QUESTÃO 01
Carta do escritor Graciliano Ramos ao pintor
Cândido Portinari
Rio – 18 – Fevereiro – 1946
Caríssimo Portinari:
A
sua carta chegou muito atrasada, e receio que esta resposta já não o ache
fixando na tela a nossa pobre gente da roça. Não há trabalho mais digno, penso
eu. Dizem que somos pessimistas e exibimos deformações; contudo as deformações
e miséria existem fora da arte e são cultivadas pelos que nos censuram.
O que às vezes pergunto a mim mesmo, com angústia, Portinari, é isto: se elas desaparecessem, poderíamos continuar a trabalhar? Desejamos realmente que elas desapareçam ou seremos também uns exploradores, tão perversos como os outros, quando expomos desgraças? Dos quadros que você mostrou quando almocei no Cosme Velho pela última vez, o que mais me comoveu foi aquela mãe com a criança morta. Saí de sua casa com um pensamento horrível: numa sociedade sem classes e sem miséria seria possível fazer-se aquilo? Numa vida tranquila e feliz que espécie de arte surgiria? Chego a pensar que faríamos cromos, anjinhos cor-de-rosa, e isto me horroriza.
Felizmente a dor existirá sempre, a nossa velha amiga, nada a suprimirá. E seríamos ingratos se desejássemos a supressão dela, não lhe parece? Veja como os nossos ricaços em geral são burros.
Julgo
naturalmente que seria bom enforcá-los, mas se isto nos trouxesse tranquilidade
e felicidade, eu ficaria bem desgostoso, porque não nascemos para tal sensaboria.
O meu desejo é que, eliminados os ricos de qualquer modo e os sofrimentos
causados por eles, venham novos sofrimentos, pois sem isto não temos arte.
E adeus, meu grande Portinari. Muitos abraços para você e para Maria.
Graciliano
Glossário
sensaboria: contratempo, monotonia
Depreende-se corretamente do texto que o
escritor Graciliano Ramos:
a) compreende a miséria humana e os sofrimentos como
motivadores da produção artística, que não pode ser apenas ornamental.
b) entende que a função da pintura é oferecer as soluções
práticas para a erradicação da miséria humana.
c) refere a pinturas que ele mesmo produziu sobre as
diferenças sociais que afetam o povo brasileiro.
d) dirige ao pintor Portinari com o claro objetivo de
propor a formação de uma política que exclua os ricos da sociedade.
e) escreve ao pintor Portinari para tentar amenizar o
remorso que sente por explorar a miséria humana.
QUESTÃO 02
Leia o texto:
A
denúncia de uma crise de sentido na educação não é algo novo e exclusivo do
momento histórico em que vivemos. Podemos dizer que a crítica ao modelo educacional
e à função social da escola se constitui à medida que a própria educação se
institucionaliza, incorporando a responsabilidade de ser um processo
sistemático e intencional de formação humana. [...]
A
reflexão sobre o sentido da educação adentra o século XX. A crítica se
aprofunda e há insatisfação tanto das correntes mais liberais quanto das mais
marxistas. [...] As mudanças sociais acentuaram os problemas estruturais da
instituição escola. No Brasil, por exemplo, em meados dos anos 50, apenas 30%
da população brasileira vivia nas cidades. A pressão das camadas médias pelo
aumento do acesso e da permanência na escola ampliou-se consideravelmente neste
período, dada a relação estabelecida entre a escolarização e o direito à
cidadania.
ROCHA, J. Design thinking na formação de professores: novos olhares para os desafios da educação.In: Metodologias ativas para uma educação inovadora. Porto Alegre: Penso, 2018, p.154.
O excerto apresenta, brevemente, uma crítica
ao modelo vigente da educação na sociedade brasileira nos anos 1950. Assinale a
alternativa em que o trecho literário retrata uma situação semelhante à
abordada no texto.
a) “E ele, Clarimundo, o homem do relógio, o escravo fiel
das horas, que fez nos seus quarenta e oito anos de vida? Preparou espíritos,
estudou e compreendeu Einstein, escreveu artigos para jornais, notas sobre
filosofia, matemática, física e astronomia recreativa...” Erico Verissimo, Caminhos Cruzados.
b) “As primas já estão se acostumando no Colégio, mas
Luisinha está se queixando de dor no estômago e nós a achamos mais magra.
Diante disso eu insisti com mamãe para trazê-la para casa para consultar com
Dr. Teles. A Superiora quis fazer dúvida e disse que não era preciso trazer
Luisinha porque o médico podia ir ao Colégio como vai sempre ver outras
meninas.” Helena Morley, Minha
Vida de Menina.
c) “Fabiano estava contente e acreditava nessa terra,
porque não sabia como ela era nem onde era. Repetia docilmente as palavras de
sinha Vitória, as palavras que sinha Vitória murmurava porque tinha confiança
nele. E andavam para o sul, metidos naquele sonho. Uma cidade grande, cheia de
pessoas fortes. Os meninos em escolas, aprendendo coisas difíceis e
necessárias.” Graciliano
Ramos, Vidas Secas.
d) “Dirigi-me a alguns amigos, e quase todos consentiram de boa vontade em contribuir para o desenvolvimento das letras nacionais. Padre Silvestre ficaria com a parte moral e as citações latinas; João Nogueira aceitou a pontuação, a ortografia e a sintaxe; prometi ao Arquimedes a composição tipográfica; para a composição literária convidei Lúcio Gomes de Azevedo Gondim, redator e diretor do Cruzeiro.” Graciliano Ramos, São Bernardo.
e) “Na segunda-feira, voltou o menino armado com a sua
competente pasta a tiracolo, a sua lousa de escrever e o seu tinteiro de
chifre; o padrinho o acompanhou até a porta. Logo nesse dia portou-se de tal
maneira que o mestre não se pôde dispensar de lhe dar quatro bolos, o que lhe
fez perder toda a folia com que entrara: declarou desde esse instante guerra
viva à escola.” Manuel Antônio
de Almeida, Memórias de um Sargento de Milícias.
QUESTÃO 03
Assinale a alternativa que analisa
corretamente a oração em destaque no período “O fundamental é que cada um
perceba seu papel na sociedade”.
a) A oração em destaque exerce a função sintática de
complemento nominal do substantivo “fundamental”, presente na oração principal.
b) A oração em destaque exerce a função sintática de
sujeito do verbo “ser”, presente na oração
c) A oração em destaque exerce o papel de aposto do
termo “fundamental”, presente na oração principal.
d) A oração em destaque exerce a função sintática de
predicativo do sujeito “o fundamental”, presente na oração principal.
e) A oração em destaque exerce a função sintática de
adjunto adnominal do substantivo “fundamental”, presente na oração principal.
QUESTÃO 04
A próxima questão toma por base uma passagem
de um romance de Autran Dourado (1926-2012).
A gente Honório Cota
Quando o coronel João Capistrano Honório Cota mandou erguer o sobrado, tinha pouco mais de trinta anos. Mas já era homem sério de velho, reservado, cumpridor. Cuidava muito dos trajes, da sua aparência medida. O jaquetão de casimira inglesa, o colete de linho atravessado pela grossa corrente de ouro do relógio; a calça é que era como a de todos na cidade – de brim, a não ser em certas ocasiões (batizado, morte, casamento – então era parelho mesmo, por igual), mas sempre muito bem passada, o vinco perfeito. Dava gosto ver:
O passo vagaroso de quem não tem pressa – o
mundo podia esperar por ele, o peito magro estufado, os gestos lentos, a voz
pausada e grave, descia a rua da Igreja cumprimentando cerimoniosamente,
nobremente, os que por ele passavam ou os que chegavam na janela muitas vezes
só para vê-lo passar.
Ópera dos mortos, 1970.
No início do segundo parágrafo, por ter na
frase a mesma função sintática que o vocábulo “vagaroso” com relação a “passo”,
a oração “de quem não tem pressa” é considerada
a) coordenada sindética.
b) subordinada substantiva.
c) subordinada adjetiva.
d) coordenada assindética.
e) subordinada adverbial.
QUESTÃO 05
Sinha Vitória
Sinha Vitória tinha amanhecido nos seus
azeites. Fora de propósito, dissera ao marido umas inconveniências a respeito
da cama de varas. Fabiano, que não esperava semelhante desatino, apenas
grunhira: — “Hum! hum!” E amunhecara, porque realmente mulher é bicho difícil
de entender, deitara-se na rede e pegara no sono. Sinha Vitória andara para
cima e para baixo, procurando em que desabafar. Como achasse tudo em ordem,
queixara-se da vida. E agora vingava-se em Baleia, dando-lhe um pontapé.
Avizinhou-se
da janela baixa da cozinha, viu os meninos entretidos no barreiro, sujos de
lama, fabricando bois de barro, que secavam ao sol, sob o pé-de-turco, e não
encontrou motivo para repreendê-los. Pensou de novo na cama de varas e
mentalmente xingou Fabiano. Dormiam naquilo, tinha-se acostumado, mas sena mais
agradável dormirem numa cama de lastro de couro, como outras pessoas.
Fazia
mais de um ano que falava nisso ao marido. Fabiano a princípio concordara com
ela, mastigara cálculos, tudo errado. Tanto para o couro, tanto para a armação.
Bem. Poderiam adquirir o móvel necessário economizando na roupa e no querosene.
Sinha Vitória respondera que isso era impossível, porque eles vestiam mal, as
crianças andavam nuas, e recolhiam-se todos ao anoitecer. Para bem dizer, não
se acendiam candeeiros na casa.
RAMOS, Graciliano. Vidas secas. Rio de
Janeiro; São Paulo: Record; Martins, 1975. p. 42-43.
A partir do texto acima, identifique a
alternativa que contém a característica correta em relação à análise da obra de
Graciliano Ramos e à sua inclusão na ficção regionalista dos anos 30.
a) Valorização do espaço urbano e das relações de
poder.
b) Ênfase em aspectos pitorescos da paisagem
nordestina.
c) Utilização de linguagem predominantemente
metafórica.
d) Atitude crítica e comprometida frente à realidade
social.
e) Opção preferencial por personagens pertencentes à classe
dominante.
QUESTÃO 06
Avizinhou-se da janela baixa da cozinha, viu
os meninos entretidos no barreiro, sujos de lama, fabricando bois de barro, que
secavam ao sol, sob o pé-de-turco, e não encontrou motivo para repreendê-los.
A respeito da palavra destacada, é correto
afirmar que introduz
a) uma oração adjetiva explicativa e retoma o termo “os
meninos”.
b) uma oração subordinada adjetiva restritiva e retoma o
termo “os meninos”.
c) uma oração subordinada adjetiva explicativa e retoma o
termo “bois de barro”.
d) uma oração subordinada adjetiva restritiva e retoma o
termo “bois de barro”.
e) uma oração subordinada substantiva que exerce a função de aposto.
QUESTÃO 07
Leia o texto a seguir, extraído do romance O Quinze, de Rachel de Queiroz, e considere as afirmações que se seguem.
O sol poente, chamejante, rubro, desaparecia rapidamente como um afogado no horizonte próximo. Sombras cambaleantes se alongavam na tira ruiva da estrada, que se vinha estirando sobre o alto pedregoso e ia sumir no casario dormente dum arruado.
Sombras vencidas pela miséria e pelo desespero que arrastavam passos inconscientes, na derradeira embriaguez da fome.
I. A descrição da paisagem estabelece uma comparação entre paisagens brasileiras e seus aspectos econômicos.
II. As imagens da terra assolada pela seca constituem um retrato das condições adversas a que estão sujeitos os habitantes daquela região.
III. A plasticidade da cena, expressa nas
imagens de “sombras cambaleantes” e “sombras vencidas”, representa a luta do
nordestino com a natureza hostil.
Quais estão corretas?
a) Apenas I.
b) Apenas II.
c) Apenas I e III.
d) Apenas II e III.
e) I, II e III.
QUESTÃO 08
Soneto de Fidelidade
De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
Disponível em: www.viniciusdemoraes.com.br/pt-br/poesia/
poesias-avulsas/soneto-de-fidelidade.
Na última estrofe, a locução posto que
poderia ser substituída, sem prejuízo de sentido, por
a) “uma vez que”.
b) “se é que”.
c) “para que”.
d) “enquanto que”.
e) “a fim de que”.
QUESTÃO 09
Observe o segmento:
Visto que esta ciência tem por objeto a forma
exterior e material da sociedade,
propomos...
Temos aí, destacada, uma oração subordinada adverbial causal, com sua respectiva locução conjuntiva. Eliminando a locução conjuntiva e mantendo o sentido, podemos obter uma oração com a mesma classificação, porém reduzida. Em qual alternativa isso é feito adequadamente?
a) “Em função de que essa ciência tem por objeto a forma
exterior e material da sociedade, propomos...”
b) “Tendo essa ciência por objeto a forma exterior e
material da sociedade, propomos...”
c) “Vendo que esta ciência tem por objeto a forma exterior
e material da sociedade, propomos...”
d) “Tão clara é a forma exterior e material da sociedade,
que propomos...”
e) “Tendo em vista que esta ciência tem por objeto a forma
exterior e material da sociedade, propomos...”
QUESTÃO 10
Forma da escrita deve ser chave para
interpretar conteúdo de um texto
Opção do autor por expressar ideias por meio de poesia, prosa ou ensaio muda a maneira de ler uma obra.
Sempre que encontro uma oportunidade, volto a chamar a atenção do leitor para a relação entre a filosofia e a literatura. Insisto, portanto, em discutir o vínculo entre a forma, ou seja, a maneira como uma ideia é apresentada, e o seu conteúdo.
Reitero
que, se um autor optou por comunicar uma ideia através de um romance ou de um
poema, é porque ele sente a necessidade de que essa mesma ideia
seja interpretada a partir das regras que formam tais gêneros
literários. Afinal, nem todo texto, ainda que ele esteja dizendo algo bastante
semelhante aos demais, deve ser lido do mesmo modo.
Disponível em:
www1.folha.uol.com.br/colunas/juliana-de-albuquerque/2022/07/forma-da-escrita-deve-ser-chave-para
a) subordinada substantiva completiva nominal e subordinada
adjetiva restritiva.
b) subordinada substantiva objetiva indireta e subordinada
adjetiva restritiva.
c) subordinada adjetiva explicativa e subordinada adjetiva
restritiva.
d) subordinada substantiva apositiva e subordinada adjetiva
restritiva.
e) subordinada substantiva objetiva indireta e subordinada
adjetiva explicativa.
QUESTÃO 11
Confidência do Itabirano
Alguns anos vivi em Itabira.
Principalmente nasci em Itabira.
Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro.
Noventa por cento de ferro nas calçadas.
Oitenta por cento de ferro nas almas.
E esse alheamento do que na vida é porosidade
e comunicação.
A vontade de amar, que me paralisa o
trabalho,
vem de Itabira, de suas noites brancas, sem
mulheres e sem horizontes.
E o hábito de sofrer, que tanto me diverte,
é doce herança itabirana.
De Itabira trouxe prendas diversas que ora te
ofereço:
esta pedra de ferro, futuro aço do Brasil;
este São Benedito do velho santeiro Alfredo
Duval;
este couro de anta, estendido no sofá da sala
de visitas;
este orgulho, esta cabeça baixa…
Tive ouro, tive gado, tive fazendas.
Hoje sou funcionário público.
Itabira é apenas uma fotografia na parede.
Mas como dói!
ANDRADE, C. D. Poesia completa. Rio de
Janeiro: Nova Aguilar, 2003.
Carlos Drummond de Andrade é um dos expoentes
do movimento modernista brasileiro. Com seus poemas, penetrou fundo na alma do
Brasil e trabalhou poeticamente as inquietudes e os dilemas humanos. Sua poesia
é feita de uma relação tensa entre o universal e o particular, como se percebe
claramente na construção do poema. Tendo em vista os procedimentos de
construção do texto literário e as concepções artísticas modernistas,
conclui-se que o poema acima
a) representa a fase heroica do Modernismo, devido ao tom
contestatório e à utilização de expressões e usos linguísticos típicos da
oralidade.
b) apresenta uma característica importante do gênero
lírico, que é a apresentação objetiva de fatos e dados históricos.
c) evidencia uma tensão histórica entre o “eu” e a sua
comunidade, por intermédio de imagens que representam a forma como a sociedade
e o mundo colaboram para a constituição do indivíduo.
d) critica, por meio de um discurso irônico, a posição de
inutilidade do poeta e da poesia em comparação com as prendas resgatadas de
Itabira.
e) apresenta influências românticas, uma vez que trata da
individualidade, da saudade da infância e do amor pela terra natal, por meio de
recursos retóricos pomposos.
QUESTÃO 12
No poema “Procura da poesia”, Carlos Drummond
de Andrade expressa a concepção estética de se fazer com palavras o que o
escultor Michelangelo fazia com mármore. O fragmento a seguir exemplifica essa
afirmação.
[...]
Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
[...]
Chega mais perto e contempla as palavras.
Cada uma
tem mil faces secretas sob a face neutra
e te pergunta, sem interesse pela resposta,
pobre ou terrível, que lhe deres:
trouxeste a chave?
Carlos Drummond de Andrade. A rosa do
povo. Rio de Janeiro: Record, 1997, p. 13-14.
Esse fragmento poético ilustra o seguinte
tema constante entre autores modernistas:
a) a nostalgia do passado colonialista revisitado.
b) a preocupação com o engajamento político e social da
literatura.
c) o trabalho quase artesanal com as palavras, despertando
sentidos novos.
d) a produção de sentidos herméticos na busca da perfeição
poética.
e) a contemplação da natureza brasileira na perspectiva
ufanista da pátria.
QUESTÃO 13
Cântico VI
Tu tens um medo de
Acabar.
Não vês que acabas todo o dia.
Que morres no amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que te renovas todo dia.
No amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que és sempre outro.
Que és sempre o mesmo.
Que morrerás por idades imensas.
Até não teres medo de
E então serás eterno.
MEIRELES, C. Antologia poética. Rio de
Janeiro: Record, 1963 (fragmento).
A poesia de Cecília Meireles revela
concepções sobre o homem em seu aspecto existencial. Em Cântico VI, o eu
lírico exorta seu interlocutor a perceber, como inerente à condição humana,
a) a sublimação espiritual graças ao poder de se
emocionar.
b) o desalento irremediável em face do cotidiano
repetitivo.
c) o questionamento cético sobre o rumo das atitudes
humanas.
d) a vontade inconsciente de perpetuar-se em estado
adolescente.
e) um receio ancestral de confrontar a imprevisibilidade
das coisas.
QUESTÃO 14
Ai, palavras, ai, palavras
Que estranha potência a vossa!
Todo o sentido da vida
Principia a vossa porta:
O mel do amor cristaliza
Seu perfume em vossa rosa;
Sois o sonho e sois a audácia,
Calúnia, fúria, derrota...
A liberdade das almas,
ai! Com letras se elabora...
e dos venenos humanos
sois a mais fina retorta:
frágil, frágil, como o vidro
e mais que o aço poderosa!
Reis, impérios, povos, tempos,
pelo vosso impulso rodam...
MEIRELES, C. Obra poética. Rio de
Janeiro: Nova Aguilar, 1985 (fragmento).
O fragmento destacado foi transcrito do
Romanceiro da Inconfidência, de Cecília Meireles. Centralizada no episódio
histórico da Inconfidência Mineira, a obra, no entanto, elabora uma reflexão
mais ampla sobre a seguinte relação entre o homem e a linguagem:
a) A força e a resistência humanas superam os danos
provocados pelo poder corrosivo das palavras.
b) As relações humanas, em suas múltiplas esferas, têm seu
equilíbrio vinculado ao significado das palavras.
c) O significado dos nomes não expressa de forma justa e
completa a grandeza da luta do homem pela vida.
d) Renovando o significado das palavras, o tempo permite às
gerações perpetuar seus valores e suas crenças.
e) Como produto da criatividade humana, a linguagem tem seu
alcance limitado pelas intenções e gestos.
QUESTÃO 15
Agora me digam: como é que, com tio-avô modinheiro parente de Castro Alves, com quem notivagava na Bahia; pai curtidor de um sarau musical, tocando violão ele próprio e depositário de canções que nunca mais ouvi cantadas, como “O leve batel”, linda, lancinante, lúdica e que mais palavras haja em “l’s” líquidos e palatais, com versos atribuídos a Bilac; avó materna e mãe pianistas, dedilhando aquelas valsas antigas que doem como uma crise de angina no peito; dois tios seresteiros, como Henriquinho e tio Carlinhos, irmão de minha mãe, de dois metros de altura e um digitalismo espantosos, uma espécie de Canhoto (que também o era) da Gávea; como é que, com toda essa progênie, poderia eu deixar de ser também um compositor popular…
Vinicius de Moraes, Samba falado: (crônicas
musicais). Rio de Janeiro: Beco do Azougue, 2008. Adaptado.
Ao exaltar a canção “O leve batel”, Vinícius
de Moraes emprega adjetivos que exemplificam um tipo de recurso expressivo de
natureza sonora que ocorre, de modo mais expressivo, nestes versos também de
sua autoria:
a) De repente do riso fez-se o pranto / Silencioso e branco
como a bruma.
b) De nada vale ao homem a pura compreensão de todas as
coisas.
c) A minha pátria não é florão, nem ostenta / Lábaro não; a
minha pátria é desolação.
d) Na melancolia de teus olhos / Eu sinto a noite se
inclinar.
e) Quero ir-me embora pra estrela / Que vi luzindo no céu.
Governo reduz IPI de produtos fabricados no
Brasil
Decreto exclui produtos da Zona Franca de Manaus
Decreto publicado pelo governo federal na última sexta-feira (29) (Decreto nº 11.158) estabelece os itens fabricados no Brasil para os quais será válida a redução de 35% no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). O decreto também exclui da lista os principais produtos que são fabricados na Zona Franca de Manaus. [...]
De acordo com o Ministério da Economia, o decreto dá segurança jurídica para a redução do IPI.
Ao
detalhar os produtos que terão suas alíquotas alteradas, a nova edição
esclarece a correta aplicação do IPI sobre o faturamento dos produtos
industrializados, garantindo segurança jurídica e o avanço das medidas de
desoneração tributária. O texto também apresenta tratamento específico para
preservar praticamente toda a produção efetiva da ZFM, levando em consideração
os Processos Produtivos Básicos. [...]
O IPI é um imposto federal que incide sobre cerca de 4 mil itens nacionais e importados que passaram por algum processo de industrialização (beneficiamento, transformação, montagem, acondicionamento ou restauração). Com caráter extrafiscal (tributo regulatório), o IPI pode ser usado para fomentar um setor econômico por meio de isenção ou redução das alíquotas para que mais produtos produzidos pelo setor sejam vendidos.
Disponível em:
https://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2022-07/governo-reduz-ipi-de-produtos-fabricados-no-brasil.
a) comparação.
b) oposição.
c) conformidade.
d) ressalva.
e) tempo.
QUESTÃO 17
O
IPI é um imposto federal que incide sobre cerca de 4 mil itens nacionais e
importados que passaram por algum processo de industrialização (beneficiamento,
transformação, montagem, acondicionamento ou restauração). Com caráter
extrafiscal (tributo regulatório), o IPI pode ser usado para fomentar um
setor econômico por meio de isenção ou redução das alíquotas para
que mais produtos produzidos pelo setor sejam vendidos.
As orações em
destaque expressam, respectivamente, sentido de
a) finalidade e comparação.
b) conformidade e
concessão.
c) causa e tempo.
d) finalidade e
finalidade.
e) conformidade e
finalidade.
QUESTÃO 18
Leia o trecho a seguir, de uma notícia
intitulada "Campanha nacional busca estimular aleitamento materno".
Minha
filha mais velha que, hoje, está com 8 anos, mamou até os 4. Ela foi reduzindo
a demanda gradualmente, mas antes nós tivemos problemas devido a uma
interrupção. Tive que sair de licença antes do parto e, por isso, voltei a
trabalhar antes dela completar 4 meses. Embora eu a tenha deixado
em uma boa creche, acho que ela ficava sem mamar por um intervalo de tempo
muito longo. A partir daí, ela adoeceu, perdeu peso, teve uma bronquiolite
severa. Foi traumático para nós duas. E ela só se recuperou quando eu mudei de
trabalho, passei a deixá-la em casa, com uma babá, e a ir amamentá-la com mais
regularidade. Já com a mais nova, não houve essa interrupção. Ela está com 3
anos e até hoje continua mamando ao acordar e na hora de dormir. [...]
Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/saude/noticia/2022-08/campanha-nacional-busca-estimular-aleitamento--materno.
Mantendo o sentido original do texto, a
conjunção em destaque pode ser substituída por:
a) Mesmo que
b) Como
c) Para que
d) Já que
e) À medida que
QUESTÃO 19
TEXTO I
Uma noite destas, vindo da cidade para o Engenho Novo, encontrei num trem da Central um rapaz aqui do bairro, que eu conheço de vista e de chapéu. Cumprimentou-me, sentou-se ao pé de mim, falou da lua e dos ministros, e acabou recitando-me versos. A viagem era curta, e os versos pode ser que não fossem inteiramente maus. Sucedeu, porém, que, como eu estava cansado, fechei os olhos três ou quatro vezes; tanto bastou para que ele interrompesse a leitura e metesse os versos no bolso.
ASSIS, Machado de. Dom Casmurro. Disponível
em: www.dominiopublico.gov.br/download/texto/ua000194.pdf.
TEXTO II
Mas
é tempo de tornar àquela tarde de novembro, uma tarde clara e fresca, sossegada
como a nossa casa e o trecho da rua em que morávamos.
ASSIS, Machado de. Dom Casmurro. Disponível
em: www.dominiopublico.gov.br/download/texto/ua000194.pdf.
Conjunções podem introduzir diferentes
sentidos. Nos exemplos, a conjunção "como" expressa
a) tempo no Texto I e comparação no Texto II.
b) causa no Texto I e comparação no Texto II.
c) condição no Texto I e concessão no Texto II.
d) causa no Texto I e consequência no Texto II.
e) concessão no Texto I e condição no Texto II.
QUESTÃO 20
Tem um clichê do cinema que diz que se
em algum momento surgir uma arma por acaso, pode crer que ela vai ser
usada!
Disponível em: www.ivoviuauva.com.br.
A oração destacada expressa sentido de
a) finalidade.
b) hipótese.
c) consequência.
d) concessão.
e) conformidade.
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