11 novembro 2022

AVALIAÇÃO BIMESTRAL 4 - 2ª SÉRIE 2022

QUESTÃO 01

Carta do escritor Graciliano Ramos ao pintor Cândido Portinari

Rio – 18 – Fevereiro – 1946

Caríssimo Portinari:

A sua carta chegou muito atrasada, e receio que esta resposta já não o ache fixando na tela a nossa pobre gente da roça. Não há trabalho mais digno, penso eu. Dizem que somos pessimistas e exibimos deformações; contudo as deformações e miséria existem fora da arte e são cultivadas pelos que nos censuram.

O que às vezes pergunto a mim mesmo, com angústia, Portinari, é isto: se elas desaparecessem, poderíamos continuar a trabalhar? Desejamos realmente que elas desapareçam ou seremos também uns exploradores, tão perversos como os outros, quando expomos desgraças? Dos quadros que você mostrou quando almocei no Cosme Velho pela última vez, o que mais me comoveu foi aquela mãe com a criança morta. Saí de sua casa com um pensamento horrível: numa sociedade sem classes e sem miséria seria possível fazer-se aquilo? Numa vida tranquila e feliz que espécie de arte surgiria? Chego a pensar que faríamos cromos, anjinhos cor-de-rosa, e isto me horroriza.

Felizmente a dor existirá sempre, a nossa velha amiga, nada a suprimirá. E seríamos ingratos se desejássemos a supressão dela, não lhe parece? Veja como os nossos ricaços em geral são burros.

Julgo naturalmente que seria bom enforcá-los, mas se isto nos trouxesse tranquilidade e felicidade, eu ficaria bem desgostoso, porque não nascemos para tal sensaboria. O meu desejo é que, eliminados os ricos de qualquer modo e os sofrimentos causados por eles, venham novos sofrimentos, pois sem isto não temos arte.

E adeus, meu grande Portinari. Muitos abraços para você e para Maria.

Graciliano

 

Glossário

sensaboria: contratempo, monotonia

 

Depreende-se corretamente do texto que o escritor Graciliano Ramos:

a) compreende a miséria humana e os sofrimentos como motivadores da produção artística, que não pode ser apenas ornamental.

b) entende que a função da pintura é oferecer as soluções práticas para a erradicação da miséria humana.

c) refere a pinturas que ele mesmo produziu sobre as diferenças sociais que afetam o povo brasileiro.

d) dirige ao pintor Portinari com o claro objetivo de propor a formação de uma política que exclua os ricos da sociedade.

e) escreve ao pintor Portinari para tentar amenizar o remorso que sente por explorar a miséria humana.

QUESTÃO 02

Leia o texto:

A denúncia de uma crise de sentido na educação não é algo novo e exclusivo do momento histórico em que vivemos. Podemos dizer que a crítica ao modelo educacional e à função social da escola se constitui à medida que a própria educação se institucionaliza, incorporando a responsabilidade de ser um processo sistemático e intencional de formação humana. [...]

A reflexão sobre o sentido da educação adentra o século XX. A crítica se aprofunda e há insatisfação tanto das correntes mais liberais quanto das mais marxistas. [...] As mudanças sociais acentuaram os problemas estruturais da instituição escola. No Brasil, por exemplo, em meados dos anos 50, apenas 30% da população brasileira vivia nas cidades. A pressão das camadas médias pelo aumento do acesso e da permanência na escola ampliou-se consideravelmente neste período, dada a relação estabelecida entre a escolarização e o direito à cidadania.

ROCHA, J. Design thinking na formação de professores: novos olhares para os desafios da educação.In: Metodologias ativas para uma educação inovadora. Porto Alegre: Penso, 2018, p.154.

 

O excerto apresenta, brevemente, uma crítica ao modelo vigente da educação na sociedade brasileira nos anos 1950. Assinale a alternativa em que o trecho literário retrata uma situação semelhante à abordada no texto.

a) “E ele, Clarimundo, o homem do relógio, o escravo fiel das horas, que fez nos seus quarenta e oito anos de vida? Preparou espíritos, estudou e compreendeu Einstein, escreveu artigos para jornais, notas sobre filosofia, matemática, física e astronomia recreativa...”  Erico Verissimo, Caminhos Cruzados.

b) “As primas já estão se acostumando no Colégio, mas Luisinha está se queixando de dor no estômago e nós a achamos mais magra. Diante disso eu insisti com mamãe para trazê-la para casa para consultar com Dr. Teles. A Superiora quis fazer dúvida e disse que não era preciso trazer Luisinha porque o médico podia ir ao Colégio como vai sempre ver outras meninas.”       Helena Morley, Minha Vida de Menina.

c) “Fabiano estava contente e acreditava nessa terra, porque não sabia como ela era nem onde era. Repetia docilmente as palavras de sinha Vitória, as palavras que sinha Vitória murmurava porque tinha confiança nele. E andavam para o sul, metidos naquele sonho. Uma cidade grande, cheia de pessoas fortes. Os meninos em escolas, aprendendo coisas difíceis e necessárias.”                  Graciliano Ramos, Vidas Secas.

d) “Dirigi-me a alguns amigos, e quase todos consentiram de boa vontade em contribuir para o desenvolvimento das letras nacionais. Padre Silvestre ficaria com a parte moral e as citações latinas; João Nogueira aceitou a pontuação, a ortografia e a sintaxe; prometi ao Arquimedes a composição tipográfica; para a composição literária convidei Lúcio Gomes de Azevedo Gondim, redator e diretor do Cruzeiro.”        Graciliano Ramos, São Bernardo.

e) “Na segunda-feira, voltou o menino armado com a sua competente pasta a tiracolo, a sua lousa de escrever e o seu tinteiro de chifre; o padrinho o acompanhou até a porta. Logo nesse dia portou-se de tal maneira que o mestre não se pôde dispensar de lhe dar quatro bolos, o que lhe fez perder toda a folia com que entrara: declarou desde esse instante guerra viva à escola.”          Manuel Antônio de Almeida, Memórias de um Sargento de Milícias.

QUESTÃO 03

Assinale a alternativa que analisa corretamente a oração em destaque no período “O fundamental é que cada um perceba seu papel na sociedade”.

a) A oração em destaque exerce a função sintática de complemento nominal do substantivo “fundamental”, presente na oração principal.

b) A oração em destaque exerce a função sintática de sujeito do verbo “ser”, presente na oração

c) A oração em destaque exerce o papel de aposto do termo “fundamental”, presente na oração principal.

d) A oração em destaque exerce a função sintática de predicativo do sujeito “o fundamental”, presente na oração principal.

e) A oração em destaque exerce a função sintática de adjunto adnominal do substantivo “fundamental”, presente na oração principal.

 

QUESTÃO 04

A próxima questão toma por base uma passagem de um romance de Autran Dourado (1926-2012).

 

A gente Honório Cota 

Quando o coronel João Capistrano Honório Cota mandou erguer o sobrado, tinha pouco mais de trinta anos. Mas já era homem sério de velho, reservado, cumpridor. Cuidava muito dos trajes, da sua aparência medida. O jaquetão de casimira inglesa, o colete de linho atravessado pela grossa corrente de ouro do relógio; a calça é que era como a de todos na cidade – de brim, a não ser em certas ocasiões (batizado, morte, casamento – então era parelho mesmo, por igual), mas sempre muito bem passada, o vinco perfeito. Dava gosto ver:

O passo vagaroso de quem não tem pressa – o mundo podia esperar por ele, o peito magro estufado, os gestos lentos, a voz pausada e grave, descia a rua da Igreja cumprimentando cerimoniosamente, nobremente, os que por ele passavam ou os que chegavam na janela muitas vezes só para vê-lo passar.

Ópera dos mortos, 1970.

 

No início do segundo parágrafo, por ter na frase a mesma função sintática que o vocábulo “vagaroso” com relação a “passo”, a oração “de quem não tem pressa” é considerada

a) coordenada sindética.

b) subordinada substantiva.  

c) subordinada adjetiva.  

d) coordenada assindética.  

e) subordinada adverbial.  

QUESTÃO 05

Sinha Vitória

Sinha Vitória tinha amanhecido nos seus azeites. Fora de propósito, dissera ao marido umas inconveniências a respeito da cama de varas. Fabiano, que não esperava semelhante desatino, apenas grunhira: — “Hum! hum!” E amunhecara, porque realmente mulher é bicho difícil de entender, deitara-se na rede e pegara no sono. Sinha Vitória andara para cima e para baixo, procurando em que desabafar. Como achasse tudo em ordem, queixara-se da vida. E agora vingava-se em Baleia, dando-lhe um pontapé.

            Avizinhou-se da janela baixa da cozinha, viu os meninos entretidos no barreiro, sujos de lama, fabricando bois de barro, que secavam ao sol, sob o pé-de-turco, e não encontrou motivo para repreendê-los. Pensou de novo na cama de varas e mentalmente xingou Fabiano. Dormiam naquilo, tinha-se acostumado, mas sena mais agradável dormirem numa cama de lastro de couro, como outras pessoas.

            Fazia mais de um ano que falava nisso ao marido. Fabiano a princípio concordara com ela, mastigara cálculos, tudo errado. Tanto para o couro, tanto para a armação. Bem. Poderiam adquirir o móvel necessário economizando na roupa e no querosene. Sinha Vitória respondera que isso era impossível, porque eles vestiam mal, as crianças andavam nuas, e recolhiam-se todos ao anoitecer. Para bem dizer, não se acendiam candeeiros na casa.

RAMOS, Graciliano. Vidas secas. Rio de Janeiro; São Paulo: Record; Martins, 1975. p. 42-43.

 

A partir do texto acima, identifique a alternativa que contém a característica correta em relação à análise da obra de Graciliano Ramos e à sua inclusão na ficção regionalista dos anos 30.

a) Valorização do espaço urbano e das relações de poder. 

b) Ênfase em aspectos pitorescos da paisagem nordestina.  

c) Utilização de linguagem predominantemente metafórica.  

d) Atitude crítica e comprometida frente à realidade social.  

e) Opção preferencial por personagens pertencentes à classe dominante.

QUESTÃO 06

Avizinhou-se da janela baixa da cozinha, viu os meninos entretidos no barreiro, sujos de lama, fabricando bois de barro, que secavam ao sol, sob o pé-de-turco, e não encontrou motivo para repreendê-los.

A respeito da palavra destacada, é correto afirmar que introduz

a) uma oração adjetiva explicativa e retoma o termo “os meninos”.

b) uma oração subordinada adjetiva restritiva e retoma o termo “os meninos”.

c) uma oração subordinada adjetiva explicativa e retoma o termo “bois de barro”.

d) uma oração subordinada adjetiva restritiva e retoma o termo “bois de barro”.

e) uma oração subordinada substantiva que exerce a função de aposto.

QUESTÃO 07

Leia o texto a seguir, extraído do romance O Quinze, de Rachel de Queiroz, e considere as afirmações que se seguem.

O sol poente, chamejante, rubro, desaparecia rapidamente como um afogado no horizonte próximo. Sombras cambaleantes se alongavam na tira ruiva da estrada, que se vinha estirando sobre o alto pedregoso e ia sumir no casario dormente dum arruado.

Sombras vencidas pela miséria e pelo desespero que arrastavam passos inconscientes, na derradeira embriaguez da fome. 

I. A descrição da paisagem estabelece uma comparação entre paisagens brasileiras e seus aspectos econômicos.

II. As imagens da terra assolada pela seca constituem um retrato das condições adversas a que estão sujeitos os habitantes daquela região.

III. A plasticidade da cena, expressa nas imagens de “sombras cambaleantes” e “sombras vencidas”, representa a luta do nordestino com a natureza hostil.

Quais estão corretas?

a) Apenas I.

b) Apenas II.

c) Apenas I e III.

d) Apenas II e III.

e) I, II e III.

QUESTÃO 08

Soneto de Fidelidade

De tudo, ao meu amor serei atento

Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto

Que mesmo em face do maior encanto

Dele se encante mais meu pensamento.

 

Quero vivê-lo em cada vão momento

E em louvor hei de espalhar meu canto

E rir meu riso e derramar meu pranto

Ao seu pesar ou seu contentamento.

 

E assim, quando mais tarde me procure

Quem sabe a morte, angústia de quem vive

Quem sabe a solidão, fim de quem ama

 

Eu possa me dizer do amor (que tive):

Que não seja imortal, posto que é chama

Mas que seja infinito enquanto dure.

Disponível em: www.viniciusdemoraes.com.br/pt-br/poesia/ poesias-avulsas/soneto-de-fidelidade.

 

Na última estrofe, a locução posto que poderia ser substituída, sem prejuízo de sentido, por

a) “uma vez que”.

b) “se é que”.

c) “para que”.

d) “enquanto que”.

e) “a fim de que”.

QUESTÃO 09

Observe o segmento:

Visto que esta ciência tem por objeto a forma exterior e material da sociedade, propomos...

Temos aí, destacada, uma oração subordinada adverbial causal, com sua respectiva locução conjuntiva. Eliminando a locução conjuntiva e mantendo o sentido, podemos obter uma oração com a mesma classificação, porém reduzida. Em qual alternativa isso é feito adequadamente?

a) “Em função de que essa ciência tem por objeto a forma exterior e material da sociedade, propomos...”

b) “Tendo essa ciência por objeto a forma exterior e material da sociedade, propomos...”

c) “Vendo que esta ciência tem por objeto a forma exterior e material da sociedade, propomos...”

d) “Tão clara é a forma exterior e material da sociedade, que propomos...”

e) “Tendo em vista que esta ciência tem por objeto a forma exterior e material da sociedade, propomos...”

QUESTÃO 10

Forma da escrita deve ser chave para interpretar conteúdo de um texto

Opção do autor por expressar ideias por meio de poesia, prosa ou ensaio muda a maneira de ler uma obra.

Sempre que encontro uma oportunidade, volto a chamar a atenção do leitor para a relação entre a filosofia e a literatura. Insisto, portanto, em discutir o vínculo entre a forma, ou seja, a maneira como uma ideia é apresentada, e o seu conteúdo.

Reitero que, se um autor optou por comunicar uma ideia através de um romance ou de um poema, é porque ele sente a necessidade de que essa mesma ideia seja interpretada a partir das regras que formam tais gêneros literários. Afinal, nem todo texto, ainda que ele esteja dizendo algo bastante semelhante aos demais, deve ser lido do mesmo modo.

Disponível em: www1.folha.uol.com.br/colunas/juliana-de-albuquerque/2022/07/forma-da-escrita-deve-ser-chave-para

 

a) subordinada substantiva completiva nominal e subordinada adjetiva restritiva.

b) subordinada substantiva objetiva indireta e subordinada adjetiva restritiva.

c) subordinada adjetiva explicativa e subordinada adjetiva restritiva.

d) subordinada substantiva apositiva e subordinada adjetiva restritiva.

e) subordinada substantiva objetiva indireta e subordinada adjetiva explicativa.

QUESTÃO 11

Confidência do Itabirano

Alguns anos vivi em Itabira.

Principalmente nasci em Itabira.

Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro.

Noventa por cento de ferro nas calçadas.

Oitenta por cento de ferro nas almas.

E esse alheamento do que na vida é porosidade e comunicação.

 

A vontade de amar, que me paralisa o trabalho,

vem de Itabira, de suas noites brancas, sem mulheres e sem horizontes.

E o hábito de sofrer, que tanto me diverte,

é doce herança itabirana.

 

De Itabira trouxe prendas diversas que ora te ofereço:

esta pedra de ferro, futuro aço do Brasil;

este São Benedito do velho santeiro Alfredo Duval;

este couro de anta, estendido no sofá da sala de visitas;

este orgulho, esta cabeça baixa…

 

Tive ouro, tive gado, tive fazendas.

Hoje sou funcionário público.

Itabira é apenas uma fotografia na parede.

Mas como dói!

ANDRADE, C. D. Poesia completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2003.

 

Carlos Drummond de Andrade é um dos expoentes do movimento modernista brasileiro. Com seus poemas, penetrou fundo na alma do Brasil e trabalhou poeticamente as inquietudes e os dilemas humanos. Sua poesia é feita de uma relação tensa entre o universal e o particular, como se percebe claramente na construção do poema. Tendo em vista os procedimentos de construção do texto literário e as concepções artísticas modernistas, conclui-se que o poema acima

a) representa a fase heroica do Modernismo, devido ao tom contestatório e à utilização de expressões e usos linguísticos típicos da oralidade.

b) apresenta uma característica importante do gênero lírico, que é a apresentação objetiva de fatos e dados históricos.

c) evidencia uma tensão histórica entre o “eu” e a sua comunidade, por intermédio de imagens que representam a forma como a sociedade e o mundo colaboram para a constituição do indivíduo.

d) critica, por meio de um discurso irônico, a posição de inutilidade do poeta e da poesia em comparação com as prendas resgatadas de Itabira.

e) apresenta influências românticas, uma vez que trata da individualidade, da saudade da infância e do amor pela terra natal, por meio de recursos retóricos pomposos.

QUESTÃO 12

No poema “Procura da poesia”, Carlos Drummond de Andrade expressa a concepção estética de se fazer com palavras o que o escultor Michelangelo fazia com mármore. O fragmento a seguir exemplifica essa afirmação.

[...]

Penetra surdamente no reino das palavras.

Lá estão os poemas que esperam ser escritos.

[...]

Chega mais perto e contempla as palavras.

Cada uma

tem mil faces secretas sob a face neutra

e te pergunta, sem interesse pela resposta,

pobre ou terrível, que lhe deres:

trouxeste a chave?

Carlos Drummond de Andrade. A rosa do povo. Rio de Janeiro: Record, 1997, p. 13-14.

 

Esse fragmento poético ilustra o seguinte tema constante entre autores modernistas:

a) a nostalgia do passado colonialista revisitado.

b) a preocupação com o engajamento político e social da literatura.

c) o trabalho quase artesanal com as palavras, despertando sentidos novos.

d) a produção de sentidos herméticos na busca da perfeição poética.

e) a contemplação da natureza brasileira na perspectiva ufanista da pátria.

QUESTÃO 13

Cântico VI

 

Tu tens um medo de

Acabar.

Não vês que acabas todo o dia.

Que morres no amor.

Na tristeza.

Na dúvida.

No desejo.

Que te renovas todo dia.

No amor.

Na tristeza.

Na dúvida.

No desejo.

Que és sempre outro.

Que és sempre o mesmo.

Que morrerás por idades imensas.

Até não teres medo de

E então serás eterno.

MEIRELES, C. Antologia poética. Rio de Janeiro: Record, 1963 (fragmento).

 

A poesia de Cecília Meireles revela concepções sobre o homem em seu aspecto existencial. Em Cântico VI, o eu lírico exorta seu interlocutor a perceber, como inerente à condição humana,

a) a sublimação espiritual graças ao poder de se emocionar.

b) o desalento irremediável em face do cotidiano repetitivo.  

c) o questionamento cético sobre o rumo das atitudes humanas.

d) a vontade inconsciente de perpetuar-se em estado adolescente.

e) um receio ancestral de confrontar a imprevisibilidade das coisas.  

 

QUESTÃO 14

Ai, palavras, ai, palavras

Que estranha potência a vossa!

 

Todo o sentido da vida

Principia a vossa porta:

O mel do amor cristaliza

Seu perfume em vossa rosa;

Sois o sonho e sois a audácia,

Calúnia, fúria, derrota...

 

A liberdade das almas,

ai! Com letras se elabora...

e dos venenos humanos

sois a mais fina retorta:

frágil, frágil, como o vidro

e mais que o aço poderosa!

Reis, impérios, povos, tempos,

pelo vosso impulso rodam... 

MEIRELES, C. Obra poética. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1985 (fragmento).

 

O fragmento destacado foi transcrito do Romanceiro da Inconfidência, de Cecília Meireles. Centralizada no episódio histórico da Inconfidência Mineira, a obra, no entanto, elabora uma reflexão mais ampla sobre a seguinte relação entre o homem e a linguagem:

a) A força e a resistência humanas superam os danos provocados pelo poder corrosivo das palavras.

b) As relações humanas, em suas múltiplas esferas, têm seu equilíbrio vinculado ao significado das palavras.

c) O significado dos nomes não expressa de forma justa e completa a grandeza da luta do homem pela vida.

d) Renovando o significado das palavras, o tempo permite às gerações perpetuar seus valores e suas crenças.  

e) Como produto da criatividade humana, a linguagem tem seu alcance limitado pelas intenções e gestos.

QUESTÃO 15

Agora me digam: como é que, com tio-avô modinheiro parente de Castro Alves, com quem notivagava na Bahia; pai curtidor de um sarau musical, tocando violão ele próprio e depositário de canções que nunca mais ouvi cantadas, como “O leve batel”, linda, lancinante, lúdica e que mais palavras haja em “l’s” líquidos e palatais, com versos atribuídos a Bilac; avó materna e mãe pianistas, dedilhando aquelas valsas antigas que doem como uma crise de angina no peito; dois tios seresteiros, como Henriquinho e tio Carlinhos, irmão de minha mãe, de dois metros de altura e um digitalismo espantosos, uma espécie de Canhoto (que também o era) da Gávea; como é que, com toda essa progênie, poderia eu deixar de ser também um compositor popular…

Vinicius de Moraes, Samba falado: (crônicas musicais). Rio de Janeiro: Beco do Azougue, 2008. Adaptado.

 

Ao exaltar a canção “O leve batel”, Vinícius de Moraes emprega adjetivos que exemplificam um tipo de recurso expressivo de natureza sonora que ocorre, de modo mais expressivo, nestes versos também de sua autoria:

a) De repente do riso fez-se o pranto / Silencioso e branco como a bruma.

b) De nada vale ao homem a pura compreensão de todas as coisas.

c) A minha pátria não é florão, nem ostenta / Lábaro não; a minha pátria é desolação.

d) Na melancolia de teus olhos / Eu sinto a noite se inclinar.

e) Quero ir-me embora pra estrela / Que vi luzindo no céu.

 QUESTÃO 16

Governo reduz IPI de produtos fabricados no Brasil

Decreto exclui produtos da Zona Franca de Manaus

Decreto publicado pelo governo federal na última sexta-feira (29) (Decreto nº 11.158) estabelece os itens fabricados no Brasil para os quais será válida a redução de 35% no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). O decreto também exclui da lista os principais produtos que são fabricados na Zona Franca de Manaus. [...]

De acordo com o Ministério da Economia, o decreto dá segurança jurídica para a redução do IPI.

Ao detalhar os produtos que terão suas alíquotas alteradas, a nova edição esclarece a correta aplicação do IPI sobre o faturamento dos produtos industrializados, garantindo segurança jurídica e o avanço das medidas de desoneração tributária. O texto também apresenta tratamento específico para preservar praticamente toda a produção efetiva da ZFM, levando em consideração os Processos Produtivos Básicos. [...]

O IPI é um imposto federal que incide sobre cerca de 4 mil itens nacionais e importados que passaram por algum processo de industrialização (beneficiamento, transformação, montagem, acondicionamento ou restauração). Com caráter extrafiscal (tributo regulatório), o IPI pode ser usado para fomentar um setor econômico por meio de isenção ou redução das alíquotas para que mais produtos produzidos pelo setor sejam vendidos. 

Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2022-07/governo-reduz-ipi-de-produtos-fabricados-no-brasil.

 Em relação ao trecho que a sucede, a oração sublinhada expressa sentido de:

a) comparação.

b) oposição.

c) conformidade.

d) ressalva.

e) tempo.

QUESTÃO 17

O IPI é um imposto federal que incide sobre cerca de 4 mil itens nacionais e importados que passaram por algum processo de industrialização (beneficiamento, transformação, montagem, acondicionamento ou restauração). Com caráter extrafiscal (tributo regulatório), o IPI pode ser usado para fomentar um setor econômico por meio de isenção ou redução das alíquotas para que mais produtos produzidos pelo setor sejam vendidos.

As orações em destaque expressam, respectivamente, sentido de

a) finalidade e comparação.

b) conformidade e concessão.

c) causa e tempo.

d) finalidade e finalidade.

e) conformidade e finalidade.

QUESTÃO 18

Leia o trecho a seguir, de uma notícia intitulada "Campanha nacional busca estimular aleitamento materno".

Minha filha mais velha que, hoje, está com 8 anos, mamou até os 4. Ela foi reduzindo a demanda gradualmente, mas antes nós tivemos problemas devido a uma interrupção. Tive que sair de licença antes do parto e, por isso, voltei a trabalhar antes dela completar 4 meses. Embora eu a tenha deixado em uma boa creche, acho que ela ficava sem mamar por um intervalo de tempo muito longo. A partir daí, ela adoeceu, perdeu peso, teve uma bronquiolite severa. Foi traumático para nós duas. E ela só se recuperou quando eu mudei de trabalho, passei a deixá-la em casa, com uma babá, e a ir amamentá-la com mais regularidade. Já com a mais nova, não houve essa interrupção. Ela está com 3 anos e até hoje continua mamando ao acordar e na hora de dormir. [...]

Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/saude/noticia/2022-08/campanha-nacional-busca-estimular-aleitamento--materno.

 

Mantendo o sentido original do texto, a conjunção em destaque pode ser substituída por:

a) Mesmo que

b) Como

c) Para que

d) Já que

e) À medida que

QUESTÃO 19

TEXTO I

Uma noite destas, vindo da cidade para o Engenho Novo, encontrei num trem da Central um rapaz aqui do bairro, que eu conheço de vista e de chapéu. Cumprimentou-me, sentou-se ao pé de mim, falou da lua e dos ministros, e acabou recitando-me versos. A viagem era curta, e os versos pode ser que não fossem inteiramente maus. Sucedeu, porém, que, como eu estava cansado, fechei os olhos três ou quatro vezes; tanto bastou para que ele interrompesse a leitura e metesse os versos no bolso.

ASSIS, Machado de. Dom Casmurro. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br/download/texto/ua000194.pdf.

TEXTO II

Mas é tempo de tornar àquela tarde de novembro, uma tarde clara e fresca, sossegada como a nossa casa e o trecho da rua em que morávamos.

ASSIS, Machado de. Dom Casmurro. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br/download/texto/ua000194.pdf.

 

Conjunções podem introduzir diferentes sentidos. Nos exemplos, a conjunção "como" expressa

a) tempo no Texto I e comparação no Texto II.

b) causa no Texto I e comparação no Texto II.

c) condição no Texto I e concessão no Texto II.

d) causa no Texto I e consequência no Texto II.

e) concessão no Texto I e condição no Texto II.

 

QUESTÃO 20

Tem um clichê do cinema que diz que se em algum momento surgir uma arma por acaso, pode crer que ela vai ser usada!

Disponível em: www.ivoviuauva.com.br.

 

A oração destacada expressa sentido de

a) finalidade.

b) hipótese.

c) consequência.

d) concessão.

e) conformidade.

 

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