16 abril 2023

AVALIAÇÃO BIMESTRAL 1 - 1ª SÉRIE 2023

QUESTÃO 01

LXXVIII

Camões, 1525?-1580

Leda serenidade deleitosa,

Que representa em terra um paraíso;

Entre rubis e perlas doce riso;

Debaixo de ouro e neve cor-de-rosa;

 

Presença moderada e graciosa,

Onde ensinando estão despejo e siso

Que se pode por arte e por aviso,

Como por natureza, ser fermosa;

 

Fala de quem a morte e a vida pende,

Rara, suave; enfim, Senhora, vossa;

Repouso nela alegre e comedido:

 

Estas as armas são com que me rende

E me cativa Amor; mas não que possa

Despojar-me da glória de rendido.

CAMÕES, L. Obra completa. Rio de janeiro: Nova Aguilar, 2008.

 

 


SANZIO, R. (1483-1520). A mulher com o unicórnio. Roma, Galleria Borghese.

 

A pintura e o poema, embora sendo produtos de duas linguagens artísticas diferentes, participaram do mesmo contexto social e cultural de produção pelo fato de ambos

a) apresentarem um retrato realista, evidenciado pelo unicórnio presente na pintura e pelos adjetivos usados no poema.

b) valorizarem o excesso de enfeites na apresentação pessoal e na variação de atitudes da mulher, evidenciadas pelos adjetivos do poema.

c) apresentarem um retrato ideal de mulher marcado pela sobriedade e o equilíbrio, evidenciados pela postura, expressão e vestimenta da moça e os adjetivos usados no poema.

d) desprezarem o conceito medieval da idealização da mulher como base da produção artística, evidenciado pelos adjetivos usados no poema.

e) apresentarem um retrato ideal de mulher marcado pela emotividade e o conflito interior, evidenciados pela expressão da moça e pelos adjetivos do poema.

 

QUESTÃO 02

O Assentamento

Zanza daqui

Zanza pra acolá

Fim de feira, periferia afora

A cidade não mora mais em mim

Francisco, Serafim

Vamos embora

 

Ver o capim

Ver o baobá

Vamos ver a campina quando flora

A piracema, rios contravim

Binho, Bel, Bia, Quim

Vamos embora

 

Quando eu morrer

Cansado de guerra

Morro de bem

Com a minha terra:

Cana, caqui

Inhame, abóbora

Onde só vento se semeava outrora

Amplidão, nação, sertão sem fim

Ó Manuel, Miguilim

Vamos embora

BUARQUE, C. As cidades. Rio de Janeiro: RCA, 1998 (fragmento).

 

Nesse texto, predomina a função poética da linguagem. Entretanto, a função emotiva pode ser identificada no verso:

a) “Zanza pra acolá”.

b) “Fim de feira, periferia afora”.

c) “A cidade não mora mais em mim”.

d) “Onde só vento se semeava outrora”.

e) “Ó Manuel, Miguilim”.

 

QUESTÃO 03

Observe a tira do Calvin a seguir.

 



A função da linguagem predominante na fala de Calvin, por testar o canal de contato com outra pessoa, é a

a) conativa (apelativa).

b) metalinguística.

c) poética.

d) denotativa.

e) fática.

 

QUESTÃO 04 – 58%

Anatomia

Qual a matéria do poema?

A fúria do tempo com suas unhas e algemas?

 

Qual a semente do poema?

A fornalha da alma com os seus divinos dilemas?

 

Qual a paisagem do poema?

A selva da língua com suas feras e fonemas?

 

Qual o destino do poema?

O poço da página com suas pedras e gemas?

 

Qual o sentido do poema?

O sol da semântica com suas sombras pequenas?

 

Qual a pátria do poema?

O caos da vida e a vida apenas?

CAETANO, A. Disponível em: www.antoniomiranda.com.br. (fragmento).

 

Além da função poética, predomina no poema a função metalinguística, evidenciada

a) pelo uso de repetidas perguntas retóricas.

b) pelas dúvidas que inquietam o eu lírico.

c) pelos usos que se fazem das figuras de linguagem.

d) pelo fato de o poema falar de si mesmo como linguagem.

e) pela prevalência do sentido poético como inquietação existencial.

 

QUESTÃO 05

Retrato falado

Venho de um Cuiabá de garimpos e de ruelas entortadas.

Meu pai teve uma venda no Beco da Marinha, onde nasci.

Me criei no Pantanal de Corumbá entre bichos do chão, aves, pessoas humildes, árvores e rios. Aprecio viver em lugares decadentes por gosto de estar entre pedras e lagartos.

Já publiquei 10 livros de poesia: ao publicá-los me sinto meio desonrado e fujo para o Pantanal onde sou abençoado a garças.

Me procurei a vida inteira e não me achei - pelo que fui salvo.

Não estou na sarjeta porque herdei uma fazenda de gado.

Os bois me recriam.

Estou na categoria de sofrer do moral porque só faço coisas inúteis.

No meu morrer tem uma dor de árvore.

Manoel de Barros. Livro das ignoranças.

 

“Retrato falado” – no verbete do “Dicionário Aurélio” – significa: “Reconstituição dos traços fisionômicos ou de outros sinais característicos de uma pessoa desconhecida, por meio das informações de testemunhas, em geral para facilitar sua identificação pela polícia.”

Assinale a opção que corresponde à relação entre o título do poema e o desenvolvimento do texto.

a) O texto reconstitui literalmente os traços fisionômicos e outros sinais característicos do poeta tal como estes se apresentam na realidade, como num retrato falado.

b) O texto afasta o título do seu sentido referencial, ao elaborar poeticamente um retrato com elementos do passado do eu lírico.

c) O texto apresenta somente elementos objetivos, conforme explicita a definição de retrato falado no dicionário.

d) O texto exemplifica, pela recriação poética, um retrato falado, em um sentido objetivo.

e) O texto justifica o título ao empregar-se o termo “moral” na acepção de conjunto de regras e preceitos característicos de determinado grupo social.

 

QUESTÃO 06

Vou-me embora p’ra Pasárgada foi o poema de mais longa gestação em toda a minha obra. Vi pela primeira vez esse nome Pasárgada quando tinha os meus dezesseis anos e foi num autor grego. [...] Esse nome de Pasárgada, que significa “campo dos persas” ou “tesouro dos persas”, suscitou na minha imaginação uma paisagem fabulosa, um país de delícias, como o de L’invitation au Voyage, de Baudelaire. Mais de vinte anos depois, quando eu morava só na minha casa da Rua do Curvelo, num momento de fundo desânimo, da mais aguda sensação de tudo o que eu não tinha feito em minha vida por motivo da doença, saltou-me de súbito do subconsciente este grito estapafúrdio: “Vou-me embora p’ra Pasárgada!” Senti na redondilha a primeira célula de um poema, e tentei realizá-lo, mas fracassei. Alguns anos depois, em idênticas circunstâncias de desalento e tédio, me ocorreu o mesmo desabafo de evasão da “vida besta”. Desta vez o poema saiu sem esforço como se já estivesse pronto dentro de mim. Gosto desse poema porque vejo nele, em escorço, toda a minha vida; [...] Não sou arquiteto, como meu pai desejava, não fiz nenhuma casa, mas reconstruí e “não de uma forma imperfeita neste mundo de aparências’, uma cidade ilustre, que hoje não é mais a Pasárgada de Ciro, e sim a “minha” Pasárgada.

BANDEIRA, M. Itinerário da Pasárgada. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. Brasília: INL, 1984.

 

Os processos de interação comunicativa preveem a presença ativa de múltiplos elementos da comunicação, entre os quais se destacam as funções da linguagem. Nesse fragmento, a função da linguagem predominante é

a) emotiva, porque o poeta expõe os sentimentos de angústia que o levaram à criação poética.

b) referencial, porque o texto informa sobre a origem do nome empregado em um famoso poema de Bandeira.

c) metalinguística, porque o poeta tece comentários sobre a gênese e o processo de escrita de um de seus poemas.

d) poética, porque o texto aborda os elementos estéticos de um dos poemas mais conhecidos de Bandeira.

e) apelativa, porque o poeta tenta convencer os leitores sobre sua dificuldade de compor um poema.

 

QUESTÃO 07

O Espaço e memória

O termo “Na minha casa...” é uma metáfora que guarda múltiplas acepções para o conjunto de pessoas, de adeptos, dos que creem nos orixás. Múltiplos deuses que a diáspora negra trouxe para o Brasil. Refere-se ao espaço onde as comunidades edificaram seus templos, referência de orgulho, aludindo ao patrimônio cultural de matriz africana, reelaborado em novo território.

O espaço é fundamental na constituição da história de um povo. Halbwachs (1941, p. 85), ao afirmar que “não há memória coletiva que não se desenvolva em um quadro espacial”, aponta para a importância de aspecto tão significativo no desenvolvimento da vida social.

Lugar para onde está voltada a memória, onde aqueles que viveram a condição-limite de escravo podiam pensar-se como seres humanos, exercer essa humanidade e encontrar os elementos que lhes conferiam e garantam uma identidade religiosa diferenciada, com características próprias, que constituiu um “patrimônio simbólico do negro brasileiro (a memória cultural da África), afirmou-se aqui como território político-mítico-religioso para sua transmissão e preservação” (SODRÉ, 1988, p, 50).

BARROS, J. F. P. Na minha casa. Rio de Janeiro: Pallas, 2003.

 

Na construção desse texto acadêmico, o autor se vale de estratégia argumentativa bastante comum a esse gênero textual, a intertextualidade, cujas marcas são

a) aspas, que representam o questionamento parcial de um ponto de vista.

b) citações de autores consagrados, que garantem a autoridade do argumento.

c) construções sintáticas, que privilegiam a coordenação temporal de argumentos.

d) comparações entre dois pontos de vista, que são antagônicos.

e) parênteses, que representam uma digressão para as considerações do autor.

 

QUESTÃO 08

Ler não é decifrar, como num jogo de adivinhações, o sentido de um texto. É, a partir do texto, ser capaz de atribuir-lhe significado, conseguir relacioná-lo a todos os outros textos significativos para cada um, reconhecer nele o tipo de leitura que o seu autor pretendia e, dono da própria vontade, entregar-se a essa leitura, ou rebelar-se contra ela, propondo uma outra não prevista.

LAJOLO, M. Do mundo da leitura para a leitura do mundo. São Paulo: Ática, 1993.

Nesse texto, a autora apresenta reflexões sobre o processo de produção de sentidos, valendo-se da metalinguagem. Essa função da linguagem torna-se evidente pelo fato de o texto

a) ressaltar a importância da intertextualidade.

b) propor leituras diferentes das previsíveis.

c) apresentar o ponto de vista da autora.

d) discorrer sobre o ato de leitura.

e) focar a participação do leitor.

 

QUESTÃO 09



Da charge, pode-se inferir que:

a) Há uma crítica formulada que satiriza o tema da violência na contemporaneidade num processo de paródia.

b) Trata-se de um fato verídico narrado pelo imaginário criativo do povo.

c) Remete a uma situação corriqueira na vida de muitas pessoas.

d) Faz referência às relações entre as pessoas e o modo de usar cartões.

e) Provoca um efeito de sentido que banaliza a temática da violência.

 

QUESTÃO 10

A ameaça de uma bomba atômica está mais viva do que nunca. Os conflitos étnicos mataram quase 200 chineses só no mês de julho. Agora uma boa notícia: a paz mundial pode estar a caminho. Segundo estimativas de pesquisadores, o mundo está bem menos sangrento do que já foi. Cerca de 250 mil pessoas morrem por ano em consequência de algum conflito armado. É bem menos do que no século 20, que teve 800 mil mortes anuais em sua 2 a metade e 3,8 milhões por ano até 1950.

O que aconteceu? O psicólogo Steven Pinker diz que o aumento do número de democracias ajudou. Assim como a nossa saúde: como a expectativa de vida subiu, temos mais medo de arriscar o pescoço. Até a globalização teria contribuído: um mundo mais integrado é um mundo mais tolerante, diz Pinker.

Revista Superinteressante.

 

“Segundo estimativas de pesquisadores, o mundo está bem menos sangrento do que já foi.”

Assinale a alternativa que apresenta paráfrase mais adequada da frase acima, considerado o contexto.

a) O mundo já não está tão catastrófico, é o que provam os pesquisadores com suas estimativas.

b) Os relatórios de pesquisas confirmam a hipótese de que o mundo já foi mais agressivo.

c) A redução do número de mortes na sociedade foi de encontro aos cálculos dos estudiosos.

d) De conformidade com o que estimam os cientistas, a sociedade em geral já foi mais violenta do que hoje.

e) Os cientistas confirmam as estimativas: o mundo já deixou de ser sangrento.

 

QUESTÃO 11

Amor é fogo que arde sem se ver;

É ferida que dói e não se sente;

É um contentamento descontente;

É dor que desatina sem doer;

 

É um não querer mais que bem querer;

É solitário andar por entre a gente;

É nunca contentar-se de contente;

É cuidar que se ganha em se perder;

 

É querer estar preso por vontade;

É servir a quem vence, o vencedor;

É ter com quem nos mata lealdade.

 

Mas como causar pode seu favor

Nos corações humanos amizade,

Se tão contrário a si é o mesmo Amor?

CAMÕES, Luís Vaz de. Camões: sonetos. Saraiva. Portugal, Publ. Europa-América, 1975. p. 129.

 

No poema anterior, há vários termos distintos que procuram uma definição para o amor. Cada um desses termos, invariavelmente, vem seguido de uma qualificação que

a) entra em contradição com o significado do termo anterior.

b) aprofunda a ideia presente na informação anterior.

c) reforça a informação contida no seguimento anterior.

d) exemplifica a validade do conceito anterior.

e) detalha o sentido da informação anterior.

 

QUESTÃO 12

A conquista da medalha de prata por Rayssa Leal, no skate street nos Jogos Olímpicos, é exemplo da representatividade feminina no esporte, avalia a âncora do jornal da rede de televisão da CNN. A apresentadora, que também anda de skate, celebrou a vitória da brasileira, que entrou para a história como a atleta mais nova a subir num pódio defendendo o Brasil. “Essa representatividade do esporte nos Jogos faz pensarmos que não temos que ficar nos encaixando em nenhum lugar. Posso gostar de passar notícia e, mesmo assim, gostar de skate, subir montanha, mergulhar, andar de bike, fazer yoga. Temos que parar de ficar enquadrando as pessoas dentro das regras. A gente vive num padrão no qual a menina ganha boneca, mas por que também não fazer um esporte de aventura? Por que o homem pode se machucar, cair de joelhos, e a menina tem que estar sempre lindinha dentro de um padrão? Acabamos limitando os talentos das pessoas”, afirmou a jornalista, sobre a prática do skate por mulheres.

Disponível em: www.cnnbrasil.com.br. (adaptado).

 

O discurso da jornalista traz questionamentos sobre a relação da conquista da skatista com a

a) conciliação do jornalismo com a prática do skate.

b) inserção das mulheres na modalidade skate street.

c) desconstrução da noção do skate como modalidade masculina.

d) vanguarda de ser a atleta mais jovem a subir no pódio olímpico.

e) conquista de medalha nos Jogos Olímpicos de Tóquio.

 

QUESTÃO 13

O “Vida perfeita” em redes sociais pode afetar a saúde mental

Nas várias redes sociais que povoam a internet, os chamados digital influencers estão sempre felizes e pregam a felicidade como um estilo de vida. Essas pessoas espalham conteúdo para milhares de seguidores, ditando tendências e mostrando um estilo de vida sonhando por muitos, como o corpo esbelto, viagens incríveis, casas deslumbrantes, carros novos e alegria em tempo integral, algo bem improvável de ocorrer o tempo todo, aponta Carla Furtado, mestre em psicologia e fundadora do Instituto Feliciência.

A problemática pode surgir com a busca incessante por essa felicidade, que gera efeitos colaterais em quem consome diariamente a “vida perfeita” de outros. Daí vem o conceito de positividade tóxica: a expressão tem sido usada para abordar uma espécie de pressão pela adoção de um discurso positivo, aliada a uma vida editada para as redes sociais. Para manter a saúde mental e evitar ser atingido pela positividade tóxica, o uso racional das redes sociais é o mais indicado, aconselha a médica psiquiatra Renata Nayara Figueiredo, presidente da Associação Psiquiatra de Brasília (APBr).

Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br. (adaptado).

 

Associada ao ideário de uma “vida perfeita”, a positividade tóxica mencionada no texto é um fenômeno social recente, que se constitui com base em

a) representações estereotipadas e superficiais de felicidade.

b) ressignificações contemporâneas do conceito de alegria.

c) estilos de vida inacessíveis para a sociedade brasileira.

d) atitudes contraditórias de influenciadores digitais.

e) padrões idealizados e nocivos de beleza física.

 

QUESTÃO 14

O Projeto na Câmara de BH quer a vacinação gratuita de cães contra a leishmaniose

A doença é grave e vem causando preocupação na região metropolitana da capital mineira

Ela é uma doença grave, transmitida pela picada do mosquito-palha, e afeta tanto os seres humanos quanto os cachorros: a leishmaniose. Por ser um problema de saúde pública, a doença pode ganhar uma ação preventiva importante, caso um projeto de lei seja aprovado na Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH). Diante do alto número de casos da doença na Grande BH, a Comissão de Saúde e Saneamento da CMBH aprovou a proposta de realização de campanhas públicas de vacinação gratuita de cães contra a leishmaniose, tema do PL 404/17, apreciado pelo colegiado em reunião ordinária, no dia 6 de dezembro.

Disponível em: https://revistaencontro.com.br.

 

Essa notícia, além de cumprir sua função informativa, assume o papel de

a) fiscalizar as ações de saúde e saneamento da cidade.

b) defender os serviços gratuitos de atendimento à população.

c) conscientizar a população sobre grave problema de saúde pública.

d) propor campanhas para a ampliação de acesso aos serviços públicos.

e) responsabilizar os agentes públicos pela demora na tomada de decisões.

 

QUESTÃO 15



A associação entre o texto verbal e as imagens da garrafa e do cão configura recurso expressivo que busca

a) estimular denúncias de maus-tratos contra animais.

b) desvincular o conceito de descarte da ideia de negligência.

c) incentivar campanhas de adoção de animais em situação de rua.

d) sensibilizar o público em relação ao abandono de animais domésticos.

e) alertar a população sobre as sanções legais acerca de uma prática criminosa.

 

QUESTÃO 16

O documentário O menino que fez um museu, direção de Sérgio Utsch, produção independente de brasileiros e britânicos, gravado no Nordeste em 2016, mais precisamente no distrito Dom Quintino, zona rural do Crato, foi premiado em Londres, pela Foreign Press Association (FPA), a associação de correspondentes estrangeiros mais antiga do mundo, fundada em 1888.

De acordo com o diretor, O menino que fez um museu foi o único trabalho produzido por equipes fora do eixo Estados Unidos-Europa entre os finalistas. O documentário conta a história de um Brasil profundo, desconhecido até mesmo por muitos brasileiros. É apresentado com o carisma de Pedro Lucas Feitosa, 11 anos.

Quando tinha 10 anos, Pedro Lucas criou o Museu de Luiz Gonzaga, que fica no distrito de Dom Quintino. A ideia surgiu após uma visita que o garoto fez, em 2013, quando tinha 8 anos, ao Museu do Gonzagão, em Exu, Pernambuco. Pedro decidiu criar o próprio lugar de exposição para homenagear o rei e o local escolhido foi a casa da sua bisavó já falecida, que fica ao lado da casa dele, na rua Alto de Antena.

Disponível em: www.opovo.com.br.

 

No segundo parágrafo, uma citação afirma que o documentário “foi o único trabalho produzido por equipes fora do eixo Estados Unidos-Europa entre os finalistas”.

No texto, esse recurso expressa uma estratégia argumentativa que reforça a

a) originalidade da iniciativa de homenagem à vida e à obra de Luiz Gonzaga.

b) falta de concorrentes ao prêmio de uma das associações mais antigas do mundo.

c) proeza da premiação de uma história ambientada no interior do Nordeste brasileiro.

d) escassez de investimentos para a produção cinematográfica independente no país.

e) importância da parceria entre brasileiros e britânicos para a realização das filmagens.

 

Texto para as questões 17 e 18.

Uma flor, o Quincas Borba. Nunca em minha infância, nunca em toda a minha vida, achei um menino mais gracioso, inventivo e travesso. Era a flor, e não já da escola, senão de toda a cidade. A mãe, viúva, com alguma cousa de seu, adorava o filho e trazia-o amimado, asseado, enfeitado, com um vistoso pajem atrás, um pajem que nos deixava gazear a escola, ir caçar ninhos de pássaros, ou perseguir lagartixas nos morros do Livramento e da Conceição, ou simplesmente arruar, à toa, como dous peraltas sem emprego. E de imperador! Era um gosto ver o Quincas Borba fazer de imperador nas

festas do Espírito Santo. De resto, nos nossos jogos pueris, ele escolhia sempre um papel de rei, ministro, general, uma supremacia, qualquer que fosse. Tinha garbo o traquinas, e gravidade, certa magnificência nas atitudes, nos meneios. Quem diria que...

Suspendamos a pena; não adiantemos os sucessos. Vamos de um salto a 1822, data da nossa independência política, e do meu primeiro cativeiro pessoal.

ASSIS, Machado. Memórias póstumas de Brás Cubas.

 

QUESTÃO 17

Percebe-se o emprego dos substantivos para construir gradação ascendente em

a) “menino mais gracioso, inventivo e travesso”.

b) “trazia-o amimado, asseado, enfeitado”.

c) “gazear a escola, ir caçar ninhos de pássaros, ou perseguir lagartixas”.

d) “papel de rei, ministro, general”.

e) “tinha garbo (...), e gravidade, certa magnificência”.

 

QUESTÃO 18

Releia os trechos:

Uma flor, o Quincas Borba.”

“Era a flor, e não já da escola, senão de toda a cidade.”

O par que melhor explica a diferença no uso dos artigos indefinido e definido é

a) insignificância e especialidade.

b) exclusão e familiaridade.

c) generalização e exclusividade.

d) imprecisão e intensificação.

e) incerteza e particularização.

 

Texto para as questões 19 e 20.

As duas manas Lousadas! Secas, escuras e gárrulas como cigarras, desde longos anos, em Oliveira, eram elas as esquadrinhadoras de todas as vidas, as espalhadoras de todas as maledicências, as tecedeiras de todas as intrigas. E na desditosa cidade, não existia nódoa, pecha, bule rachado, coração dorido, algibeira arrasada, janela entreaberta, poeira a um canto, vulto a uma esquina, bolo encomendado nas Matildes, que seus olhinhos furantes de azeviche sujo não descortinassem e que sua solta língua, entre os dentes ralos, não comentasse com malícia estridente.

Eça de Queirós, A ilustre Casa de Ramires.

QUESTÃO 19

Os traços linguísticos do texto provocam impactos semânticos e estilísticos na sua recepção. No fragmento, o predomínio de substantivos concretos

a) destaca o olhar minucioso e detalhista das irmãs.

b) enfatiza a perspectiva realista das personagens.

c) contrasta os pontos de vista do narrador e das personagens.

d) acentua a descrição isenta do narrador sobre o espaço narrativo.

e) evidência para o leitor o caráter verossímil da cena descrita.

 

QUESTÃO 20

No texto, o emprego de artigos definidos e a omissão de artigos indefinidos têm como efeito, respectivamente:

a) Atribuir às personagens traços negativos de caráter; apontar Oliveira como cidade onde tudo acontece.

b) Acentuar a exclusividade do comportamento típico das personagens; marcar a generalidade das situações que são objeto de seus comentários.

c) Definir a conduta das duas irmãs como criticável; colocá-las como responsáveis pela maioria dos acontecimentos na cidade.

d) Particularizar a maneira de ser das manas Lousadas; situá-las numa cidade onde são famosas pela maledicência.

e) Associar as ações das duas irmãs; enfatizar seu livre acesso a qualquer ambiente na cidade.


 

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