17 novembro 2021

DESCALÇA

 Levante-se, e levante-se novamente até que as ovelhas se tornem leões.”

Quando é que a gente sabe que está na hora de “deixar partir”, hein? De deixar pra lá, deixar estar, aceitar um estado de coisas, chorar o que tiver pra chorar e começar do zero de novo?

Às vezes a gente escolhe é a atitude errada. E acha que tudo depende é da nossa vontade de fazer dar certo, de brigar pra dar certo, de batalhar... Mas às vezes ficar insistindo e batendo naquela mesma velha tecla só faz é roubar tempo e energia da gente. Só faz é impedir que a gente veja e trabalhe pelo surgimento de um novo caminho, de novas descobertas, de novas escolhas...Numa busca, procurar encontrar não é o suficiente. É preciso procurar encontrar NO LUGAR CERTO. Quem busca prata onde só há lataria, nunca conseguirá encontrar outra coisa além de frustração.

E isso nem é pessimismo. É sobriedade.  E é dentro da gente mesmo que às vezes a gente precisa reunir forças pra permitir que o mundo siga... porque ele já seguiria. Por ele mesmo. Ainda que sem a gente.

É que às vezes é bem difícil manter a energia positiva. A gente se indigna e amaldiçoa o universo e perde um pouco aquela perspectiva maior de que nem sempre coincidem, com os nossos próprios desígnios, os desígnios de Deus. E aí você até pode pensar “lá vem a Elenita com esse papo de crente de novo”, mas... Quantas e quantas vezes na sua vida você não achava que perdia e Deus mandava o maior de todos os presentes pra você?

É que às vezes é bem difícil continuar acreditando quando a gente perde. Mas é por isso que é justamente nesses momentos que a nossa fé precisa ser maior.

Dói. E vai doer um pouquinho ainda. Mas a gente recomeça.

E isso nem é pessimismo. É sobriedade. É vontade de aceitar que a gente não tem controle sobre tudo (e às vezes tem controle sobre nada), mas nem por isso vai perder a fé que nos mantém acreditando.

Se eu não tivesse levado todas as quedas que já levei, não seria a mulher que sou hoje. E eu gosto da mulher que sou hoje. 

Que essas quedas que eu tomo agora me constituam numa mulher melhor no futuro. É este o meu desejo (Amém).

 

Algumas pessoas vão dizer que é fraqueza. Que eu deveria insistir, e processar, e tentar levar para o judiciário a questão em que a banca foi absurdamente equivocada... “O salário é muito bom”. Mas o que eu faço com os sinais que tenho recebido? A maioria me diz que meu caminho não é lá. É o amigo que me deixa na mão, o outro amigo que me trai, a batida do carro no instante que decido enviar o documento, o problema com o banco, a grosseria que deveria ser gentileza porque indicada pelo cuidado distante... Quando é que a gente sabe que já deu? Quando é que a gente sabe que está na hora de parar? E prosseguir?

Acho que a gente nunca sabe. Mas então me lembro daquele trechinho no livro...

“Tudo é um entre um milhão de caminhos. Portanto, você deve sempre manter em mente que um caminho não é mais do que um caminho; se achar que não deve segui-lo, não deve permanecer nele, sob nenhuma circunstância. Qualquer caminho não passa de um caminho, e não há afronta, para si nem para os outros, em largá-lo, se é isso o que seu coração lhe manda fazer. Mas sua decisão de continuar no caminho ou largá-lo deve ser isenta de medo ou de ambição. Olhe bem para cada caminho com rigor e cautela. Experimente-o tantas vezes quanto achar necessário. Depois, pergunte-se, e só a si, uma coisa: esse caminho tem coração? Se tiver, o caminho é bom; se não tiver, não presta. Ambos os caminhos não conduzem a parte alguma; mas um tem coração e o outro não. Um torna a viagem alegre; enquanto você o seguir, será um com ele. O outro o fará maldizer sua vida. Um o torna forte; o outro o enfraquece”.

Acho que é isso... Acho que é isso. Parti.




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