29 novembro 2021

CRÔNICA LITERÁRIA - ANTIAMOR

 Antiamor

 

JULIANO MARTINZ

Certo dia, você encontra o amor de sua vida. Apesar de personalidades tão diferentes, você está convencido de que é o amor verdadeiro. O final poderia ser belo e feliz. Mas você definitivamente não contava com a presença DELA…

O vírus não pensava em nada enquanto se transferia de um computador para outro. Não havia sido programado para pensar. Apenas se deslocava rumo ao cumprimento de sua missão.

O caminho era longo, mas ele se deslocava em uma velocidade absurda. Em questão de poucos minutos, suas cópias haviam se propagado para computadores em todo o planeta. Por isso, não precisou de muitos segundos para deixar um servidor na Flórida e entrar em um computador no Brasil.

E ali estava ele, em um dispositivo qualquer. Seu objetivo era simplesmente transformar arquivos executáveis .EXE em imagens .PNG. Um trabalho simples e rápido. Com os executáveis renomeados, o sistema travaria. Após a reinicialização, seria impossível carregar o sistema operacional.

Com o computador enviado para a manutenção, não haveria alternativa: o computador seria formatado – em outras palavras, o vírus seria extinto, dando adeus à sua intensa e breve vida byteana.

Mas, afinal, o que ele poderia fazer? O vírus não tinha escolhas. Não fora programado para desenvolver estratégias de sobrevivência. Não poderia assinar um acordo de paz com o dispositivo infectado. Precisava cumprir sua missão, ainda que suicida.

Portanto, partiu para sua sina. Seu primeiro alvo eram os arquivos de execução da webcam. Por isso, quase que acidentalmente, acessou a câmera do computador. Foi quando se deparou com o rosto do usuário. Na verdade, era uma jovem. Dois olhos irradiavam uma intensidade que fervilharam os códigos binários do vírus. A jovem olhava fixamente para a tela do dispositivo. Parecia olhar para ele. Parecia querer transmitir-lhe um sinal. Eventualmente, ela sorria. Um sorriso doce, gentil e suave; ao mesmo tempo, arrebatador e transdérmico.

O vírus observou-a longamente. Não fora programado para ter sentimentos. Mas algo acontecia. Subitamente, suas variáveis adquiriam autoconsciência. As constantes pulsavam um estranho sentimento. Ele ouvia o algoritmo pulsando um tum-tum-tum em seu peito, como se não fosse possível contê-lo.

E foi no exato instante em que o amor rompia operadores, laços e condicionais que ele ouviu um terrível grito. Um ensurdecedor e famigerado grito de guerra, vindo do mais sádico dos seus inimigos, ecoando por todo aquele ambiente:

“As definições de vírus foram atualizadas”

Antes que ele pudesse oferecer a jovem seu coração, antes que pudesse declarar-lhe seu amor nascido em pureza byteana, ele sentiu garras furiosas e impiedosas fincando e rompendo seu corpo.

Os dois olhos reluzentes da linda jovem foi a última visão que o vírus teve, antes que fosse arrastado para a eternidade do limbo da solidão, um abismo frio e escuro chamado Quarentena.

  

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- Crônica literária -

* narrativa ficcional com traços muito fortes de realidade

* narrativa curta, na maioria das vezes

* fatos vinculados a uma ordem cronológica (narração)

*traz acontecimentos do dia a dia faz uma análise (indireta) da sociedade

* possui poucos personagens

* veiculada em jornais e revistas

* linguagem coloquial

* expressa emoções de forma mais intensa






18 novembro 2021

FIGURAS DE LINGUAGEM III - EXERCÍCIOS

1. Identifique, no fragmento abaixo, duas metáforas.

A noite sempre foi madrasta com meus pensamentos. Quando acordei no dia seguinte, já não havia vestígio daquela garota medrosa. Tomei um banho e fui pra rua, e tudo começou. Pirei com Londres. (...) Depois de curtir o que Barcelona tinha para ser curtida, fomos de trem até Montpellier, na França, e lá alugamos um carro. Finalmente, o filé mignon da viagem. Adoro percorrer estradas desconhecidas e não saber onde vou dormir à noite.

MEDEIROS, Martha. Um lugar na janela: relatos de viagem. Porto Alegre: L&PM, 2012. Edição e-book.

2. Observe os dois quadrinhos retirados de uma história em quadrinhos.

                                                SOUSA, Mauricio de. Magali. São Paulo: Panini Comics, n. 6, out. 2015. p. 38-39.

As onomatopeias são recursos importantes nas HQs. Explique o efeito de sentido de das que estão presentes nessas imagens.

3. Leia a letra a música.

Feito pra acabar

Marcelo Jeneci

Quem me diz / Da estrada que não cabe onde termina / Da luz que cega quando te ilumina / Da pergunta que emudece o coração

Quantas são / As dores e alegrias de uma vida / Jogadas na explosão de tantas vidas / Vezes tudo que não cabe no querer

Vai saber / Se olhando bem no rosto do impossível / O véu, o vento o alvo invisível / Se desvenda o que nos une ainda assim

A gente é feito pra acabar / Ah Aah

A gente é feito pra dizer / Que sim / A gente é feito pra caber / No mar / E isso nunca vai ter fim.

JENECI, Marcelo. Feito pra acabar. Intérprete: Marcelo Jeneci. In: Feito pra acabar. [S.l.]: Som Livre, 2010. 1 CD. Faixa 13.

A aliteração consiste na repetição de uma mesma consoante. Na terceira estrofe a aliteração é bem evidente. Que consoante se repete nela com mais frequência? Ao ler em voz alta a canção, que impressão você experimenta pela repetição dessa consoante? Justifique sua resposta com base no significado dos versos em que essa consoante se repete.

4. Leia o excerto a seguir e explique a importância da personificação nas lendas.


Como o sol chegou aos animais

William John Bennet

Há muitos e muitos anos, o mundo era todo escuro. Os animais viviam se esbarrando uns nos outros e nunca sabiam onde estavam naquela escuridão. Resolveram se reunir em conselho para decidir como resolver o problema.

- Precisamos de luz - disse a Coruja. Ela presidia o conselho porque enxergava no escuro melhor que os outros bichos.

- Muito bem! Apoiado! - gritaram todos. - Mas como vamos arranjar luz?

- Não vai ser fácil - avisou a Coruja. – Dizem que existe luz no outro lado do mundo, mas é muito, muito longe. A viagem é perigosa. Quem for lá pode nunca mais voltar.(...)

BENNET, William J. O livro das virtudes II: o compasso moral. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1995. p. 354-356.

5. Leia o poema de Arnaldo Antunes. Identifique e explique a comparação feita entre a vida e a foto.


 

6. Considerando que a assonância consiste na repetição de sons vocálicos, indique onde ela ocorre nos versos de Cruz e Souza, poeta brasileiro.

Siderações

Para as Estrelas de cristais gelados

as ânsias e os desejos vão subindo,

galgando azuis e siderais noivados,

de nuvens brancas a amplidão vestindo...






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