09 junho 2022

AVALIAÇÃO BIMESTRAL 2 - 2ª SÉRIE 2022

QUESTÃO 01

– Há ocorrências bem singulares. Está vendo aquela dama que vai entrando na igreja da Cruz? Parou agora no adro para dar uma esmola.

– De preto?

– Justamente; lá vai entrando; entrou.

– Não ponha mais na carta. Esse olhar está dizendo que a dama é uma recordação de outro tempo, e não há de ser muito tempo, a julgar pelo corpo: é moça de truz.

– Deve ter quarenta e seis anos.

– Ah! conservada. Vamos lá; deixe de olhar para o chão e conte-me tudo. Está viúva, naturalmente?

– Não.

– Bem; o marido ainda vive. É velho?

– Não é casada.

– Solteira?

– Assim, assim. Deve chamar-se hoje D. Maria de tal. Em 1860 florescia com o nome familiar de Marocas. Não era costureira, nem proprietária, nem mestra de meninas; vá excluindo as profissões e chegará lá. Morava na Rua do Sacramento. Já então era esbelta, e, seguramente, mais linda do que hoje; modos sérios, linguagem limpa.

ASSIS, M. Machado de Assis: seus 30 melhores contos. Rio de Janeiro: Aguilar, 1961.

 

No diálogo, descortinam-se aspectos da condição da mulher em meados do século XIX. O ponto de vista dos personagens manifesta conceitos segundo os quais a mulher

a) encontra um modo de dignificar-se na prática da caridade.

b) preserva a aparência jovem conforme seu estilo de vida.

c) condiciona seu bem-estar à estabilidade do casamento.

d) tem sua identidade e seu lugar referendados pelo homem.

e) renuncia à sua participação no mercado de trabalho.

 

QUESTÃO 02

O romance Memórias póstumas de Brás Cubas é considerado um divisor de águas tanto na obra de Machado de Assis quanto na literatura brasileira do século XIX. Indique a alternativa em que todas as características mencionadas podem ser adequadamente atribuídas ao romance em questão.

a) Rejeição dos valores românticos, narrativa linear e fluente de um defunto autor, visão pessimista em relação aos problemas sociais.

b) Distanciamento do determinismo científico, cultivo do humor e digressões sobre banalidades, visão reformadora das mazelas sociais.

c) Abandono das idealizações românticas, uso de técnicas pouco usuais de narrativa, sugestão implícita de contradições sociais.

d) Crítica do realismo literário, narração iniciada com a morte do narrador-personagem, tematização de conflitos sociais.

e) Abandono da lógica racional, narração em terceira pessoa, teor abolicionista.

 

QUESTÃO 03

Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é, se poria em primeiro lugar o meu nascimento ou a minha morte. Suposto o uso vulgar seja começar pelo nascimento, duas considerações me levaram a adotar diferente método: a primeira é que eu não sou propriamente um autor defunto, mas um defunto autor, para quem a campa foi outro berço; a segunda é que o escrito ficaria assim mais galante e mais novo. Moisés, que também contou a sua morte, não a pôs no introito, mas no cabo: diferença radical entre este livro e o Pentateuco.

Dito isto, expirei às duas horas da tarde de uma sexta-feira do mês de agosto de 1869, na minha bela chácara de Catumbi. Tinha uns sessenta e quatro anos, rijos e prósperos, era solteiro, possuía cerca de trezentos contos e fui acompanhado ao cemitério por onze amigos.

Machado de Assis. Memórias póstumas de Brás Cubas.

 

Ao configurar as Memórias póstumas de Brás Cubas como narrativa em primeira pessoa, conforme se verifica no trecho, Machado de Assis

a) deu um passo decisivo em direção ao Realismo, adotando os procedimentos mais típicos dessa escola.

b) visa a criticar o subjetivismo romântico e os excessos sentimentalistas em que este incorrera.

c) deu a palavra ao proprietário escravista e rentista brasileiro do Oitocentos, para que ele próprio exibisse sua desfaçatez.

d) parodia as Memórias de um sargento de milícias, retomando o registro narrativo que as caracterizava.

e) confere confiabilidade aos juízos do narrador, uma vez que este conhece os acontecimentos de que participou.

 

QUESTÃO 04

Nunca tinha ido ao teatro, e mais de uma vez, ouvindo dizer ao Meneses que ia ao teatro, pedi-lhe que me levasse consigo. Nessas ocasiões, a sogra fazia uma careta, e as escravas riam à socapa; ele não respondia, vestia-se, saía e só tornava na manhã seguinte. Mais tarde é que eu soube que o teatro era um eufemismo em ação. Meneses trazia amores com uma senhora, separada do marido, e dormia fora de casa uma vez por semana. Conceição padecera, a princípio, com a existência da comborça; mas, afinal, resignara-se, acostumara-se, e acabou achando que era muito direito.

ASSIS, M. et al. Missa do galo: variações sobre o mesmo tema. São Paulo: Summus, 1977 (fragmento).

 

No fragmento desse conto de Machado de Assis, “ir ao teatro” significa “ir encontrar-se com o amante”. O uso do eufemismo como estratégia argumentativa significa

a) exagerar quanto ao desejo em “ir ao teatro”.

b) personificar a prontidão em “ir ao teatro”.

c) esclarecer o valor denotativo de “ir ao teatro”.

d) reforçar compromisso com o casamento.

e) suavizar uma transgressão matrimonial.

 

QUESTÃO 05

Talvez sonhasse, quando a vi. Mas via

Que, aos raios do luar iluminada,

Entre as estrelas trêmulas subia

Uma infinita e cintilante escada.

 

E eu olhava-a de baixo, olhava-a... Em cada

Degrau, que o ouro mais límpido vestia,

Mudo e sereno, um anjo a harpa doirada,

Ressoante de súplicas, feria...

 

Tu, mãe sagrada! vós também, formosas

Ilusões! sonhos meus! Íeis por ela

Como um bando de sombras vaporosas.

 

E, ó meu amor! eu te buscava, quando

Vi que no alto surgias, calma e bela,

O olhar celeste para o meu baixando...

Olavo Bilac, Via-Láctea.

 

Embora seja identificado como o principal poeta parnasiano brasileiro, Olavo Bilac, nesse soneto, explora o seguinte aspecto do Romantismo:

a) Objetividade e racionalismo do eu lírico.

b) Subjetividade numa atmosfera onírica.

c) Forte presença de elementos descritivos.

d) Liberdade de criação e de expressão.

e) Valorização da simplicidade, bucolismo.

 

QUESTÃO 06

É na convergência de ideais antirromânticos, como a objetividade no trato dos temas e o culto da forma, que se situa a poética [desse movimento literário]. [...]

Seus traços de relevo: o gosto da descrição nítida (a mimese pela mimese), concepções tradicionalistas sobre metro, ritmo e rima e, no fundo, o ideal da impessoalidade que partilhavam com os [escritores] do tempo.

BOSI, Alfredo. História concisa da Literatura Brasileira.

O texto alude aos poetas

a) ultrarromânticos, que romperam com a poesia indianista e ufanista, a exemplo de Álvares de Azevedo.

b) realistas, que trataram, em sua obra poética, de temas ligados ao cotidiano, tal como o fez Machado de Assis.

c) parnasianos, que, afastando-se dos ideais românticos, buscavam a linguagem isenta de subjetivismo, a exemplo de Olavo Bilac.

d) simbolistas, que romperam com o pessimismo romântico e propuseram uma poética espiritualizada, como o fez Cruz e Souza.

e) modernistas, que, negando os preceitos da poesia romântica, buscavam uma poética nacional, a exemplo de Mário de Andrade.

 

QUESTÃO 07

XIII

“Ora (direis) ouvir estrelas! Certo

Perdeste o senso!” E eu vos direi, no entanto,

Que, para ouvi-las, muita vez desperto

E abro as janelas, pálido de espanto…

 

E conversamos toda a noite, enquanto

A Via-láctea, como um pálio aberto,

Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,

Inda as procuro pelo céu deserto.

 

Direis agora: “Tresloucado amigo!

Que conversas com elas? Que sentido

Tem o que dizem, quando estão contigo?”

 

E eu vos direi: “Amai para entendê-las!

Pois só quem ama pode ter ouvido

Capaz de ouvir e de entender estrelas.”

BILAC, Olavo. Antologia: Poesias. Martin Claret, 2002. p. 37-55. Via-Láctea.

 

É correto afirmar que a ideia principal do texto

a) sustenta que a atividade poética é a única forma de realizar uma compreensão subjetiva do mundo e da existência.

b) expressa a concepção segundo a qual o sentimento amoroso pode ensejar uma atitude de contemplação e êxtase diante da realidade.

c) constrói um diálogo hipotético entre o poeta e alguém para evidenciar uma forma religiosa de experiência pessoal.

d) revela a atitude de sagacidade e de lucidez necessárias ao fazer poético.

e) exprime o ponto de vista de valorização do bom senso próprio da vida cotidiana.

 

QUESTÃO 08

Silêncios

 

Largos Silêncios interpretativos,

Adoçados por funda nostalgia,

Balada de consolo e simpatia

Que os sentimentos meus torna cativos;

 

Harmonia de doces lenitivos,

Sombra, segredo, lágrima, harmonia

Da alma serena, da alma fugidia

Nos seus vagos espasmos sugestivos.

 

Ó Silêncios! Ó cândidos desmaios,

Vácuos fecundos de celestes raios

De sonhos, no mais límpido cortejo...

 

Eu vos sinto os mistérios insondáveis

Como de estranhos anjos inefáveis

O glorioso esplendor de um grande beijo!

SOUZA, Cruz e. Broquéis, Faróis, Últimos Sonetos, 2008.

 

A análise do soneto revela como tema e recursos poéticos, respectivamente, 

a) a aura de mistério e de transcendentalidade suaviza o sofrimento do eu lírico; rimas alternadas e sinestesias se evidenciam nos versos de redondilha maior.

b) o esforço de superação do sofrimento coexiste com o esgotamento das forças do eu lírico; assonâncias e metonímias reforçam os contrastes das rimas alternadas em versos livres.

c) a religiosidade como forma de superação do sofrimento humano; metáforas e antíteses reforçam o negativismo da desagregação existencial nos versos livres.

d) a apresentação da condição existencial do eu lírico, marcada pelo sofrimento, em uma abordagem transcendente; assonâncias e aliterações reforçam a sonoridade nos versos decassílabos.

e) o apelo à subjetividade e à espiritualidade denota a conciliação entre o eu lírico e o mundo; metáforas e sinestesias reforçam o sentido de transcendentalidade nos versos de doze sílabas.

 

QUESTÃO 09

O amor cortês foi um gênero praticado desde os trovadores medievais europeus; nele, a devoção masculina por uma figura feminina inacessível foi uma atitude cons­tante. Essa ideia se faz presente também em outros movimentos literários. Os versos que confirmam o exposto são:

a) Eras na vida a pomba predileta

[...] Eras o idílio de um amor sublime.

Eras a glória, - a inspiração, - a pátria,

O porvir de teu pai!                                                 (Fagundes Varela).

b) Carnais, sejam carnais tantos desejos,

Carnais sejam carnais tantos anseios,

Palpitações e frêmitos e enleios

Das harpas da emoção tantos arpejos...               (Cruz e Sousa).

c) Quando em meu peito rebentar-se a fibra,

Que o espírito enlaça à dor vivente,

Não derramem por mim nenhuma lágrima

Em pálpebra demente.                                            (Álvares de Azevedo). 

d) Em teu louvor, Senhora, estes meus versos

E a minha Alma aos teus pés para cantar-te,

E os meus olhos mortais, em dor imersos,

Para seguir-lhe o vulto em toda a parte.              (Alphonsus de Guimaraens).

e) Que pode uma criatura senão,

entre criaturas, amar?

amar e esquecer

amar e malamar,

amar, desamar, amar?                                             (Manuel Bandeira).

QUESTÃO 10

Violões que Choram...

 

Ah! plangentes violões dormentes, mornos,

soluços ao luar, choros ao vento...

Tristes perfis, os mais vagos contornos,

bocas murmurejantes de lamento.

 

Noites de além, remotas, que eu recordo,

noites de solidão, noites remotas

que nos azuis da Fantasia bordo,

vou constelando de visões ignotas.

 

Sutis palpitações à luz da lua,

anseio dos momentos mais saudosos,

quando lá choram na deserta rua

as cordas vivas dos violões chorosos.

Cruz e Sousa.

 

O poema traz a seguinte característica da escola literária em que se insere:

a) Tendência à morbidez.

b) Lirismo sentimental e intimista.

c) Precisão vocabular e economia verbal.

d) Depuração formal e destaque para a sensualidade feminina.

e) Registro da realidade através da percepção sensorial do poeta.

 

QUESTÃO 11

Política pública de saneamento básico: as bases do saneamento como direito de cidadania e os debates sobre novos modelos de gestão

[...] No Brasil, dados do Ministério das Cidades indicam que cerca de 35 milhões de brasileiros não são atendidos com abastecimento de água potável, mais da metade da população não tem acesso à coleta de esgoto, e apenas 39% de todo o esgoto gerado são tratados. Aproximadamente 70% da população que compõe o déficit de acesso ao abastecimento de água possuem renda domiciliar mensal de até meio salário mínimo por morador, ou seja, apresentam baixa capacidade de pagamento, o que coloca em pauta o tema do saneamento financeiramente acessível. [...]

Disponível em: www.assemae.org.br/artigos/item/1762-saneamento-basico-como-direito-de-cidadania.

 

No fragmento destacado no texto, é correto afirmar que há

a) sujeito simples e predicado nominal.

b) verbo intransitivo e predicado verbal.

c) verbo transitivo e objetos direto e indireto.

d) sujeito composto e objeto indireto.

e) sujeito simples e complemento nominal.

 

QUESTÃO 12

Assinale a alternativa que classifica corretamente a sequência de predicados das orações abaixo.

- Soa um toque áspero de trompa.

- Os estudantes saem das aulas cansados.

- Toda aquela dedicação deixava-o insensível.

- Em Iporanga existem belíssimas grutas.

- Devido às chuvas, os rios estavam cheios.

- Eram sólidos e bons os móveis.

a) verbal; verbo-nominal; verbo-nominal; verbal; nominal; nominal

b) verbal; verbal; verbo-nominal; nominal; verbo-nominal; nominal

c) nominal; verbal; verbo-nominal; verbal; nominal; verbo-nominal

d) verbo-nominal; verbal; nominal; verbal; verbo-nominal; nominal

e) nominal; verbal; verbal; nominal; nominal; verbo-nominal

 

QUESTÃO 13

De um jogador brasileiro a um técnico espanhol

 

Não é a bola alguma carta

que se leva de casa em casa:

é antes telegrama que vai

de onde o atiram ao onde cai.

Parado, o brasileiro a faz

ir onde há-de, sem leva e traz;

com aritméticas de circo

ele a faz ir onde é preciso;

em telegrama, que é sem tempo

ele a faz ir ao mais extremo.

Não corre: ele sabe que a bola,

Telegrama, mais que corre voa.

João Cabral de Melo Neto.

 

Quanto aos aspectos morfossintáticos do texto, assinale a alternativa correta.

a) O sujeito das duas primeiras estrofes é indeterminado, como se verifica pelos verbos “se leva” e “atiram”.

b) Os predicados em “Não é a bola alguma carta” e “é antes telegrama” são verbais, pois os verbos indicam o estado da bola.

c) O sujeito simples “brasileiro” da terceira estrofe é retomado nas demais estrofes pelo pronome “ele”.

d) O predicado da oração “Ele a faz ir”, na quarta e quinta estrofes, é verbo-nominal, pois indica ação e descreve a bola.

e) O substantivo “telegrama”, no último verso do poema, é um adjunto adnominal de “bola”.

 

QUESTÃO 14

FOLHA – Seus estudos mostram que, entre os mais escolarizados, há maior preocupação com a corrupção. O acesso à educação melhorou no país, mas a aversão à corrupção não parece ter aumentado. Não se vê mais mobilizações como nos movimentos pelas Diretas ou no Fora Collor. Como explicar?

ALMEIDA – Esta questão foi objeto de grande controvérsia nos Estados Unidos. Quanto maior a escolarização, maior a participação política. Mas a escolaridade também cresceu lá, e não se viu aumento de mobilização. O que se discutiu, a partir da literatura mais recente, é que, para acontecerem grandes mobilizações, é necessária também a participação atuante de uma elite política. No caso das Diretas-Já, por exemplo, essa mobilização de cima para baixo foi fundamental. O governador de São Paulo na época, Franco Montoro, estava à frente da mobilização. No Rio, o governador Leonel Brizola liberou as catracas do metrô e deu ponto facultativo aos servidores. No caso de Collor, foi um fenômeno mais raro, pois a mobilização foi mais espontânea, mas não tão grande quanto nas Diretas. Porém, é preciso lembrar que Collor atravessava um momento econômico difícil. Isso ajuda a explicar por que ele caiu com os escândalos da época, enquanto Lula sobreviveu bem ao mensalão. Collor não tinha o apoio da elite nem da classe média ou pobre. Já Lula perdeu apoio das camadas mais altas, mas a população mais pobre estava satisfeita com o desempenho da economia. Isso fez toda a diferença nos dois casos. A preocupação de uma pessoa muito pobre está muito associada à sobrevivência, ao emprego, à saúde, à própria vida. Para nós, da elite, jornalistas, isso já está resolvido e outras questões aparecem como mais importantes. São dois mundos diferentes. 

GOIS, Antonio. Mais conscientes, menos mobilizados. Disponível em: www1.folha.uol.com.br//fsp/mais/fs2607200914.htm. Acesso em: 26 jul. 2009. (Adaptado).

 

As palavras grifadas são

a) predicados verbais.

b) núcleos do sujeito.

c) substantivos.

d) advérbios.

e) adjetivos.

 

QUESTÃO 15

Consoada

 

Quando a Indesejada das gentes chegar

(Não sei se dura ou caroável),

Talvez eu tenha medo.

Talvez sorria, ou diga:

- Alô, iniludível!

O meu dia foi bom, pode a noite descer.

 (A noite com os seus sortilégios.)

Encontrará lavrado o campo, a casa limpa,

A mesa posta,

Com cada coisa em seu lugar.

Manuel Bandeira. Opus 10.

Assinale a alternativa em que as duas palavras exercem no texto a mesma função sintática.

a) “Indesejada” (v.1), “medo” (v.3)

b) “campo” (v.8), “lugar” (v.10)

c) “dia” (v.6), “mesa” (v.9)

d) “Indesejada” (v.1), “dia” (v.6)

e) “gentes” (v.1), “noite” (v.6)

 

QUESTÃO 16

TEXTO I

Não comerei da alface a verde pétala

 

Não comerei da alface a verde pétala

Nem da cenoura as hóstias desbotadas

Deixarei as pastagens às manadas

E a quem mais aprouver fazer dieta.

Cajus hei de chupar, mangas-espadas

Talvez pouco elegantes para um poeta

Mas peras e maçãs, deixo-as ao esteta

Que acredita no cromo das saladas.

Não nasci ruminante como os bois

Nem como os coelhos, roedor; nasci

Omnívoro; deem-me feijão com arroz

E um bife, e um queijo forte, e parati

E eu morrerei, feliz, do coração

De ter vivido sem comer em vão.

MORAES, Vinicius de. Livro de sonetos, 2009.

 

TEXTO II

Objeto direto pleonástico/enfático: Por ênfase ou realce, é lícito repetir o objeto direto por meio de um pronome oblíquo.

Domingos Paschoal Cegalla. Dicionário de dificuldades da língua portuguesa, 2009. (Adaptado).

 

Ocorre objeto direto pleonástico/enfático no seguinte verso:

a) “Mas peras e maçãs, deixo-as ao esteta” (2ª estrofe)

b) “E a quem mais aprouver fazer dieta” (1ª estrofe)

c) “Cajus hei de chupar, mangas-espadas” (2ª estrofe)

d) “Não comerei da alface a verde pétala” (1ª estrofe)

e) “Omnívoro; deem-me feijão com arroz” (3ª estrofe)

 

QUESTÃO 17

No modelo hegemônico, quase todo o treinamento é reservado para o desenvolvimento muscular, sobrando muito pouco tempo para a mobilidade, a flexibilidade, o treino restaurativo, o relaxamento e o treinamento cardiovascular. Na teoria, seria algo em torno de 70% para o fortalecimento, 20% para o cárdio e 10% para a flexibilidade e outros. Na prática, muitos alunos direcionam 100% do tempo para o fortalecimento.

Como a prática cardiovascular é infinitamente mais significativa e determinante para a nossa saúde orgânica como um todo, podendo ser considerada o “coração” de um treinamento consciente e saudável, essa ordem deveria ser revista.

Nuno Cobra Jr. “Fitness não é saúde”. Uol. 06/05/2021. (Adaptado).

 

Dentre as expressões destacadas, a que exerce a mesma função sintática do termo sublinhado em “o treino restaurativo, o relaxamento e o treinamento cardiovascular” é:

a) um atleta de seleção precisa de treinamento intenso.

b) o amor ao esporte é fundamental para o atleta.

c) a população incorpora radicalmente atitudes saudáveis.

d) muitas pessoas se beneficiam de alimentos verdes.

e) todo tipo de atividade física faz bem à saúde mental.

 

QUESTÃO 18

Todo dia, duzentos milhões de pessoas levam suas vidas em português. Fazem negócios e escrevem poemas. Brigam no trânsito, contam piadas e declaram amor. Todo dia, a língua portuguesa renasce em bocas brasileiras, moçambicanas, goesas, angolanas, japonesas, cabo-verdianas, portuguesas, guineenses. Novas línguas mestiças, temperadas por melodias de todos os continentes, habitadas por deuses muito mais antigos, e que ela acolhe como filhos. Língua da qual povos colonizados se apropriam e que devolvem agora, reinventada. Língua que novos e velhos imigrantes levam consigo para dizer certas coisas que nas outras não cabem. Toda noite, duzentos milhões de pessoas sonham em português.

TV Zero. Disponível em: www.tvzero.com/projeto/lingua-vidas-em-portugues/. Acesso em: 30 out. 2019.

 

O emprego da primeira vírgula do primeiro período do texto justifica-se em função de que

a) a oração em que se encontra é iniciada por um adjunto adnominal.

b) é obrigatório o emprego da vírgula para separar o aposto dos demais termos da oração.

c) o adjunto adverbial foi deslocado para o início da oração.

d) a expressão que inicia o período é um vocativo.

e) o período é iniciado por uma oração ordenada sindética.

  

QUESTÃO 19

Pedrinho, na varanda, lia um jornal. De repente parou e disse à Emília, que andava rondando por ali:

– Vá perguntar à vovó o que quer dizer folk-lore.

– Vá? Dobre a sua língua. Eu só faço coisas quando me pedem por favor. – Pedrinho, que estava com preguiça de levantar-se, cedeu à exigência da ex-boneca.

Emilinha do coração – disse ele –, faça-me o maravilhoso favor de ir perguntar à vovó que coisa significa a palavra folk-lore, sim, teteia? – Emília foi e voltou com a resposta.

– Dona Benta disse que folk quer dizer gente, povo; e lore quer dizer sabedoria, ciência. Folclore são as coisas que o povo sabe por boca, de um contar para o outro, de pais a filhos.

Os contos, as histórias, as anedotas, as superstições, as bobagens, a sabedoria popular etc. e tal. Por que pergunta isso, Pedrinho?

O menino calou-se. Estava pensativo, com os olhos lá longe. Depois disse: – Uma ideia que eu tive. Tia Nastácia é o povo. Tudo que o povo sabe e vai contando de um para outro, ela deve saber. Estou com o plano de espremer Tia Nastácia para tirar o leite do folclore que há nela.

Emília arregalou os olhos. – Não está má a ideia, não, Pedrinho! Às vezes, a gente tem uma coisa muito interessante em casa e nem percebe.

LOBATO, Monteiro. Histórias de Tia Nastácia. São Paulo: Globo, 2009.

 

A função sintática da expressão contida no trecho “Emilinha do coração” é:

a) Adjunto adnominal

b) Objeto direto

c) Aposto

d) Vocativo

e) Complemento nominal

 

QUESTÃO 20



Na expressão “minha agenda pra consultoria”, a expressão em destaque é classificada como:

a) Adjunto adverbial

b) Complemento nominal

c) Predicativo

d) Adjunto adnominal

e) Aposto


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