas a se tornarem agentes de
transformação da sociedade.
Entre os princípios que
reforça estão o compartilhamento de riqueza, a não realização de testes em animais,
a valorização da diversidade, a redução de resíduos, a escolha de ingredientes
vegetais e de fontes renováveis, o cuidado com a origem dos produtos e o
combate às mudanças climáticas.
“Com base nos pilares
que desde sempre norteiam nossa atuação – a beleza livre de estereótipos, o
poder das relações e o desenvolvimento sustentável –, queremos fazer um chamado
poderoso para o engajamento da nossa rede na construção de um mundo mais
bonito, justo e equilibrado”, afirma Andrea Álvares, vice-presidente de marketing, inovação e sustentabilidade da Natura.
A marca, que foi a
primeira do setor a oferecer refis de seus produtos, gera e compartilha valor
com uma rede com mais de 1,7 milhão de consultoras na América Latina e as mais
de 5 mil famílias de comunidades fornecedoras.
O novo posicionamento
envolve tanto consumidoras quanto consultoras. “Queremos ouvir o que elas
esperam de uma marca de beleza, construindo um diálogo transparente para que,
juntas, possamos seguir na vanguarda da inovação e das melhores práticas na
indústria de bens de consumo”, afirma Andrea.
·Elementos verbais e não
verbais na construção de peças publicitárias
Peças publicitárias, de modo geral,
unem diferentes linguagens (verbal, visual, sonora) a fim de transmitir ao
público os valores da marca ou instituição e seu posicionamento. Portanto, ao
lermos e interpretarmos esses textos, a seguir, devemos considerar todos esses
elementos e a forma como se relacionam.
Atividade prática
A imagem ao lado foi postada nas redes
sociais da organização humanitária Médicos Sem Fronteiras no dia mundial do refugiado (20 de junho de
2020). Observe-a atentamente, discuta as questões propostas com os colegas e o
professor e anote as conclusões.
1. Como os personagens presentes na imagem
se associam ao tema da postagem?
2. De que forma o cenário reforça a ideia
de que os personagens ali representados encontram-se em situação difícil e
necessitam de proteção?
3. Cores, tipos e tamanhos de letras e
grafismos são recursos que se somam às imagens e ao texto verbal para compor
uma peça publicitária. Na peça que você está analisando, o vermelho é uma cor
de destaque. Levante hipóteses que expliquem esse fato.
4. De modo geral, peças publicitárias
apresentam textos de caráter injuntivo, ou seja, que buscam estimular o leitor a
tomar uma determinada atitude. Por isso, é frequente a presença de verbos no
modo imperativo. Nessa peça isso não ocorre. Pode-se afirmar que há, implícito,
um pedido a quem vê a imagem? Justifique.
5. A cena dialoga com o texto: há pessoas
que necessitam de assistência e proteção.
a) Qual o efeito de sentido causado pelo
emprego do termo mais em
“enfrentando mais riscos”?
b) Qual o sentido da expressão “mais do
que nunca” no contexto?
6. A peça publicitária confirma o
arquétipo do cuidador como aquele que identifica os Médicos Sem Fronteiras? Justifique.
Você sabia que, assim como os seres humanos buscam
o autoconhecimento para desenvolver suas potencialidades, as empresas também se
preocupam com a construção de sua identidade e com a definição de seu
posicionamento? Em geral, elas também dão importância à forma como desejam ser
reconhecidas e buscam a melhor maneira de se conectar com seu público. Uma das
estratégias usadas para isso é determinar seu arquétipo de marca, ou seja,
a imagem que as define e por meio da qual desejam estabelecer ligação com o público.
O psiquiatra suíço Carl Gustav Jung desenvolveu o
conceito de arquétipos em 1919. Segundo ele, são conjuntos de imagens
primordiais que estão presentes o tempo todo e em todo o lugar e que estão
armazenados no inconsciente coletivo. A partir do século XXI, esse conceito
passou a ser amplamente aplicado ao marketing, para que as marcas gerassem
maiores e melhores conexões com o consumidor.
Veja, no quadro a seguir, elementos que
caracterizam os arquétipos e exemplos de algumas marcas que mostram a intenção
de explorar tais arquétipos. Depois, consulte as páginas dessas marcas em rede
social e reflita se as publicações, como um todo, cumprem uma estratégia
de marketing coerente com o posicionamento das marcas e a construção
de sua identidade. Para isso, analise tanto os aspectos verbais quanto os
visuais (fotos, desenhos, vídeos) e anote suas conclusões.
A
Audi posiciona-se como uma marca arrojada, que produz um carro moderno, seguro
e com tecnologia de ponta, características destacadas, de forma indireta, no
vídeo. Dirige-se a um público adulto, jovem, de elevado poder aquisitivo, que
valoriza não só a família e o conforto, mas também a segurança, resultante das
inovações. Um exemplo de arquétipo explorado pela marca é o do sábio: o que valoriza
a evolução, o que busca a perfeição, visando ao bem-estar e à proteção do
indivíduo.
É
possível indicar outros arquétipos, como o do governante, por exemplo. O
importante é que as escolhas tenham coerência com o que se viu no vídeo e que
sejam fundamentadas.
NATURA
A
Natura posiciona-se como uma marca interessada no bem-estar coletivo,
destacando a ideia de que todos podem agir de forma positiva no mundo.
Dirige-se a um público preocupado com problemas ambientais e sociais e que
busca construir uma sociedade mais justa e equilibrada. O arquétipo do cuidador
é, portanto, explorado pela marca. É possível também identificar características
arquetípicas do sábio (conhecimento, evolução) e da pessoa comum (praticidade,
eficiência, desejo de pertencimento).
MSF
1. Um homem adulto caminha próximo de uma linha
férrea carregando uma criança e várias sacolas. Os personagens, vestidos com simplicidade,
estão em deslocamento e parecem passar por dificuldades, o que se assemelha à
situação vivida por refugiados e migrantes.
2. O cenário parece pouco acolhedor: vagão de
carga de aspecto descuidado e iluminação sombria na direção para onde os personagens
se dirigem, simbolizando, metaforicamente, um futuro pouco promissor.
3. O vermelho é cor intimamente relacionada ao
sangue e, portanto, à vida ou à ausência dela, e a peça destaca a necessidade
de proteção para a garantia da vida e do bem-estar de refugiados e migrantes.
Além disso, a cor está presente na logomarca da instituição, remetendo, portanto,
à sua identidade visual.
4. Embora não esteja explícito, pode-se perceber
que a peça visa despertar a empatia e a solidariedade. Ao destacar que
refugiados e migrantes precisam de assistência e proteção, estimula a atuação
do receptor para a minimização dos problemas apontados.
5.
a) O termo mais
indica um agravamento da situação vivida por refugiados e migrantes.
b) A expressão “mais do que nunca” indica a
urgência da tomada de medidas protetivas. Destaque o papel persuasivo do termo
(item a) e da expressão, que, ao enfatizarem o drama de refugiados e migrantes,
intensificam o pedido de ajuda, implícito na peça publicitária.
6. A peça destaca a preocupação dos Médicos Sem
Fronteiras com a vida humana, que deve ser tratada com respeito e cuidado, o
que está diretamente relacionado ao arquétipo do cuidador.