Cap 4 - Vozes femininas
na literatura brasileira
EIXOS ESTRUTURANTES:
Processo criativo
Mediação e
intervenção sociocultural
HABILIDADES
TRABALHADAS:
EMIFCG04 • EMIFLGG04
• EMIFLGG05 • EMIFLGG08
>>
Por trás do texto
Este
módulo é dedicado à literatura criada por escritoras brasileiras: vozes
femininas que, no processo de evolução de nossa sociedade, têm buscado meios de
afirmação de sua arte e espaço de publicação e divulgação, geralmente limitados
por obstáculos impostos pelo modelo patriarcal dominante.
Para
refletir sobre o tema, e partindo do princípio de que a arte é uma forma de
expressão de conceitos e valores sociais, leia um trecho do romance Úrsula,
escrito por Maria Firmina dos Reis e publicado em 1859.
Com base na biografia de Maria Firmina dos Reis e na interpretação do trecho do romance Úrsula, reflita sobre as seguintes questões:
· Como o trecho da obra Úrsula aborda a
questão da escravidão e a liberdade dos escravizados?
· Quais foram os desafios enfrentados por
Maria Firmina dos Reis como escritora negra no século XIX no Brasil?
Neste
módulo, você poderá ler e aprofundar seus conhecimentos sobre algumas vozes
literárias femininas na literatura brasileira.
>>
Para contextualizar
O silenciamento
das mulheres na sociedade e na literatura
Por
que se fala de literatura feminina? Ou feminista? Essas designações são um
recorte dentro da produção literária nacional. Surgem da necessidade de apontar
de modo específico esse segmento, em decorrência do silenciamento sociocultural
que historicamente marginalizou as mulheres brasileiras, especialmente as
mulheres brasileiras negras.
Nesse
processo de silenciamento, houve resistência e pioneirismos. Um exemplo foi a
educadora e escritora Nísia Floresta (1810-1885), considerada uma das primeiras
autoras a defender ideias feministas no Brasil. Nascida em Papari, no Rio
Grande do Norte (cidade que hoje tem o seu nome), foi redatora do periódico O
espelho das brasileiras, em que escreveu sobre as condições sociais
precárias das mulheres. Em seu primeiro livro, Direitos das mulheres e
injustiça dos homens (1832), trata da importância do acesso à instrução e
ao trabalho. Em 1838, ainda em tempos do reinado de dom Pedro II, a educadora
abriu uma escola para meninas. Nísia também participou ativamente das campanhas
abolicionista e republicana.
Ainda
no século XIX, dentre alguns outros nomes, destaca-se a professora e escritora
maranhense Maria Firmina dos Reis (1822-1917). Considerada a primeira
romancista brasileira, tinha presença constante na imprensa local. O romance
romântico Úrsula, publicado em 1859, é uma obra revolucionária para seu
tempo: escrito por uma mulher negra, denuncia a violência sofrida pelos
africanos escravizados, focalizando ideais abolicionistas.
Numa
sociedade que acreditava na suposta inferioridade intelectual da mulher, vista
apenas como símbolo de amor e beleza ou como objeto de desejo, mesmo aquelas
que tinham acesso à educação e a vontade de fazer literatura eram vítimas de
preconceito e falta de reconhecimento. Por isso, muitas delas utilizavam o
recurso do anonimato. Maria Firmina publicou poesia, ficção, crônicas e até
enigmas e charadas, sob o pseudônimo de “uma maranhense”.
Ao
longo do processo de desenvolvimento da sociedade brasileira, muitos autores
ganharam espaço e destaque até fora do país, principalmente a partir do século
XIX, após a Proclamação da Independência (1822). Contudo, poucas autoras
trilharam o mesmo caminho: vozes femininas conquistaram algum espaço na produção
artística nacional, principalmente a partir do século XX, com o Modernismo.
Em
1922, durante a Semana de Arte Moderna, evento que entrou para a história do
país pelo espírito de ruptura e renovação que representou, houve a participação
de quatro artistas brasileiras: Anita Malfatti (pintora), Regina Graz (pintora
e tapeceira), Zina Aita (pintora e ceramista) e Guiomar Novaes (pianista). A
pintora Tarsila do Amaral, que não esteve presente por estar fora do país na
época do evento, tornou-se um dos grandes nomes do movimento, assim como a
escritora e ativista feminista Pagu (Patrícia Galvão).
No
mundo moderno, complexo e palco de muitas transformações na sociedade, a
literatura, assim como outras linguagens da arte, também problematiza as
relações sociais e as tensões existenciais. A libertação do artista diante das
convenções, conquista do Modernismo, renova a proposta de uma estética de
apropriação do real. Nesse contexto, a literatura escrita por mulheres ganhou
espaço e foi conquistando projeção nacional, principalmente a partir da década
de 1940, como se vê, por exemplo, na obra de Clarice Lispector.
A
escritora mergulhou de maneira profunda no universo feminino, explorando a
complexidade psicológica de suas protagonistas. O estilo intimista da literatura
de Clarice convida o leitor a adentrar no fluxo de consciência de suas
personagens, diminuindo ou até mesmo apagando as fronteiras entre a voz do narrador
e a de personagens. Com a mesma complexidade narrativa, cria metalinguagem,
explorando o próprio processo criativo.
É
assim, por exemplo, que a escritora Clarice apresenta a nordestina Macabea, em A
hora da estrela.
Desde
o romance Perto do Coração Selvagem, de 1944, Clarice Lispector torna-se
mestre na chamada “prosa intimista”. A escritora rompe com a sequência linear
da narrativa que caracterizou o conto brasileiro no século XIX e faz predominar
as impressões e sensações da mente humana. Muitos de seus personagens não têm
nome, mas são tipos únicos. Seus contos manifestam o momento da epifania – da revelação,
da iluminação –, quando, por meio de um súbito estranhamento sentido pelos
personagens, eles mergulham num fluxo de consciência e emergem diferentes em
relação a si mesmos e ao mundo que os rodeia.
Assim,
extrapolando a narrativa de situações cotidianas, Clarice Lispector observa,
revela e questiona a realidade humana, o sentido da existência e os papéis
sociais da mulher. Em sua literatura, sobressai um olhar diferente sobre o
universo feminino, divergente do padrão estereotipado predominante nas narrativas
até então, em que a mulher aceitava passivamente o papel de mãe, esposa ou
restrito à vida doméstica. Ao se debruçar sobre as características psicológicas
de suas complexas personagens, a autora mostra seus anseios e questionamentos
diante das condições sociais que enfrenta.
A
primeira mulher a ingressar na Academia Brasileira de Letras (1977) foi,
também, uma escritora cujos personagens femininos são marcantes e desconstroem
a imagem estereotipada da mulher de seu tempo: Rachel de Queiroz.
Os
romances e as crônicas de Rachel de Queiroz giram em torno de temas e questões
sociais nordestinas ou do cotidiano carioca. A escritora se inspira em
realidades concretas para criar um universo de denúncia social de grande força
dramática. Alguns de seus romances se popularizaram ainda mais ao serem
adaptados para novelas ou minisséries televisivas, como foi o caso dos romances
Três Marias (1939) e Memorial de Maria Moura (1992), exibidos em
1980 e 1994, respectivamente.
Memorial
de Maria Moura,
obra ambientada no sertão nordestino de século XIX, é um romance que discute o
patriarcalismo e ilustra a transgressão do papel da mulher. A protagonista,
Maria Moura, ao se vestir como homem e lutar como uma cangaceira, infringe os
valores vigentes da sociedade sertaneja da época.
O
segundo capítulo desse romance revela o conflito que move a personagem Maria
Moura a buscar vencer o preconceito, levando o leitor a conhecê-la pela força
feminina. Maria Moura sentia-se ameaçada por Liberato, seu padrasto, com quem
passou a viver maritalmente após a morte da mãe. Ao perceber que seria vítima
de uma armadilha, quando Liberato pediu-lhe para assinar uma procuração que lhe
daria propriedade das terras a que tinha direito por herança, Maria Moura
planeja e executa seu assassinato. Dessa complicação narrativa nasce o espírito
de transgressão de Maria Moura, que se recusa a sujeitar-se ao mundo masculino
de seu tempo, passando a impor seu caráter forte e sua liderança.
Assim
como em Clarice Lispector, na escrita de Rachel de Queiroz observa-se um estilo
autoral que revela profunda observação psicológica das personagens femininas,
além da mencionada perspectiva social. O destino da mulher na sociedade foi
tema recorrente em sua obra. Em seu primeiro romance, O Quinze, por
exemplo, a personagem Conceição sai de uma fazenda no interior do Ceará para
estudar em Fortaleza e trabalhar como professora. Na capital, mantém-se
solteira (opção que para uma mulher era sinônimo de rebeldia e até vergonha) e
torna-se voluntária em local que recebia famílias do sertão cearense vítimas da
seca, tema central do romance.
Muitas
outras escritoras também desafiaram o mundo literário brasileiro, como a
romancista Nélida Piñon, a primeira mulher a se tornar presidente da Academia
Brasileira de Letras, e a poetisa, ficcionista e dramaturga Hilda Hilst, cujas
obras expressam vozes femininas e sua relação com o desejo e a sexualidade, temas
ainda considerados tabus na sociedade. As obras dessas escritoras representam um
importante passo para que o silenciamento das mulheres, tanto na vida social
quanto na produção artística, seja discutido mais amplamente e para que se
combata a discriminação e a desigualdade motivadas pelo gênero.
Analisando
o texto
1. Para ampliar suas reflexões e conhecer a
literatura de outras vozes literárias femininas do século XX, leia o trecho a
seguir, do romance Podem me chamar de louca, de Hilda Hilst, e responda às
questões que seguem.
a) Identifique, no trecho, formas verbais de valor imperativo e analise o efeito de sentido que criam no contexto.
b) Explique a ironia proposta pela autora.
Com base na leitura do artigo, reflita sobre as seguintes questões:
1. Segundo
a pesquisa, quem eram as “modernistas”?
2. De que modo alguns veículos de comunicação da época reforçavam o preconceito contra a emancipação feminina?
3. Faça uma pesquisa sobre os movimentos de emancipação feminina do século XX e as conquistas que, de algum modo, resultaram dessas mobilizações. Em seguida, escreva um resumo das informações pesquisadas e faça comentários defendendo seu ponto de vista sobre essas conquistas. Ao final, compartilhe sua pesquisa e suas opiniões com os colegas.
>>
Para contextualizar
Memórias
literárias femininas
A
crítica literária contemporânea aponta para o crescimento da quantidade de
publicações de gêneros textuais memorialísticos, como biografias,
autobiografias, diários, dentre outros, principalmente a partir da década de
1980.
Na
produção literária feminina, esse deslocamento temporal e espacial é
especialmente importante, porque representa um caminho para a recuperação do
passado e a construção, no presente, de uma história futura em que a condição
de servilidade e marginalidade seja superada.
Esse
contexto também está diretamente relacionado ao processo de transformação
social vivido pelas mulheres brasileiras, principalmente no século XX, quando a
sociedade passou a reconhecer o lugar social da mulher e a importância de
combater desigualdades e violências históricas.
Para
identificar traços desse discurso memorialístico, leia o poema a seguir.
Os versos revelam um eu lírico que aprendeu a valorizar as próprias raízes culturais, entre as quais estão crenças religiosas tanto de origem africana quanto católicas, fruto de uma sociedade marcada pelo sincretismo religioso: “Nas contas de meu rosário eu canto Mamãe Oxum e falo / padres-nossos, ave-marias.”
Sincretismo é a junção de traços
culturais, doutrinas ou ideologias diferentes. Em algumas situações, essa interseção
dá origem a algo novo, seja no campo da filosofia, da religião, da política,
etc.
Pode-se
depreender do texto, também, a valorização do passado e da memória como
instrumento de exposição de problemas sociais e denúncia. Nos versos iniciais,
o eu lírico encontra “na memória mal adormecida” imagens que marcaram a
infância, entre as quais a do preconceito contra as meninas negras:
Do
meu rosário eu ouço os longínquos batuques do
meu
povo
e
encontro na memória mal adormecida
as
rezas dos meses de maio de minha infância.
As
coroações da Senhora, onde as meninas negras,
apesar
do desejo de coroar a Rainha
tinham
de se contentar em ficar ao pé do altar
lançando
flores.
[...]
As
lembranças resgatas pela memória ajudam a contar sobre o passado de fome e
trabalho (na terra, nas fábricas, nas casas) e é um convite à reflexão sobre a
condição da mulher oprimida pelos valores de uma sociedade racista e
patriarcal. A memória é, assim, uma voz coletiva:
As
contas do meu rosário fizeram calos nas minhas mãos,
pois
são contas do trabalho na terra, nas fábricas, nas casas,
nas
escolas, nas ruas, no mundo.
As
contas do meu rosário são contas vivas.
[...]
Quando
debulho as contas de meu rosário,
eu
falo de mim mesma em outro nome...
Além
disso, o rosário/poema é uma representação do próprio percurso trilhado pela
escritora. Nos versos de “Meu rosário”, por meio da metalinguagem, apresenta-se
uma voz poética que quer compartilhar com seus interlocutores vivências de uma
dura realidade social, na esperança de que, no futuro, ela seja superada.
[...]
Nas
contas de meu rosário eu teço entumecidos
sonhos
de esperanças.
Nas
contas do meu rosário eu vejo rostos escondidos
por
visíveis e invisíveis grades
[...]
E
neste andar de contas-pedras,
o
meu rosário se transmuda em tinta,
me
guia o dedo,
me
insinua a poesia.
[...]
Metalinguagem é um discurso
marcado pela intenção de refletir sobre o próprio uso da linguagem. Assim, por
exemplo, um poema tematiza o processo de criação poética ou um romancista conta
sobre a construção do perfil de determinado personagem ao mesmo tempo que narra
uma história.
Passado,
presente e futuro caminham juntos na literatura feminina negra, marcada pelo
engajamento social. Esse discurso pode ser observado, também, na literatura
escrita por Carolina Maria de Jesus, escritora que se tornou conhecida com a
publicação de Quarto de despejo: diário de uma favelada. O diário é
considerado uma importante referência para a chamada literatura periférica ou
marginal, pelo fato de ser uma produção independente, descoberta por acaso por
um jornalista, produzida à margem dos cânones do segmento editorial.
Em
seu primeiro livro, a escritora conta sua luta para sobreviver na cidade de São
Paulo, relatando vivências reais como catadora de lixo em uma favela. Carolina
de Jesus é, ao mesmo tempo, o sujeito e o objeto do relato, característica
própria desse gênero textual. As páginas do diário são o testemunho da autora
que, ao registrar o dia a dia, reflete sobre problemas sociais e existenciais,
manifestando seus sentimentos e pensamentos diante da realidade vivida pelos
moradores da favela do Canindé. Além do registro do cotidiano de miséria a que
ela é submetida, o diário revela uma vida de privação não somente material, mas
também existencial, estilo que se configura ainda mais no segundo diário, Casa
de alvenaria. Leia:
Ao retratar o cotidiano de miséria e marginalização das pessoas com quem convive – seja na favela do Canindé, na cidade de Osasco (sua segunda moradia) ou no bairro de Santana (onde compra uma casa com o dinheiro recebido pelos diários), cenário em que se situam os relatos registrados em diários –, a escritora apresenta o olhar da mulher negra, vítima de preconceito e exclusão.
No
trecho reproduzido anteriormente, assim como em todos os seus livros, Carolina
demonstra a dificuldade que é imposta à mulher negra e não casada em uma
sociedade racista e machista. Além disso, apesar de viver em um ambiente no
qual as pessoas geralmente têm baixa escolaridade, revela-se preocupada com a
educação formal dos filhos, por entender que essa é uma condição necessária para
sair da marginalidade.
Uma
característica que chama a atenção nos diários de Carolina de Jesus são os
desvios gramaticais, propositalmente deixados na edição do texto. Mesmo tendo frequentado
a escola por apenas dois anos, quando foi alfabetizada, Carolina revela, em seu
texto, a preocupação de se apropriar do domínio da norma-padrão da língua. A
busca de uma expressão escrita mais formal nasce de sua paixão pela leitura.
Essa questão linguística, contudo, não foi um obstáculo para a criação da autora:
os diários, além de representarem um diálogo interior necessário para a compreensão
de si mesma, são também fruto da percepção de que contar a própria história é
um meio de dar visibilidade a injustiças sociais.
Carolina
Maria de Jesus e Conceição Evaristo são vozes literárias que ecoam ideais de
mulheres, especialmente de mulheres negras, que buscam compreender a própria
identidade, apropriar-se dela e lutar pelo direito de se expressar. Nesse
sentido, a autora de “Meu rosário” costuma dizer que sua criação pode ser lida
como uma “ficção da memória”, por ser tênue o limite entre a invenção e as
realidades em que se inspira para criar sua literatura.
Esse
novo estilo literário tem sido designado pela crítica literária como
autoficção. Veja:
As
escritas biográficas e autobiográficas conheceram um crescimento exponencial
desde os anos 1980 [...], quando começaram a surgir novas variações de escritas
de si. A maneira de construir e encarar as categorias de autobiografia e ficção
sofreu grandes transformações, com a proliferação de relatos e romances nos
quais as fronteiras entre elas parecem se desvanecer. O surgimento do termo “autoficção”
contribuiu para embaralhar ainda mais a questão, ao juntar, de maneira
paradoxal, numa mesma palavra, duas formas de escrita que, em princípio,
deveriam se opor.
[...]
a autoficção se contrapõe à autobiografia clássica, que pessoas famosas
escrevem no final de suas vidas, em belo estilo, tentando dar conta de uma vida
inteira. A autoficção seria um romance autobiográfico pós-moderno, com formatos
inovadores [...].
FIGUEIREDO,
Eurídice. Mulheres no espelho: autobiografia, ficção e autoficção. Rio
de Janeiro: EdUERJ, 2013. p. 13 e 61.
Assim,
ao criarem um gênero híbrido, em que as histórias inventadas são, ao mesmo
tempo, memórias, essas escritoras conquistam um espaço mais livre para expor a
si mesmas e para tratar de temáticas sociais que são tabus, como a sexualidade
feminina, o estupro e a violência gerada por preconceito de gênero, dentre
outros temas.
Analisando
o texto
1. Releia
o poema “Meu Rosário”, de Conceição Evaristo, para responder às seguintes
questões:
a)
Localize o título do livro em que o texto foi publicado. O que se pode inferir
sobre o conjunto de poemas contidos na obra?
b) Em
artigo publicado sobre a obra da autora, os pesquisadores Eduardo de Assis
Duarte e Elisângela Lopes Fialho afirmam: “A poesia de Conceição Evaristo
enfatiza a abordagem dos dilemas identitários dos afro-descendentes em busca de
afirmação numa sociedade que os exclui e, ao mesmo tempo, camufla o preconceito
de cor.” Relacione essa afirmação ao poema.
c) Selecione,
no poema, alguns versos de que você gostou mais e comente o porquê de sua
escolha.
2.
Sobre a obra de Carolina Maria de Jesus, responda:
a) Após
ler trechos do diário da escritora, qual foi sua primeira impressão ao observar
os desvios gramaticais presentes na escrita?
b) Leia
a explicação sobre “preconceito linguístico”:
O preconceito
linguístico é a conduta de uma pessoa que rejeita um modo de falar que é diferente
do seu. Comumente, esse preconceito não é dirigido apenas à língua, mas à
pessoa que
a fala. Já que a
língua faz parte da identidade de uma pessoa, rejeitá-la é desaceitar a
comunidade que ela integra.
Responda:
de que modo se pode relacionar essa concepção da língua enquanto instrumento de
poder com os diários escritos por Carolina Maria de Jesus?
Uma
nova geração de escritoras
O
processo de evolução intelectual e cultural do país marginalizou minorias que
não correspondiam ao perfil hegemônico, como ocorreu no segmento editorial e
nos meios de comunicação em geral. Contudo, o mesmo mercado, que buscou
conservar discursos dominantes e sujeitou determinados segmentos sociais ao
silenciamento, nas últimas décadas, tem aberto espaço para uma nova geração de
artistas.
Apesar
de marcado por uma evidente desigualdade de raça e de gênero, o campo
artístico-literário brasileiro tem, aos poucos, criado oportunidades para
escritoras pertencentes a grupos minoritários publicarem e divulgarem suas
obras, o que também tem sido impulsionado pelos concursos literários nacionais.
A
diversidade é uma das marcas dessa nova geração de escritoras em romances,
contos e poesias. Dos mais variados lugares têm surgido potentes vozes,
fundamentais para descentralizar e diversificar a literatura feita no país.
Nesse cenário, ganham expressão autoras como as paulistanas Adriana Lisboa, Maria
Valéria Rezende, Aline Bei e Vanessa Bárbara; as cariocas Noemi Jaffe e Heloísa
Seixas; a pernambucana Débora Ferraz; a mineira Ana Maria Gonçalves; a cearense
Jarid Arraes; a gaúcha Marcia Tiburi; a mato-grossense Ryane Leão; a rondoniana
Julie Dorrico; dentre outras.
Agora,
conheça um pouco mais sobre a escrita da nova literatura feminina.
No
conto “Com gás ou sem”, presente no livro Não está mais aqui quem
falou, a escritora Noemi Jaffe constrói uma estrutura linguística
interrogativa, por meio da qual busca definir o que é ser mulher. No texto, a
autora leva o leitor a questionar o senso comum relativo aos papéis femininos
ao indagar sobre as concepções estereotipadas e machistas que ainda predominam
em nossa sociedade: toda mulher quer ter filhos? A mulher nasceu para ser mãe?
Afinal, o que quer uma mulher?
A
pernambucana Débora Ferraz é outro nome que desponta na literatura feminina
contemporânea. O seu premiado romance Enquanto Deus não está olhando foi
escrito em primeira pessoa, no qual a narrativa é feita pela protagonista Érica
Valentim, uma jovem pintora de um pouco mais de 20 anos. A personagem busca o
pai, que sumiu enquanto estava internado em tratamento para alcoolismo.
O
tom introspectivo da escrita de Débora Ferraz situa sua obra na narrativa
psicológica. Chama a atenção, também, o trabalho com a linguagem literária, que
mistura e integra à narrativa traços de diferentes gêneros textuais em que se
destaca a enumeração dos conflitos mentais vividos pela personagem ao saber do
sumiço do pai. Essa estrutura textual quebra a linearidade da narrativa,
absorvendo características que remetem a um roteiro cinematográfico.
O
município de Juazeiro do Norte, na região do Cariri, no Ceará, revelou para a literatura
nacional a escritora Jarid Arraes. Os romances Corpo desfeito e Redemoinho
em dia quente foram vencedores ou finalistas em várias premiações, como o
Prêmio Biblioteca Nacional, o Prêmio Jabuti e o APCA de Literatura (Associação
Paulista de Críticos de Arte). Jarid Arraes é também cordelista, tendo mais de
setenta cordéis publicados que contam lendas africanas e questões importantes
da nossa sociedade, além do livro Heroínas negras brasileiras em 15 cordéis,
que resgata a memória de mulheres que levantaram a voz contra a injustiça,
reivindicaram espaço político e lutaram por liberdade.
Mulheres
negras e indígenas na literatura contemporânea
A
história sociocultural brasileira que sujeitou as escritoras a uma política de
apagamento cultural foi ainda mais contundente em relação às mulheres negras e
indígenas. Para refletir sobre essa questão, leia trechos de um artigo que
contém depoimentos de escritoras negras, como Conceição Evaristo, Meimei Barros
e Dalva Martins de Almeida, que se destacam na produção literária contemporânea
A mesma sociedade que discriminou culturalmente escritoras negras também oprimiu vozes femininas descendentes dos povos originários. Contudo, hoje se observa o esforço de escritoras, lideranças e artistas indígenas para reescreverem a própria história, ignorada pelo discurso de sociedade hegemônica que dominou os relatos e documentos oficiais. Sobre isso, leia trechos de um artigo, escrito por Julie Dorrico e Paolla Andrade Vilela, pertencente ao povo Puri.
Mulheres
Negras – Literatura, Substantivo Feminino
Se
ao longo da história humana a jornada da mulher foi marcada pela
invisibilidade, quando se trata da mulher negra, o problema é ainda mais
acentuado. Isso é ainda reforçado pela ampla exposição à violência e à
humilhação, oriundas do processo de escravidão e racismo no Brasil. A sociedade
brasileira foi construída sob um imaginário que coloca negras e negros em um
lugar de inferioridade, isso é fato. [...]
As
escritoras negras brasileiras empenham suas energias em criar uma literatura
que abale o discurso hegemônico, a fim de descolonizar os paradigmas da
sociedade em que vivemos.
Elas
colocam em pauta os contextos sociais, culturais, históricos e políticos para
discutir a violência, a pobreza, o racismo e o corpo negro, especialmente o
corpo da mulher negra que é objetificado, hipersexualizado e superexposto nas
mídias.
Nesse
sentido, muitas autoras quebram com o conceito vigente, como Conceição
Evaristo, que traz em seus livros personagens negras que são independentes,
inconformadas e insubmissas.
Analisando
o texto
1. Sobre
o texto “Mulheres Negras – Literatura, Substantivo Feminino”, responda:
a) Releia
o trecho: “as escritoras negras brasileiras empenham suas energias em criar uma
literatura que abale o discurso hegemônico, a fim de descolonizar os paradigmas
da sociedade em que vivemos”. A qual discurso hegemônico se faz referência? E
de que modo esse ponto de vista gera preconceito social?
b) Nos depoimentos de algumas escritoras, observa-se a preocupação de criar uma literatura comprometida com suas origens negras. Explique a importância da ancestralidade para essas autoras.
2. No texto “Autoras indígenas e o mundo literário”, a escritora Paolla Andrade Vilela destaca a importância de haver espaço para vozes femininas de todas as camadas sociais, apontando principalmente as mulheres descendentes dos povos originários. Explique o ponto de vista defendido pela autora.
3. A seu ver, de que modo a difusão dos problemas sociais vividos pela população afrodescendente e a difusão da cultura negra por meio da literatura favorece uma mudança social? Justifique sua resposta.
>>>
Da teoria à prática
Registrando
memórias
Neste
capítulo, ao estudar autoras e obras representativas da produção literária
feminina, observamos que o tom memorialístico é uma das importantes marcas
dessa literatura. O caráter autobiográfico dos textos é um recurso por meio do
qual as escritoras refletem sobre a própria identidade.
Propomos,
então, que a turma produza um videorrelato, ou seja, um relato pessoal coletivo
gravado em vídeo. Para isso, siga as etapas.
Etapa
1
Este
relato em vídeo é um pouco diferente de um relato escrito, não apenas pelo
suporte a ser usado, mas por registrar a vida de várias pessoas, em vez de uma
só. Lembrem-se das características mais comuns desse tipo de texto, como o uso
da primeira pessoa do discurso e de marcadores de tempo e espaço, a abordagem
subjetiva, dentre outras.
Reúnam-se
em grupos de quatro ou cinco alunos e comecem o planejamento. Escolham um
aspecto da vida de vocês para registrar: os sonhos pessoais, a amizade, a vida
escolar, a família, o processo de amadurecimento, a dúvida sobre a carreira
profissional, etc. Pensem em um tema de interesse do grupo e que vocês
consideram que seria de interesse de outras pessoas que não conhecem vocês.
Organizem
essas informações em forma de texto, pensando nos relatos que cada um vai fazer
e nas imagens que serão associadas a eles.
Etapa
2
Para
produzir um vídeo, é preciso primeiro escrever o roteiro. Ele deve prever todas
as etapas da gravação, incluindo o texto que servirá de base para o que será
falado: ordem da apresentação dos relatos; local em que o vídeo será gravado;
relato escrito individualmente, mas revisado pelo grupo, para dar unidade ao
vídeo e garantir duração semelhante em todos os relatos.
Etapa
3
Depois
que o roteiro estiver pronto, é hora de gravar o vídeo. Vocês podem usar
qualquer recurso disponível: celular, câmera digital, webcam ou câmera
do computador. O que importa é o conteúdo!
Gravem
um vídeo em que vocês mesmos falem o texto que escreveram, enquanto a câmera
mostra as imagens que representam o que está sendo narrado. Procurem limitar o
vídeo final ao tempo máximo de 10 minutos.
Etapa
4
Os
vídeos serão exibidos em uma data previamente combinada com o professor. Se a
escola tiver um local adequado, é interessante compartilhar essa produção com
mais pessoas, convidando-as para assistirem aos videorrelatos.
Etapa
5
Após
a exibição, em uma roda de conversa, os grupos vão analisar como foi a
realização do trabalho.
Algumas
questões podem auxiliar nessa avaliação:
· No geral, a realização da atividade foi
bem-sucedida ou alguma coisa prejudicou o trabalho? Expliquem.
· Que procedimentos devem ser adotados para
que os problemas levantados não ocorram mais?
· Os grupos adotaram uma atitude respeitosa no
momento da exibição dos videorrelatos?
· Quais foram os pontos fortes e os pontos
fracos na percepção de quem assistiu aos vídeos?
· Quais aspectos do trabalho foram relevantes
para você?
>> Para aprofundar o conhecimento
1. (Fuvest-SP)
O
feminismo negro não é uma luta meramente identitária, até porque branquitude e
masculinidade também são identidades. Pensar feminismos negros é pensar
projetos democráticos. Hoje afirmo isso com muita tranquilidade, mas minha
experiência de vida foi marcada pelo incômodo de uma incompreensão fundamental.
Não que eu buscasse respostas para tudo. Na maior parte da minha infância e
adolescência, não tinha consciência de mim. Não sabia por que sentia vergonha
de levantar a mão quando a professora fazia uma pergunta já supondo que eu não
saberia a resposta. Por que eu ficava isolada na hora do recreio. Por que os
meninos diziam na minha cara que não queriam formar par com a “neguinha” na
festa junina. Eu me sentia estranha e inadequada, e, na maioria das vezes,
fazia as coisas no automático, me esforçando para não ser notada.
Djamila
Ribeiro, Quem tem medo do feminismo negro?
O
trecho que melhor define a “incompreensão fundamental” referida pela autora é:
a) “não
que eu buscasse respostas para tudo”.
b) “não
tinha consciência de mim”.
c) “Por
que eu ficava isolada na hora do recreio”.
d) “me
esforçando para não ser notada”.
e) “sentia
vergonha de levantar a mão”.
2. (ENEM)
Essa
lua enlutada, esse desassossego
A
convulsão de dentro, ilharga
Dentro
da solidão, corpo morrendo
Tudo
isso te devo. E eram tão vastas
As
coisas planejadas, navios,
Muralhas
de marfim, palavras largas
Consentimento
sempre. E seria dezembro.
Um
cavalo de jade sob as águas
Dupla
transparência, fio suspenso
Todas
essas coisas na ponta dos teus dedos
E tudo
se desfez no pórtico do tempo
Em
lívido silêncio. Umas manhãs de vidro
Vento,
a alma esvaziada, um sol que não vejo
Também
isso te devo.
HILST,
H. Júbilo, memória, noviciado da paixão. São Paulo: Cia. Das Letras,
2018.
No
poema, o eu lírico faz um inventário de estados passados espelhados no
presente. Nesse processo, aflora o
a) cuidado
em apagar da memória os restos do amor.
b) amadurecimento
revestido de ironia e desapego.
c) mosaico
de alegrias formado seletivamente.
d) desejo
reprimido convertido em delírio.
e) arrependimento
dos erros cometidos.
3. (Unicamp-SP)
“...
Nas ruas e casas comerciais já se vê as faixas indicando os nomes dos futuros
deputados. Alguns nomes já são conhecidos. São reincidentes que já foram
preteridos nas urnas. Mas o povo não está interessado nas eleições, que é o cavalo
de Troia que aparece de quatro em quatro anos.”
Carolina
Maria de Jesus. Quarto de despejo. São Paulo: Ática, 2014. p.43.
O
trecho anterior faz parte das considerações políticas que aparecem
repetidamente em “Quarto de despejo”, de Carolina Maria de Jesus. Considerando
o conjunto dessas observações,
indique
a alternativa que resume de modo adequado a posição da autora sobre a lógica
política das eleições.
a) Por
meio das eleições, políticos de determinados partidos acabam se perpetuando no
exercício do poder.
b) Os
políticos se aproximam do povo e, depois das eleições, se esquecem dos
compromissos assumidos.
c) Os
políticos preteridos são aqueles que acabam vencendo as eleições, por força de
sua persistência.
d) Graças
ao desinteresse do povo, os políticos se apropriam do Estado, contrariando a
própria democracia.
4. (Unicamp-SP)
[...]
Eu
tenho uma ideia.
Eu não
tenho a menor ideia.
Uma
frase em cada linha. Um golpe de exercício.
Memórias
de Copacabana. Santa Clara às 3h00 da tarde.
Autobiografia.
Não, biografia.
Mulher.
Papai
Noel e os marcianos.
Billy the Kid versus Drácula.
Drácula versus Billy the Kid.
Muito
sentimental.
Agora
pouco sentimental.
Pensa
no seu amor de hoje que sempre dura menos que o seu
Amor de
ontem.
Apresenta
a jazz-band.
Não,
toca blues com ela.
Esta é
a minha vida.
Atravessa
a ponte.
[...]
Ana
Cristina César. A teus pés. São Paulo: Companhia das Letras, 2016. p. 9.
Esse
trecho do poema de abertura de A teus pés, de Ana Cristina César,
a) expressa
nostalgia do passado, visto que mobiliza referências à cultura pop dos anos de
1970.
b) requisita
a participação do leitor, já que as referências biográficas são fragmentárias.
c) exclui
a dimensão biográfica, pois se refere a personagens imaginários e de ficção.
d) tematiza
a descrença na poesia, uma vez que a poeta se contradiz continuamente.
Analisando o texto – Hilda Hilst
1. a) O tom imperativo predomina no trecho, como em “[...] você
vai dar continuidade ao assunto ‘frieira’. Diga que você já fez isso e não deu
resultado” e “Fale agora do sofrimento de toda a espécie animal”. O uso das
formas verbais imperativas tem a função de criar um tom de aconselhamento: o
narrador se dirige ao leitor para orientar sobre como se comportar em um jantar
chique: “Se você for a um jantar chique e perguntarem de repente o porquê do
teu mutismo e soturnez, diga que é por causa de uma frieira que te aborrece há
dias”.
b) O narrador dá conselhos que não correspondem ao que o senso
comum consideraria “boas maneiras” de comportamento, conforme insinua o título.
Dessa forma, a autora cria um discurso irreverente, que busca criticar (e
satirizar ironicamente) um modelo de comportamento social.
1. A expressão era utilizada para se referir às mulheres cujo
comportamento rompia com o padrão tradicional da época.
2. Algumas revistas de grande circulação na época, como A
Cigarra, continuaram defendendo pautas contrárias à emancipação feminina,
principalmente por entenderem como absurda a ideia de igualdade de gênero.
Contudo, principalmente a partir de 1940, algumas seções começaram a dar espaço
a discussões sobre igualdade política, condições de trabalho, dentre outros
assuntos, o que favoreceu a mobilização e luta pelos direitos das mulheres na
sociedade brasileira.
Analisando
o texto – Conceição Evaristo
1. a) O título do livro é Poemas de recordação e outros
movimentos. O título antecipa para o leitor uma temática comum presente nos
textos: a memória.
b) Dentre os “dilemas identitários” contidos no poema, pode-se
apontar a introdução do poema, em que o rosário, tipo de terço comumente usado
em cultos cristãos, é associado a cantos em homenagem a entidades de religiões
africanas (“eu canto Mamãe Oxum”) e a orações de cultos católicos, como O Padre
Nosso e a Ave Maria. Essa associação está relacionada à reflexão que a autora
faz sobre sua identidade: brasileira descendente de africanos. O preconceito
com o negro também se manifesta em todo o poema, como nas cenas que fazem referência
à coroação de Nossa Senhora ou aos calos adquiridos no duro trabalho diário.
2. São diversas as possibilidades de associação. No trecho do
diário lido, o relato mostra que as pessoas que viviam na mesma comunidade de
Carolina a consideravam estranha, diferente, por gostar de escrever, por expor
suas opiniões, etc. Outra relação possível é com a época em que os livros da
escritora foram publicados: na época, Carolina vivenciou momentos de prestígio
e preconceito, por sua origem humilde e pouca escolaridade.
Analisando
o texto – Mulheres negras
1. a) O discurso hegemônico remete à ideia de que homens e
mulheres negros são inferiores. Essa perspectiva gerou exclusão e discriminação
social histórica.
b) Em todos os depoimentos, pode-se observar o discurso de
defesa e valorização das tradições culturais dos afrodescendentes, assim como a
intenção de fazer da literatura um instrumento de denúncia das desigualdades
sociais que os marginalizaram. Um exemplo é a fala da escritora Meimei Bastos,
que destaca a importância de sua ancestralidade e a intenção de afirmação de
seu lugar social por meio da literatura que escreve: “[...] porque foi um campo
negado aos meus ancestrais, aos que vieram antes de mim, a conquista deles se
deu por muita luta, eu não posso negar esse espaço, eu não posso negar esse
lugar.”
2. Segundo a escritora indígena, dar espaço para essas diversas
vozes femininas favorece a identificação consciente das injustiças e violências
que as mulheres indígenas sofreram ao longo do processo de colonização, que
desrespeitou suas ancestralidades.
3. A literatura tem o poder de provocar empatia no leitor, o que
favorece uma mudança de atitude em relação às temáticas que se focaliza.
>> Para aprofundar o conhecimento
1. b
2. b
3. b
4. b
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