18 setembro 2022

AVALIAÇÃO BIMESTRAL 3 - 1ª SÉRIE 2022

QUESTÃO 01

Naquele tempo, ltaguaí, que, como as demais vilas, arraiais e povoações da colônia, não dispunha de imprensa, tinha dois modos de divulgar uma notícia; ou por meio de cartazes manuscritos e pregados na porta da Câmara, e da matriz; – ou por meio de matraca.

            Eis em que consistia este segundo uso. Contratava-se um homem, por um ou mais dias, para andar as ruas do povoado, com uma matraca na mão. De quando em quando tocava a matraca, reunia-se gente, e ele anunciava o que lhe incumbiam, – um remédio para sezões, umas terras lavradias, um soneto, um donativo eclesiástico, a melhor tesoura da vila, o mais belo discurso do ano, etc. O sistema tinha inconvenientes para a paz pública; mas era conservado pela grande energia de divulgação que possuía. Por exemplo, um dos vereadores desfrutava a reputação de perfeito educador de cobras e macacos, e aliás nunca domesticara um só desses bichos; mas tinha o cuidado de fazer trabalhar a matraca todos os meses. E dizem as crônicas que algumas pessoas afirmavam ter visto cascavéis dançando no peito do vereador; afirmação perfeitamente falsa, mas só devida à absoluta confiança no sistema. Verdade, verdade, nem todas as instituições do antigo regímen mereciam o desprezo do nosso século.

ASSIS, M. O alienista. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 2 jun. 2019 (adaptado).

 

O fragmento faz uma referência irônica a formas de divulgação e circulação de informações em uma localidade sem imprensa. Ao destacar a confiança da população no sistema da matraca, o narrador associa esse recurso à disseminação de

a) campanhas políticas.

b) anúncios publicitários.  

c) notícias de apelo popular.

d) informações não fidedignas.  

e) serviços de utilidade pública.  

 

QUESTÃO 02

Ed Mort só vai

Mort. Ed Mort. Detetive particular. Está na plaqueta. Tenho um escritório numa galeria de Copacabana entre um fliperama e uma loja de carimbos. Dá só para o essencial, um telefone mudo e um cinzeiro. Mas insisto numa mesa e numa cadeira. Apesar do protesto das baratas. Elas não vencerão. Comprei um jogo de máscaras. No meu trabalho o disfarce é essencial. Para escapar dos credores. Outro dia entrei na sala e vi a cara do King Kong andando pelo chão. As baratas estavam roubando as máscaras. Espisoteei meia dúzia. As outras atacaram a mesa. Consegui salvar a minha Bic e o jornal. O jornal era novo, tinha só uma semana. Mas elas levaram a agenda. Saí ganhando. A agenda estava em branco. Meu último caso fora com a funcionária do Erótica, a primeira ótica da cidade com balconista topless. Acabara mal. Mort. Ed Mort. Está na plaqueta.

VERISSIMO, L. F. Ed Mort: todas as histórias. Porto Alegre: L&PM, 1997.

 

Nessa crônica, o efeito de humor é basicamente construído por uma

a) segmentação de enunciados baseada na descrição dos hábitos do personagem.

b) ordenação dos constituintes oracionais na qual se destaca o núcleo verbal.

c) estrutura composicional caracterizada pelo arranjo singular dos períodos.

d) sequenciação narrativa na qual se articulam eventos absurdos.

e) seleção lexical na qual predominam informações redundantes.

 

QUESTÃO 03

A arquitetura barroca realizou-se principalmente nos palácios e nas igrejas. A Igreja Católica queria proclamar o triunfo de sua fé, por isso realizou obras que impressionam pelo esplendor. Na Itália, por exemplo, há a praça de São Pedro (1657-1666). Um fator que merece ser assinalado é o reconhecimento de que as cercanias imediatas da obra arquitetônica eram importantes para a beleza da construção. Disso resultou a preocupação paisagística com grandes jardins dos palácios, como em Versalhes, na França, e com praças das igrejas, como a da basílica de São Pedro, no Vaticano. O trabalho realizado por Bernini para essa praça é um dos exemplos mais significativos da arquitetura e do urbanismo do século XVII na Itália.

PROENÇA, Graça. História da arte. Editora Ática. 17 ed. São Paulo. 2000.

 

Nesse período artístico, se estabeleceu a concepção de que

a) a forma elíptica do espaço em torno das igrejas era importante para a estrutura arquitetônica, porém comprometia a beleza da construção.

b) o espaço em torno da obra arquitetônica era importante para a beleza da construção, pois auxilia a suntuosidade desse monumento à fé católica.

c) a grandiosidade arquitetônica deveria ficar restrita às igrejas, portanto o palácio barroco deveria manter a simplicidade e a racionalidade.

d) o espaço externo da obra arquitetônica deveria refletir sobriedade, pois não era um elemento importante para a beleza da construção.

e) o uso de obelisco e de colunatas compromete fortemente a beleza arquitetônica do espaço em torno da igreja.

 

QUESTÃO 04

Segundo quadro

Uma sala da prefeitura. O ambiente é modesto. Durante a mutação, ouve-se um dobrado e vivas a Odorico, “viva o prefeito” etc. Estão em cena Dorotéa, Juju, Dirceu, Dulcinéa, o vigário e Odorico. Este último, à janela, discursa.

ODORICO – Povo sucupirano! Agoramente já investido no cargo de Prefeito, aqui estou para receber a confirmação, a ratificação, a autenticação e por que não dizer a sagração do povo que me elegeu.

Aplausos vêm de fora.

ODORICO – Eu prometi que o meu primeiro ato como prefeito seria ordenar a construção do cemitério.

Aplausos, aos quais se incorporam as personagens em cena.

ODORICOContinuando o discurso: Botando de lado os entretantos e partindo pros finalmente, é uma alegria poder anunciar que prafrentemente vocês lá poderão morrer descansados, tranquilos e desconstrangidos, na certeza de que vão ser sepultados aqui mesmo, nesta terra morna e cheirosa de Sucupira. E quem votou em mim, basta dizer isso ao padre na hora da extrema-unção, que tem enterro e cova de graça, conforme o prometido.

GOMES, D. O bem amado. Rio de Janeiro: Ediouro, 2012.

 

O gênero peça teatral tem o entretenimento como uma de suas funções. Outra função relevante do gênero, explícita nesse trecho de O bem amado, é a

a) criticar satiricamente o comportamento de pessoas públicas.

b) denunciar a escassez de recursos públicos nas prefeituras do interior.

c) censurar a falta de domínio da língua padrão em eventos sociais.

d) despertar a preocupação da plateia com a expectativa de vida dos cidadãos.

e) questionar o apoio irrestrito de agentes públicos aos gestores governamentais.

 

QUESTÃO 05

PINHÃO sai ao mesmo tempo que BENONA entra.

BENONA: Eurico, Eudoro Vicente está lá fora e quer falar com você.

EURICÃO: Benona, minha irmã, eu sei que ele está lá fora, mas não quero falar com ele.

BENONA: Mas Eurico, nós lhe devemos certas atenções.

EURICÃO: Você, que foi noiva dele. Eu, não!

BENONA: Isso são coisas passadas.

EURICÃO: Passadas para você, mas o prejuízo foi meu. Esperava que Eudoro, com todo aquele dinheiro, se tornasse meu cunhado. Era uma boca a menos e um patrimônio a mais. E o peste me traiu. Agora, parece que ouviu dizer que eu tenho um tesouro. E vem louco atrás dele, sedento, atacado de verdadeira hidrofobia. Vive farejando ouro, como um cachorro da molest’a, como um urubu, atrás do sangue dos outros. Mas ele está enganado. Santo Antônio há de proteger minha pobreza e minha devoção

SUASSUNA, A. O santo e a porca. Rio de Janeiro: José Olympio, 2013

 

Nesse texto teatral, o emprego das expressões “o peste” e “cachorro da molest’a” contribui para

a) marcar a classe social das personagens.

b) caracterizar usos linguísticos de uma região.

c) enfatizar a relação familiar entre as personagens.

d) sinalizar a influência do gênero nas escolhas vocabulares.

e) demonstrar o tom autoritário da fala de uma das personagens.

 

 

QUESTÃO 06

O humor da tira decorre da reação de uma das cobras com relação ao uso de pronome pessoal reto, em vez de pronome oblíquo. De acordo com a norma padrão da língua, esse uso é inadequado, pois

 

a) contraria o uso previsto para o registro oral da língua.

b) contraria a marcação das funções sintáticas de sujeito e objeto.

c) gera inadequação na concordância com o verbo.

d) gera ambiguidade na leitura do texto.

e) apresenta dupla marcação de sujeito.

 

 

QUESTÃO 07

E a indústria de alimentos na pandemia?

            O editorial da edição de 10 de junho do British Medical Journal, assinado por professores da Queen Mary University of London, na Inglaterra, propõe uma reflexão tão interessante que vale provocá-la entre nós, aqui também: a pandemia de Covid-19 deveria tornar ainda mais urgente o combate à outra pandemia, a de obesidade.

            O excesso de peso, por si só, já é um fator de risco importante para o agravamento da infecção pelo Sars-CoV 2, como lembram os autores. A probabilidade de uma pessoa com obesidade severa morrer de Covid-19 chega a ser 27% maior do que a de indivíduos com obesidade grau 1, isto é, com um índice de massa corporal entre 30 e 34,9 quilos por metro quadrado, de acordo com a plataforma de registros OpenSAFELY. [...]

A impressão é de que as indústrias de alimentos verdadeiramente preocupadas com a população, cada vez mais acometida pela obesidade, deveriam aproveitar a crise atual para botar a mão na consciência, parar de promover itens pouco saudáveis e reformular boa parte do seu portfólio. As mortes por Covid-19 dão a pista de que essa é a maior causa que elas poderiam abraçar no momento.

Disponível em: https://abeso.org.br/e-a-industria-de-alimentosna-pandemia. Publicado em 30 de junho de 2020. Acesso em: 9 mar. 2021. (Adaptado.)

 

Em “[…] a pandemia de Covid-19 deveria tornar ainda mais urgente o combate à outra pandemia, a da obesidade”, a classe de palavra a que pertence o vocábulo destacado é

a) pronome demonstrativo.

b) pronome pessoal do caso oblíquo.

c) pronome pessoal do caso reto.

d) preposição.

e) artigo.

 

QUESTÃO 08

Leia Quem sabe um dia

Quem sabe um seremos

Quem sabe um viveremos

Quem sabe um morreremos!

 

Quem é que

Quem é macho

Quem é fêmea

Quem é humano, apenas!

 

Sabe amar

Sabe de mim e de si

Sabe de nós

Sabe ser um!

 

Um dia

Um mês

Um ano

Um(a) vida

QUINTANA, Mário. Antologia Poética, 5ª edição. Rio de Janeiro. Ed. Alfaguara.

 

Na última estrofe do poema, o autor utilizou, como recurso de expressividade, a(o)

a) exagero linguístico.

b) ordem inversa.

c) expectativa frustrada.

d) progressão temporal.

e) sentimentalização excessiva.

 

QUESTÃO 09

Ultra aequinoxialem non peccari

            A primeira vez que deparei com a má­xima que encabeça este artigo foi ouvindo “Não Existe Pecado ao Sul do Equador”, de Chico Buarque e Rui Guerra. A canção, que fazia parte originalmente da peça Cala­bar (banida pela censura no início dos anos 70), ganhou vida própria na voz insinuante e melindrosa de Ney Matogrosso, como tema da novela Pecado Rasgado, da TV Globo, em 1978. Tempos de diástole. Anos mais tarde, voltei a tropeçar nela. Curiosamen­te, a máxima aparecia em nota de rodapé de Raízes do Brasil (1936), obra-prima do historiador paulista (e pai de Chico) Sérgio Buarque de Holanda:

            “Corria na Europa, durante o século 17, a crença de que aquém da linha do Equador não existe nenhum pecado: Ultra aequinoxialem non peccari. Barlaeus, que mencio­na o ditado, comenta-o, dizendo: ‘Como se a linha que divide o mundo em dois hemisfé­rios também separasse a virtude do vício’”. [...]

            Mas o que despertou o meu interesse pela máxima seiscentista não foi a mera pai­xão de antiquário – a curiosidade ociosa que impele o historiador de ideias ao encalço, por vezes febril, de uma genealogia recôndita1. Foi a súbita percepção do uso diame­tralmente oposto que pai e filho – historiador e poeta – fizeram dela. [...]

            Onde o historiador lamenta, o composi­tor festeja. A canção de Chico e Guerra nos convida a desfrutar o instante – “ubi bene, ibi patria” (“onde se está bem, aí é a pátria”) – e faz a celebração dionisíaca do excesso e da libidinagem.

Eduardo Giannetti, economista, professor, Folha de S.Paulo, 4 de março de 1999

 

recôndita: escondida, oculta.

 

Na frase: “A primeira vez que deparei com a máxima que encabeça este artigo”, o uso do pronome demonstrativo “este” se deve ao fato de:

a) referir-se ao elemento mais próximo (“artigo”) em oposição ao mais distante (“máxima”).

b) tratar-se de um assunto (“artigo”) que ain­da vai ser dito ou mencionado.

c) tratar-se de um assunto (“artigo”) que já foi dito ou mencionado.

d) o elemento a que se refere (“máxima”) es­tar próximo da primeira pessoa, próximo do emissor, no caso, o autor do texto.

e) elemento a que se refere (“artigo”) es­tar próximo da segunda pessoa, próximo do receptor, no caso, o leitor.

 

QUESTÃO 10

Há casais que jogam com os sonhos como se jogassem tênis. Ficam à espera do momento certo para a cortada. O jogo de tênis é assim: recebe-se o sonho do outro para destruí-lo, arrebentá-lo como bolha de sabão. O que se busca é ter razão e o que se ganha é o distanciamento. Aqui, quem ganha, sempre perde.

            Já no frescobol é diferente. O sonho do outro é um brinquedo que deve ser preservado, pois sabe-se que, se é sonho, é coisa delicada, do coração. Assim cresce o amor. Ninguém ganha para que os dois ganhem. E se deseja então que o outro viva sempre, eternamente, para que o jogo nunca tenha fim […].

ALVES, R. Tênis X Frescobol. As melhores crônicas de Rubem Alves. Campinas: Papirus, 2012.

 

O texto de Rubem Alves faz uma analogia entre dois jogos que utilizam raquetes e as diferentes formas de as pessoas se relacionarem afetivamente, de modo que

a) o tênis indica um jogo em que a cooperação predomina, o que representa o distanciamento na relação entre as pessoas.

b) o tênis indica um jogo em que a competição é predominante, o que representa um sonho comum no relacionamento entre pessoas.

c) o frescobol indica um jogo em que a cooperação prevalece, o que simboliza o compartilhamento de sonhos entre as pessoas no relacionamento.

d) o frescobol indica um jogo em que a competição prevalece, o que simboliza um relacionamento em que uma pessoa busca destruir o sonho da outra.

e) o frescobol e o tênis indicam, respectivamente, situações de competição e cooperação, o que ilustra os diferentes sonhos das pessoas no relacionamento.

 

QUESTÃO 11

Seixas era homem honesto; mas ao atrito da secretaria e ao calor das salas, sua honestidade havia tomado essa têmpera flexível da cera que se molda às fantasias da vaidade e aos reclamos da ambição.

            Era incapaz de apropriar-se do alheio, ou de praticar um abuso de confiança; mas professava a moral fácil e cômoda, tão cultivada atualmente em nossa sociedade.

            Segundo essa doutrina, tudo é permitido em matéria de amor; e o interesse próprio tem plena liberdade, desde que se transija com a lei e evite o escândalo.

ALENCAR, J. Senhora. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 7 out. 2015.

 

A literatura romântica reproduziu valores sociais em sintonia com seu contexto de mudanças. No fragmento de Senhora, as concepções românticas do narrador repercutem a

a) resistência à relativização dos parâmetros éticos.

b) idealização de personagens pela nobreza de atitudes.

c) crítica aos modelos de austeridade dos espaços coletivos.

d) defesa da importância da família na formação moral do indivíduo.

e) representação do amor como fator de aperfeiçoamento do espírito.  

  

QUESTÃO 12

Leia a posteridade, ó pátrio Rio,

Em meus versos teu nome celebrado,

Por que vejas uma hora despertado

O sono vil do esquecimento frio:

 

Não vês nas tuas margens o sombrio,

Fresco assento de um álamo copado;

Não vês ninfa cantar, pastar o gado

Na tarde clara do calmoso estio.

 

Turvo banhando as pálidas areias

Nas porções do riquíssimo tesouro

O vasto campo da ambição recreias.

 

Que de seus raios o planeta louro

Enriquecendo o influxo em tuas veias,

Quanto em chamas fecunda, brota em ouro.

COSTA, C. M. Obras poéticas de Glauceste Satúrnio. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br.

 

A concepção árcade de Cláudio Manuel da Costa registra sinais de seu contexto histórico, refletidos no soneto por um eu lírico que

a) busca o seu reconhecimento literário entre as gerações futuras.

b) contempla com sentimento de cumplicidade a natureza e o pastoreio.

c) lamenta os efeitos produzidos pelos atos de cobiça e pela indiferença.

d) encontra na simplicidade das imagens a expressão do equilíbrio e da razão.

e) recorre a elementos mitológicos da cultura clássica como símbolos da terra.

 

QUESTÃO 13

O laço de fita

 

Não sabes, criança? 'Stou louco de amores...

Prendi meus afetos, formosa Pepita.

 

Mas onde? No templo, no espaço, nas névoas?!

Não rias, prendi-me

Num laço de fita.

Na selva sombria de tuas madeixas,

Nos negros cabelos de moça bonita,

Fingindo a serpente qu’enlaça a folhagem,

 

 Formoso enroscava-se

O laço de fita. [...]

Pois bem! Quando um dia na sombra do vale

Abrirem-me a cova... formosa Pepita!

 

 Ao menos arranca meus louros da fronte,

E dá-me por c’roa...

Teu laço de fita.

ALVES, C. Espumas flutuantes. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br.

 

Exemplo da lírica de temática amorosa de Castro Alves, o poema constrói imagens caras ao Romantismo. Nesse fragmento, o lirismo romântico se expressa na

a) representação infantilizada da figura feminina.

b) criatividade inspirada em elementos da natureza.

c) opção pela morte como solução para as frustrações.

d) ansiedade com as atitudes de indiferença da mulher.

e) fixação por signos de fusão simbólica com o ser amado.

 

QUESTÃO 14

Largo em sentir, em respirar sucinto,

Peno, e calo, tão fino, e tão atento,

Que fazendo disfarce do tormento

Mostro que o não padeço, e sei que o sinto.

 

O mal, que fora encubro, ou que desminto,

Dentro no coração é que o sustento:

Com que, para penar é sentimento,

Para não se entender, é labirinto.

 

Ninguém sufoca a voz nos seus retiros;

Da tempestade é o estrondo efeito:

Lá tem ecos a terra, o mar suspiros.

 

Mas oh do meu segredo alto conceito!

Pois não me chegam a vir à boca os tiros

Dos combates que vão dentro no peito.

Gregório de Matos e Guerra

 

No soneto, o eu lírico:

a) Expressa um conflito que confirma a imagem pública do poeta, conhecido pelo epíteto de “o Boca do Inferno”.

b) Opta por sufocar a própria voz como estratégia apaziguadora de suas perturbações de foro íntimo.

c) Explora a censura que o autor sofreu em sua época, ao ser impedido de dar expressão aos seus sentimentos.

d) Estabelece, nos tercetos, um contraponto semântico entre as metáforas da natureza e da guerra.

e) Revela-se como um ser atormentado, ao mesmo tempo que omite a natureza de seu sofrimento.

 

 

QUESTÃO 15

 Leia o diálogo entre um adolescente e seus pais:

- Achamos que você passa tempo demais batendo papo na internet...

- naum eh verdade >:-(

 

Na linguagem do filho, constata-se

a) a falta de comunicação entre os personagens.

b) uma linguagem acessível a todos e de fácil compreensão.

c) uma linguagem de mídia, comprovando o comentário dos pais.

d) uma linguagem adequada do filho consoante as normas da língua.

e) o exagero da mãe na observação sobre o tempo de uso do filho na internet.

 

 

QUESTÃO 16

A obra Paisagem italiana (1805), do pintor alemão Jakob Philipp Hackert (1737-1807), remete, sobretudo, ao ideário do

a) Realismo.

b) Romantismo.

c) Arcadismo.

d) Barroco.

e) Naturalismo.

 

QUESTÃO 17

Leia o trecho abaixo, retirado de I-Juca Pirama, obra de Gonçalves Dias.

 

Da tribo pujante,

Que agora anda errante

Por fado inconstante,

Guerreiros, nasci:

Sou bravo, sou forte,

sou filho do norte,

Meu canto de morte,

Guerreiros, ouvi.

 

Trata-se de um(a):

a) poema lírico.

b) poema épico.

c) cantiga de amigo.

d) novela de cavalaria.

e) auto de fundo religioso.

 

QUESTÃO 18

Leia o fragmento e observe a imagem para responder à questão.

É ela! é ela! – murmurei tremendo,

e o eco ao longe murmurou – é ela!

Eu a vi... minha fada aérea e pura –

a minha lavadeira na janela.

 

Dessas águas furtadas onde eu moro

eu a vejo estendendo no telhado

os vestidos de chita, as saias brancas;

eu a vejo e suspiro enamorado!

 

Esta noite eu ousei mais atrevido,

nas telhas que estalavam nos meus passos,

ir espiar seu venturoso sono,

vê-la mais bela de Morfeu nos braços!

 

Como dormia! que profundo sono!...

Tinha na mão o ferro do engomado...

Como roncava maviosa e pura!...

Quase caí na rua desmaiado!

AZEVEDO, Álvares de. É ela! É ela! É ela! É ela. In: Álvares de Azevedo. São Paulo: Abril Educação, 1982. p. 44.

 

Tanto a pintura quanto o excerto apresentados pertencem ao Romantismo. A diferença entre ambos, porém, diz respeito ao fato de que

a) no fragmento verifica-se o retrato de um ser idealizado, ao passo que no quadro tem-se uma figura retratada de modo pejorativo.

b) na pintura tem-se o retrato de uma mulher de feições austeras, ao passo que no poema nota-se a descrição de uma mulher sofisticada.

c) no excerto tem-se a descrição realista e não idealizada de uma mulher, ao passo que na pintura retrata-se uma mulher idealizada.

d) na imagem tem-se uma moça cuja caracterização é abstrata, ao passo que no poema tem-se uma mulher cujo aspecto é burguês e requintado.

e) no quadro constata-se a imagem de uma moça simplória, ao passo que no poema nota-se a caracterização de uma donzela de vida airada.

 

 

QUESTÃO 19

Leia o diálogo:

            - Detesto anglicismos, isso é coisa de loser

            - Fora que é totalmente out.

 

Nas falas, o efeito de humor é conseguido por meio

a) da alteração do sentido de termos estrangeiros.

b) da utilização de um texto construído em português castiço.

c) da incoerência entre o conteúdo da fala e a escolha lexical.

d) de uma escolha lexical que evidencia a erudição linguística.

e) de uma postura preconceituosa em relação ao uso de coloquialismos.  

 

 

QUESTÃO 20

Amor na escola

Duas da madrugada. O casal que discute no andar de baixo está tentando aprender. Eles pensavam que era só vestir branco, caprichar na decoração e fazer os convites chegarem a tempo. Mas não. Na escola, até logaritmo nos foi ensinado. Decoramos a tabela periódica. Nos empurraram química orgânica. Mas nada nos foi dito sobre o amor

GUERRA, C. Disponível em: http://vejabh.abriI.com.br.

 

Qual é o recurso que identifica esse texto como uma crônica?

a) A referência a um fato do cotidiano na vida de um casal.

b) A marcação do tempo em “Duas da madrugada”.

c) A descrição do espaço em “andar de baixo”.

d) A enumeração de conteúdos escolares.

e) A utilização dupla da conjunção “mas”.

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