08 dezembro 2021

ARTIGO DE OPINIÃO II

 Deveríamos viver a vida ou capturá-la?

Um artigo recente no New York Times explora a onda explosiva de gravações de eventos feitas em smartphones, dos mais significativos aos mais triviais.

Todos são, ou querem ser, a estrela de sua própria vida, e a moda é capturar qualquer momento considerado significativo. Microestrelas do YouTube têm vídeos de selfies que se tornam virais em questão de horas, como o mais recente do jornalista Scott Welsh, gravado durante um voo da companhia aérea Jetblue Airways, em que as máscaras de oxigênio baixaram devido a um defeito mecânico. Se você se depara com a morte, por que não compartilhar seus momentos derradeiros com aqueles que você deixou?

Há um aspecto disso tudo que faz sentido; todos somos importantes, nossas vidas são importantes, e queremos que elas sejam vistas, compartilhadas, apreciadas. Mas há outro aspecto que leva a um desligamento com o momento.

Estarão as pessoas esquecendo de estar presentes no momento, espalhando seu foco ao ver a vida através de uma tela? Você deveria estar vivendo a sua vida ou vivendo-a para que os outros a vejam?

Deve-se dizer, entretanto, que isso tudo começou antes da revolução dos celulares. Algo ocorreu entre o diário privado que mantínhamos chaveado em uma gaveta e a câmera de vídeo portátil. Por exemplo, em junho de 2001, levei um grupo de alunos da universidade de Dartmouth em uma viagem para ver o eclipse total do Sol na África. A bordo havia um grupo de “tietes de eclipse”, pessoas que viajam o mundo atrás de eclipses. Quando você vir um, vai entender o porquê. Um eclipse solar total é uma experiência altamente emocionante que desperta uma conexão primitiva com a natureza, nos unindo a algo maior e realmente incrível a respeito do mundo. É algo que necessita um comprometimento total e foco de todos os sentidos. Ainda assim, ao se aproximar o momento de totalidade, o convés do navio era um mar de câmeras e tripés, enquanto dezenas de pessoas se preparavam para fotografar e filmar o evento de quatro minutos.

Em vez de se envolverem totalmente com esse espetacular fenômeno da natureza, as pessoas preferiram olhar para isso através de suas câmeras. Eu fiquei chocado. Havia fotógrafos profissionais a bordo e eles iam vender/dar as fotos que tirassem. Mas as pessoas queriam as suas fotos e vídeos de qualquer forma, mesmo se não fossem tão bons. Eu fui a outros dois eclipses, e é sempre a mesma coisa. Sem um envolvimento pessoal total. O dispositivo é o olho através do qual eles escolheram ver a realidade.

O que os celulares e as redes sociais fizeram foi tornar o arquivamento e o compartilhamento de imagens incrivelmente fáceis e eficientes. O alcance é muito mais amplo, e a gratificação (quantos “curtir” a foto ou o vídeo recebe) é quantitativa. As vidas se tornaram um evento social compartilhado.

[...]

É por isso que eu tendo a usar essas tecnologias minimamente, para mostrar imagens e gráficos ou citações significativas.

GLEISER, Marcelo. Deveríamos viver a vida ou capturá-la? Fronteiras do Pensamento, 7 out. 2014.Disponível em: <www.fronteiras.com/artigos/marcelo-gleiser-deveriamos-viver-a-vida-ou-captura-la->. Acesso em: 3 set. 2019.






1. Trata-se da função emotiva. Os recursos linguísticos são o uso da interjeição “Ei!” e o do pronome em primeira pessoa “minha”. 

2. A função referencial é perceptível pelo foco no assunto abordado, transmitindo objetivamente a informação de que a citação é de um autor desconhecido. 

3. Função referencial. Evita-se o uso da primeira pessoa, a linguagem é mais objetiva e impessoal. Possibilidade de justificativa: “Eduardo abriu os olhos, mas não quis se levantar/Ficou deitado e viu que horas eram”.

4. Função conativa, pois a música indica o que deve ou não ser feito. Exemplo: “Os seus problemas você deve esquecer”.

5. a) emotiva        b)  conativa        c) metalinguística        d) referencial






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