QUESTÃO 01
Nas quatro décadas de transição entre os séculos XIX e XX (1885-1925), paralelamente à expansão acelerada da industrialização, dos fluxos migratórios e de maciços investimentos em benfeitorias e prédios urbanos, propiciados pela valorização crescente do café, constitui-se na cidade de São Paulo um embrião avantajado de mercado de arte, dotado das principais características de seus congêneres estrangeiros.
MICELI, Sergio. Nacional Estrangeiro.
História social e cultural do modernismo artístico em São Paulo.
São Paulo: Companhia das Letras/Fapesp, 2003,
p. 21.
A produção literária pré-modernista
estendeu-se do final do século XIX até o início do século XX. O amadurecimento
desse período dependeu de Lima Barreto e Euclides da Cunha, mestres do estilo e
observadores da realidade do país. A preocupação deles reside, sobretudo,
a) na configuração da vida social do Rio de Janeiro e no
testemunho da tragédia de Canudos.
b) no fenômeno migratório dos nordestinos e na consolidação
da República.
c) na implantação da escola simbolista e na consolidação do
Parnasianismo.
d) na abolição da escravatura e na implantação da escola
literária pré-modernista.
e) no registro do progresso industrial e na tematização do
final do ciclo da cana-de-açúcar.
QUESTÃO 02
Chamou-me o bragantino e levou-me pelos corredores e pátios até ao hospício propriamente. Aí é que percebi que ficava e onde, na seção, na de indigentes, aquela em que a imagem do que a Desgraça pode sobre a vida dos homens é mais formidável. O mobiliário, o vestuário das camas, as camas, tudo é de uma pobreza sem par. Sem fazer monopólio, os loucos são da proveniência mais diversa, originando-se em geral das camadas mais pobres da nossa gente pobre. São de imigrantes italianos, portugueses e outros mais exóticos, são os negros roceiros, que teimam em dormir pelos desvãos das janelas sobre uma esteira esmolambada e uma manta sórdida; são copeiros, cocheiros, moços de cavalariça, trabalhadores braçais. No meio disto, muitos com educação, mas que a falta de recursos e proteção atira naquela geena social.
BARRETO, L. Diário do hospício e O cemitério
dos vivos. São Paulo: Cosac & Naify, 2010.
No relato de sua experiência no sanatório
onde foi interno, Lima Barreto expõe uma realidade social e humana marcada pela
exclusão. Em seu testemunho, essa reclusão demarca uma
a) medida necessária de intervenção terapêutica.
b) forma de punição indireta aos hábitos desregrados.
c) compensação para as desgraças dos indivíduos.
d) oportunidade de ressocialização em um novo
ambiente.
e) conveniência da invisibilidade a grupos vulneráveis e
periféricos.
QUESTÃO 03
TEXTO I
TEXTO II
O Futurismo empreende a junção entre instantaneidade e pregnância, pois o tema não é o momento ou o conjunto de momentos da ação, mas a velocidade com que essa ação se desenvolve. Representar um pássaro evoluindo no ar não é uma tarefa das mais difíceis para um artista, mas como representar a velocidade de suas manobras em pleno voo? Em Voo de andorinhas, de 1913, Giacomo Balla parece buscar uma resposta.
NEVES, A. E. História da arte. Vitória: UFES,
2011.
Na obra de Baila, os traços das andorinhas
criam com o espaço uma articulação entre instantaneidade e percepção. Esses
traços são expressos pela
a) decomposição gradual da imagem do pássaro.
b) abstração dominante na escolha dos elementos da pintura.
c) composição com pinceladas repetitivas que sugerem
velocidade.
d) inovação da representação da perspectiva ao explorar o
contraste de tonalidade.
e) manutenção da simetria por meio da definição dos
contornos dos pássaros representados.
QUESTÃO 04
A obra Roda de Bicicleta, de Marcel
Duchamp, de 1913, inaugurou a proposta de readymade, utilizando objetos
prontos, não construídos pelo artista, na produção da obra de arte.
Com base na imagem da obra de Duchamp e nos conhecimentos sobre Arte Moderna, assinale a alternativa que apresenta, corretamente, o movimento artístico do qual a obra faz parte.
a) Fauvismo
b) Dadaísmo
c) Pop Art
d) Futurismo
e) Op Art
QUESTÃO 05
Algumas vanguardas artísticas europeias,
criadas na primeira metade do século XX, foram manifestações
artístico-literárias que criticavam uma concepção tradicional de museu,
introduzindo uma estética marcada pela experimentação e pela subjetividade, que
influenciaria fortemente diversas manifestações culturais em todo o mundo.
Sobre as principais correntes vanguardistas e suas respectivas características, assinale a alternativa correta.
a) O Surrealismo apresentava a exaltação da tecnologia,
das máquinas, da velocidade e do progresso.
b) O Expressionismo evidenciava a decomposição e a
fragmentação das formas geométricas, afirmando que um mesmo objeto poderia ser
visto de vários ângulos.
c) O Cubismo valorizava a subjetividade e buscava
transmitir ao mundo a situação do homem, com seus vícios e horrores.
d) O Futurismo defendia a criação por meio das
experiências nascidas no imaginário e na atmosfera onírica, sem interferências
da razão.
e) O Dadaísmo surgiu como oposição à guerra e ressaltava
a espontaneidade da arte pautada na liberdade de expressão, no absurdo e na
irracionalidade.
QUESTÃO 06
Este movimento foi complexo e contraditório, com linhas centrais e linhas secundárias, mas iniciou uma era de transformações essenciais. Depois de ter sido considerado excentricidade e afronta ao bom gosto, acabou tornando-se um grande fator de renovação e o ponto de referência da atividade artística e literária. De certo modo, abriu a fase mais fecunda da literatura brasileira, que já havia adquirido maturidade suficiente para assimilar com originalidade as sugestões das matrizes culturais, produzindo em larga escala uma literatura própria.
CANDIDO, Antonio. Iniciação à literatura
brasileira, 2010. (Adaptado).
O movimento a que o texto se refere é o
a) Modernismo.
b) Romantismo.
c) Arcadismo.
d) Realismo.
e) Naturalismo.
QUESTÃO 07
Consoada
Quando a Indesejada das gentes chegar
(Não sei se dura ou caroável),
Talvez eu tenha medo.
Talvez sorria, ou diga:
— Alô, iniludível!
O meu dia
foi bom, pode a noite descer.
(A noite com os seus sortilégios.)
Encontrará lavrado o campo, a casa limpa,
A mesa posta,
Com cada coisa em seu lugar.
BANDEIRA, Manuel. Opus 10.
No verso “O meu dia foi bom, pode a noite
descer.” (v. 6), as duas orações poderiam estar unidas, sem prejuízo de
sentido, por uma conjunção:
a) conclusiva.
b) adversativa.
c) concessiva.
d) temporal.
e) condicional.
QUESTÃO 08
Assinale a alternativa em que as duas
palavras exercem no texto a mesma função sintática.
a) "Indesejada" (v. 1), "medo" (v.
3).
b) "campo" (v. 8), "lugar" (v.
10).
c) "dia" (v. 6), "mesa" (v. 9).
d) "indesejada" (v. 1), "dia" (v.
6).
e) "gentes" (v. 1), "noite" (v.
6).
QUESTÃO 09
... E o amor não é só o que o senhor Sousa
Costa pensa. Vim ensinar o amor como deve ser. Isso é que pretendo, pretendia
ensinar pra Carlos. O amor sincero, elevado, cheio de senso prático, sem
loucuras. Hoje, minha senhora, isso está se tornando uma necessidade desde que
a filosofia invadiu o terreno do amor! Tudo o que há de pessimismo pela
sociedade de agora! Estão se animalizando cada vez mais. Pela influência às
vezes até indireta de Schopenhauer, de Nietzsche... embora sejam alemães. Amor
puro, sincero, união inteligente de duas pessoas, compreensão mútua. E um
futuro de paz conseguido pela coragem de aceitar o presente.
Rosto
polido por lágrimas saudosas, quem vira Fräulein chorar!...
- ... É isso que eu vim ensinar pra seu filho, minha senhora. Criar um lar sagrado! Onde é que a gente encontra isso agora?
ANDRADE, M. Amar, verbo intransitivo. Rio de
Janeiro: Agir, 2008.
Confrontada pela dona da casa, a personagem
alemã explica as razões de sua presença ali. Em seu discurso, o amor é
concebido por um viés que
a) defende a idealização dos sentimentos.
b) explica filosoficamente suas peculiaridades.
c) questiona a possibilidade de sua compreensão.
d) demarca as influências culturais sobre suas
práticas.
e) reforça o papel da família na transmissão de seus
valores.
QUESTÃO 10
Descobrimento
Abancado à escrivaninha em São Paulo
Na minha casa da rua Lopes Chaves
De supetão senti um friúme por dentro.
Fiquei trêmulo, muito comovido
Com o livro palerma olhando pra mim.
Não vê que me lembrei lá no norte, meu Deus!
Muito longe de mim,
Na escuridão ativa da noite que caiu,
Um homem pálido, magro de cabelo escorrendo
nos olhos,
Depois de fazer uma pele com a borracha do
dia,
Faz pouco se deitou, está dormindo.
Esse homem é brasileiro que nem eu...
ANDRADE, M. Poesias completas. Belo
Horizonte: Villa Rica 1993.
O poema modernista de Mário de Andrade
revisita o tema do nacionalismo de forma irônica ao
a) referendar estereótipos étnicos e sociais ligados ao
brasileiro nortista.
b) idealizar a vida bucólica do norte do país como
alternativa de brasilidade.
c) problematizar a relação entre distância geográfica e
construção da nacionalidade.
d) questionar a participação da cultura autóctone na
formação da identidade nacional.
e) propalar uma inquietação desfavorável quanto à aceitação
das diferenças socioculturais.
QUESTÃO 11
HELOÍSA: Faz
versos?
PINOTE: Sendo
preciso... Quadrinhas... Acrósticos... Sonetos... Reclames.
HELOÍSA:
Futuristas?
PINOTE: Não senhora! Eu já fui futurista. Cheguei a acreditar na independência... Mas foi uma tragédia! Começaram a me tratar de maluco. A me olhar de esguelha. A não me receber mais. As crianças choravam em casa. Tenho três filhos. No jornal também não pagavam, devido à crise. Precisei viver de bicos. Ah! Reneguei tudo. Arranjei aquele instrumento (Mostra a faca) e fiquei passadista.
ANDRADE, O. O rei da vela. São Paulo: Globo,
2003.
O fragmento da peça teatral de Oswald de
Andrade ironiza a reação da sociedade brasileira dos anos 1930 diante de
determinada vanguarda europeia. Nessa visão, atribui- se ao público-leitor uma
postura
a) preconceituosa, ao evitar formas poéticas
simplificadas.
b) conservadora, ao optar por modelos consagrados.
c) preciosista, ao preferir modelos literários eruditos.
d) nacionalista, ao negar modelos estrangeiros.
e) eclética, ao aceitar diversos estilos poéticos.
QUESTÃO 12
A nossa emotividade literária só se interessa
pelos populares do sertão, unicamente porque são pitorescos e talvez não se
possa verificar a verdade de suas criações. No mais é uma continuação do exame
de português, uma retórica mais difícil, a se desenvolver por este tema sempre
o mesmo: Dona Dulce, moça de Botafogo em Petrópolis, que se casa com o Dr.
Frederico. O comendador seu pai não quer porque o tal Dr. Frederico, apesar de
doutor, não tem emprego. Dulce vai à superiora do colégio de irmãs. Esta
escreve à mulher do ministro, antiga aluna do colégio, que arranja um emprego
para o rapaz. Está acabada a história. É preciso não esquecer que Frederico é
moço pobre, isto é, o pai tem dinheiro, fazenda ou engenho, mas não pode dar
uma mesada grande.
Está aí o grande drama de amor em nossas letras, e o tema de seu ciclo literário.
BARRETO, L. Vida e morte de MJ Gonzaga de Sá.
Disponível em: www.brasiliana.usp.br.
Situado num momento de transição, Lima
Barreto produziu uma literatura renovadora em diversos aspectos. No fragmento,
esse viés se fundamenta na
a) releitura da importância do regionalismo.
b) ironia ao folhetim da tradição romântica.
c) desconstrução da formalidade parnasiana.
d) quebra da padronização do gênero narrativo.
e) rejeição à classificação dos estilos de época.
QUESTÃO 13
Expressionismo: Termo aplicado pela crítica e pela história da arte a toda arte em que as ideias tradicionais de naturalismo são abandonadas em favor de distorções ou exageros de forma e cor que expressam, de modo premente, a emoção do artista. Neste sentido mais geral, o termo pode ser aplicado à arte de qualquer período ou lugar que conceda às reações subjetivas um lugar de maior importância que à observação do mundo exterior.
CHILVERS, Ian. (org.). Dicionário Oxford de arte,
2007.
De acordo com essa definição, pode ser
considerada expressionista a obra:
Enquanto isso, nos bastidores do universo
Você planeja passar um longo tempo em outro
país, trabalhando e estudando, mas o universo está preparando a chegada de um
amor daqueles de tirar o chão, um amor que fará você jogar fora seu atlas e
criar raízes no quintal como se fosse uma figueira.
Você
treina para a maratona mais desafiadora de todas, mas não chegará com as duas
pernas intactas na hora da largada, e a primeira perplexidade será esta: a
experiência da frustração.
O
universo nunca entrega o que promete. Aliás, ele nunca prometeu nada, você é
que escuta vozes.
No dia em que você pensa que não tem nada a dizer para o analista, faz a revelação mais bombástica dos seus dois anos de terapia. O resultado de um exame de rotina coloca sua rotina de cabeça para baixo. Você não imaginava que iriam tantos amigos à sua festa, e tampouco imaginou que justo sua grande paixão não iria. Quando achou que estava bela, não arrasou corações. Quando saiu sem maquiagem e com uma camiseta puída, chamou a atenção. E assim seguem os dias à prova de planejamento e contrariando nossas vontades, pois, por mais que tenhamos ensaiado nossa fala e estejamos preparados para a melhor cena, nos bastidores do universo alguém troca nosso papel de última hora, tornando surpreendente a nossa vida.
MEDEIROS, M. O Globo. 21 jun. 2015.
Entre as estratégias argumentativas
utilizadas para sustentar a tese apresentada nesse fragmento, destaca-se a
recorrência de
a) estruturas sintáticas semelhantes, para reforçar a
velocidade das mudanças da vida.
b) marcas de interlocução, para aproximar o leitor das
experiências vividas pela autora.
c) formas verbais no presente, para exprimir reais
possibilidades de concretização das ações.
d) construções de oposição, para enfatizar que as
expectativas são afetadas pelo inesperado.
e) sequências descritivas, para promover a identificação do
leitor com as situações apresentadas.
QUESTÃO 15
[...] Onde eu morei nós nos reuníamos, rapazes e moças, fizemos um campo de vôlei num terreno que tinha baldio, só da vila, não é? Toda quarta, sábado e domingo nós jogávamos, fazíamos torneio e ninguém se preocupava em sair de lá, engraçado, de sair, de, de passear, tinha lá os namorados, né, e o que acontecia é que às vezes namoravam-se por ali, né, os, os conhecidos e fazia aquele ambiente alegre, assim bom. Meu pai também entrava no jogo, havia jogo de casado e solteiro, né, havia jogo das moças, fazia, nós chegamos a fazer uns, acho que uns nove times de vôlei na época e é claro que as mais velhas que não podiam entrar falavam essas moças, perna de fora, né, que tinha que jogar de short (risos) como sempre, né, mas, e os pais, né, os pais, tinha o juiz, tinha tudo certinho e todo domingo entregava a taça, era proibida a entrada de outra pessoa, sabe, a não ser que fosse, eh, que se chegasse ao grupo mais, que introduzia tudo aquilo, fazia, organizava, pra entrar pra poder fazer parte, quer dizer, não podia ser ninguém mau elemento ou brigão, brigão não entrava, né, porque senão saía briga mas nunca saía, eh, briga de vizinho, mas não deu, não dava em nada, né? [...]
Disponível em: www.letras.ufrj.br/nurc-rj/.
Acesso em: 4 maio 2016.
A transcrição de fala é um mecanismo
empregado para análises linguísticas que verificam o registro da língua falada
da população de uma determinada região, faixa etária, escolarização, sexo etc.
Os textos transcritos – em que nem sempre percebemos as regras gramaticais
seguidas de acordo com a norma-padrão – são úteis para estabelecer quais são as
mudanças por que a língua vem passando e a forma como se comunicam as pessoas.
No trecho anterior, percebemos que há uma preferência
a) pela subordinação na junção de uma oração qualquer à sua
principal, com nexos que deixam claras as relações de causa e
consequência.
b) pelos períodos complexos formados pela junção de
coordenação e de subordinação, com conectores concessivos e adversativos,
sobretudo.
c) pela coordenação na ligação de uma oração à outra, com
conectivos que dão prosseguimento ao relato indicando adição e oposição,
sobretudo.
d) pelas listas de enumeração sem qualquer tipo de ligação
sintática com suas orações principais, formando sequências fragmentadas.
e) por períodos simples, com núcleos verbais únicos, ao
redor dos quais são alocados vários itens sintáticos em arranjo desordenado.
QUESTÃO 16
Marque a opção que justifica a colocação do
ponto e vírgula e da vírgula utilizados por José de Alencar no período.
“Depois Iracema quebrou a flecha homicida;
deu a haste ao desconhecido, guardando consigo a ponta farpada.”
a) O ponto e vírgula indica citação e a vírgula indica
locução.
b) O ponto e vírgula separa oração coordenada e a vírgula
separa oração reduzida.
c) O ponto e vírgula indica citação e a vírgula separa
termos da oração.
d) O ponto e vírgula separa oração coordenada e a vírgula
marca mudança de sujeito.
e) O ponto e vírgula indica enumeração e a vírgula separa
termos da oração.
QUESTÃO 17
Mar português
Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.
Fernando Pessoa. Disponível em: http://www.jornaldepoesia.jor.br/fpesso03.html.
No poema, a apóstrofe, uma figura de
linguagem, indica que o enunciador
a) convoca o mar a refletir sobre a história das navegações
portuguesas.
b) apresenta o mar como responsável pelo sofrimento do povo
português.
c) revela ao mar sua crítica às ações portuguesas no
período das navegações.
d) projeta no mar sua tristeza com as consequências das
conquistas de Portugal.
e) apela para o mar para que atenue o sentimento de
tristeza dos portugueses.
QUESTÃO 18
A poesia prometida
Fui colega de faculdade, na década de 1980,
do poeta Eucanaã Ferraz. Fizemos o curso de Letras na Universidade Federal do
Rio de Janeiro, e, depois, nunca mais nos encontramos pessoalmente. Duas ou
três cartas, dois ou três e-mails. E mais nada.
Quando
leio seus poemas, a imagem e a voz de Eucanaã reaparecem bem nítidas para mim.
Trinta anos de distância não são nada quando a palavra poética está presente.
Esta
é uma das promessas que a literatura (e a poesia, em especial) cumpre: vencer o
tempo e o espaço, reapresentar o ausente, renovar o momento passado, recuperar
palavras e encontros.
Toda
leitura educadora é um encontro, e todo encontro é dialógico. E todo diálogo em
leitura requer aprendizado: ver de novo e ouvir de novo. Talvez, quando os
alunos se queixam da poesia, ou quando nós, professores, pouco espaço
concedemos a ela em nosso dia a dia – talvez isto seja consequência de urna
grande falha educacional. Uma falha que nos leva a só aceitar a poesia na
medida em que a pudermos explicar.
Mas a poesia não existe para ser explicada. Existe para nos ensinar a ver de novo e a ouvir de novo. Só isso. E isso é tudo. [...]
PERISSÉ, Gabriel. Revista Educação. São
Paulo: Segmento, Ano 15, n. 178, fevereiro, 2012.
Sobre o enunciado “Toda leitura educadora é
um encontro, e todo encontro é dialógico.” (4º parágrafo), pode-se afirmar que
a) demonstra quebra de coerência, pois um novo tema
contraria o que foi exposto antes.
b) defende uma premissa, jogando com pressupostos que não
resultam em conclusão convincente.
c) mostra ideias circulares que prejudicam o conjunto
harmônico do enunciado.
d) apresenta equívocos conceituais, em relação ao tema
leitura.
e) apresenta encadeamento temático, sequenciado por uma
oração coordenada.
QUESTÃO 19
O bonde abre a viagem,
No banco ninguém,
Estou só, stou sem.
Depois sobe um homem,
No banco sentou,
Companheiro vou.
O bonde está cheio.
De novo porém
Não sou mais ninguém.
ANDRADE, M. Poesias completas. Belo
Horizonte: Itatiaia, 2005.
Em um texto literário, é comum que os
recursos poéticos e linguísticos participem do significado do texto, isto é,
forma e conteúdo se relacionam significativamente. Com relação ao poema de
Mário de Andrade, a correlação entre um recurso formal e um aspecto da
significação do texto é
a) a sucessão de orações coordenadas, que remete à sucessão
de cenas e emoções sentidas pelo eu lírico ao longo da viagem.
b) a elisão dos verbos, recurso estilístico constante no
poema, que acentua o ritmo acelerado da modernidade.
c) o emprego de versos curtos e irregulares em sua métrica,
que reproduzem uma viagem de bonde, com suas paradas e retomadas de
movimento.
d) a sonoridade do poema, carregada de sons nasais, que
representa a tristeza do eu lírico ao longo de toda a viagem.
e) a ausência de rima nos versos, recurso muito utilizado
pelos modernistas, que aproxima a linguagem do poema da linguagem cotidiana.
QUESTÃO 20
Os dois primeiros quadros da tirinha criam,
no leitor, uma expectativa de desfecho que não se concretiza, gerando daí o
efeito de humor. Nesse contexto, a conjunção “e” estabelece a relação de
a) conclusão.
b) explicação.
c) oposição.
d) consequência.
e) alternância.