QUESTÃO 01
LXXVIII
Camões, 1525?-1580
Leda serenidade deleitosa,
Que representa em terra um paraíso;
Entre rubis e perlas doce riso;
Debaixo de ouro e neve cor-de-rosa;
Presença moderada e graciosa,
Onde ensinando estão despejo e siso
Que se pode por arte e por aviso,
Como por natureza, ser fermosa;
Fala de quem a morte e a vida pende,
Rara, suave; enfim, Senhora, vossa;
Repouso nela alegre e comedido:
Estas as armas são com que me rende
E me cativa Amor; mas não que possa
Despojar-me da glória de rendido.
CAMÕES, L. Obra completa. Rio de janeiro:
Nova Aguilar, 2008.
SANZIO, R. (1483-1520). A mulher com o unicórnio.
Roma, Galleria Borghese.
A pintura e o poema, embora sendo produtos de duas linguagens artísticas
diferentes, participaram do mesmo contexto social e cultural de produção pelo
fato de ambos
a) apresentarem um retrato
realista, evidenciado pelo unicórnio presente na pintura e pelos adjetivos
usados no poema.
b) valorizarem o excesso de enfeites na apresentação pessoal e na variação
de atitudes da mulher, evidenciadas pelos adjetivos do poema.
c) apresentarem um retrato ideal de mulher marcado pela sobriedade e o
equilíbrio, evidenciados pela postura, expressão e vestimenta da moça e os
adjetivos usados no poema.
d) desprezarem o conceito
medieval da idealização da mulher como base da produção artística, evidenciado pelos
adjetivos usados no poema.
e) apresentarem um retrato ideal
de mulher marcado pela emotividade e o conflito interior, evidenciados pela
expressão da moça e pelos adjetivos do poema.
QUESTÃO 02
O Assentamento
Zanza daqui
Zanza pra acolá
Fim de feira, periferia afora
A cidade não mora mais em mim
Francisco, Serafim
Vamos embora
Ver o capim
Ver o baobá
Vamos ver a campina quando flora
A piracema, rios contravim
Binho, Bel, Bia, Quim
Vamos embora
Quando eu morrer
Cansado de guerra
Morro de bem
Com a minha terra:
Cana, caqui
Inhame, abóbora
Onde só vento se semeava outrora
Amplidão, nação, sertão sem fim
Ó Manuel, Miguilim
Vamos embora
BUARQUE, C. As cidades. Rio de Janeiro: RCA,
1998 (fragmento).
Nesse texto, predomina a função poética da linguagem. Entretanto, a
função emotiva pode ser identificada no verso:
a) “Zanza pra acolá”.
b) “Fim de feira, periferia afora”.
c) “A cidade não mora mais em mim”.
d) “Onde só vento se semeava
outrora”.
e) “Ó Manuel, Miguilim”.
QUESTÃO 03
Observe a tira do Calvin a seguir.
A função da linguagem predominante na fala de Calvin, por testar o canal
de contato com outra pessoa, é a
a) conativa (apelativa).
b) metalinguística.
c) poética.
d) denotativa.
e) fática.
QUESTÃO 04 – 58%
Anatomia
Qual a matéria do poema?
A fúria do tempo com suas unhas e algemas?
Qual a semente do poema?
A fornalha da alma com os seus divinos dilemas?
Qual a paisagem do poema?
A selva da língua com suas feras e fonemas?
Qual o destino do poema?
O poço da página com suas pedras e gemas?
Qual o sentido do poema?
O sol da semântica com suas sombras pequenas?
Qual a pátria do poema?
O caos da vida e a vida apenas?
CAETANO, A. Disponível em: www.antoniomiranda.com.br.
(fragmento).
Além da função poética, predomina no poema a função metalinguística,
evidenciada
a) pelo uso de repetidas perguntas retóricas.
b) pelas dúvidas que inquietam o eu lírico.
c) pelos usos que se fazem das
figuras de linguagem.
d) pelo fato de o poema falar de si mesmo como linguagem.
e) pela prevalência do sentido
poético como inquietação existencial.
QUESTÃO 05
Retrato falado
Venho de um Cuiabá de garimpos
e de ruelas entortadas.
Meu pai teve uma venda no Beco
da Marinha, onde nasci.
Me criei no Pantanal de Corumbá
entre bichos do chão, aves, pessoas humildes, árvores e rios. Aprecio viver em
lugares decadentes por gosto de estar entre pedras e lagartos.
Já publiquei 10 livros de
poesia: ao publicá-los me sinto meio desonrado e fujo para o Pantanal onde sou abençoado
a garças.
Me procurei a vida inteira e
não me achei - pelo que fui salvo.
Não estou na sarjeta porque
herdei uma fazenda de gado.
Os bois me recriam.
Estou na categoria de sofrer do
moral porque só faço coisas inúteis.
No meu morrer tem uma dor de
árvore.
Manoel de Barros. Livro das ignoranças.
“Retrato falado” – no verbete do “Dicionário Aurélio” – significa:
“Reconstituição dos traços fisionômicos ou de outros sinais característicos de
uma pessoa desconhecida, por meio das informações de testemunhas, em geral para
facilitar sua identificação pela polícia.”
Assinale a opção que corresponde à relação entre o título do poema e o
desenvolvimento do texto.
a) O texto reconstitui
literalmente os traços fisionômicos e outros sinais característicos do poeta
tal como estes se apresentam na realidade, como num retrato falado.
b) O texto afasta o
título do seu sentido referencial, ao elaborar poeticamente um retrato com
elementos do passado do eu lírico.
c) O texto apresenta somente
elementos objetivos, conforme explicita a definição de retrato falado no
dicionário.
d) O texto exemplifica, pela
recriação poética, um retrato falado, em um sentido objetivo.
e) O texto justifica o título ao
empregar-se o termo “moral” na acepção de conjunto de regras e preceitos característicos
de determinado grupo social.
QUESTÃO 06
Vou-me embora p’ra
Pasárgada foi o poema de mais longa gestação em toda a
minha obra. Vi pela primeira vez esse nome Pasárgada quando tinha os meus
dezesseis anos e foi num autor grego. [...] Esse nome de Pasárgada, que significa “campo
dos persas” ou “tesouro dos persas”, suscitou na minha imaginação uma paisagem
fabulosa, um país de delícias, como o de L’invitation au Voyage, de
Baudelaire. Mais de vinte anos depois, quando eu morava só na minha casa da Rua
do Curvelo, num momento de fundo desânimo, da mais aguda sensação de tudo o que
eu não tinha feito em minha vida por motivo da doença, saltou-me de súbito do
subconsciente este grito estapafúrdio: “Vou-me embora p’ra Pasárgada!” Senti na
redondilha a primeira célula de um poema, e tentei realizá-lo, mas fracassei.
Alguns anos depois, em idênticas circunstâncias de desalento e tédio, me
ocorreu o mesmo desabafo de evasão da “vida besta”. Desta vez o poema saiu sem
esforço como se já estivesse pronto dentro de mim. Gosto desse poema porque
vejo nele, em escorço, toda a minha vida; [...] Não sou arquiteto, como meu pai desejava, não fiz nenhuma casa, mas
reconstruí e “não de uma forma imperfeita neste mundo de aparências’, uma
cidade ilustre, que hoje não é mais a Pasárgada de Ciro, e sim a “minha”
Pasárgada.
BANDEIRA, M. Itinerário da
Pasárgada. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. Brasília: INL, 1984.
Os processos de interação comunicativa preveem a presença ativa de
múltiplos elementos da comunicação, entre os quais se destacam as funções da
linguagem. Nesse fragmento, a função da linguagem predominante é
a) emotiva, porque o poeta expõe
os sentimentos de angústia que o levaram à criação poética.
b) referencial, porque o texto
informa sobre a origem do nome empregado em um famoso poema de Bandeira.
c) metalinguística, porque o poeta tece comentários sobre a gênese e o
processo de escrita de um de seus poemas.
d) poética, porque o texto aborda
os elementos estéticos de um dos poemas mais conhecidos de Bandeira.
e) apelativa, porque o poeta
tenta convencer os leitores sobre sua dificuldade de compor um poema.
QUESTÃO 07
O Espaço e memória
O termo “Na minha casa...” é
uma metáfora que guarda múltiplas acepções para o conjunto de pessoas, de
adeptos, dos que creem nos orixás. Múltiplos deuses que a diáspora negra trouxe
para o Brasil. Refere-se ao espaço onde as comunidades edificaram seus templos,
referência de orgulho, aludindo ao patrimônio cultural de matriz africana,
reelaborado em novo território.
O espaço é fundamental na
constituição da história de um povo. Halbwachs (1941, p. 85), ao afirmar que “não
há memória coletiva que não se desenvolva em um quadro espacial”, aponta para a
importância de aspecto tão significativo no desenvolvimento da vida social.
Lugar para onde está voltada a
memória, onde aqueles que viveram a condição-limite de escravo podiam pensar-se
como seres humanos, exercer essa humanidade e encontrar os elementos que lhes
conferiam e garantam uma identidade religiosa diferenciada, com características
próprias, que constituiu um “patrimônio simbólico do negro brasileiro (a
memória cultural da África), afirmou-se aqui como território
político-mítico-religioso para sua transmissão e preservação” (SODRÉ, 1988, p,
50).
BARROS, J. F. P. Na minha casa.
Rio de Janeiro: Pallas, 2003.
Na construção desse texto acadêmico, o autor se vale de estratégia
argumentativa bastante comum a esse gênero textual, a intertextualidade, cujas
marcas são
a) aspas, que representam o
questionamento parcial de um ponto de vista.
b) citações de autores consagrados,
que garantem a autoridade do argumento.
c) construções sintáticas, que
privilegiam a coordenação temporal de argumentos.
d) comparações entre dois pontos
de vista, que são antagônicos.
e) parênteses, que representam
uma digressão para as considerações do autor.
QUESTÃO 08
Ler não é decifrar, como num
jogo de adivinhações, o sentido de um texto. É, a partir do texto, ser capaz de
atribuir-lhe significado, conseguir relacioná-lo a todos os outros textos
significativos para cada um, reconhecer nele o tipo de leitura que o seu autor
pretendia e, dono da própria vontade, entregar-se a essa leitura, ou rebelar-se
contra ela, propondo uma outra não prevista.
LAJOLO, M. Do mundo da leitura
para a leitura do mundo. São Paulo: Ática, 1993.
Nesse texto, a autora apresenta reflexões sobre o processo de produção de sentidos, valendo-se da metalinguagem. Essa função da linguagem torna-se evidente pelo fato de o texto
a) ressaltar a importância da
intertextualidade.
b) propor leituras diferentes das previsíveis.
c) apresentar o ponto de vista da
autora.
d) discorrer sobre o ato de leitura.
e) focar a participação do
leitor.
QUESTÃO 09
Da charge, pode-se inferir que:
a) Há uma crítica formulada que satiriza o tema da violência na
contemporaneidade num processo de paródia.
b) Trata-se de um fato verídico narrado pelo imaginário criativo do povo.
c) Remete a uma situação
corriqueira na vida de muitas pessoas.
d) Faz referência às relações
entre as pessoas e o modo de usar cartões.
e) Provoca um efeito de sentido
que banaliza a temática da violência.
QUESTÃO 10
A ameaça de uma bomba atômica
está mais viva do que nunca. Os conflitos étnicos mataram quase 200 chineses só
no mês de julho. Agora uma boa notícia: a paz mundial pode estar a caminho.
Segundo estimativas de pesquisadores, o mundo está bem menos sangrento do que
já foi. Cerca de 250 mil pessoas morrem por ano em consequência de algum
conflito armado. É bem menos do que no século 20, que teve 800 mil mortes
anuais em sua 2 a metade e 3,8 milhões por ano até 1950.
O que aconteceu? O psicólogo
Steven Pinker diz que o aumento do número de democracias ajudou. Assim como a
nossa saúde: como a expectativa de vida subiu, temos mais medo de arriscar o pescoço.
Até a globalização teria contribuído: um mundo mais integrado é um mundo mais
tolerante, diz Pinker.
Revista Superinteressante.
“Segundo estimativas de pesquisadores, o mundo está bem menos sangrento
do que já foi.”
Assinale a alternativa que apresenta paráfrase mais adequada da frase
acima, considerado o contexto.
a) O mundo já não está tão
catastrófico, é o que provam os pesquisadores com suas estimativas.
b) Os relatórios de pesquisas confirmam a hipótese de que o mundo já foi
mais agressivo.
c) A redução do número de mortes
na sociedade foi de encontro aos cálculos dos estudiosos.
d) De conformidade com o que estimam os cientistas, a sociedade em geral já
foi mais violenta do que hoje.
e) Os cientistas confirmam as estimativas:
o mundo já deixou de ser sangrento.
QUESTÃO 11
Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;
É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder;
É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata lealdade.
Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?
CAMÕES, Luís Vaz de. Camões:
sonetos. Saraiva. Portugal, Publ. Europa-América, 1975. p. 129.
No poema anterior, há vários termos distintos que procuram uma definição
para o amor. Cada um desses termos, invariavelmente, vem seguido de uma
qualificação que
a) entra em contradição com o significado do termo anterior.
b) aprofunda a ideia presente na informação anterior.
c) reforça a informação contida
no seguimento anterior.
d) exemplifica a validade do
conceito anterior.
e) detalha o sentido da
informação anterior.
QUESTÃO 12
A conquista da medalha de prata por Rayssa Leal, no skate street
nos Jogos Olímpicos, é exemplo da representatividade feminina no esporte,
avalia a âncora do jornal da rede de televisão da CNN. A apresentadora, que
também anda de skate, celebrou a vitória da brasileira, que entrou para a
história como a atleta mais nova a subir num pódio defendendo o Brasil. “Essa
representatividade do esporte nos Jogos faz pensarmos que não temos que ficar
nos encaixando em nenhum lugar. Posso gostar de passar notícia e, mesmo assim,
gostar de skate, subir montanha, mergulhar, andar de bike, fazer yoga.
Temos que parar de ficar enquadrando as pessoas dentro das regras. A gente vive
num padrão no qual a menina ganha boneca, mas por que também não fazer um
esporte de aventura? Por que o homem pode se machucar, cair de joelhos, e a
menina tem que estar sempre lindinha dentro de um padrão? Acabamos limitando os
talentos das pessoas”, afirmou a jornalista, sobre a prática do skate
por mulheres.
Disponível em: www.cnnbrasil.com.br.
(adaptado).
O discurso da jornalista traz questionamentos sobre a relação da
conquista da skatista com a
a) conciliação do jornalismo com
a prática do skate.
b) inserção das mulheres na modalidade skate street.
c) desconstrução da noção do skate como modalidade masculina.
d) vanguarda de ser a atleta mais
jovem a subir no pódio olímpico.
e) conquista de medalha nos Jogos
Olímpicos de Tóquio.
QUESTÃO 13
O “Vida perfeita” em redes
sociais pode afetar a saúde mental
Nas várias redes sociais que
povoam a internet, os chamados digital influencers estão sempre felizes
e pregam a felicidade como um estilo de vida. Essas pessoas espalham conteúdo
para milhares de seguidores, ditando tendências e mostrando um estilo de vida
sonhando por muitos, como o corpo esbelto, viagens incríveis, casas
deslumbrantes, carros novos e alegria em tempo integral, algo bem improvável de
ocorrer o tempo todo, aponta Carla Furtado, mestre em psicologia e fundadora do
Instituto Feliciência.
A problemática pode surgir com
a busca incessante por essa felicidade, que gera efeitos colaterais em quem consome
diariamente a “vida perfeita” de outros. Daí vem o conceito de positividade
tóxica: a expressão tem sido usada para abordar uma espécie de pressão pela adoção
de um discurso positivo, aliada a uma vida editada para as redes sociais. Para
manter a saúde mental e evitar ser atingido pela positividade tóxica, o uso
racional das redes sociais é o mais indicado, aconselha a médica psiquiatra
Renata Nayara Figueiredo, presidente da Associação Psiquiatra de Brasília
(APBr).
Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br.
(adaptado).
Associada ao ideário de uma “vida perfeita”, a positividade tóxica
mencionada no texto é um fenômeno social recente, que se constitui com base em
a) representações estereotipadas e superficiais de felicidade.
b) ressignificações contemporâneas do conceito de alegria.
c) estilos de vida inacessíveis
para a sociedade brasileira.
d) atitudes contraditórias de
influenciadores digitais.
e) padrões idealizados e nocivos
de beleza física.
QUESTÃO 14
O Projeto na Câmara de BH quer
a vacinação gratuita de cães contra a leishmaniose
A doença é grave e vem causando preocupação na região metropolitana da
capital mineira
Ela é uma doença grave, transmitida
pela picada do mosquito-palha, e afeta tanto os seres humanos quanto os
cachorros: a leishmaniose. Por ser um problema de saúde pública, a doença pode
ganhar uma ação preventiva importante, caso um projeto de lei seja aprovado na
Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH). Diante do alto número de casos da
doença na Grande BH, a Comissão de Saúde e Saneamento da CMBH aprovou a proposta
de realização de campanhas públicas de vacinação gratuita de cães contra a
leishmaniose, tema do PL 404/17, apreciado pelo colegiado em reunião ordinária,
no dia 6 de dezembro.
Disponível em:
https://revistaencontro.com.br.
Essa notícia, além de cumprir sua função informativa, assume o papel de
a) fiscalizar as ações de saúde e
saneamento da cidade.
b) defender os serviços gratuitos de atendimento à população.
c) conscientizar a população sobre grave problema de saúde pública.
d) propor campanhas para a
ampliação de acesso aos serviços públicos.
e) responsabilizar os agentes
públicos pela demora na tomada de decisões.
QUESTÃO 15
a) estimular denúncias de maus-tratos contra
animais.
b) desvincular o conceito de descarte da ideia
de negligência.
c) incentivar campanhas de adoção de animais em
situação de rua.
d) sensibilizar o público em relação
ao abandono de animais domésticos.
e) alertar a população sobre as sanções legais
acerca de uma prática criminosa.
QUESTÃO 16
O documentário O menino que
fez um museu, direção de Sérgio Utsch, produção independente de brasileiros
e britânicos, gravado no Nordeste em 2016, mais precisamente no distrito Dom
Quintino, zona rural do Crato, foi premiado em Londres, pela Foreign Press Association
(FPA), a associação de correspondentes estrangeiros mais antiga do mundo,
fundada em 1888.
De acordo com o diretor, O
menino que fez um museu foi o único trabalho produzido por equipes fora do eixo
Estados Unidos-Europa entre os finalistas. O documentário conta a história de
um Brasil profundo, desconhecido até mesmo por muitos brasileiros. É
apresentado com o carisma de Pedro Lucas Feitosa, 11 anos.
Quando tinha 10 anos, Pedro
Lucas criou o Museu de Luiz Gonzaga, que fica no distrito de Dom Quintino. A ideia
surgiu após uma visita que o garoto fez, em 2013, quando tinha 8 anos, ao Museu
do Gonzagão, em Exu, Pernambuco. Pedro decidiu criar o próprio lugar de
exposição para homenagear o rei e o local escolhido foi a casa da sua bisavó já
falecida, que fica ao lado da casa dele, na rua Alto de Antena.
Disponível em:
www.opovo.com.br.
No segundo parágrafo, uma citação afirma que o documentário “foi o único
trabalho produzido por equipes fora do eixo Estados Unidos-Europa entre os
finalistas”.
No texto, esse recurso expressa uma estratégia argumentativa que reforça
a
a) originalidade da iniciativa de
homenagem à vida e à obra de Luiz Gonzaga.
b) falta de concorrentes ao prêmio de uma das associações mais antigas do
mundo.
c) proeza da premiação de uma história ambientada no interior do Nordeste
brasileiro.
d) escassez de investimentos para
a produção cinematográfica independente no país.
e) importância da parceria entre
brasileiros e britânicos para a realização das filmagens.
Texto para as questões 17 e 18.
Uma flor, o Quincas Borba.
Nunca em minha infância, nunca em toda a minha vida, achei um menino mais
gracioso, inventivo e travesso. Era a flor, e não já da escola, senão de toda a
cidade. A mãe, viúva, com alguma cousa de seu, adorava o filho e trazia-o
amimado, asseado, enfeitado, com um vistoso pajem atrás, um pajem que nos
deixava gazear a escola, ir caçar ninhos de pássaros, ou perseguir lagartixas
nos morros do Livramento e da Conceição, ou simplesmente arruar, à toa, como
dous peraltas sem emprego. E de imperador! Era um gosto ver o Quincas Borba
fazer de imperador nas
festas do Espírito Santo. De resto, nos nossos jogos pueris, ele
escolhia sempre um papel de rei, ministro, general, uma supremacia, qualquer
que fosse. Tinha garbo o traquinas, e gravidade, certa magnificência nas
atitudes, nos meneios. Quem diria que...
Suspendamos a pena; não
adiantemos os sucessos. Vamos de um salto a 1822, data da nossa independência política,
e do meu primeiro cativeiro pessoal.
ASSIS, Machado. Memórias
póstumas de Brás Cubas.
QUESTÃO 17
Percebe-se o emprego dos substantivos para construir gradação
ascendente em
a) “menino mais gracioso,
inventivo e travesso”.
b) “trazia-o amimado, asseado, enfeitado”.
c) “gazear a escola, ir caçar
ninhos de pássaros, ou perseguir lagartixas”.
d) “papel de rei, ministro,
general”.
e) “tinha garbo (...), e gravidade, certa magnificência”.
QUESTÃO 18
Releia os trechos:
“Uma flor, o Quincas Borba.”
“Era a flor, e não já da escola, senão de toda a
cidade.”
O par que melhor explica a diferença no uso dos artigos indefinido e
definido é
a) insignificância e
especialidade.
b) exclusão e familiaridade.
c) generalização e exclusividade.
d) imprecisão e intensificação.
e) incerteza e particularização.
Texto para as questões 19 e 20.
As duas manas Lousadas! Secas, escuras e gárrulas como cigarras, desde longos anos, em Oliveira, eram elas as esquadrinhadoras de todas as vidas, as espalhadoras de todas as maledicências, as tecedeiras de todas as intrigas. E na desditosa cidade, não existia nódoa, pecha, bule rachado, coração dorido, algibeira arrasada, janela entreaberta, poeira a um canto, vulto a uma esquina, bolo encomendado nas Matildes, que seus olhinhos furantes de azeviche sujo não descortinassem e que sua solta língua, entre os dentes ralos, não comentasse com malícia estridente.
Eça de Queirós, A ilustre
Casa de Ramires.
QUESTÃO 19
Os traços linguísticos do texto provocam impactos semânticos e
estilísticos na sua recepção. No fragmento, o predomínio de substantivos
concretos
a) destaca o olhar minucioso e detalhista das irmãs.
b) enfatiza a perspectiva realista das personagens.
c) contrasta os pontos de vista
do narrador e das personagens.
d) acentua a descrição isenta do
narrador sobre o espaço narrativo.
e) evidência para o leitor o
caráter verossímil da cena descrita.
QUESTÃO 20
No texto, o emprego de artigos definidos e a omissão de artigos indefinidos
têm como efeito, respectivamente:
a) Atribuir às personagens traços
negativos de caráter; apontar Oliveira como cidade onde tudo acontece.
b) Acentuar a
exclusividade do comportamento típico das personagens; marcar a generalidade
das situações que são objeto de seus comentários.
c) Definir a conduta das duas
irmãs como criticável; colocá-las como responsáveis pela maioria dos
acontecimentos na cidade.
d) Particularizar a maneira de
ser das manas Lousadas; situá-las numa cidade onde são famosas pela
maledicência.
e) Associar as ações das duas
irmãs; enfatizar seu livre acesso a qualquer ambiente na cidade.
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