ETAPA 2 MÍDIAS SOCIAIS E SAÚDE MENTAL
Há credibilidade no conteúdo de influencers
digitais?
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Nas redes sociais, e possível encontrar perfis exclusivamente dedicados a determinados assuntos, como moda, tecnologia, estilo de vida, saúde, pets, entre tantos outros. |
Na era da internet, influenciadores digitais têm
desempenhado um papel significativo no compartilhamento de conteúdos. Eles
abordam diversos assuntos da vida, moldando opiniões e comportamentos.
Ao valorizar a autenticidade e a representatividade
de suas experiências, esses influenciadores viabilizam a partilha de tendências
e conhecimentos relacionados a moda, saúde, educação, atividades de lazer e de
entretenimento e muitos outros setores. Dessa forma, eles favorecem a troca de ideias
e a criação de comunidades digitais engajadas.
Parte importante do papel dos influenciadores é a
interação direta com seus seguidores, proporcionando um senso de conexão e
pertencimento. Contudo, é essencial estar atento a perigos como a disseminação
de informações equivocadas e fake news
e a pressão para adotar padrões irreais de vida, que podem afetar negativamente
a autoestima e a saúde mental.
No cotidiano, é comum as pessoas procurarem a
opinião de outras sobre os mais diversos assuntos, não é mesmo? Seja para
ajudar na tomada de uma decisão ou simplesmente para se sentir mais confiante
com as próprias escolhas.
Nesse contexto, os vídeos de explicação e tutoriais
postados em redes sociais, principalmente aqueles produzidos por
influenciadores digitais, tornaram-se recursos de pesquisa para as pessoas, que
buscam neles orientações, dicas e análises detalhadas sobre os mais variados
temas. Eles permitem que os usuários tenham acesso a diferentes perspectivas e,
muitas vezes, conhecimentos especializados, enriquecendo a compreensão e
ajudando-os a tomar decisões mais bem informadas.
A princípio, o acesso a essa infinidade de
informações parece ser algo ótimo, mas é preciso também ligar um alerta: todas
essas pessoas exercem uma influência positiva? A popularidade de um
influenciador não garante que seu conteúdo tenha qualidade ou que suas
intenções sejam benéficas. Portanto, é essencial desenvolver um olhar crítico
sobre os conteúdos consumidos.
Leia, a seguir, o trecho de um artigo.
TEXTO 1
Serás eternamente
responsável por aquilo que compartilhas
A responsabilidade de
criadores de conteúdo que falam diretamente com crianças e adolescentes numa
fase em que identidade e senso crítico estão em formação
Quando crianças colocam a vida em risco, em alguns casos
com desfechos trágicos, por causa de desafios na internet, ficam algumas
perguntas no ar. Quem está influenciando essas atitudes? Em quem estão se
espelhando para desenvolver comportamentos tão violentos e abusivos? Será que
esses comunicadores têm consciência da responsabilidade que carregam ao falar
com um público especialmente vulnerável? Influenciadores digitais estão
preparados para essa missão? Que valores eles transmitem?
No Brasil, onde 95% das pessoas entre 9 e 17 anos
acessam a internet todos os dias, podemos imaginar que parte da educação de
crianças e adolescentes fica a cargo de influenciadores digitais, produtores e
distribuidores de conteúdo que, de forma espontânea, movem tendências, temas e
públicos no ecossistema informacional.
Segundo a revista americana Entrepreneur, 80% do tráfego on-line está ligado a algum tipo de
influenciador. Pesquisas como a Creators
Connect revelam que, para jovens, influenciadores nas redes sociais são
mais relevantes que jornalistas ou veículos oficiais de comunicação. Outro
estudo, do Survey Monkey e da Common Sense Media, mostrou que 60% dos
adolescentes consomem notícias via redes sociais. Apesar de 75% deles afirmarem
que é importante manter-se bem informado e a maioria admitir que a imprensa é
uma fonte mais confiável do que as redes sociais, eles acreditam que
influenciadores digitais “geralmente acertam os fatos”.
Além de ser perigoso depositar desejos e
necessidades em pessoas que não estão necessariamente preparadas para lidar com
desinformação e fake news, nessa
nossa “onlife”, neologismo cunhado
pelo filósofo italiano Luciano Floridi para marcar uma nova era em que virtual
e digital se (con)fundem, o influenciador deixa pegadas digitais que serão
seguidas por milhares de crianças e jovens.
Contudo, nessa fase, a identidade ainda está em construção e uma das maneiras pelas quais descobrimos quem somos é quando nos comparamos com os outros. Isso tem impacto em como o público vê e compreende o mundo em que vive, on ou off-line. Pode, inclusive, afetar decisões no futuro: econômicas, sociais, ambientais.
[...]
“Um bom influenciador é alguém que está
compartilhando bons valores e garantindo que todos se sintam bem depois de
terminar de assistir a seu conteúdo.” A afirmação é da professora Elizabeth Milovidov,
especialista em direitos da criança e do adolescente. [...]
BECKER, Clara; ALVES, Januária Cristina.
Serás eternamente responsável por aquilo que compartilhas. Lunetas, 13 nov. 2023. Disponível em:
https://lunetas.com.br/o-papel-dos-influenciadores-digitais-na-formacao-de-criancas-e-adolescentes/.
Acesso em: 21 jul. 2024.
RESPONDA:
1. Como o acesso diário de crianças e adolescentes à internet pode
afetar a educação deles e o processo de formação de valores?
2. O Texto 1 apresenta uma
paráfrase de um texto famoso da literatura mundial. Que texto é esse? Em sua
opinião, qual é o significado dessa paráfrase?
TEXTO 2
Como as crianças podem, portanto, desenvolver senso
crítico para discernir a boa da má influência? Identificar os influenciadores
que fazem com que se sintam bem consigo mesmas daqueles que as diminuem e
desconsideram? Essa musculatura crítica deve estar presente principalmente
entre as meninas pré-adolescentes. Isso porque os índices de depressão em decorrência
do excesso de uso de redes sociais são significativamente mais altos do que
aqueles encontrados em meninos.
Ao observar com atenção esse fenômeno dos influencers, uma educação midiática
direcionada a crianças e jovens pode favorecer a construção de competências e
habilidades para que possam acessar as mídias com um olhar crítico e
consciente. O objetivo é aprender a se perguntar se as mensagens que recebem promovem
conhecimento, tolerância, empatia e a convivência pacífica consigo e com os
demais.
BECKER, Clara; ALVES, Januária Cristina.
Serás eternamente responsável por aquilo que compartilhas. Lunetas, 13 nov. 2023. Disponível em:
https://lunetas.com.br/o-papel-dos-influenciadores-digitais-na-formacao-de-criancas-e-adolescentes/.
Acesso em: 21 jul. 2024.
RESPONDA:
1. O artigo afirma que, em decorrência de questões sociais, as meninas
e as mulheres costumam sofrer mais com pressões estéticas do que os meninos e
os homens. Essa situação também acontece com meninas e mulheres que fazem parte
de seu cotidiano? De que forma?
2. O que é preciso para que as crianças consigam desenvolver
criticidade para discernir a boa da má influência? Você concorda com essas
premissas?
3. Em sua opinião, com que idade é possível começar a introduzir a
educação midiática para que as crianças desenvolvam criticidade em relação ao
conteúdo que consomem? Por quê?
>> Influenciadores digitais e responsabilidade civil
Você sabe o que significa responsabilidade civil? O
termo refere-se à obrigação de reparar danos causados a terceiros por ações ou
omissões que resultem em prejuízo material, moral ou físico. Esse tipo de
responsabilidade pode ser contratual, decorrente do descumprimento de um
contrato entre duas partes, ou extracontratual, por ato ilícito não relacionado
a um contrato, conforme previsto no Código Civil Brasileiro.
Os influenciadores digitais também podem ser
responsabilizados por eventuais danos causados por discursos e publicações de
imagens nas redes sociais. Além disso, ao resenhar produtos ou indicar
serviços, suas recomendações devem ser honestas e precisas. Caso contrário,
podem enfrentar consequências legais por promover informações enganosas ou
prejudiciais.
Ao assumir uma importante posição na estratégia de marketing, os influenciadores também
precisam ter uma relação de transparência e ética tanto com as empresas quanto
com os consumidores.
Atualmente, os influenciadores são obrigados por lei
a sinalizar suas publicidades, ou seja, eles devem indicar quando estão fazendo
propaganda de algum produto ou serviço, para que o público saiba que se trata de
um conteúdo pago e que, portanto, é possível que alguma informação negativa
sobre o que está sendo anunciado seja omitida.
RESPONDA:
1. Nas redes sociais, você costuma consumir conteúdo de influenciadores
de estilo de vida (atividades físicas, alimentação, viagens, moda etc.)? Qual
sua percepção sobre a forma como eles divulgam o conteúdo? Você sente algum
tipo
de pressão para se aproximar do estilo de vida de algum influenciador
digital?
2. Como você descreveria sua relação com os conteúdos de
influenciadores? Trata-se de uma relação saudável, que traz benefícios, ou sua
autoestima é impactada negativamente por não se parecer com eles ou não ter
acesso a muitas das coisas que eles apresentam nas redes?
>> O “engajamento problemático”
Assim como os sintomas de FOMO e FOLO, um comportamento excessivo e prejudicial dos usuários ao interagirem com influenciadores digitais, conhecido como “engajamento problemático”, ocorre quando há uma necessidade constante de verificar atualizações e acompanhar postagens de determinado influenciador digital. Esse comportamento muitas vezes é exacerbado por táticas usadas pelos influenciadores para manter o interesse das pessoas, o que provoca sentimentos de desconexão e de solidão nos seguidores ao ficarem longe das redes sociais ou não conseguirem acessar essas informações.
Leia o texto a seguir para saber mais sobre esse
assunto.
TEXTO 3
The dark side of social
media influencing
Do you follow influencers on social media? Do you
always check their posts? Do you find you’re spending too much time or becoming
obsessed with checking influencers’ accounts? And when you can’t check in, do
you feel disconnected or lost?
If you answered yes to all of these questions, you
may have what’s known as “problematic engagement” with social media
influencers.
But don’t blame yourself too much. You are among the
many who have been swept away by dazzling social media influencing. And this
can be attributed to many features and tactics social media influencers employ
that help keep them influential – like livestreams and polls on Instagram. […]
Whether you are a fashion fan or want information on
health and fitness – there’s an influencer to follow. And followers often
gravitate towards them for their authenticity and content creation.
But less focus is put on the dark side of social
media influencing. Influencers are motivated and often incentivized (through
product and brand endorsement) to increase their power on social media and many
are becoming more proficient in attracting and engaging followers. [...]
We argue that social media users who are attracted
to influencers can become easily attached and engage excessively. Users need to
be aware of, watch out for and exert self-regulations to manage their interactions
with influencers. [...]
FARIVAR, Samira; WANG, Fang; TUREL, Ofir.
The dark side of social media influencing. The
Conversation, 12 maio 2022. Disponível em: https://theconversation.com/the-dark-side-of-social-media-influencing-181553.
Acesso em: 24 jul. 2024.
RESPONDA:
1. Segundo o Texto 3, o que
caracteriza um “engajamento problemático” nas redes sociais?
2. Quais são algumas das táticas usadas pelos influenciadores digitais
para manter o engajamento dos seguidores nas redes sociais?
3. Você acha que os influenciadores digitais, principalmente os que
utilizam as redes sociais para empreender, devem se preocupar com o tipo de
engajamento de seus seguidores? Por quê?
4. O que você pode fazer para não se engajar de forma problemática nas
redes sociais?
>EM AÇÃO
>> A prática de “desinfluenciar”
Nesta etapa do projeto, você já percebeu que é
necessário estar atento ao próprio comportamento ao usar as mídias sociais para
não impactar seu bem-estar emocional. Agora, você já conhece as consequências
negativas que podem ser vivenciadas quando as pessoas estabelecem uma relação tóxica
com as mídias sociais e com influenciadores digitais.
Nesse contexto, surgiram os “desinfluencers” ou “desinfluenciadores”, que são influenciadores digitais
que focam seu conteúdo em desencorajar comportamentos de consumo excessivos e
desnecessários. Ao contrário dos influenciadores que incentivam a compra de
produtos e serviços, os “desinfluencers”
criticam práticas de marketing exageradas e recomendam alternativas mais
conscientes e sustentáveis.
Entretanto, é importante analisar criticamente se a prática
de desinfluenciar também não poderia ser uma estratégia de marketing disfarçada, com potencial para se tornar uma nova forma
de influência comercial. Além disso, o desinfluenciamento não se limita apenas
ao consumo sustentável, mas pode englobar movimentos mais amplos, como
campanhas para reduzir ou até evitar o consumo. Durante este projeto, você
investigará essas nuances ao pesquisar, criar e compartilhar conteúdos que
promovam o bem-estar e o consumo consciente, sempre mantendo um olhar crítico sobre
as intenções e os efeitos dessas práticas.
Para entender melhor esse conceito, você vai
pesquisar e analisar postagens em redes sociais e, então, atuar como um desinfluencer, oferecendo alternativas
conscientes e sustentáveis para situações que considerar nocivas. Para isso,
siga o passo a passo indicado.
PASSO 1: Definição dos objetivos pessoais
* Pesquise o conceito de “desinfluenciar”. Faça uma busca de artigos e
reportagens sobre o
assunto.
* Pesquise perfis em redes sociais. Destaque diferenças entre
influenciadores e desinfluencers.
PASSO 2: Identificação de postagens nocivas
* Faça uma curadoria. Selecione postagens nas redes sociais que
considere nocivas, como aquelas que incentivam o consumo excessivo ou divulgam
padrões de beleza fora da realidade.
* Analise as postagens. Explique, por meio de um texto expositivo, por
que essas postagens são nocivas e quais podem ser seus efeitos negativos.
PASSO 3: Criação de alternativas positivas
* Junte-se ao colega com quem realizou a Etapa 1. Juntos, criem postagens alternativas que desincentivem
comportamentos nocivos, promovendo mensagens de bem-estar. Produzam conteúdos
multimídia (textos, imagens, vídeos).
PASSO 4: Planejamento e divulgação
* Desenvolvam um plano de divulgação para suas postagens, escolhendo as
melhores plataformas e horários. Utilizem as redes da escola e programem-se com
a ajuda dos professores.
* Compartilhem suas postagens e acompanhem a resposta do público, coletando feedbacks.
PASSO 5: Reflexão
* Conversem com os colegas sobre a atividade e, então, respondam às seguintes questões, com base no que aprenderam nesta etapa.
a) Que tipo de compromisso ético é necessário para que uma pessoa
produza conteúdo nas redes sociais?
b) Como evitar que a relação com os influenciadores impacte
negativamente sua visão de si mesmo?
c) “Desinfluenciar” também é uma forma de influenciar? Justifique sua
resposta.
INTRODUÇÃO
ETAPA 1
ETAPA 2
ETAPA 3
ETAPA FINAL