QUESTÃO 01
Estojo escolar
Rio de Janeiro - Noite dessas, ciscando num
desses canais a cabo, vi uns caras oferecendo maravilhas eletrônicas, bastava
telefonar e eu receberia um notebook capaz de me ajudar a fabricar um navio,
uma estação espacial.
[...] Como pretendo viajar esses dias,
habilitei-me a comprar aquilo que os caras anunciavam como o top do top em
matéria de computador portátil.
No sábado, recebi um embrulho complicado que
necessitava de um manual de instruções para ser aberto.
[...] De repente, como vem acontecendo nos
últimos tempos, houve um corte na memória e vi diante de mim o meu primeiro
estojo escolar. Tinha 5 anos e ia para o jardim de infância.
Era uma caixinha comprida, envernizada, com
uma tampa que corria nas bordas do corpo principal. Dentro, arrumados em
divisões, havia lápis coloridos, um apontador, uma lapiseira cromada, uma régua
de 20 cm e uma borracha para apagar meus erros.
[...] Da caixinha vinha um cheiro gostoso,
cheiro que nunca esqueci e que me tonteava de prazer. [...]
O notebook que agora abro é negro e, em
matéria de cheiro, é abominável. Cheira vilmente a telefone celular, a cabine
de avião, a aparelho de ultrassonografia onde outro dia uma moça veio ver como
sou por dentro. Acho que piorei de estojo e de vida.
CONY, C. H. Crônicas para ler na
escola. São Paulo: Objetiva, 2009 (adaptado).
No texto, há marcas da função da linguagem que nele predomina. Essas marcas são responsáveis por colocar em foco o(a)
a) mensagem, elevando-a
à categoria de objeto estético do mundo das artes.
b) código,
transformando a linguagem utilizada no texto na própria temática abordada.
c) contexto, fazendo
das informações presentes no texto seu aspecto essencial.
d) enunciador, buscando
expressar sua atitude em relação ao conteúdo do enunciado.
e) interlocutor,
considerando-o responsável pelo direcionamento dado à narrativa pelo
enunciador.
QUESTÃO 02
a) conativa, como em
“(valeu, galera)!”.
b) referencial, como em
“é festejar o próprio ser.”
c) poética, como em “é
a felicidade fazendo visita.”
d) emotiva, como em “é
quando eu esqueço o que não importa.”
e) fática, como em “é o
dia que recebo o maior número de ligações no meu celular.”
QUESTÃO 03
De
acordo com as intenções comunicativas e os recursos linguísticos que se
destacam, determinadas funções são atribuídas à linguagem. A função que
predomina nesse texto é a conativa, uma vez que ele
a) atua sobre o
interlocutor, procurando convencê-lo a realizar sua escolha de maneira
consciente.
b) coloca em evidência
o canal de comunicação pelo uso das palavras “corrige” e “confirma”.
c) privilegia o texto
verbal, de base informativa, em detrimento do texto não verbal.
d) usa a imagem como
único recurso para interagir com o público a que se destina.
e) evidencia as emoções
do enunciador ao usar a imagem de uma criança.
QUESTÃO 04
A
associação entre o texto verbal e as imagens da garrafa e do cão configura
recurso expressivo que busca
a) estimular denúncias
de maus-tratos contra animais.
b) desvincular o
conceito de descarte da ideia de negligência.
c) incentivar campanhas
de adoção de animais em situação de rua.
d) sensibilizar o
público em relação ao abandono de animais domésticos.
e) alertar a população
sobre as sanções legais acerca de uma prática criminosa.
QUESTÃO 05
Nessa tirinha, produzida na década de 1970, os recursos verbais e não verbais sinalizam a finalidade de
a) reforçar a luta por
direitos civis.
b) explicitar a
autonomia feminina.
c) ironizar as
condições de igualdade.
d) estimular a
abdicação da vida social.
e) criticar as
obrigações da maternidade.
QUESTÃO 06
No
texto, os recursos verbais e não verbais empregados têm por objetivo
a) divulgar informações
científicas sobre o uso indiscriminado de aparelhos celulares.
b) influenciar o leitor
a mudar atitudes e hábitos considerados prejudiciais às crianças.
c) relacionar o uso da
tecnologia aos efeitos decorrentes da falta de exercícios físicos.
d) indicar medidas
eficazes para desestimular a utilização de telefones pelo público infantil.
e) sugerir aos pais e
responsáveis a substituição de dispositivos móveis por atividades lúdicas.
QUESTÃO 07
Na tirinha, o personagem que fala ao microfone
a) pretende tornar o
mundo mais solidário.
b) mostra-se empenhado
em tornar o mundo menos egoísta.
c) está preocupado com
a própria sobrevivência.
d) mostra-se empenhado
na difusão do egoísmo.
e) está preocupado em
tornar-se menos egoísta.
QUESTÃO 08
Vou-me
embora p’ra Pasárgada
foi o poema de mais longa gestação em toda a minha obra. Vi pela primeira vez
esse nome Pasárgada quando tinha os meus dezesseis anos e foi num autor grego. [...]
Esse nome de Pasárgada, que significa “campo dos persas” ou “tesouro dos
persas”, suscitou na minha imaginação uma paisagem fabulosa, um país de
delícias, como o de L’invitation au
Voyage, de Baudelaire. Mais de vinte anos depois, quando eu morava só na
minha casa da Rua do Curvelo, num momento de fundo desânimo, da mais aguda
sensação de tudo o que eu não tinha feito em minha vida por motivo da doença,
saltou-me de súbito do subconsciente este grito estapafúrdio: “Vou-me embora
p’ra Pasárgada!” Senti na redondilha a primeira célula de um poema, e tentei
realizá-lo, mas fracassei. Alguns anos depois, em idênticas circunstâncias de
desalento e tédio, me ocorreu o mesmo desabafo de evasão da “vida besta”. Desta
vez o poema saiu sem esforço como se já estivesse pronto dentro de mim. Gosto
desse poema porque vejo nele, em escorço, toda a minha vida; [...] Não sou
arquiteto, como meu pai desejava, não fiz nenhuma casa, mas reconstruí e “não
de uma forma imperfeita neste mundo de aparências’, uma cidade ilustre, que
hoje não é mais a Pasárgada de Ciro, e sim a “minha” Pasárgada.
BANDEIRA, M. Itinerário da Pasárgada. Rio de Janeiro:
Nova Fronteira. Brasília: INL, 1984.
Os
processos de interação comunicativa preveem a presença ativa de múltiplos
elementos da comunicação, entre os quais se destacam as funções da linguagem.
Nesse fragmento, a função da linguagem predominante é
a) emotiva, porque o
poeta expõe os sentimentos de angústia que o levaram à criação poética.
b) referencial, porque
o texto informa sobre a origem do nome empregado em um famoso poema de
Bandeira.
c) metalinguística,
porque o poeta tece comentários sobre a gênese e o processo de escrita de um de
seus poemas.
d) poética, porque o
texto aborda os elementos estéticos de um dos poemas mais conhecidos de
Bandeira.
e) apelativa, porque o
poeta tenta convencer os leitores sobre sua dificuldade de compor um poema.
QUESTÃO 09
a) proíbe o uso de
remédios para evitar o sono na direção.
b) dá dicas aos
motoristas sobre diminuição do cansaço físico.
c) apresenta a
capotagem como consequência da direção perigosa.
d) atribui ao motorista
a responsabilidade pela segurança no trânsito.
e) conscientiza o
motorista sobre a necessidade de controle da velocidade nas estradas.
QUESTÃO 10
O telefone tocou.
- Alô? Quem fala?
- Como? Com quem deseja falar?
- Quero falar com o sr. Samuel Cardoso.
- É ele mesmo. Quem fala, por obséquio?
- Não se lembra mais da minha voz, seu
Samuel? Faça um esforço.
- Lamento muito, minha senhora, mas não me
lembro. Pode dizer-me de quem se trata?
ANDRADE, C. D. Contos de aprendiz. Rio de Janeiro: José
Olympio, 1958 (fragmento).
Pela
insistência em manter o contato entre o emissor e o receptor, predomina no
texto a função
a) metalinguística.
b) fática.
c) referencial.
d) emotiva.
e) conativa.
QUESTÃO 11
Identidade
etimológica
Ética e moral têm a mesma origem etimológica.
Ethos, em grego, e mor, em latim,
querem dizer a mesma coisa: hábito, prática recorrente. Esta significação
consta das primeiras linhas de dez em cada dez manuais de ética. Mas você, que
não se deixa levar por qualquer definição consagrada, logo se pergunta duas
coisas: de um lado, a moral não teria mais a ver com momentos importantes –
justamente os que não são habituais - em que somos obrigados a pensar para
encontrar a saída virtuosa? E, de outro lado, não poderia – e, convenhamos,
parece ser supercomum – uma conduta canalha se repetir configurando assim um
hábito canalha?
Perguntas que uma unidade de vida pensante
não daria conta de exaurir. Mas a postura inicial de desconfiança não poderia
ser mais auspiciosa. Comecemos por observar que, para o senso comum, ética e
moral sempre foram usadas indistintamente. E mesmo entre os iniciados, muitos
não veem nenhum interesse em estabelecer diferença entre as noções. No entanto,
apesar de tanta proximidade, para a maioria dos autores, estas duas palavras
querem dizer coisas muito diferentes.
BARROS FILHO, Clóvis de; POMPEU, Júlio. A filosofia
explica grandes questões da humanidade. Rio de Janeiro: Casa da palavra, 2014.
Os
substantivos sobre os quais o texto discorre
a) apresentam natureza
predominantemente concreta.
b) expressam sentidos
essencialmente opostos.
c) são definidos há
muito tempo de forma unânime.
d) referem-se a ideias
cuja distinção é ignorada pelo senso comum.
e) sugerem conotação
muitas vezes erudita e pedante.
QUESTÃO 12
Levando
em conta as palavras destacadas, ocorre artigo definido em:
a) Mas você, que não se deixa levar por
qualquer definição consagrada
b) Mas a postura inicial de
desconfiança
c) em que somos
obrigados a pensar
d) e, convenhamos,
parece ser supercomum
e) muitos não veem
nenhum interesse em estabelecer
diferença
QUESTÃO 13
Releia
o trecho:
“Perguntas
que uma unidade de vida pensante não daria conta de exaurir. Mas a postura inicial
de desconfiança não poderia ser mais auspiciosa.”
Levando
em consideração o contexto em que está inserido, o que significa o adjetivo “auspiciosa”?
a)
Promissora
b)
Nociva
c)
Frequente
d)
Bizarra
e)
Maçante
QUESTÃO 14
Releia
o trecho:
“Esta
significação consta das primeiras
linhas de dez em cada dez manuais de ética.”
Considerando
seu papel na construção de sentido do texto, o uso dos numerais destacados tem
como objetivo
a)
criticar a imprevisibilidade dos manuais de ética.
b)
identificar o número de autores que discorrem sobre ética.
c)
apontar ao leitor a importância da etimologia para o estudo.
d)
apresentar a estrutura linguística típica de um livro sobre ética.
e)
reiterar a alta frequência de tal significação em manuais de ética.
QUESTÃO 15
Covid-19: Brasil tem
22 milhões de casos e 614,3 mil mortes
País registra cerca
de 307 milhões de doses de vacina aplicadas
O
balanço divulgado nesta segunda-feira (29) pelo Ministério da Saúde registra
3.843 novos diagnósticos de Covid-19 no Brasil em 24 horas. O dado eleva para
22.084.749 o total de pessoas infectadas pela doença desde o início da pandemia
no país. Ontem (28), o painel indicava 22.080.906 casos acumulados.
As
mortes pelo novo coronavírus no Brasil somam 614.376 em 24 horas, autoridades
sanitárias notificaram 98 novos óbitos. Ontem, o painel de informação marcava
614.278 mortes acumuladas.
Agência Brasil. Disponível em:
https://agenciabrasil.ebc.com.br/saude/noticia/2021-11/covid-19-brasil-tem-22-milhoes-de-casos-e-6143-mil-mortes.
Acesso em: 29 nov. 2021.
A
ocorrência de vários numerais no texto acima se justifica por seu propósito
sociocomunicativo de
a) instruir o leitor
sobre como utilizar tais dados.
b) informar o leitor
sobre fatos e acontecimentos recentes.
c) persuadir o leitor a
participar da campanha de vacinação.
d) apresentar ao leitor
um posicionamento defendido.
e) entreter o leitor
por meio de um arranjo criativo da mensagem.
QUESTÃO 16
A
expressão ou palavra sublinhada que apresenta função equivalente a um adjetivo
ocorre em:
a) 614,3 mil mortes
b) O dado eleva para 22 084 749
c) o painel de informação
d) autoridades sanitárias
e) desde o início da pandemia
QUESTÃO 17
No domínio da linguística, para citar um
exemplo, esse modo de ser parece refletir-se em nosso pendor acentuado para o
emprego dos diminutivos. A terminação “inho”, aposta às palavras, serve para
nos familiarizar mais com as pessoas ou os objetos e, ao mesmo tempo, para lhes
dar relevo. É a maneira de fazê-los mais acessíveis aos sentidos e também de
aproximá-los do coração. Sabemos como é frequente, entre portugueses, o
zombarem de certos abusos desse nosso apego aos diminutivos, abusos tão
ridículos para eles quanto o é para nós, muitas vezes, a pieguice lusitana,
lacrimosa e amarga. Um estudo atento das nossas formas sintáxicas traria, sem
dúvida, revelações preciosas a esse respeito.
À mesma ordem de manifestações pertence
certamente a tendência para a omissão do nome de família no tratamento social.
Em regra é o nome individual, de batismo, que prevalece. Essa tendência, que
entre portugueses resulta de uma tradição com velhas raízes – como se sabe, os
nomes de família só entram a predominar na Europa cristã e medieval a partir do
século XII –, acentuou-se estranhamente entre nós. Seria talvez plausível
relacionar tal fato à sugestão de que o uso do simples prenome importa em
abolir psicologicamente as barreiras determinadas pelo fato de existirem
famílias diferentes e independentes umas das outras. Corresponde à atitude
natural aos grupos humanos que, aceitando de bom grado uma disciplina da
simpatia, da “concórdia”, repelem as do raciocínio abstrato ou que não tenham
como fundamento, para empregar a terminologia de Tönnies, as comunidades de
sangue, de lugar ou de espírito.
HOLANDA, Sérgio Buarque de. O homem cordial. São Paulo:
Companhia das Letras, 2012.
Para
o autor, o uso constante de diminutivos pelos brasileiros é
a) explicado por seu
caráter afetivo.
b) inadequado por sua
conotação piegas.
c) legitimado pelo uso
lusitano.
d) digno de admiração
pelos europeus.
e) desrespeitoso pelo
seu tom de zombaria.
QUESTÃO 18
Em
relação à omissão do nome de família no Brasil, o autor levanta a hipótese de
que tal omissão
a) sugere reforçar
hierarquias.
b) expressa
distanciamento econômico.
c) compromete a
formação de uma coletividade.
d) implica eliminar
obstáculos.
e) contribui para a
independência das famílias portuguesas.
QUESTÃO 19
A
palavra destacada expressa ideia de indefinição em:
a) esse modo de ser parece refletir-se em nosso pendor
acentuado
b) A terminação “inho”, aposta às palavras, serve para nos
familiarizar
c) Essa tendência, que
entre portugueses resulta de uma tradição
com velhas raízes
d) É a maneira de fazê-los mais acessíveis
e) abusos tão ridículos
para eles quanto o é para nós
QUESTÃO 20
A
marcação da atitude do autor em relação ao conteúdo do texto é típica da função
emotiva. Ocorre marcação típica da função emotiva em:
a) No domínio da linguística
b) para lhes dar relevo
c) acentuou-se estranhamente entre nós
d) À mesma ordem de manifestações
e) do raciocínio abstrato
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